Anticristo — Estudo Bíblico

ANTICRISTO

O anticristo, embora personagem de suprema malignidade, será um instrumento nas mãos de Deus para ajudar a provocar a destruição necessária para reduzir a zero os sistemas político, econômico e militares do mundo. Isso possibilitará o inicio de um novo ciclo histórico. Sem a destruição dos antigos sistemas, seria impossível a inauguração da nova era, o milênio. Não será propósito do anticristo obter a vitória.

Antes, ele encabeçará uma aliança ocidental, usando-a como meio para destruir o comunismo. Nesse processo, entretanto , pouco restará que ele possa usar como instrumento. Sua missão consistirá em provocar a destruição da imagem de Nabucodonosor, a fim de que Israel se erga como cabeça das nações, e seja inaugurado o reino milenial, como uma introdução ao estado eterno. Ver Dan. 2:31-45 quanto à imagem de Nabucodonosor, que representa os reinos do mundo. A Pedra cairá sobre essa imagem, transformando-a em pó. Ver o artigo sobre a Tradição Profética e a Nossa Era, quanto a explicações gerais concernentes ao que se espera que se suceda em futuro próximo. A mente religiosa tem a tendência, em qualquer época, de pensar que os dias atuais são os últimos, e que estes são o objeto das profecias.

A ideia de um tipo de grande opositor a Deus (como o anticristo será), dos últimos dias se encontra em Eze. caps. 38 e 39, e, sem dúvida, as pessoas daquela época esperavam o fim em breve. Durante o tempo da perseguição religiosa, na era dos Macabeus, muitos judeus consideraram o seu tempo a finalidade dos tempos. Esta crença é evidente em tais Escrituras como Dan. 7:21ss, e cap. 11, e também nas escrituras apocalípticas como Sib. Or., Livro III, e IV Esdras 5:4,6, Apoc. Bar. cap. 40, Asc. Isa. cap. IV. O Apocalipse do NT repete esta mentalidade, e até utiliza os velhos apocalipses para expressar a mesma ideia. A despeito deste fato, nosso tempo ê diferente, e pode ser, realmente, a terminação do ciclo que começou há dois mil anos. Podemos estar agora em meio a uma preparação para a realização de uma nova época, um novo ciclo. Os velhos ciclos sempre terminam em destruição. O anticristo ajudará este processo.

O epíteto “anticristos” se encontra somente em I Jo. 2:18,22; 4:2 e II Jo. 7. Porém, a ideia de um notável opositor de Deus, do Messias e do bem , é perfeitamente comum na Bíblia, tanto no AT como no NT. Naturalmente, há muitas passagens que aludem à atitude própria de anticristo, mas que não falam sobre sua pessoa, propriamente dita. Contudo, ele incorpora em si mesmo todas as más qualidades que fazem oposição a Deus, e assim, muitas passagens que não falam diretamente sobre ele, destacam pontos de interesse acerca de sua natureza totalmente pervertida.

O nome anticristo, sem dúvida alguma, tem a ideia moderna normal emprestada ao termo “anti”, ou seja, contra, e não em lugar de, que é um sentido que o grego pode ter, mas que não é tencionado neste caso. Naturalmente, em certo sentido, também se pode aceitar a ideia de substituição, pois a lealdade que a nação de Israel e outros deveriam presta a Cristo, será recebida temporariamente pelo anticristo. Sons características. As passagens das epístolas joaninas que falam acerca do anticristo, se referem sobre muitas personagens e movimentos, e não apenas acerca de um indivíduo, já que falam sobre heresias contemporâneas, como o gnosticismo.

Não obstante, as características que são supremamente reveladas como pertencentes ao anticristo, mostram-nos que, sem dúvida, há um grande escopo profético que pode ser aplicado diretamente ao anticristo, sem falarmos nas referências contemporâneas. Ver o artigo sobre Gnosticismo. As passagens, naquelas epístolas, que fornecem características a respeito do anticristo, são as seguintes:

1. O anticristo negará tanto ao Pai como ao Filho (ver I Jo. 2:22).

2. Ele negará o significado e a importância da encarnação de Cristo (ver I João 4:3 e II João 7). Naturalmente, isso é especificamente dito contra a heresia do gnosticismo, que negava a humanidade autêntica de Cristo, reduzindo-o a um dos “aeons” ou poderes angelicais, como se a sua “humanidade” fosse apenas um papel teatral, por ele desempenhado.

3. O anticristo promoverá um espírito anticristo no mundo, que já havia no tempo dos apóstolos, mas que foi mera prefiguração do tempo muito mais crítico que prevalecerá quando o anticristo estiver em ação.

4. Uma das principais características do anticristo será a capacidade de seduzir, de enganar (ver II João 7). Os capítulos décimo primeiro a décimo terceiro do livro de Apocalipse mostram-nos que isso incluirá maravilhas mentirosas. Essa lista de características pode ser grandemente aumentada se adicionarmos outros trechos bíblicos que falam acerca desse personagem, mas não sob a expressão “anticristo”. Assim é que o livro de Apocalipse chama-o de “a besta”, ao passo que o apóstolo Paulo lhe dá os nomes de “homem do pecado”, e de “filho da perdição”.

5. O anticristo será indivíduo caracterizado pela incorporação da mais profunda maldade, em sua própria pessoa. Também será homem dotado de sabedoria humana consumada, um verdadeiro gênio, embora um gênio do mal. Em seus olhos se poderá ver toda a sabedoria dos séculos, embora ele tudo use em prol da iniquidade. Será, supremamente, o “homem do pecado”; e posto que assim será, também será ele, supremamente, o “filho da perdição”, cuja causa e destino receberão todo o impacto da ira de Deus (ver II Tes. 3:3).

6. O anticristo será o ateu suprem o, porquanto negará tanto a Deus Pai como a Deus Filho, opondo-se a qualquer reconhecimento dado a Deus, e exaltando-se a si mesmo como se fora um “deus”. Será ele o m ais convincente e inchado de todos os “ego-maníacos” que já existiram. Todos os outros homens maus, parecerão meras crianças, quando confrontados com ele, tão profunda e poderosa será a sua impiedade, a sua manifestação de iniquidade brutal. (Ver II Tes. 3:4 e os capítulos onze e treze do livro de Apocalipse).

7. O anticristo será operador .de milagres—antes de tudo, da variedade científica. As profecias contemporâneas dos místicos indicam que ele espantará o mundo com; idealizações científicas que apresentará em lugar de qualquer coisa espiritual, negando a existência de qualquer real espiritualidade. Prometerá aos homens uma “utopia científica”, sem Deus, e será extremamente convincente em seus argumentos. Além disso, porém, há muitas razões bíblicas para pensarmos que ele também realizará prodígios genuínos, em bora mentirosos, isto é, que visam enganar e perverter, em vez de iluminar e beneficiar, conforme a natureza dos autênticos milagres de Cristo. (Ver II Tes. 2:9,10 e Apo. 13:14,15). Os homens que tiverem rejeitado a verdade se juntarão em nuvem em tomo dele, e grande será o número de ateus e de blasfemadores que exaltarão o anticristo e que zombarão dos crentes, de Cristo e de Deus Pai. Seguir-se-á um julgamento judicial da p arte de Deus, confirmando tais indivíduos em seu erro, para que realmente creiam que estão com a “verdade”. Seguirão ao anticristo com profundo senso de realização pessoal, em face de sua lealdade a ele. Tomarão por empréstimo a plenitude perversa dele, a fim de encherem o seu vazio. E serão confirmados em sua ilusão por terem rejeitado voluntariam ente verdade (ver II Tes. 3:11).

8. O anticristo será uma espécie de imitação da encarnação, porquanto Satanás estará com ele, habitando nele; e assim será ele a personificação da mais elevada forma de maldade possível. Sua inteligência será astronômica, mas inteiram ente perversa e destruidora, tal como se dá no caso de Satanás. (Ver II Tes. 3:9 e Apocalipse 13:2-5). Satanás será adorado indiretamente, por meio dele (ver Apo. 13:4).

9. O anticristo será judeu, pois somente tal homem poderá ser o verdadeiro anticristo, a quem Israel acolherá por algum tempo, embora depois venha a rejeitá-lo. (Ver João 5:43). As predições contemporâneas asseveram que ele nasceu a 2 de fevereiro de 1962, na Palestina; foi para um dos países árabes. Atualmente se encontra em Jerusalém.

10. A princípio ele se mostrará amigável para com Israel, recebendo a lealdade dos israelenses (ver Dan. 9:27). Mas, finalmente, voltar-se-á com toda a sua fúria contra a nação de Israel, instituindo uma perseguição e um genocídio sem paralelo. Impor-se-á como um rei, utilizando-se de seus apetrechos para a própria glorificação. Ele é a “abominação desolador a”. (Ver esse termo, aplicado ao anticristo, em Dan. 9:27 e 12:11). Em Dan. 11:31, esse epíteto é aplicado a Antíoco Epifânio, que sacrificou uma porca sobre o altar, e, sem autorização, entrou no Santo dos Santos; mas até mesmo nesse mencionado versículo, as referências proféticas apontam para o anticristo dos últimos dias, visto que Antíoco Epifânio foi apenas o seu protótipo, uma pequena figura, em comparação com o que será o anticristo. (Ver no NTI as notas expositivas em M at. 24:15, acerca da expressão “abominação desoladora”).

11. O aparecimento do anticristo se dará imediatamente antes do período chamado “tribulação”, um período prolongado (40 anos, achamos) que envolverá agonias inenarráveis para os habitantes da terra, sem paralelo na história registrada. Muitos esperam que esse período comece na década de 1990. (Ver o artigo sobre a Tribulação).

12. O anticristo contará com um “profeta”, um “precursor”, a exemplo de João Batista (ver Apo. 13:1-8; 16:13; 19:20; 20:10). — Esse precursor possivelmente será a “besta saída do mar”, ao passo que o próprio anticristo será a “besta salda da terra” (ver Apo. 13:11-17). Mas alguns intérpretes revertem essa ordem. Somente o tempo mostrará quem está com a razão. Seja como for, esse precursor, de acordo ainda com certos indícios de previsões de místicos, será um político do estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América do Norte. O que parece claro é que, por meio dos modernos meios de comunicação em massa, esse político fará o anticristo tomar-se conhecido por todo o mundo, preparando o mundo para acolhê-lo de braços abertos. O mundo inteiro cortejará seus favores; mas, eventualmente, ele despedaçará o mundo e seus seguidores, reduzindo-os a nada e esmigalhando todo o bem que porventura ainda restar neles.

13. Ele obrigará a humanidade a adorar a Satanás, na tentativa de extirpar da terra o conhecimento de Deus. A igreja cristã daquela época te rá de viver subterraneamente, porquanto o anticristo removerá toda e qualquer expressão visível da mesma, conforme a conhecemos atualmente. Perseguirá a todos quantos prestam lealdade a Deus e a seu Ungido, e grandes multidões serão martirizadas por esse motivo. (Ver Apo. 13:15). (Quanto à questão intensam ente debatida, que pergunta se a Igreja passará ou não pela “grande tribulação”, ver as notas expositivas sobre I Tes. 4:15 no NTI). Mas as Escrituras dão a entender que haverá uma igreja cristã que se oporá a esse indivíduo, e que um número incalculável de pessoas encontrará a Cristo, devido à oposição ao anticristo.

14. O anticristo aplicará sanções econômicas, exigindo certa marca identificadora para quem quiser comprar ou vender. Até mesmo hoje certas formas de tatuagens invisíveis já existem, que podem ser vistas sob certos raios de luz. A marca da besta pode ter algo a ver com isso, ou ser de idêntica natureza.

15. O próprio anticristo terá alguma forma de identificação numérica, a saber, seiscentos e sessenta e seis. Ver o artigo separado Sinal (Marca) da Besta (Anticristo) que apresenta detalhes. Quando ele aparecer, tornar-se-á claro o significado desse número, embora talvez ninguém consiga decifrá-lo até então. Nenhuma predição bíblica é escrita para satisfazer à curiosidade daqueles que vivem em tempos distantes do cumprimento da mesma, mas antes, para a instrução e para a ajuda daqueles que viverem no tempo em que essas profecias se cumprirem. Por conseguinte, esse número, que é tão obscuro para nós, será perfeitamente claro para aqueles que testem unharem o aparecimento do anticristo, o que servirá de identificação de sua pessoa. É interessante observar que o valor numérico de 1962 — que seria o seu ano de nascimento — é dezoito e dezoito é três de seis. Esse cálculo pode ser significativo ou não como fato que confirmará as predições contemporâneas dos místicos acerca da vinda do anticristo, e que muitos pensam ter nascido no ano aludido.

16. O conceito do anticristo não deve ser reduzido a um conflito “impessoal” entre o bem e o mal; antes, deve ser interpretado “pessoalmente”. O anticristo será a encarnação de Satanás, um indivíduo autêntico, tal como Cristo Jesus era a encarnação de Deus, Uma pessoa real. Não obstante, em sua própria pessoa o anticristo incorporará o conflito milenar entre e bem e o m al; e nele o mal será destroçado quando da “parousia” ou segundo advento de Cristo. Por assim dizer, o anticristo será a última e desesperadora tentativa de Satanás para levar o mal a dominar inteiramente ao mundo.

17. O anticristo promoverá a 3a e a 4a Guerras Mundiais, utilizando a aliança ocidental como seu instrumento de ação. Uma grande destruição mútua de nações resultará. Das cinzas, Israel se levantará como o chefe das nações e um novo ciclo começará. Por 1000 anos, Israel será o protetor da civilização e a nova capital da Igreja cristã, porque se converterá a Cristo em meio a Grande Tribulação (que vide). Aspectos históricos da doutrina do anticristo. Essa doutrina tem passado por certo desenvolvimento, que pode ser acompanhado historicamente, o que fazemos através dos pontos abaixo determinados:

1. No Antigo Testamento. Cristo é revelado, nas páginas do A.T., através de profecias e tipos simbólicos; e isso se dá também no caso do anticristo.

a. Belial: Havia certos indivíduos infames, devido à sua impiedade, iniquidade e tendências destruidoras. Eram homens “inúteis”, “idólatras”, opositores de Deus e do bem. Caracterizavam-se pela “sodomia” e pela “violação” (ver Juí. 19:22; 20:13); pela “idolatria” (ver Deut. 13:13); pela total desconsideração por Deus e pelo bem (ver I Sam. 2:12); pelo sacrilégio (ver I Sam. 2:17,22); pelo desrespeito para com as ideias e os objetos santos, bem como para com toda e qualquer autoridade (ver I Sam . 10:27 e II Crô. 13:7); pela ausência de hospitalidade (ver I Sam. 25:17,25); pelo perjúrio (ver I Reis 21:10,13); pela má língua (ver Pro. 6:12 e 16:27). Esses são homens “vazios”, vãos e ousados (ver II Crô. 13:7), os quais devem ser evitados pelos homens bons (ver Sal. 101:3). Esses indivíduos prefiguram o que será o anticristo, em sua revelação suprema,

b. Os inimigos estrangeiros da nação de Israel. O anticristo será uma figura universal, mas inimigo especial de Israel, pelo que também o A.T. o tipifica mediante os inimigos históricos de Israel. As nações se insurgem contra Deus e contra o seu Ungido (ver o Salmo segundo); e isso é prefiguração da pessoa do anticristo e de suas forças ímpias. Os monarcas que usurpam o poder e lutam contra Deus perecerão (ver Isa. 14; Eze. 28; 39:1-20 e Apo. 20:7-10). O anticristo encabeçará um conflito infrutífero contra a autoridade de Deus no mundo, e contra Aquele para quem será dada verdadeira autoridade, a saber, o Senhor Jesus Cristo,

c. A profecia do “pequeno chifre” (ver Dan. 7,8 e 9). Essa é uma visão sobre o domínio gentílico sobre o mundo. No fim levantar-se-ão dez reis, mas entre eles surgirá um que subjugará a três dos dez, tão completamente, que sua identidade separada se perderá. Sete “reis” serão então deixados; e entre eles o pequeno chifre surgirá, que é igualmente o oitavo. Esse é tipificado por Antíoco Epifânio (175 — 165 A .C. — ver Dan. 8:23-25). Será também o “príncipe que virá” (ver Dan. 9:26,27), o “rei” de feroz catadura (ver Dan. 11:36-45), a abominação desoladora (ver Dan. 12:11 e Mat. 24:15), o homem do pecado (ver II Tes. 2:4-8) e a “besta” (ver Apo. 13:4-10). O anticristo fará o que lhe aprouver, tão grande será a sua autoridade; exaltar-se-á acima de todo o deus, e dirá coisas maravilhosas contra Deus, prosperando até chegar o tempo de sua queda repentina (ver Dan. 11:36). Também não terá consideração alguma pelo Deus de seus pais (pois quase certamente será ele um judeu), e nem levará em conta o “desejo de mulheres”, ou qualquer objeto santo, ou mesmo o conceito sagrado de Deus. Mas antes, honrará ao deus das forças, que talvez seja uma adoração natural e impessoal, através da ciência(ver Dan. 11:37,38). Porá fim às formas de adoração de Israel (ver Dan. 11:31; Mat. 24:15; Mar. 13:14 e Apo. 13:14,15).

2. No Período Intertestamental. Roma substitui a Síria como inimigo nacional da nação de Israel. Pompeu suplanta a Antíoco IV, a epítome da oposição a Deus. E Belial se torna o “espírito satânico” de impiedade que há no mundo. O “iníquo” tem sido identificado com Beliar, na tradição rabínica, sendo seu nome interpretado como “sem jugo”, isto é, sem a lei, sem consideração alguma pela autoridade santa.

3. No Novo Testamento. Os evangelhos advertem contra os falsos profetas e contra os falsos cristos, que serão tão enganadores que terão o poder de enganar até mesmo aos eleitos. (Ver Mat. 24:24; Mar. 13:22). Essas advertências encontram seu ponto máximo no personagem isolado do anticristo. Um personagem terrível em sua maldade, será acolhido por algum' tempo pela nação de Israel, como se fora o próprio Messias (ver João 5:43). A passagem de II Tes. 2:3 é uma das mais claras da Bíblia sobre o anticristo. Será ele o “ateu” supremo, apresentando-se ao-mundo como se fora ele o próprio Deus; empregado na causa do mal. O trecho de II Tes. 2:4 nos faz lembrar de Dan. 7:25 e 11:36. O anticristo será um arquienganador, e terá poder de enganar até mesmo por meio de prodígios, visto ser ele a própria encarnação de Satanás. (Ver II Tes. 2:9,10 e Apo. 13:14,15. Ver também as notas expositivas, no começo desta discussão, quanto a um estudo mais profundo sobre as características do anticristo, onde trechos neotestamentários adicionais são dados, no tocante a esse personagem).

4. Na Igreja. Naturalmente, — um tema profético como esse tem recebido muitíssimas interpretações em conflito. As interpretações corretas haverão de emergir dos próprios acontecimentos, os quais definirão a questão de modo inconfundível. Então compreenderemos perfeitamente as profecias preditivas; e isso será uma grande ajuda para aqueles que estiverem vivos naquela época, os quais compreenderão a natureza do que estão passando, e como poderão resistir às provas. Os pais da igreja primitiva, em geral, criam em um anticristo pessoal. O indivíduo para quem apontavam mais constantemente era Nero, pois havia lendas que diziam que ele reapareceria “redivivo”. Essa ideia mui provavelmente se baseava em Apo. 13:3,14, literal e pessoalmente interpretada.

Em séculos posteriores, Crisóstomo continuou anunciando essa interpretação; e outros, em tempos modernos, como R.H. Charles, C.A. Scott e William R. Newell, têm mantido viva essa interpretação. Irineu cria que o anticristo seria um indivíduo, e pensava que ele se levantaria da tribo da Dã, com base nos trechos de Gên. 49:17; Deut. 33:22; Jer. 8:16 (ver a omissão da tribo de Dã, em Apo. 7:5ss). No tempo da reforma protestante era natural, embora errôneo, que o anticristo e o falso profeta fossem equiparados ao papado, ou então, a um ou outro papa, individualmente. A Igreja Católica Romana retaliou, mediante seus eruditos, tachando os reformadores e todos os oponentes de Roma de anticristos. Em tempos mais modernos, muitos têm favorecido o ponto de vista “simbólico” sobre o anticristo, como se se tratasse de uma doutrina que não visa ensinar que algum indivíduo será a epítome do mal, da oposição contra Deus e seu Ungido, a perseguir a nação de Israel e a igreja cristã. Segundo esse ponto de vista, o anticristo seria o sistema mundano ímpio, ou seu elemento religioso iníquo.

Mas muitos elementos, na igreja evangélica moderna, de tipo fundamentalista, continuam crendo na vinda pessoal do anticristo, e as profecias preditivas dos místicos contemporâneos confirmam esse ponto de vista, em contraste com o ponto de vista simbólico. M. R. Dehann ensinava que o anticristo seria Judas reencarnado. Também têm sido apresentadas outras identificações, usualmente Nero ou algum outro dos primeiros imperadores romanos. Alguns intérpretes acreditam que o anticristo já passou diversas reencarnações, se desenvolvendo para cumprir seu papel mais terrível e maligno. Entre esses intérpretes, há alguns que dizem que a última reencarnação do anticristo era Hitler. — Hitler, que matou seis milhões de judeus, — voltará, afinal, como teu falso messias — Grande golpe! Hitler, que em sua batalha, lutava contra o imperialismo econômico americano, e contra o comunismo (seus dois grandes inimigos), mas perdeu; voltará para garantir o conflito entre estes dois elementos, provocando uma grande destruição dos dois. Mas tudo isso permanece dentro de uma categoria duvidosa, ao passo que o próprio ensinamento sobre o anticristo, vai se tornando mais e mais claro, à medida que os acontecimentos que o cercam se avizinham de nós.