Interpretação de Levítico 17

Levítico 17

17:1-27:34 Uma vez estabelecido o desejado relacionamento com Deus, este devia ser mantido. Os capítulos restantes apresentam claramente o meio do judeu individualmente andar, a fim de ser diferente dos pagãos e aceitável ao Senhor.

17:1 Deus dá instruções a Moisés e então ao povo por meio de Arão e seus filhos.

17:3. Qualquer homem..., que imolar... no arraial ou fora dele. Todos os animais a serem imolados, apropriados para o sacrifício, deviam ser trazidos ao sacerdote e sacrificados à porta da tenda da congregação. Nessa ocasião o sangue e a gordura deviam se tomar parte de uma oferta pacifica ao Senhor (v. 5).

17:4. E os não trouxer. Se a ordem fosse desobedecida, o homem devia ser considerado como tendo derramado sangue indevidamente e devia ser eliminado do seu povo. A palavra eliminado vem da raiz krt, que também significa “arrancar”, “mutilar” ou “destruir”. Não sabemos com certeza se o termo implicava em sentença de morte ou simples excomunhão. Êxodo 31:14 parece implicar em sentença de morte, pois os dois termos são mencionados como penalidade pela mesma ofensa.

17:5-7. Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios. O propósito desta punição severa está nos versículos 5 e 7. Os animais deviam ser mortos à porta da congregação e não sacrificados aos “demônios” (se'irim). Estas criaturas, chamadas de “sátiros” na RSV, foram mencionadas em Lv. 4:23 no singular e traduzidos simplesmente para “bode”. O mesmo termo, contudo, conforme usado em II Cr. 11:15; Is. 13:21; 34:14 (em Is. a E.R.C. também usa o termo “sátiro”) se refere obviamente a demônios, objetos da adoração pagã. Ao que parece algo da idolatria do Egito, que invadira as fileiras dos judeus (Js. 24:14), ficara com eles no Êxodo. Josefo (Against Apion, 11. 7) fala da adoração de bodes no Egito. Estatuto perpétuo foi adaptado por Moisés conforme apresentado em Dt. 12:15, em antecipação à entrada na Terra Prometida, onde a dispersão das tribos tomaria tal restrição impraticável.

17:9. Esse homem será eliminado. A penalidade pela oferta imprópria de qualquer animal sacrificial referia-se tanto aos hebreus como aos estrangeiros que habitassem no meio deles.

17:10. Que comer algum sangue. Nem o hebreu nem o estrangeiro residente devia comer sangue sob qualquer forma. As razões estão apresentadas em 17:11. A primeira era que o sangue é o fluido que leva a vida pelo corpo e por isso representa a vida ou a alma (nepesh) do animal. A segunda era na realidade a principal, a primeira sendo apenas a base da segunda: Expiação de pecados era feita através do sacrifício de animais, oferecendo-se a vida do animal como substituto da vida do individuo; o derramamento de sangue como fluido de vida era o oferecimento da porção que mais claramente apresenta o quadro da expiação.

17:13. Derramará o seu sangue. O sangue da caça comestível que fosse morta devia ser derramado sobre o chão e não devia ser comido.

17:15. O que morre por si. O animal que morresse de uma morte natural, ou tivesse sido morto por outros animais, ou retinha o seu sangue ou o tinha derramado de maneira cerimonialmente imprópria. Assim, embora o animal pudesse comumente ser considerado limpo, a natureza de sua morte proibia que fosse comido. Quando por ignorância, ou inadvertência, tal animal fosse consumido, devia-se seguir a purificação indicada.

Notas Adicionais:
17:1—26:46
Às vezes chamado de “Código de Santidade”, esses capítulos tratam dos regulamentos para uma vida santa e práticas santas em várias áreas da vida (ver Introdução: Temas Teológicos; Esboço; veja também nota em 11:44).

17:4 tabernáculo do SENHOR. O povo, com poucas exceções (por exemplo, Dt 12:15,20–21), foi instruído a sacrificar apenas no santuário central (Dt 12:5–6). O representante de Senaqueribe referiu-se ao fato de Ezequias exigir adoração apenas em Jerusalém (2Rs 18:22). Um dos motivos de tal regulamentação era impedir que os israelitas fossem corrompidos pela adoração pagã dos cananeus. separados de seu povo. Veja a nota em 7:20.

17:11 a vida de uma criatura está no sangue. Veja a nota em Gênesis 9:4. O sangue derramado nos sacrifícios era sagrado. Ele sintetizou a vida da vítima do sacrifício. Visto que a vida era sagrada, o sangue (símbolo da vida) tinha de ser tratado com respeito (Gn 9:5-6). Comer sangue era, portanto, estritamente proibido (7:26-27; Dt 12:16, 23-25; 15:23; 1Sa 14:32-34). sangue... faz expiação. Praticamente todo sacrifício incluía aspersão de sangue contra o altar ou aspersão de sangue dentro do tabernáculo (v. 6; 1:5; 3:2; 4:6,25; 7:2), ensinando assim que a expiação envolve a substituição da vida pela vida. O sangue do sacrifício do AT apontava para o sangue do Cordeiro de Deus, que obteve para o seu povo a “redenção eterna” (Hb 9:12). “Sem derramamento de sangue não há perdão” (Hb 9:22).

17:15 encontrado morto ou dilacerado. Esses animais não teriam o sangue drenado deles e, portanto, seriam proibidos.

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