Gênesis 35 — Estudo Bíblico

Gênesis 35

35:1 Deus, pela quinta vez, visitou Jacó (Gn 28:10–16; 31:3, 11–13; 32:1, 22–30; também Gn 35:9–15). Após o desastre em Siquém (cap. 34), Deus disse a Jacó que continuasse até Betel, o lugar onde Deus lhe aparecera pela primeira vez (28:10-19). Novamente, Jacó refez a rota de seu avô Abraão (12:8). Esta é a primeira vez na Bíblia que Deus ordenou que um altar fosse feito para Ele. Abraão construiu um altar, mas nenhuma ordem divina foi registrada (12:7, 8).

35:2 A ordem de Jacó incluía os ídolos domésticos que Raquel havia roubado (31:22–35), bem como quaisquer ídolos entre seus servos. Esses deuses estrangeiros eram deuses de outras pessoas, não de Jacó. De fato, o único Deus verdadeiro e vivo é o Deus de Jacó. purificai-vos e mudai as vossas vestes: a casa de Jacó preparou-se para o encontro com o Deus vivo e santo. Eles se limparam. Mais tarde, os israelitas se limpariam de maneira semelhante ao pé do monte Sinai (Ex. 19) e em outras épocas e lugares.

35:3 Farei um altar: Jacó declarou sua intenção de obedecer ao mandamento de Deus (v. 1). quem me respondeu... esteve comigo: Jacó lembrou a proteção constante de Deus (cap. 32) e o cumprimento de Suas promessas (28:13-15) como uma razão para obedecer e adorar a Deus.

35:4 Como sugerido pela próxima frase deuses estrangeiros, esses brincos provavelmente representavam alguma forma de idolatria. Em duas outras passagens, os brincos são mencionados em conexão com a idolatria (Juízes 8:22-28; Oseias 2:13). Em muitas outras passagens, os brincos são simplesmente itens de joalheria (Ex. 32:2, 3; 35:22; Prov. 25:12). O terebinto é uma árvore decídua de vida longa, como um carvalho. A árvore tem bagas vermelhas e folhas em forma de penas. Como a árvore vivia muito tempo, os povos antigos costumavam usar o terebinto para comemorar eventos importantes ou marcar locais de adoração (Os 4:13).

35:5 Deus protegeu a família de Jacó enquanto eles viajavam. O termo hebraico para terror está relacionado com o verbo que significa “ser despedaçado” ou “estar consternado” (para exemplos do uso deste verbo para julgamento divino, leia Is. 7:8; 30:31).

35:6 Luz... Betel: A mudança de nome é explicada em 28:19 (Josué 18:13; Juízes 1:23).

35:7 El Betel: Nomear um altar acrescentado à solenidade da adoração ali realizada (22:14).

35:8 Débora era enfermeira de Rebeca (24:59). O verbo hebraico traduzido como morreu significa “tinha morrido”. Débora já havia falecido, mas a essa altura a família comemorou sua morte e a enterrou em Betel.

35:9 Deus renovou Sua aliança eterna com Jacó. Esta é a oitava passagem que trata da aliança abraâmica (15:1-21, nota).

35:10 Deus validou a mudança de nome de Jacó e reafirmou Suas promessas a ele. Agora Jacó seria chamado Israel (32:28). Observe que Gênesis usa os nomes Jacó e Israel de forma intercambiável (vv. 14, 20–22; 46:2).

35:11, 12 Este é o terceiro uso do nome El Shaddai, Deus Todo-Poderoso (17:1; 28:3; compare com Ex. 6:3). Deus usou Seu grande nome para atestar Seu forte relacionamento com Jacó. Ser frutífero é a linguagem da aliança e é usada aqui por Jacó para demonstrar que foi ele, e não Easu, o verdadeiro herdeiro das promessas (27:26–29; 28:3, 4). Nação e terra são duas palavras usadas por Deus nas promessas a Abrão (12:2, 7) e reconfirmadas na aliança formal (15:18-21).

35:13 Deus subiu: O Deus vivo havia feito Sua vontade conhecida e agora voltou para Sua morada. Esta é uma das raras expressões na Bíblia de Deus ascendendo (Atos 1:9).

35:14 Este é o segundo pilar que Jacó ergueu para comemorar a revelação de Deus em Betel (28:18). Mais tarde, Jacó se referiu a Deus como “A Pedra de Israel” (49:24). libação: Jacó consagrou a coluna derramando vinho e azeite sobre ela.

35:15, 16 Efrata é um nome alternativo para a região ao redor de Belém (v. 19; 48:7; compare com Rute 1:3; Miq. 5:2). O Rei da Glória um dia nasceria perto do local de nascimento de Benjamim (Mateus 2:1).

35:17, 18 medo: a tristeza de Raquel e o medo de que seu segundo filho pudesse nascer morto tornou-se um símbolo para todas as mães que temem pela vida de seus filhos (Jeremias 31:15; Mateus 2:18). O nome de Jacó para seu novo filho, Benjamim, indica o lugar especial de seu filho mais novo na família: à direita de Jacó. Benjamin homenagearia sua amada esposa.

35:18 A frase como sua alma estava partindo não indica que a alma era considerada uma entidade separada do corpo com uma existência própria, mas apenas que a vida estava partindo.

35:19 Raquel foi a única personagem principal da família prometida de Abraão que não foi sepultada na caverna de Macpela (Gn 23:19, 20).

35:20 Jacó ergueu pilares para marcar as grandes obras do Senhor em sua vida (28:18; 35:14) e para comemorar seu acordo com Labão (31:45). Aqui ele ergueu um pilar para marcar sua tristeza.

35:21 Eder significa “rebanho”. Esta torre de rebanho é mencionada apenas aqui e talvez em Mic. 4:8.

35:22–26 Rúben, o filho primogênito de Jacó, pode ter afirmado seu direito de ser o herdeiro principal. Talvez ele tenha se sentido menosprezado pela insinuação de Jacó de que o filho mais novo, Benjamim, era filho de sua mão direita. Ao dormir com a concubina de seu pai, ele afirmava que o sucederia. Ironicamente, essa mesma ação fez com que ele perdesse a bênção que desejava (49:3, 4).

35:27, 28 Depois de mais de vinte anos de ausência, Jacó finalmente visitou seu pai. Infelizmente, sua mãe Rebeca provavelmente estava morta, já que ela não é mencionada. Manre é identificada como Hebron, onde Isaque passou sua juventude com seu pai Abraão (Gn 13:18).

Pilares de Pedra

Pilares de pedra são o tipo mais antigo de monumento (Gn 35:14). Existem mais de 3.000 pilares de pedra em Carnac, na França, que datam de antes de 2.000 aC Quando nenhuma escrita acompanha um pilar, geralmente é impossível determinar seu significado. As pirâmides e obeliscos do Egito são, na verdade, elaborações do pilar. 35:29 A expressão reunida ao seu povo também pode sugerir uma crença na vida após a morte (15:15; 25:8; 49:33; 2 Sam. 12:23). Os filhos anteriormente rivais de Isaque, Esaú e Jacó, uniram-se para enterrar Isaque com seu pai e sua mãe na caverna de Macpela (49:31). Léia e Jacó seriam enterrados lá também (49:29-33; 50:12, 13).

Notas Adicionais:

 No incidente anterior, Jacó estava basicamente em segundo plano, mas foi bastante ferido por tudo que aconteceu. Nesta história, ele desempenha papel predominante outra vez, conduzindo a família em experiências significativas que culminaram em Betel, onde teve seu primeiro encontro com Deus.

Deus encontrou Jacó (1) na intensidade do vívido sofrimento espiritual produzido pelo crime contra Diná e pelos crimes cometidos por seus filhos contra Siquém. Apalavra foi clara e simples. Jacó deveria subir a Betel e adorar o Deus cuja única expressão exterior seria um altar. A visita a Betel seria importante, porque foi lá que Deus apa­receu a Jacó pela primeira vez.

Exceto pela breve referência a imagens que Raquel roubou do pai (Gn 31.19,30-35), esta é a primeira descrição de posse de ídolos na família patriarcal. Jacó deve ter tomado conhecimento da existência dessas imagens, mas até então não havia realizado nenhu­ma ação drástica. Neste contexto, a ordem: Purificai-vos (2), significa livrar-se dos ídolos e das práticas associadas a eles. A outra ordem: Mudai as vossas vestes, parece ter tido significado simbólico, denotando mudança de lealdade e prática religiosa. Em lugar da adoração aos deuses da natureza e suas superstições, Jacó prometeu tempos de adoração ao verdadeiro Deus (3), que respondeu suas orações e tornou real sua presença ao longo de muitos anos. Deus era distinto da natureza, mas sempre poderoso em sua relação pessoal com quem se entregava a Ele. O poder de sua presença era sentido por todos na família, conforme é indicado pela pronta obediência. As arrecadas (4), ou seja, brincos em forma de argola (cf. ARA) também eram expressão da crença pagã, um tipo de talismã de boa sorte. Moffatt os chama “seus amuletos de pingentes”. O clã estava em perigo mortal, mas Deus cuidou da situação, pois em vez de violência contra a família de Jacó, terror (5) seria sentido pelos habitantes da região.

Deve ter sido ocasião solene para Jacó quando ele voltou a Betel (6) e construiu o altar (7) preparatório de adoração. Recordações vívidas do acontecimento verificado tantos anos antes devem ter-lhe lampejado pela mente. Uma nota de tristeza foi acrescentada às outras emoções, quando a ama de Rebeca morreu e foi sepultada (8). A Bíblia não registra a morte de Rebeca ou quando a ama se uniu ao círculo familiar de Jacó, mas é evidente que ela estava com eles tempo suficiente para ganhar o afeto da família. Cha­maram o local do sepultamento Alom-Bacute, que quer dizer “carvalho do choro”.

O primeiro elemento da aparição de Deus a Jacó foi uma bênção que incluía a reite­ração do novo fato da vida de Jacó: a mudança do seu nome para Israel (10). Visto que estava relacionado com duas visitações divinas importantes, este fato ganharia mais significado para o patriarca e seus descendentes.
O outro elemento foi a repetição do primeiro concerto feito com Abraão. Depois de Deus ter-se identificado, Ele deu uma ordem (11) muito semelhante a que deu a Adão e Eva (Gn 1.28). Esta ordem estava relacionada com as promessas há muito feitas a Abraão (Gn 17.5,6), que sua posteridade seria uma nação e multidão de nações e reis (11). Deus repetiu a promessa de que a terra (12) seria de Israel e de seus filhos como presente. A teofania (aparição divina) era ato confirmador do compromisso de Deus com as promes­sas passadas e a validação das realidades espirituais vigentes.

A resposta de Jacó foi muito semelhante ao seu primeiro encontro com Deus no mesmo lugar. Ele pôs uma coluna de pedra (14) e derramou sobre ela azeite. Este era testemunho público de que o Deus de Jacó era verdadeiramente o Deus que se revela ao homem. A proclamação do novo nome do lugar, Betel (15, casa de Deus) foi igualmente um testemunho da fé de Jacó.

A presença de Deus não eliminou a tristeza ou a dor da vida de Jacó, mas o preparou e o sustentou durante os tempos de aflição. Agora sua disposição era de bondade e com­paixão, revelando extraordinária capacidade de suportar sofrimento.

A esposa favorita de Jacó, Raquel (16), teve um segundo filho, mas custou-lhe a vida. Em seu último fôlego de vida, Raquel chamou a criança Benoni (18, “filho da minha tristeza”), mas Jacó rompeu o precedente e rejeitou a escolha de Raquel. Chamou o menino Benjamim, que, literalmente, significa “filho da mão direita”. Considerando que, para o povo semítico, a mão direita era lugar de honra e força, há comentaristas que supõem que este novo nome significava “o Filho da Boa Fortuna”. Em vista das circuns­tâncias, outra explicação parece mais provável. Quando um habitante da Palestina de­signava direções, ele costumeiramente ficava em pé olhando para o leste; por conseguin­te, a mão direita ficava no sul. O segundo filho de Raquel foi o único filho na família de Jacó que nasceu ao sul de Harã; portanto, é possível que o nome signifique “o filho do sul ou filho sulista”.

Há muito que a tradição afirma que o acompanhamento de Jacó estava situado em um cume de morro distante cerca de três quilômetros ao sul da atual Jerusalém. O lugar ainda leva o nome de Ramat Rahel, ou seja, “Cume do Morro de Raquel”. Atualmente há um edifício pequeno ao lado da estrada para Belém (19), poucos quilômetros ao sul de Ramat Rahel, que é conhecido por “Túmulo de Raquel”. Desconhecemos o fato de este ser o verdadeiro local da coluna (20) que Jacó erigiu em honra de Raquel.

Migdal-Éder (21), que significa “Torre de Éder”, só entrou na história como lugar onde foi cometido um pecado vulgar. Caso contrário, o local seria desconhecido. O inci­dente ali ocorrido aumentou a tristeza de Jacó. Seu filho primogênito, Rúben (22), vio­lou os padrões da moral vigente cometendo incesto com Bila, uma das esposas secundá­rias de Jacó. O ato não só era flagrante pecado contra a santidade do casamento; era também desdenhoso desafio da autoridade tribal do seu pai. Jacó não puniu Rúben ime­diatamente, mas não esqueceu (ver Gn 49.3,4). No que dizia respeito a Jacó, o ato descartou Rúben como líder do concerto.

Os filhos de Jacó (22) estão alistados de acordo com suas respectivas mães e não pela idade. Os filhos das esposas, Léia (23) e Raquel (24), são colocados antes dos filhos das servas, Bila (25) e Zilpa (26). Este resumo é uma ponte que prenuncia as histórias que descrevem a sina dos filhos.
A frase que lhe nasceram em Padã-Arã (26) é modificada pela história do nascimento de Benjamim (35.16-18). Não se julgou necessário repetir o que era óbvio.

Finalmente, Jacó voltou ao seu idoso pai, a quem muitos anos antes havia enganado. A antiga doença de Isaque (27.1,2) não foi fatal. Fazia tempo que Rebeca tinha morrido. As velhas feridas tinham sido curadas e a volta ao lar foi em paz. Assim também a morte de Isaque ocorreu em paz, pois os dois irmãos, Esaiu e Jacó (29), uniram-se para sepul­tar o pai na cova de Macpela.

Esta série de três experiências (19-29) indicava verdadeiro problema para Jacó. Não havia mais filhos, e os membros mais velhos dos doze mostravam sinais infelizes de maldade moral. A geração passada não mais vivia e agora Jacó era o único portador vivo das responsabilidades do concerto. O concerto ia morrer com ele? Se não, quem era digno de ocupar seu lugar?

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