Interpretação de Jó 8

Interpretação de Jó 8

Interpretação de Jó 8 

Jó 8

Primeiro discurso de Bildade. 8:1-22.
Bildade prova ser tão insensível quanto Elifaz em relação à miséria de Jó. Ele despreza a defesa que o sofredor faz do seu lamento, ignora sua crítica sobre a atitude pouco simpática dos seus amigos e continua dando a Jó mais conselhos iguais aos de Elifaz em nome da justiça divina (vs. 2-7) e da tradição venerável (vs. 8-19). Depois, desajeitadamente, anexa uma palavrinha de estímulo (vs. 20-22).
2a. Até quando. Aqui não há nenhuma apreciação pelos meses de paciência; só indignação pelos poucos minutos de impaciência!
3a. Perverteria Deus o direito? É claro que Deus não era injusto com Jó. Mas por trás da pergunta retórica de Bildade jaz o julgamento: Jó colhia os frutos do pecado. Esse aspecto da justiça divina, embora sem dúvida envolvesse o lamento de Jó, não estivera antes de tudo em seus pensamentos. O patriarca contemplara seu destino mais pela perspectiva metafísica da transcendência divina e limitação humana. Focalizando a atenção sobre o aspecto judicial, os consoladores só conseguiram intensificar a tentação do seu amigo. A teodiceia de Jó era tão inadequada quanto a deles. A razão portanto lhe dizia que Deus devia estar profundamente aborrecido com ele. Mas sua consciência se recusava a reconhecer uma transgressão proporcional ao seu sofrimento. Onde então ficava a justiça? Onde estava o bom Deus que ele conhecia?
4b. Ele os lançou no poder de sua transgressão. Uma aplicação surpreendentemente impiedosa, mas inteiramente consistente com a tese do amigo! Embora a forma seja condicional, a intenção é declarada.
5a. Se tu buscares a Deus. Uma vez que as aflições de Jó não se comprovaram ser fatais, como as de seus filhos, ele podia alimentar esperanças de que ele não era, como aqueles, um réprobo e que o seu arrependimento seria seguido de uma restauração de bênçãos além de sua antiga prosperidade (v. 7; cons. 42:12).
8. Pergunta agora a gerações passadas. Cônscio das limitações do indivíduo mortal (v. 9), Bildade apoiada a autoridade das observações pessoais sobre o conhecimento tradicional (vs. 8, 10). Entre Bildade e Elifaz não há diferença essencial. Ambos edificam sobre areia – sobre especulações extraídas da subjetividade de sua própria consciência e da relatividade do mundo mutante – e não sobre a revelação firme do Criador onisciente. Bildade reproduz a sabedoria proverbial dos pais, apoiada em símiles extraídos principalmente da vegetação luxuriante do pântano e do jardim (vs. 11-19).
13a. São assim as veredas de todos quantos se esquecem de Deus. Todos os símiles ensinam uma lição: a felicidade dos maus é frágil, perecível. Se as aparências parecem às vezes contradizer a teoria tradicional de que o sofrimento é o salário do pecado, nunca o faz por muito tempo. Mas por que Bildade permute que uma advertência destinada aos ímpios domine o seu conselho a Jó?
20-22. A peroração aplica a doutrina de Bildade ao integro e aos malfeitores (v. 20). O orador oferece algum encorajamento a Jó, mas é breve e perfunctório (vs. 21, 22). Embora o sofredor se encaixe aqui na categoria do “íntegro”, não pode deixar de considerar o Se anterior de Bildade (v. 6). 

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