Malaquias 1 — Explicação das Escrituras

Malaquias 1 centra-se na repreensão de Deus à adoração imperfeita de Seu povo e ao questionamento de Seu amor. O capítulo enfatiza o amor inabalável de Deus por Israel e condena sua apresentação de sacrifícios impuros, enfatizando a necessidade de genuína reverência. Deus pede ofertas que reflitam Sua honra e desafia os sacerdotes por sua negligência. O capítulo ressalta a importância de dar a Deus o melhor de cada um, em vez de oferecer meras sobras. Ele destaca a conexão entre adoração e uma atitude de coração adequada, chamando para uma renovação de devoção e honra em seu serviço a Deus.

A. Ingratidão (1:1–5)
No primeiro capítulo, encontramos o Senhor fazendo certas acusações contra o povo, e o povo respondendo com fortes negações. Primeiro, o SENHOR declara Seu amor por eles, e eles Lhe pedem para provar: “De que maneira nos amaste?” Ele o faz lembrando-os de Seu amor por Jacó (de quem eram descendentes), Sua rejeição a Esaú e Seus julgamentos sobre os descendentes de Esaú, os edomitas. Os olhos do povo de Israel veriam a desolação de Edom e reconheceriam a grandeza de Deus.

1.1 Malaquias quer dizer, no heb, “meu mensageiro”. Este mensageiro do Senhor foi o último dos profetas do AT. Sua mensagem foi dirigida ao remanescente que voltará para a terra da Palestina, depois dos 70 anos de cativeiro. A sentença veio como consequência do pecado em que o povo havia caído uns cem anos após a reconstrução de Jerusalém.

1.2 Eu vos tenho amado. Deus afirma categoricamente Seu amor por Seu povo a despeito dos seus pecados. O Senhor não deixa de amar ao pecador, ainda que odeie todo e qualquer pecado. “Em que nos tem amado?” Esta é a primeira entre dez perguntas que mostram o espírito ingrato e rebelde do povo israelita (1.2, 6, 7, 12, 13; 2.13, 17; 3.7, 8, 13).

1.3 Aborreci a Esaú. Deus amou e elegeu a Jacó pela Sua graça soberana. O uso da palavra aborreci provavelmente seria uma expressão peculiar do hebraico para indicar que Esaú (antepassado dos edomitas) não foi eleito (cf. Rm 9.13).

1.4 Israel foi restaurada enquanto Edom ainda se achava em escombros. Isto foi uma demonstração do amor divino por Israel. Diz o Senhor dos Exércitos. Esta expressão, que salienta o poder de Deus, encontra-se 24 vezes nesta profecia curta. Malaquias recebeu sua mensagem diretamente de Deus e portanto falou com autoridade divina. Durante os quatrocentos anos de intervalo entre o fim do AT e o início do NT, era frequentemente reconhecido pelas escritores judeus que não houve profeta entre eles desde Malaquias.

B. Sacrilégio pelos Sacerdotes (1:6–14)
1:6 Em seguida, o Senhor acusa os sacerdotes de desprezar Seu nome e de deixar de honrá-Lo e reverenciá-Lo. Eles pedem evidências de seu comportamento profano.

1:7, 8 O Senhor os acusa de trazer ofertas impuras. Eles negam isso também, mas Ele os lembra que eles agiram como se algo fosse bom o suficiente para o Senhor. Eles trouxeram sacrifícios cegos e coxos, que não ousariam oferecer ao seu governador.

1.7 Os sacerdotes eram culpados de dar a Deus apenas as sobras no lugar das primícias e o melhor como a lei requeria (Lv 22.22). Nosso Senhor merece a preeminência nas nossas vidas (Cl 1.18). Dar-lhe menos é desprezá-lo e insultá-lo.

1.8-10 Ninguém se atrevia a dar um animal enfermo ou indigno a um governante. Porém era justamente o que os judeus estavam oferecendo a Deus, o Rei dos reis. Ele não pode ser enganado e consequentemente não aceitará tais ofertas. Dar ofertas hipócritas era pior que deixar de sacrificar. Melhor fechar as portas do templo o que ofender a Deus com um culto desprezível.

1:9 O profeta exorta-os a se arrependerem de seus pecados para que a ira de Deus possa ser evitada.

1:10 O SENHOR dos Exércitos deseja que alguém feche as portas do templo para que os sacrifícios parem, porque os sacrifícios eram totalmente inaceitáveis para Ele.

1:11 Mas o Senhor justificará o seu nome entre os gentios, ainda que o seu próprio povo não o honre. Incenso é o símbolo de oração (Ap 8.3, 4). Uma vez que a palavra sacrificar é usada para designar louvor (Hb 13.15); pode ser que aqui um culto espiritual esteja em vista. Esta predição de culto universal cumpre-se parcialmente na Igreja, espalhada em todas as nações do mundo. Seu cumprimento final se realizará com a segunda vinda de Cristo (Ap 7.9, 10).

1:12–14 Os judeus desprezavam as coisas sagradas do templo e estavam cansados de servir a Deus. Uma maldição recairia sobre todos os que trouxessem suas probabilidades e fins defeituosos a Deus para sacrifícios. A razão é que o Senhor dos Exércitos é um grande Rei, e Seu nome deve ser temido entre as nações.

1.14 A lição deste capítulo é que Deus é grande e santo. Ele deve ser servido e cultuado em espírito e em verdade (Jo 4.23, 24). • N. Hom. “Religião insincera e sem proveito” é demonstrada: 1) Na ingratidão em face do amor incontestável de Deus (2); 2) Na impertinência no culto, oferecendo a Ele o que seja defeituoso e sem valor (9); 3) Em tornar por definida de antemão a concessão do favor divino mesmo sem pedir (9); 4) Em ser indiferente em face da grandeza de Deus (14b).

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