Interpretação de Juízes 15

Em Juízes 15, Sansão procura visitar sua esposa, mas o pai dela o informa que ela foi dada a outro homem. Em retaliação, Sansão captura trezentas raposas, amarra suas caudas com tochas e as solta nos campos dos filisteus, incendiando suas colheitas. Os filisteus retaliam queimando a esposa de Sansão e seu pai. Sansão então ataca os filisteus e mata muitos deles, levando a mais conflitos.

Para escapar dos filisteus, Sansão se esconde em uma caverna na rocha de Etã. Os homens de Judá, temendo os filisteus, entregam-lhes Sansão. Sansão se deixa amarrar pelos filisteus, mas o Espírito do Senhor o capacita a se libertar e matar mil de seus inimigos com a queixada de um jumento. O capítulo descreve as ações vingativas de Sansão e sua força excepcional, mostrando sua luta contínua contra os filisteus.

Juízes 15 retrata o complexo ciclo de violência e retribuição que caracteriza as interações dos israelitas com seus inimigos e destaca a mistura de fraquezas humanas e poder divino presente na vida de Sansão.

Juízes 15

15:1. Sansão... foi visitar a sua mulher.
Sansão, levando um cabrito como presente, visitou sua esposa quando sua raiva se abateu. O pai dela, no entanto, não permitiu que o jovem entrasse no quarto e o informou que a moça já fora dada ao seu padrinho. Ofereceu a Sansão a irmã mais moça de sua “esposa”, dando a entender que esta era a mais bonita das duas.

15:4. E saiu, e tomou trezentos raposas. Sentindo-se justificado na sua vingança contra os filisteus, Sansão apanhou trezentas raposas (ou chacais; os dois animais são frequentemente confundidos), e amarrou-os de dois em dois pelos rabos e atou aos rabos tochas saturadas de óleo. Então pôs fogo nas tochas e soltou as raposas nos campos cultivados dos filisteus. O resultado foi a destruição dos cereais e pomares de oliveiras dos filisteus.

15:6. Então subiram os filisteus, e queimaram a fogo a ela e a seu pai. Os filisteus puseram a culpa do insulto sobre a esposa de Sansão e a família dela, e vingaram-se de acordo.

15:7. Se assim proceder, não desistirei, enquanto não me vingar. A destruição da família da esposa de Sansão não foi considerada por ele uma recompensa justa.

15:8. E feriu-os com grande carnificina. A expressão idiomática, perna sobre coxa, parece significar uma completa destruição. Nos selos cilíndricos da Babilônia, Gilgamesh usa esse mesmo expediente nas lutas. Desceu, e habitou na fenda da rocha de Etã.* Provavelmente ficava perto da cidade de Etã em Judá, cerca de 3,2kms a sudoeste de Belém.

15:9. Então os filisteus subiram. Da Planície Filistéia os filisteus subiram às montanhas da Judéia à procura de Sansão para puni-lo.

15:11. Então três mil homens de Judá... disseram a Sansão: Não sabes tu que os filisteus dominam sobre nós? Sansão era danita, e os homens da tribo de Judá não sentiam obrigação de protegê-lo. O fato de três mil homens irem à procura de Sansão é um tributo indireto à reputação de sua força. Judá reconhecia que os filisteus mantinham o país sob o seu domínio, e ressentiam-se das atitudes de Sansão, que era de rebeldia.

15:12. Descemos... para te amarrar. Os homens de Judá sentiam uma obrigação para com seus senhores filisteus de capturar Sansão e entregá-lo. Sansão não resistiu ao propósito deles de entregá-lo aos filisteus, mas fê-los jurar que pessoalmente não o atacariam. Se eles o atacassem, Sansão teria de se defender e ao fazê-lo teria de derramar sangue israelita. Embora Sansão não tivesse escrúpulos em matar filisteus, não queria matar seus compatriotas israelitas.

15:13. E amarraram-no com duas cordas novas. Quando os homens de Judá prometeram que pessoalmente não o atacariam, Sansão permitiu que fosse amarrado. As cordas novas foram escolhidas pela sua força. Não teria valido a pena amarrá-lo com cordas anteriormente usadas, que fossem velhas e frágeis.

15:14. Chegando ele a Lei, os filisteus lhe saíram ao encontro, jubilando. Lei estava ocupada pelos filisteus. Os homens de Judá levaram o seu prisioneiro para lá e os filisteus se regozijaram à vista do seu agressor que lhes era trazido em grilhões. Enquanto, os inimigos de Sansão gritavam triunfantes, o Espírito do Senhor de tal maneira se apossou dele que arrebentou as cordas que o prendiam. Para ele foram tão fáceis de quebrar como cera exposta ao fogo.

15:15. Achou uma queixada de jumento, ainda fresca... e tomou-a e feriu com ela mil homens. O momento do triunfo dos filisteus foi transformado em um desastre. Sansão agarrou a primeira arma que lhe apareceu à mão, a queixada de um jumento. Com ela atacou os seus inimigos e matou mil deles.

15:16. Com uma queixada de jumento um montão, outro montão. O cântico de triunfo de Sansão está em forma de poesia. O dia da vitória dos filisteus fora transformado em vitória para o herói israelita. Uma vez que era sozinho em sua conquista, teve de compor e cantar ele mesmo o seu cântico de triunfo.

15:17. Chamou-se aquele lugar Ramate-Leí; isto é, o outeiro da queixada.

15:18. sentindo grande sede. Depois do esforço de matar mil filisteus, Sansão ficou com sede; e sentiu que sua condição de fraqueza faria dele uma presa para os outros filisteus que procurariam vingar a morte dos seus conterrâneos. Em seu desespero clamou ao Senhor.

15:19. Então o Senhor fendeu a cavidade... e dela saiu água. O nome maktesh, traduzido para cavidade, dá a entender uma bacia redonda e profunda. Foi usada para um “pilão” (cons. Pv. 27:22). Nessa cavidade Deus fez brotar água para saciar a sede de Sansão. Daí chamar-se aquele lugar En-Hacoré. A Fonte do que Chama foi o nome dado à fonte nas vizinhanças de Leí quando o livro dos Juízes foi escrito. Qore’ “o que clama”, é a palavra hebraica para perdiz. A fonte podia ser conhecida como “A fonte da Perdiz” e também “A Fonte do que Clama”.

15:20. Julgou a Israel, nos dias dos filisteus, vinte anos. Esta é a conclusão da história da vitória de Sansão sobre os filisteus em Lei. O fato torna a ser mencionado em 16:31.

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