Interpretação de Rute 2

Rute 2 narra o encontro entre Rute e Boaz nos campos de Belém, onde Rute colhe restos de grãos para sustentar a si mesma e a sua sogra Noemi. Boaz, parente do falecido marido de Noemi, percebe a dedicação de Rute e a trata com gentileza e generosidade. Boaz permite que Rute respiga em seus campos, oferece proteção a ela e até instrui seus trabalhadores a deixar grãos extras para ela. Rute 2 enfatiza os temas de provisão, bondade e o potencial para reviravoltas positivas na vida de Rute e Noemi. As ações de Boaz prepararam o terreno para novos desenvolvimentos em seu relacionamento e a continuação de sua jornada de fé e esperança.

Rute Rebusca nos Campos de Boaz. 2:1-23.

2:1. Tinha Noemi um parente... o qual se chamava Boaz. O parente está descrito na E.R.A. como sendo senhor de muitos bens, traduzindo uma frase que geralmente significa um homem de grande valor, isto é, um bravo guerreiro. Aqui a expressão parece dar a ideia das melhores qualidades masculinas.

2:2. Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas. De acordo com a lei mosaica os pobres tinham o direito de colher as espigas que caíam das mãos dos segadores (Lv. 19:9; 23:22; cons. Dt. 24:19). “Espigas” se refere à cevada (cons. Rute 1:22).

2:3. Entrou na parte que pertencia a Boaz. Ela não tinha intenção de ir a algum campo em particular, mas “aconteceu” que foi ao campo de Boaz. O que parecia ser um acidente vê-se como providência de Deus à luz de toda a história.

2:5. De quem é esta moça? Boaz notou a presença de uma estranha em seu campo. Sua aparência e roupas eram diferentes das outras moças que costumavam rebuscar atrás dos segadores.

2:6. Esta é a moça moabita. A resposta foi quase depreciativa: “É aquela estrangeira que voltou de Moabe com Noemi!”

2:7. Ela veio, desde pela manhã está aqui até agora. Rute pedira permissão para rebuscar no campo de Boaz. Quando o encarregado dos segadores lhe deu permissão, ela trabalhou diligentemente. Um pouco que esteve na choça.* Essas palavras provavelmente se referem ao tempo que ela passou na cabana construída no campo para descanso e alimentação. O texto hebraico implica em que Rute passou algum tempo ali. Embora a LXX traduza, ela não descansou nem um pouquinho. A Vulgata diz, ela não voltou para casa nem mesmo por pouco tempo.

2:8. Aqui ficarás com as minhas servas. As servas seguiam os segadores no campo, a fim de amarrar os molhos. Boaz sugeriu que Rute permanecesse no campo com elas. Há um entendimento tácito de que ele providenciaria pur suas necessidades.

2:9. Não dei ordem aos servos, que te não toquem? Boaz orientou seus trabalhadores a que não fizessem mal a Rute. Ela recebeu ainda autorização para beber da água que era fornecida aos trabalhadores nos campos de Boaz.

2:10. Como é que me favoreces e fazes caso de mim? Rute ficou comovida com as atitudes gentis de Boaz. A própria pergunta que fez comprovou seu espírito de humildade e modéstia.

2:11. Bem me contaram tudo. Boaz fizera perguntas sobre Rute e ficara sabendo de sua lealdade para com a sogra. Abandonar a terra do nascimento era considerado verdadeiro sacrifício.

2:12. Seja cumprida a tua recompensa do Senhor Deus de Israel. Boaz reconhecia que ele sozinho não poderia recompensar Rute adequadamente por sua lealdade. Orou para que Rute fosse abundantemente recompensada pelo Senhor. Sob cujas asas deste buscar refúgio.* Rute encontrou um lugar de refúgio no Deus de Israel. Como uma galinha ajunta seus pintinhos sob as asas para protegê-los do mal, assim Deus protege aqueles que O buscam.

2:13. Pois me consolaste. Rute fora profundamente sensibilizada pelas observações de Boaz. Sentia-se indigna de tanta gentileza. Não sendo eu nem ainda como uma das tuas servas.* Ela se considerava inferior às moças que trabalhavam para Boaz – talvez por causa de sua pobreza, sua nacionalidade gentia e seus antecedentes pagãos. A bondade dele para com as outras era compreensível. A bondade dele para com ela consistia em graça pura.

2:14. À hora de comer... Achega-te para aqui. Boaz convidou Rute para tomar lugar de honra. Ele teve o cuidado de verificar se ela tinha alimento suficiente.

2:15. Até entre as gavetas deixai-a colher. Normalmente os rebuscadores colhiam apenas as espigas que não estivessem atadas em molhos. Boaz, entretanto, fez provisão especial para Rute.

2:16. Tirai também dos molhos algumas espigas. JPS traduz: “Tirai algumas para ela”. Os segadores foram instruídos a que cuidassem de Rute de maneira especial (sem que ela o soubesse). Ela tinha o direito legal de apanhar tudo o que acidentalmente caísse ao chão. Os segadores deixaram de propósito abundância de espigas para ela apanhar.

2:17. Debulhou o que apanhara. Quando a quantidade era pequena, era debulhada por meio de um bastão que batendo nas espigas separava os grãos da palha. E foi quase um efa de cevada. Isto era aproximadamente três selamins, uma medida para grãos. Seria suficiente para o sustento de Rute e Noemi durante cerca de cinco dias.

2:18. Viu sua sogra o que havia apanhado. Sem dúvida Noemi ficou surpresa com a quantidade de cevada que Rute trouxe para casa. O que lhe sobejara depois de fartar-se tirou e deu a sua sogra. Rute deu a sua sogra o alimento que lhe sobrara da sua refeição.

2:19. Onde colheste hoje? Surpresa com a quantidade de cereal, Noemi perguntou a respeito do campo onde Rute trabalhara. O nome do Senhor... é Boaz. Boaz era um rico fazendeiro e parente chegado de Noemi. Como tal esperava-se dele que comprasse para a família as terras a que tinha direito (Lv. 25:25) e cuidasse dos membros desamparados da família.

2:20. Bendito seja ele do Senhor, que ainda não tem deixado a sua benevolência nem para com os Avos nem para com os mortos. Cuidando da viúva de Malom, Boaz estava cuidando dos mortos como também demonstrando bondade para com os vivos.

2:22. Bom será, filha minha, que saias com as servas dele. “Se Boaz deseja tratá-la com bondade, não vá a outra parte”, aconselhou Noemi. “Aceite a sua generosidade e permaneça com suas servas”.

2:23. Até que a sega de cevada e de trigo se acabou. Através de toda a estação da colheita Rute continuou trabalhando com as servas durante o dia, retornando à casa de sua sogra à noite.

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