Interpretação de Deuteronômio 6

Deuteronômio 6

6:1-3 Os mandamentos que iam ser dados constituíam a lei divinamente ditada para o reino teocrático que dentro em breve ia ser estabelecido no novo paraíso do leite e mel.

6:3. Para que bem te suceda. O contínuo deleite de Israel habitando na terra de Deus, como Adão desfrutou continuamente do paraíso original, dependia da contínua fidelidade ao Senhor. É preciso estabelecer certas importantes distinções ao fazer tal comparação. Obediência impecável era a condição da contínua permanência de Adão no Jardim; mas a posse permanente de Canaã nas mãos de Israel condicionava-se à manutenção de uma medida de lealdade religiosa, a qual não incluía todo o Israel nem exigia perfeição mesmo daqueles que constituíam o verdadeiro Israel. Havia uma liberdade no exercício do julgamento como também na restrição do mesmo, uma liberdade que se originava no princípio latente da graça soberana no seu governo sobre Israel. Não obstante, Deus dispensou o seu julgamento de modo que os interesses da mensagem típica e simbólica da história de Israel foram preservados. (Veja mais adiante os comentários sobre os caps. 27.30.)

6:4. O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Esta confissão (da qual diversas traduções são gramaticalmente possíveis) parece ficar mais compreensível quando equivalente às declarações de monoteísmo de 4:35 e 32: 39 (cons. I Cr. 29:1). “Porque, ainda que haja também alguns que se chamam deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai... e um só Senhor, Jesus Cristo” (I Co. 8:5,6). Deus é único; a divindade confina-se a Ele exclusivamente. Só a Ele o povo de Israel devia se submeter em aliança religiosa, e a Ele deviam servir na totalidade do seu ser, com a intensidade do amor (Dt. 6:5). A exigência divina desta devoção exclusiva e intensa, Jesus chamou de “o primeiro e grande mandamento” (Mt. 22:37, 38; Mc. 12:29, 30; cons. Lc. 10:25-28). É o princípio central de todas as estipulações da aliança.

6:6. Estas palavras... estarão no teu coração. As misericórdias divinas passadas, recordadas no prólogo histórico, deveriam despertar esse amor, e o amor deveria revelar-se em reverente obediência a todos os mandamentos particulares de Deus (cons. 11:1, 22; 19:9; 30:16; Jo. 14:15). Estes versículos são assim o texto para tudo o que vem a seguir.

6:7a. Tu as inculcarás a teus filhos. O caráter familiar da administração convencional exige que os filhos sejam educados sob o governo das estipulações (cons. 20 e segs.). Dia e noite os crentes deviam meditar nas leis de Deus (vs. 7b-9; cons. Sl. 1:2). Moisés não estava aqui fazendo exigências cerimoniais, mas elaborando com dados concretos a exigência de uma constante focalização de solicitude com a boa vontade do Senhor de Israel.

6:9. Umbrais... portas. Estas palavras refletem o costume arquitetural do mundo nos dias de Moisés. Para o uso figurado desta linguagem, veja Êx. 13:9,16. Uma prática literal das injunções de Dt. 6:8, 9 entraram na moda entre os judeus posteriormente, na forma de filactérios usados pelas pessoas (cons. Mt. 23:5) e o mezuzah afixado nos umbrais.

6:10-19 O corolário constante da exigência de lealdade nos antigos tratados de suserania era a proibição de fidelidade a qualquer outro, e todos os outros senhores. Em Canaã a tentação à idolatria ia ser aguda, pois os deuses daquela região reivindicaram ser os concessores da fertilidade e abundância na terra. Tal é a perversidade humana que Israel, satisfeita com a abundância material e cultura espoliada, sentir-se-ia inclinada a homenagear as reivindicações dos ídolos de suas vitimas, esquecendo-se das reivindicações do Senhor que a salvara do Egito e lhe dera vitória em Canaã (vs. 10-12).

6:13. Pelo seu nome jurarás. Esse juramento constituía uma renovação do voto de fidelidade que ratificava a aliança e invocava a Deus como divindade que vingava a perfídia.

6:14. Não seguirá outros deuses. Assim Deus proibiu explicitamente o enredamento com os deuses de Canaã. Ele realmente guardaria com ciúmes a honra do Seu nome (v. 15).

6:16. Não tentarás o Senhor teu Deus. Israel não devia, portanto, ter a presunção de colocar Deus à prova, como em Massá (cons. Êx. 11:7), buscando provas de Sua presença e o Seu poder de impor-lhes as sanções da aliança, fossem bênçãos ou maldições. Antes, Israel devia ser fiel e Deus cumpriria fielmente Suas boas promessas (vs. 17-19; cons. v. 10).

6:20-25. Vendo as gerações que passavam, a perspectiva de Moisés se alargou. Seus interesses não se confinavam à presente assembleia de Israel, mas penetravam no futuro distante do urino de Deus (cons. v. 2).

6:20. Quando teu filho... te perguntar. Importantíssimo ao bem-estar da teocracia seria a educação fiel dos filhos dentro da mensagem das ações e propósitos redentores de Deus para o Seu povo.

6:24. Para o nosso perpétuo bem. Particularmente, a doação que Deus fez da Lei promoveu os propósitos de misericórdia, revelando o caminho da justiça, o qual conduziria ao favor e bênçãos divinas.

6:25. Será por nós justiça. Este versículo não apresenta um princípio operante da salvação. A ênfase recai sobre a função da lei apresentando o padrão de conduta que é justiça diante de Deus, o amor pelo qual é pré-requisito da beatitude, mas não fundamento meritório de tal estado.

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