Interpretação de Josué 15

Em Josué 15, a distribuição de terras continua com a tribo de Judá recebendo sua herança. O capítulo detalha os limites e as cidades dentro da porção de Judá, abrangendo um amplo território. A cidade de Jerusalém também é destacada. Este capítulo enfatiza a divisão meticulosa da terra entre as tribos e ressalta a importância da herança de cada tribo. Josué 15 mostra o compromisso dos israelitas de possuir a Terra Prometida, mantendo um registro claro de fronteiras e cidades à medida que se estabelecem no território que lhes foi designado por Deus.

Josué 15

O Território da Tribo de Judá. 15:1-63.
1) A Fronteira de Judá. 15:1-12.


A fronteira do sul ia desde a pouco profunda baia (lashon, lit., "língua") ao sul do Mar Morto abaixo da península de el-Lisan, ao longo do Wadi Fiqreh, pelo sul da Subida dos Escorpiões (veja comentários sobre 11:17), ao longo do Wadi Murrah através do Deserto de Zim, pelo sul de Cades-Barnéia, fazendo uma curva para o noroeste através de diversos outros oásis até o Wadi el-Arish e o Mediterrâneo.

A fronteira do norte começava a leste na desembocadura do Jordão, dirigia-se para o noroeste através de dois sítios contendo poços (Bete-Hogla e Bete-Arabá) para os escarpas ocidentais do Vale do Jordão, no Wadi Qelt (Vale de Acor), onde estava a pedra da fronteira de Bohan. Ela subia pela ribanceira setentrional do Wadi Qelt, voltando-se na direção de outro Gilgal (Gelilôt, 18:17), porto da Subida Sangrenta (não muito longe da atual Estalagem do Bom Samaritano, na estrada que vai de Jerusalém a Jericó) ao sul do Wadi Qelt (o rio). Prosseguia até En-Semes (a Fonte dos Apóstolos, a leste de Betânia), depois passando pelo Monte da Ofensa até Rogel (o poço ao sul de Jebus-Zion, na juntura dos Vales de Quidrom e Hinom, I Reis 1:9). Logo ao sul de Jerusalém a fronteira subia o Vale de Hinom (aramaico, Geena) até o cume do monte (no atual posto ferroviário) separando-a do extremo norte do Vale de Refaim (vale dos refains, vale dos gigantes; veja II Sm. 5:18, 22). Daí a fronteira voltava-se para a direção noroeste até a fonte das águas de Neftoa (Js. 15:9; ‘Ain Lifta) e seguia o curso da moderna estrada Jerusalém-Jafa até Quiriate-Jearim (veja comentário sobre 9:16.21; cons. 15:60; 1 Cr. 13:6). A oeste dessa cidade a fronteira voltava-se para o sul através de Seir (Sores, LXX 15; 59a; a moderna Saris), entrava no Vale de Soreque (Jz. 16:4, Wadi es-Surar) ao norte de Quesalom e descia até Bete-Semes (Ir-Semes, 19:41; Tell Rumeileh, provavelmente não habitada então, entre os Níveis IVa e IVb, uma vez que não foi mencionada no capítulo 10, nem em 15:33-36, nem nas Cartas de Amarna). Continuava passando por Timna (Tell el-Batashi, 8kms pelo Wadi es-Surar abaixo desde Bete-Semes) até o espinhaço do monte ao norte de Ecrom (Khirbet el-Muqanna) no declive ao sul do wadi quando sai de Sefelá. A fronteira faz uma curva no wadi passando por Sicrom (Tell el-Ful, 5,63kms a noroeste de Ecrom) na ribanceira ao norte, ao longo do monte de Baalá (19:44; Mugar, um declive íngreme a 3,2kms a nordeste de Sicrom), até Jabneel (Jamnia, Yavneh) e a desembocadura do wadi no mar (Y. Aharoni, "The Northern Boundary of Judah", PEQ,1958, págs. 27-31).

Este método de delimitação de fronteiras – prosseguindo na ordem dos marcos topográficos, de cidade à montanha, à cidade, a rio, etc. – é quase exatamente igual ao método usado neste mesmo período da história no acordo de definição de fronteiras feito por Supliuliuma, o rei heteu, com Niqmadu de Ugarit, governador de uma cidade-estado vassalo do litoral sitio (Claude Schaefer, Le Falais Royal d'Ugarit, IV, 10-18).

2) A Possessão de Calebe e Otniel. 15:13-20.
Este pequeno trecho de narrativa foi repetido em Jz. 1:10-15, 20.

15:17. Otniel. Com referência a sua carreira subseqüente de juiz, veja Jz. 3:9-11.

15:19. Um presente. Berakâ, um presente tangível, como em Gn. 33:11; I Sm, 25:27; II Reis 5:15. Deste-me terra seca. Aqui é melhor reter o significado original de negeb e traduzir, pois me colocaste em terra seca. Quiriate-Sefer fica na orla setentrional do Neguebe. Fontes da água. Os gullot são mais provavelmente cisternas ou reservatórios formados por wadis represados. Ruínas de represas antigas ainda se encontram no Neguebe.

3) As Cidades de Judá. 15:21-63.
As cidades estão relacionadas em doze distritos de acordo com sua localização dentro de quatro regiões geográficas.

a) Cidades do Neguebe (vs. 20-32).
Berseba (v. 28) era a cidade principal do Neguebe antigamente, e continua sendo na atualidade. O outro nome, Biziotiá, provavelmente deveria ser traduzido, segundo a LXX, e suas filhas (isto é, vilas). Embora alguns nomes de lugares possam ser combinados (Hazor-Itnã, v. 23; Hazor-Hadata e Quiriote-Hezrom, v.25; Aim-Rimom, v.32), continua havendo, contudo, mais de vinte e nove. Ou o número vinte e nove é erro de copista, ou os nomes originalmente colocados à margem foram depois interpolados no texto.

Uma comparação entre Is. 15:21-32; 19:1-8; I Cr. 2 e 4 com a segunda metade da lista da campanha de Faraó Sisaque (II Cr. 12:2-12) descoberta em Carnaque, revela que poucos dos oitenta e cinco lugares relacionados por Sisaque no Neguebe e regiões adjacentes encontram-se nas massagens de Josué; enquanto que muitos aparecem como nomes próprios ou de clãs nas posteriores listas genealógicas de I Crôn. 2 e 4. Portanto as listas das cidades de Josué pertencem a um período anterior àquele em que os descendentes de Judá e Simeão começaram a ocupar o Neguebe, dando seus nomes às novas colônias que existiam por ocasião da campanha de Sisaque (veja Benjamim Mazar, "The Campaign of Pharaoh Shishak to Palestine", Suplemento ao Vetus Testamentum, IV, 59-66).

b) Cidades no Sefelá (vs. 33-47).
Quatro distritos estão incluídos na região dos contrafortes, embora no quarto (vs. 45.47) incluam-se cidades da planície litorânea apenas teoricamente sob o controle de Judá (11:22; 13:2, 3).

15:36. Gedera e Gederotaim. De acordo com a LXX, Gedera e seus apriscos, perfazendo quatorze cidades ao todo.

c) Cidades na Região Montanhosa (vs. 48-60).
Seis distritos estão incluídos na região do Maciço Central; a quinta que aparece em uru versículo da LXX entre os versículos 59 e 60, foi omitida do texto massorético por um antigo copista. Entre as onze cidades relacionadas estão Tecoa, Belém e Etã (cons. II Cr. 11:6).

d) Cidades no Deserto (vs. 61, 62).
Este é o inóspito Deserto da Judéia, descendo para o Mar Morto. Considerando que Bete-Arabá (15:6; 18:22) fica perto de Jericó, as três ou quatro cidades seguintes poderiam estar localizadas perto da desembocadura do Jordão ou ao longo da praia ocidental do Mar Morto ao norte de Engedi, e não no Buqei'ah, um vale elevado acima e a sudoeste de Qumran.

15:15:63. Nem Judá nem Benjamim conseguiram expulsar os jebuseus de sua cidade fortificada em Siom (veja Juí. 1:21), mas os homens de Judá capturaram e incendiaram a área não residencial desprovida de muros sobre a colina a sudoeste (Jz. 1:8) e habitaram ali com os jebuseus antes que Davi tomasse o forte (II Sm. 5:6, 7).

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