Adoção na Teologia Paulina
A
adoção é um conceito teológico do NT, presente somente nas epístolas de Paulo
(Rm 8.15,23; 9.4; G1 4.5; Ef 1.5). A palavra “adoção” é usada primeiramente em
Gálatas 4.5: “a fim de que recebêssemos a adoção de filhos”. Em Efésios 1.5, a
ideia é claramente apresentada: “nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo”. Nas passagens em Romanos, Paulo fala sobre o
conceito, mais por meio de circunlóquios: “filhos de Deus” (Rm 8.16); com
referência a Israel, diz: “a eles pertence a adoção” (9:4); além disso, derrama
uma nova luz sobre a palavra em Romanos 8.23: “aguardando a adoção de filhos, a
redenção do nosso corpo”. Embora fosse judeu, Paulo conhecia os costumes da
Grécia e de Roma. Até onde podemos inferir, ele não tinha em mente nenhuma forma
de adoção em particular. Achou oportuna a ideia romana dapatria potestas quando estava enfatizando o livramento, do homem,
da escravidão do pecado; a ideia grega era análoga à ênfase dos relacionamentos
e dons da filiação; assim, temos a liberação dos débitos e a liberdade dos
filhos.
De
modo geral, Paulo fez as seguintes afirmações: (1) O processo baseia-se na
livre ação de Deus, que adota o homem, o que toma o ato cheio de graça; (2) os
homens são redimidos ou “comprados” da escravidão precedente, para uma nova
vida como filhos de Deus; (3) pela operação do Espírito de Deus, os homens têm
a segurança desse novo relacionamento e, na experiência da filiação, podem
afirmar junto com Cristo: “Aba, Pai” (Mc 14.36; Rm 8.15). Toda a ideia da
adoção ou filiação é apresentada por Paulo, de tal forma que podemos ver que o
novo relacionamento com Deus é diametralmente oposto ao espírito de escravidão
(8.15). O suporte desta experiência é estritamente cristão. Com a adoção, o
Espírito desperta e confirma a experiência da filiação dentro de nós. Somente
aqueles que foram verdadeiramente adotados por Deus sabem que são “filhos de
Deus”. É na certeza desta experiência que podemos falar com Deus como Cristo
falou, em plena confiança, no tipo de aproximação que somente aquele que sabe
que é parte da família pode ter.