Onisciência — Estudo Bíblico

Onisciência — Estudo Bíblico

Onisciência — Estudo Bíblico




ONISCIÊNCIA

Ver o artigo geral sobre os Atributos de Deus. Ver também Onisciência, Paradoxos da.
Esboço:
1.    Definições e Usos
2.    Presciência Determinadora
3.    A Onisciência Divina e o Livre-Arbítrio Humano
4.    O Eterno Agora
5.    0 Conhecimento e o Mal
6.    Evidências Bíblicas da Onisciência Divina

1.    Definições e Usos

Essa palavra vem do latim, omnis, “toda” e scire, “saber”, isto é, aquela qualidade da natureza de Deus que garante que ele sabe todas as coisas. Tradicionalmente, a onisciência é um dos principais atributos de Deus. A mente divina é o depósito do conhecimento, e no conhecimento de Deus não há falhas, nem fraquezas e nem limitações.

2.    Presciência Determinadora

Algum teólogos vinculam o conhecimento e a presciência de Deus em geral ao seu poder. Eles pensam que a razão pela qual Deus sabe de tudo é que ele determinou tudo, de tal modo que tudo quanto existe e acontece é desdobramento de seu poder determinador. Ver o artigo intitulado Determinismo. Logo, essa teoria da onisciência divina está maculada pelos mesmos problemas que afetam o determinismo. E esses problemas são discutidos no artigo mencionado, bem como em um outro, intitulado Livre-Arbítrio.

3.    A Onisciência Divina e o Livre-Arbítrio Humano

Esse é um problema vexatório na filosofia e na teologia. Parece que se Deus conhece de antemão todas as coisas, então elas terão de acontecer necessariamente. Doutra sorte, parece que a presciência de Deus é defeituosa, incompleta. Há mesmo teólogos que têm desistido da tentativa de dar lugar a um genuíno livre-arbítrio humano, em face da onisciência de Deus, escorregando então para o determinismo. Ainda outros teólogos pensam que a questão envolve um paradoxo. Agostinho, porém, forneceu-nos um argumento adequado e filosoficamente hígido para crermos que são compatíveis entre si a presciência divina e o livre-arbítrio humano. Deus disse simplesmente: “Deus previu que todos os homens agirão livremente”. E, assim sendo, a presciência divina garante a liberdade humana. A onisciência pressupõe a certeza, mas essa certeza reside agora nos atos livres dos homens, porquanto o próprio Deus garantiu que o homem precisa agir livremente.

4.    O Eterno Agora

O conhecimento humano necessariamente acompanha a sucessão dos eventos, seguindo as relações entre as causas e seus efeitos. Deus, porém, vive fora do tempo e pode ver qualquer coisa do começo ao fim. Deus vive no “eterno agora”, e isso quer dizer que, no sentido estrito, Para ele não há passado, nem presente e nem futuro. A mente divina abrange tudo. As religiões orientais pensam que o tempo é uma ilusão, uma distorção finita da realidade, e não um verdadeiro componente da realidade. E, visto que Deus vive acima do que é ilusório, naturalmente ele conhece todas as coisas.

5.    O Conhecimento e o Mal

Quem conhece todos os fatos, sem dúvida, também conhece o mal. Significaria isso que o mal faz parte de Deus? Presumivelmente, ter conhecimento do sofrimento torna o conhecedor alguém que participa do sofrimento. Mas, é claro que nem sempre uma coisa puxa a outra. Os teólogos, por sua vez, tentam evitar esses problemas afirmando que Deus “conhece acerca” das coisas, embora sem “participar” delas. Isso posto, ter conhecimento sobre o pecado não é a mesma coisa que participar do pecado. Tal conhecimento, porem, pode levar um indivíduo a fazer algo sobre a questão, e isso faz parte da inspiração que aponta para a redenção humana.

6.    Evidências Bíblicas da Onisciência Divina

Certo número de passagens bíblicas subentende um conhecimento ilimitado por parte de Deus, embora a palavra “onisciência” não ocorra nenhuma vez sequer na Bíblia; mas ali existe o conceito. O trecho de Rom. 11:33,34 certamente exprime o fato de que Deus conhece todas as coisas. Os caminhos de Deus são insondáveis e inescrutáveis. Deus tem a seu dispor vastas profundezas de conhecimento e sabedoria. A mente divina não é perscrutada pelo homem. O trecho de Sal. 147:5 garante que “o seu (de Deus) entendimento não se pode medir”. A sabedoria de Deus é multiforme (Efé. 3:10). O conhecimento do Senhor é incompreensível para nós, abarcando o passado, o presente e o futuro (ver Jó 14:17; Sal. 56:8; Isa. 41:22-24; 44:6-8; Jer. 1:5; Osé. 13:12; Mal. 3:16). Quanto a outras significativas referências a esse respeito, ver Mat. 10:29, Sal. 13:13-15; 139:2,12; Isa. 46:9,10.
O trecho de I Ped. 1:4 faz a eleição depender da presciência de Deus. A teologia popular, por sua vez, diz que essa presciência é da ”fé” do indivíduo, tornando a presciência divina dependente do homem, e então, de acordo com essas noções superficiais, essa fé seria uma condição para a eleição. Entretanto, nem aquela e nem qualquer outra passagem bíblica fala em “fé prevista”. Antes, estão em vista “pessoas” que Deus conheceu de antemão, o que subentende muito mais um amor anterior do que um conhecimento anterior da fé que, eventualmente, viria a ser exercida. O vs. 20 do mesmo capitulo diz que o próprio Cristo foi conhecido de antemão, e dificilmente isso significa que Deus previu o que Cristo faria. Antes, Cristo foi amado de antemão, e seus labores foram determinados pela graça divina. Diz o trecho de Amós 3:2: “De todas as famílias da terra somente a vós outros vos escolhi (no original hebraico, yada, conhecer) ...” E parece claro que esse é o tipo de conhecimento envolvido em I Ped. 1:2.
O trecho de Heb. 4:13 é uma boa passagem com que terminarmos a presente discussão: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença, pelo contrário, todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas”. Esse texto fornece-nos uma aplicação moral prática da doutrina da onisciência de Deus. Fala sobre a nossa responsabilidade e sobre o juízo final, de acordo com aquilo que Deus conhece e sabe a nosso respeito, em todas as nossas atitudes e ações.