Panorama do Livro de Isaías

Panorama do Livro de Isaías

Panorama do Livro de Isaías

Os seis primeiros capítulos descrevem as condições que existiam em Judá e em Jerusalém, expondo o pecado de Judá perante Yahweh, e relatam o comissionamento de Isaías. Os capítulos 7 a 12 falam das ameaças de invasões por parte do inimigo e a promessa de libertação por meio do Príncipe da Paz comissionado por Yahweh. Os capítulos 13 a 35 contêm uma série de pronúncias contra muitas nações e predizem que a salvação virá de Yahweh. Os eventos históricos do reinado de Ezequias são descritos nos capítulos 36 a 39. Os capítulos remanescentes, 40 a 66, têm como tema a libertação do cativeiro em Babilônia, o retorno do restante judeu e a restauração de Sião.

A mensagem de Isaías “referente a Judá e Jerusalém” (1:1-6:13)

Imagine-o ali, de pé em Jerusalém, vestido de serapilheira e calçado de sandálias, bradando: Ditadores! Povo! Ouvi! A vossa nação está enferma dos pés à cabeça, e cansastes a Yahweh com as vossas mãos manchadas de sangue, erguidas em oração. Vinde, endireitai as coisas com ele, para que os pecados escarlates fiquem brancos como a neve. Na parte final dos dias, o monte da casa de Yahweh será elevado, e todas as nações afluirão a ele em busca de instrução. Não mais aprenderão a guerra. Yahweh será elevado nas alturas e santificado. Mas, atualmente, Israel e Judá, embora plantados como videira seleta, produzem uvas de anarquia. Fazem com que o que é bom seja mau e o que é mau seja bom, pois são sábios aos seus próprios olhos.

“Eu, no entanto, cheguei a ver Yahweh sentado num trono enaltecido e elevado”, diz Isaías. Juntamente com a visão vem a comissão de Yahweh: “Vai, e tens de dizer a este povo: ‘Ouvi vez após vez.’” Por quanto tempo? “Até que as cidades realmente se desmoronem em ruínas.” — 6:1, 9, 11.

Ameaças de invasões inimigas e promessa de alívio (7:1-12:6)

Yahweh usa Isaías e seus filhos como ‘sinais e milagres’ proféticos para mostrar que primeiro fracassará o conluio da Síria e de Israel contra Judá, mas, com o tempo, Judá será levado ao cativeiro, e apenas um restante retornará. Uma donzela ficará grávida e dará à luz um filho. Seu nome? Emanuel (que significa: “Conosco Está Deus”). Que os inimigos combinados contra Judá prestem atenção! “Cingi-vos, e sede desbaratados!” Haverá tempos difíceis, mas depois uma grande luz brilhará sobre o povo de Deus. Pois um menino nos nasceu, “e será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”. — 7:14; 8:9, 18; 9:6.

“Ah! o assírio”, clama Yahweh, “a vara para a minha ira”. Depois de usar a vara contra “uma nação apóstata”, Deus abaterá o próprio insolente assírio. Mais tarde, “um mero restante retornará”. (10:5, 6, 21) Eis agora um rebentão, um renovo da raiz de Jessé (pai de Davi)! Este “renovo” governará com justiça, e por meio dele toda a criação se regozijará, não havendo dano nem ruína, “porque a terra há de encher-se do conhecimento de Yahweh assim como as águas cobrem o próprio mar”. (11:1, 9) Este renovo servirá como sinal para as nações, e haverá uma estrada principal para o restante que retornar da Assíria. Haverá exultação em tirar água das fontes de salvação e em fazer melodia para Yahweh.

A pronúncia de condenação contra Babilônia (13:1-14:27)

Isaías olha agora para além dos dias do assírio, para o tempo em que Babilônia estará no seu zênite. Ouça! O barulho de numeroso povo, o rebuliço de reinos, de nações ajuntadas! Yahweh passa em revista o exército de guerra! É um dia negro para Babilônia. Rostos pasmados afogueiam e corações se derretem. Os impiedosos medos derrubarão Babilônia, “ornato dos reinos”. Ela há de se tornar desolação desabitada e covil de criaturas selvagens “geração após geração”. (13:19, 20) Os mortos no Seol se agitam para receber o rei de Babilônia. Os gusanos se tornam o seu leito e os vermes a sua cobertura. Que queda para esse “brilhante, filho da alva”! (14:12) Aspirava elevar o seu trono, mas torna-se como cadáver lançado fora, quando Yahweh varre Babilônia com a vassoura da aniquilação. Não há de restar nem nome, nem restante, nem progênie, nem posteridade!

Desolações internacionais (14:28-23:18)

Isaías aponta agora para trás, para a Filístia, ao longo do mar Mediterrâneo e daí para Moabe, ao sudeste do mar Morto. Dirige sua profecia para além da fronteira setentrional de Israel, para Damasco da Síria, desce bem ao sul para a Etiópia e vai até o Nilo, no Egito, anunciando os julgamentos de Deus que trarão desolação ao longo do caminho. Fala do Rei Sargão, assírio, predecessor de Senaqueribe, que enviou o comandante Tartã contra a cidade filistéia de Asdode, situada ao oeste de Jerusalém. Nessa ocasião, Isaías recebe ordem de tirar a roupa e andar despido e descalço por três anos. Assim, representa vividamente a futilidade de se confiar no Egito e na Etiópia, que, com “nádegas desnudas”, serão levados cativos pelos assírios. — 20:4.

De sua torre de vigia, um atalaia vê a queda de Babilônia e de seus deuses, e anuncia adversidades para Edom. O próprio Yahweh se dirige ao povo turbulento de Jerusalém que diz: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos.” ‘Morrerão mesmo’, diz Yahweh. (22:13, 14) Os navios de Társis, também, uivarão, e Sídon ficará envergonhada, pois Yahweh expressou seu desígnio contra Tiro, para “tratar com desprezo todos os honrados da terra”. — 23:9.

O julgamento de Yahweh e a salvação (24:1-27:13)

Mas agora é a vez de Judá! Yahweh devasta o país. Povo e sacerdote, servo e amo, comprador e vendedor — todos têm de perecer, pois infringiram as leis de Deus e quebraram o pacto de duração indefinida. Mas, com o tempo, ele voltará sua atenção para os prisioneiros e os ajuntará. Ele é uma fortaleza e um refúgio. Oferecerá um banquete no seu monte e tragará a morte para sempre, e enxugará as lágrimas de todas as faces. “Este é o nosso Deus”, dir-se-á. “Este é Yahweh.” (25:9) Judá tem uma cidade com a salvação como muralhas. A paz duradoura Yahweh reserva para os que confiam nele, “pois em Jah Yahweh está a Rocha dos tempos indefinidos”. Quanto ao iníquo, “simplesmente não aprenderá a justiça”. (26:4, 10) Yahweh aniquilará seus adversários, mas restaurará a Jacó.

Indignação de Deus e bênçãos (28:1-35:10)

Ai dos ébrios de Efraim, cujo “ornato de beleza” murchará! Mas Yahweh “tornar-se-á como coroa de ornato e como grinalda de beleza” para o restante do seu povo. (28:1, 5) Contudo, os jactanciosos de Jerusalém olham para a mentira como refúgio, em vez de para a provada e preciosa pedra de alicerce em Sião. Uma enxurrada levará a todos eles. Os profetas de Jerusalém estão dormindo e o livro de Deus lhes está selado. Honram com os lábios, mas o coração deles está longe. Todavia, virá o dia em que os surdos ouvirão as palavras do livro. Os cegos enxergarão e os mansos se regozijarão.

Ai dos que descem ao Egito em busca de refúgio! Este povo obstinado quer visões macias e enganosas. Será exterminado, mas Yahweh restaurará um restante. Este restante verá o seu Grandioso Instrutor, e espalhará as imagens deles, considerando-as “mera sujeira”. (30:22) Yahweh é o verdadeiro Defensor de Jerusalém. Um rei reinará segundo a justiça com seus príncipes. Trará paz, tranqüilidade e segurança por tempo indefinido. Os mensageiros da paz chorarão amargamente por causa de traições cometidas, mas para o Seu próprio povo, o Majestoso, Yahweh, é Juiz, Legislador e Rei, e ele próprio o salvará. Nenhum residente dirá então: “Estou doente.” — 33:24.

A indignação de Yahweh precisa manifestar-se contra as nações. Os cadáveres cheirarão mal e os montes se derreterão com sangue. Edom tem de ser desolada. Mas, para os resgatados por Yahweh, a planície desértica florescerá, e aparecerá “a glória de Yahweh, o esplendor de nosso Deus”. (35:2) Os cegos, os surdos e os mudos serão curados, e abrir-se-á um Caminho de Santidade para os remidos de Yahweh, ao retornarem a Sião com regozijo.

Nos dias de Ezequias, Yahweh rechaça a Assíria (36:1-39:8)

É prática a exortação de Isaías, de confiar em Yahweh? Pode ela suportar o teste? No 14.° ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, da Assíria, assenta um golpe, como que de foice, à Palestina e desvia algumas das suas tropas, tentando intimidar Jerusalém. Seu porta-voz Rabsaqué, que fala hebraico, lança perguntas escarnecedoras ao povo enfileirado ao longo da muralha da cidade: ‘Em que confiam? No Egito? Uma cana esmagada! Em Yahweh? Não há deus que possa livrar das mãos do rei da Assíria!’ (36:4, 6, 18, 20) Obedecendo ao rei, o povo não dá nenhuma resposta.

Ezequias ora a Yahweh, pedindo que salve seu povo por causa do Seu nome, e, por meio de Isaías, Yahweh responde que Ele colocará o seu gancho no nariz do assírio e o conduzirá de volta pelo caminho donde veio. Um anjo fere mortalmente a 185.000 assírios, e Senaqueribe corre de volta para casa, onde seus próprios filhos mais tarde o assassinam no seu templo pagão.

Ezequias é acometido de uma doença mortal. Contudo, Yahweh, milagrosamente, faz com que recue a sombra produzida pelo sol como sinal de que Ezequias será curado, e 15 anos são acrescentados à vida de Ezequias. Em agradecimento, ele compõe um lindo salmo de louvor a Yahweh. Quando o rei de Babilônia envia mensageiros com felicitações hipócritas por se ter restabelecido, Ezequias imprudentemente lhes mostra os tesouros reais. Em conseqüência disso, Isaías profetiza que tudo na casa de Ezequias será um dia levado para Babilônia.

Yahweh consola suas testemunhas (40:1-44:28)

A primeira palavra do capítulo 40, “Consolai”, descreve bem o que contém o resto do livro de Isaías. Uma voz no ermo clama: “Desobstruí o caminho de Yahweh!” (40:1, 3) Há boas novas para Sião. Yahweh pastoreia o seu rebanho, carrega no colo os cordeirinhos. Dos majestosos céus, olha para baixo, para o círculo da terra. A que pode ser comparada sua grandeza? Ele dá pleno poder e energia dinâmica aos cansados e aos extenuados que esperam Nele. Declara que as imagens fundidas das nações são vento e irrealidade. O escolhido por ele será como um pacto para os povos e luz para as nações, a fim de abrir os olhos dos cegos. Yahweh diz a Jacó: “Eu mesmo te amei”, e convida o nascente, o poente, o norte e o sul: ‘Entreguem! Tragam meus filhos e minhas filhas.’ (43:4, 6) Com o tribunal em sessão, ele desafia os deuses das nações que produzam testemunhas para provar que são deuses. O povo de Israel são testemunhas de Yahweh, seu servo, e testificam que ele é Deus e Libertador. A Jesurum (“Aquele Que É Reto”, Israel), ele promete o seu espírito e daí cobre de vergonha os que fazem imagens que não vêem nada, não sabem nada. Yahweh é o Resgatador de seu povo; Jerusalém será habitada outra vez e seu templo será reconstruído.

Vingança contra Babilônia (45:1-48:22)

A fim de salvar Israel, Yahweh nomeia Ciro para vencer Babilônia. Os homens terão de saber que só Yahweh é Deus, o Criador dos céus, da terra e do homem sobre ela. Ele zomba dos deuses babilônicos, Bel e Nebo, pois só Ele pode predizer o fim desde o começo. A virgem filha de Babilônia terá de sentar-se no pó, destronada e despida, e a multidão de seus conselheiros será queimada como restolho. Yahweh diz aos israelitas adoradores de ídolos, de ‘cerviz de ferro e de cabeça de cobre’, que poderiam ter paz, justiça e prosperidade, se escutassem a ele, mas “não há paz para os iníquos”. — 48:4, 22.

Sião será consolada (49:1-59:21)

Dando seu servo qual luz para as nações, Yahweh brada aos que estão nas trevas: “Saí!” (49:9) Sião será consolada e o seu ermo se tornará como o Éden, o jardim de Yahweh, com superabundância de exultação, regozijo, agradecimento e voz de melodia. Yahweh fará o céu desfazer-se em fumaça, a terra gastar-se como uma veste e seus habitantes perecer como borrachudo. Por que, pois, temer o vitupério dos homens mortais? O cálice amargo que Jerusalém bebeu precisa ser passado agora às nações que a calcaram aos pés.

‘Desperta, ó Sião, e sacode-te do pó!’ Veja o mensageiro que pula sobre os montes com boas novas, dizendo a Sião: “Teu Deus tornou-se rei!” (52:1, 2, 7) Saiam do lugar impuro e conservem-se limpos, os que estão no serviço de Yahweh. O profeta passa a descrever agora ‘o servo de Yahweh’. (53:11) É homem desprezado, evitado, e carrega nossas dores, contudo, é reputado como golpeado por Deus. Foi traspassado pelas nossas transgressões, mas nos curou pelos seus ferimentos. Como ovídeo levado ao abate, não fez violência e não falou engano algum. Deu a sua alma qual oferta pela culpa, a fim de levar os erros de muitos.

Qual dono marital, Yahweh diz a Sião que grite de alegria por causa de sua vindoura fertilidade. Embora afligida e sacudida pela tormenta, ela se tornará cidade de alicerce de safiras, de ameias de rubis e de portões de pedras fulgurosas. Seus filhos, ensinados por Yahweh, gozarão de abundância de paz, e nenhuma arma forjada contra eles será bem-sucedida. “Eh! todos vós sedentos!” clama Yahweh. Se vierem, selará com eles seu “pacto . . . referente às benevolências para com Davi”; dará um líder e comandante como testemunha aos grupos nacionais. (55:1-4) Os pensamentos de Deus são infinitamente mais elevados do que os do homem, e a sua palavra terá êxito certo. Os eunucos que guardarem a sua lei, de qualquer nacionalidade que sejam, receberão um nome melhor do que filhos e filhas. A casa de Yahweh será chamada casa de oração para todos os povos.

Yahweh, Enaltecido e Elevado, cujo nome é santo, diz aos idólatras, loucos por sexo, que não contenderá indefinidamente com Israel. Os seus jejuns pretensamente piedosos são disfarces para a iniqüidade. A mão de Yahweh não é curta demais para salvar nem o seu ouvido pesado demais para ouvir, mas são ‘os vossos próprios erros que se tornaram as coisas que causam separação entre vós e o vosso Deus’, diz Isaías. (59:2) É por isso que esperam a luz, mas andam às apalpadelas nas trevas. Por outro lado, o espírito de Yahweh, sobre o seu fiel povo pactuado, garante que a Sua palavra permanecerá na sua boca irremovivelmente por todas as gerações futuras.

Yahweh embeleza Sião (60:1-64:12) 

“Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois . . . raiou . . . a própria glória de Yahweh.” Em contraste com isso, densas trevas envolvem a terra. (60:1, 2) Nesse tempo, Sião erguerá os olhos e ficará radiante, e seu coração tremerá ao ver os tesouros das nações vir a ela sobre uma massa movimentada de camelos. Como nuvens de pombas que voam, afluirão a ela. Estrangeiros edificarão as suas muralhas, reis a ministrarão, e seus portões nunca se fecharão. Seu Deus terá de ser a sua beleza, e Ele multiplicará rapidamente um em mil e o pequeno em poderosa nação. O servo de Deus proclama que o espírito de Yahweh está sobre ele, ungindo-o para falar estas boas novas. Sião recebe um novo nome: Meu Deleite Está Nela (Hefzibá), e sua terra é chamada Possuída Como Esposa (Beulá). (62:4, nota) Dá-se a ordem de aterrar a estrada que sai de Babilônia e de erigir um sinal em Sião.

De Bozra, em Edom, vem alguém com vestes vermelhas, cor de sangue. Na sua ira, pisou povos numa cuba de vinho, fazendo jorrar sangue. O povo de Yahweh sente profundamente a sua condição impura, e faz uma oração comovente, dizendo: ‘Ó Yahweh, tu és nosso Pai. Somos o barro e tu és o nosso Oleiro. Não fiques indignado ao extremo, ó Yahweh. Somos todos teu povo.’ — 64:8, 9.

“Novos céus e uma nova terra”! (65:1-66:24) 

As pessoas que abandonaram a Yahweh em busca dos deuses da “Boa Sorte” e do “Destino” morrerão de fome e sofrerão vergonha. (65:11) Os servos de Deus se regozijarão na fartura. Eis que Yahweh cria novos céus e uma nova terra. Que alegria e exultação haverá em Jerusalém e entre seu povo! Construir-se-ão casas e plantar-se-ão vinhedos, e o lobo e o cordeiro pastarão como se fossem um. Não haverá dano nem ruína.

Os céus são o seu trono e a terra o escabelo de seus pés; portanto, que casa podem os homens construir para Yahweh? Uma nação há de nascer num só dia, e todos os que amam a Jerusalém são convidados a se regozijar quando Yahweh estende sobre ela a paz como um rio. Ele chegará contra seus inimigos como o próprio fogo, como carros de tufão, retribuindo a sua ira com puro furor, e chamas de fogo contra toda carne desobediente. Mensageiros sairão por todas as nações e ilhas distantes para falar da Sua glória. Seus novos céus e nova terra hão de ser de duração permanente. De modo similar, os que o servem, assim como sua prole, permanecerão. É isso ou a morte eterna.