Gênesis 28 — Estudo Bíblico

Gênesis 28

28:1 Isaque concordou com Rebeca que o casamento misto com as mulheres pagãs de Canaã era perigoso. Essas mulheres traziam seus próprios deuses falsos para a casa.

28:2 Padan Aram é uma região de Haran no norte de Aram (Síria) perto do rio Eufrates.

28:3 Deus Todo-Poderoso: Esta frase hebraica, El Shaddai, é usada por ou na audição de Abraão, Isaque e Jacó (35:11). Mais tarde, Deus se identificou a Moisés com esse mesmo nome (Êxodo 6:3).

28:4 Isaque transmitiu formalmente a seu filho Jacó a bênção que Deus havia dado primeiro a seu pai Abraão (12:1–3). descendentes: O termo hebraico semente pode se referir a um único indivíduo (3:15) ou a várias pessoas. Este mesmo termo é usado em profecia para designar a vinda do Messias, Jesus Cristo (Núm. 24:7; Is. 6:13).

28:6–9 Esaú tentou agradar aos olhos de Isaque fazendo o que Isaque desejava. Ao se casar com Maalate, filha de Ismael, Esaú acreditava ter cumprido o padrão que Isaque havia dado a Jacó (v. 1). Infelizmente, Esaú não conseguiu recuperar sua bênção perdida. Maalate é a mesma mulher que Basemate, filha de Ismael, em 36:2. O nome dela provavelmente significa “Dança”.

28:10, 11 O uso da palavra pedra para descrever o travesseiro é problemático. Talvez a pedra estivesse perto e não sob sua cabeça.

28:12 sonhou: A forma de revelação nas histórias patriarcais varia. Este é o primeiro em que uma revelação do Senhor veio por meio de um sonho.

28:13 Eu sou o SENHOR: Deus se identificou como o Deus em quem Abraão e Isaque creram. Mais tarde, Ele se torna conhecido como o Deus de Jacó (Ex. 3:15). Isaque, em sua bênção, predisse que Jacó herdaria esta terra (vv. 3, 4). Agora Deus prometeu isso!

28:14 O Senhor ratificou a bênção de Isaque sobre os descendentes de Jacó (vv. 3, 4). todas as famílias: Cada vez que a aliança era renovada, Deus repetia Sua promessa de mostrar misericórdia a todas as pessoas por meio dos descendentes de Abraão (12:3; 22:18; 26:4). Semente refere-se aos filhos de Jacó; os descendentes de Jacó, a nação de Israel; e o Prometido (como em 3:15; Is. 6:13).

28:15 Estou com você: bem quando Jacó estava fugindo das consequências de suas mentiras, Deus escolheu misericordiosamente reafirmar Suas promessas. Jacó não estava em posição de merecer o favor de Deus. No entanto, Deus prometeu estar com ele. A escolha de Jacó por Deus não foi baseada no mérito, mas na graça. Isso é sempre verdade. Deus também viu em Jacó um homem que cresceria em fidelidade e força de caráter. Um dia ele não seria mais “Jacó” — “Aquele que suplanta” (28:36) — mas “Israel” — “Deus persiste!” (32:28).

28:16 Eu não sabia: Deus toma a iniciativa de nos buscar e nos confrontar.

28:17 Medo indica um temor de Deus semelhante ao terror. Medo e temor estão relacionados e indicam um temor de Deus semelhante a admiração e adoração (22:12; Ex. 20:20; Prov. 1:7). No caso de Jacó, essas emoções gêmeas estavam misturadas. casa de Deus... porta do céu: Deus e o céu desceram até o lugar onde Jacó dormia!

28:18 pedra… como um pilar: Para comemorar o grande evento, Jacó colocou uma pedra na ponta e derramou óleo em cima para consagrá-la a Deus. Mais tarde, ele se referiria ao Senhor como “A Pedra de Israel” (49:24). Para o uso de óleo por Moisés para consagrar o tabernáculo, veja Lev. 8:10–12.

28:19 Betel significa “Casa de Deus”. Deus também apareceu a Abraão perto de Betel (12:7, 8).

28:20 voto: Embora Jacó tenha feito uma promessa condicional de ser fiel a Deus, ele a baseou nas promessas de Deus a ele (v. 15).

A Mesa Mari: Cidades

Não se sabe exatamente quando os patriarcas viveram. As estimativas para datar Abraão, Isaque e Jacó vão de 2100 a 1800 aC Essas datas localizariam o período patriarcal anterior ou simultâneo às tábuas de Mari, que foram colocadas entre 1813 e 1760 aC

Mari era uma cidade poderosa, a meio caminho entre a Babilônia e o Mar Mediterrâneo, às margens do Eufrates. Tornou-se rico por meio do comércio e, embora não seja mencionado na Bíblia, é bem conhecido hoje por causa do grande arquivo de documentos oficiais descobertos ali. Mais de 20.000 tabletes de argila foram desenterrados no local da escavação.

As tabuinhas de Mari frequentemente mencionam as cidades de Nahor e Haran. Abraão (Gên. 11:31) e Jacó (27:43; 28:10) viveram em Harã, e o servo de Abraão viajou para Naor (24:10). Muito do que está escrito nas tábuas de Mari pode refletir aspectos da cultura conhecidos pelos patriarcas. 28:21, 22 Jacó prometeu dar um décimo de seus bens a Deus. Não se sabe o que motivou esse percentual. Seu avô Abraão havia dado a mesma proporção a Melquisedeque, o sacerdote do Deus Altíssimo (14:20). Mais tarde, a lei mosaica exigia dar o dízimo a Deus (Deuteronômio 14:22).

Notas Adicionais:

A crítica feita por Rebeca acerca das esposas de Esaú convenceu Isaque (1) de que não deveria mais haver noras pagãs. Ao mesmo tempo, ele não percebeu que Rebeca estava tendo sucesso em encobrir um esquema para afastar Jacó da presença de Esaú.

O velho pai chamou a Jacó, e abençoou-o, e ordenou-lhe que voltasse à pátria dos seus ancestrais para achar uma mulher (2) como esposa. Desta vez, por escolha e não por ignorância, Isaque concedeu a Jacó outra bênção que o Deus Todo-poderoso (3) lhe daria, prometendo uma posteridade numerosa. As promessas do concerto feitas a Abraão de semente e terra (4) foram essencialmente repetidas. Agora, franca e incon­testavelmente, Jacó era o portador do concerto para a nova geração. Sua partida do círculo familiar foi justificada à vista de todos.

Vendo, pois, Esaú (6) que a nova condição de Jacó estava ligada à sua disposição em tomar uma esposa dentre os parentes em Padã-Arã (5), novas ideias lhe surgiram. Talvez ele conseguisse recuperar a estima dos pais se tomasse uma esposa dentre paren­tes próximos. Mas ele não estava interessado em quem estava em terras distantes; pre­sumiu que as filhas de Ismael serviriam. Não se deu conta de que, se assim fosse, Jacó teria sido enviado a Ismael. O silêncio no versículo 9 após o relato do ato de Esaú fala com eloquência.

O papel de Rebeca na vida de Isaque começou em alto nível, mas deteriorou até chegar às profundezas do engano e do medo. Quando Rebeca aparece nas páginas da Bíblia ela brilha como modelo de pureza (24.16), hospitalidade (24.18), boa vontade em trabalhar sem pensar em recompensa (24.19,20), capacidade de tomar decisões segundo a vontade manifesta de Deus (24.58). Foi corajosa ao trilhar caminhos não percorridos dando-se a um noivo desconhecido (24.67) e hábil em consolar um homem solitário (24.67). Demonstrou pronta disposição em buscar a ajuda de Deus e aceitar sua palavra (25.22,23).

Conforme os filhos cresciam, Rebeca foi mudando. Reagiu à preferência de Isaque por Esaú concentrando seu afeto em Jacó (25.28). Na hora da dificuldade, quando ouviu os planos de Isaque abençoar Esaú, ela caiu moralmente aos pedaços. Toda sua desenvoltura, a capacidade de tomar decisões rápidas e planejar um curso de ação, foi deformada pelo medo — medo de que o seu filho preferido não fosse devidamente reconhecido. Entregou-se aos dispositivos do engano (27.6-17) e aos estratagemas inteligentes perfeitamente camu­flados por professa preocupação em uma companheira adequada para Jacó (27.46), mas na realidade motivado por interesses egoístas: “Por que seria eu desfilhada?” (27.45) Planejava chamar Jacó de volta para casa (27.45), mas a visão que teve do filho favorito indo embora foi a última imagem dele. Seus últimos dias devem ter sido vazios e tristes.

A vida de Isaque foi poupada, e em 35.28,29 está registrada sua morte com a idade madura de 180 anos. Mas com a partida de Jacó para Padã-Arã, Isaque também saiu da cena dos procedimentos ativos de Deus com os portadores do concerto patriarcal.

Embora de temperamento diferente em relação a Abraão, seu pai, ou a Jacó, seu filho, Isaque foi um homem que Deus usou a seu modo. Nascido como filho da promessa, Isaque poderia ter sido arrogante. Mas toda vez que ele aparece na história do andar de Abraão com Deus ele é retratado como submisso (22.6,9), possuidor de uma confiança juvenil no pai e em Deus (22.7,8). Ele não interferiu nos esforços de Abraão obter uma esposa para ele. Este episódio descreve que ele era meditativo (24.63) e capaz de amor tenro por sua finada mãe e por sua noiva (24.67). Ele sabia orar (25.21; 26.25).

Jacó andou sozinho em um mundo estranho. Deixou para trás um pai envelhecido, que não percebeu que seu favoritismo por Esaú poderia tê-lo levado a contrariar a vontade de Deus, conforme foi revelada a Rebeca (25.23). Deixou para trás um irmão amargurado e enraivecido que, não tendo senso dos verdadeiros valores, só pensava em ter sido roubado pelo esperto Jacó. Deixou para trás uma mãe perturbada que, sabendo algo da vontade de Deus para Jacó, complicou o propósito divino por meio de subterfúgio mal planejado.

Mas Jacó não ficou sozinho por muito tempo; Deus o encontrou, e uma moça também o encontrou. Afligiram-lhe o coração um arranjo matrimonial contrário ao seu gosto e um sogro não muito confiável. Não obstante, Deus o conduziu por uma experiência nova e transformadora, uma reconciliação com o irmão, em padrões de luz e sombra que lentamente fortaleceram e amadureceram seu caráter diante de Deus.

As principais visitações de Deus a Jacó foram dramáticas e perturbadoras. O incidente em Betel não foi exceção; ele não esperava o que aconteceu naquela noite, nem jamais ia esquecer o significado do que lhe ocorrera. Antes desse episódio, pare­ce que Jacó nunca teve muita consideração pela vontade de Deus para ele. Depois dessa experiência, sua vida foi dominada por um interesse profundo pela vontade divina.

A viagem para Harã (10; ver Mapa 1) superava 480 quilômetros e a distância a um lugar (11) era de cerca de 110 quilômetros de Berseba. Visto que a noite já caíra e ele estava cansado, Jacó fez uma cama rudimentar no chão, reunindo algumas pedras (11) para fazer a vez de cabeceira (mera ashotaw; lit., “apoio para a cabeça”). A história não dá indicação de que Jacó esperava ou buscava uma experiência espiritual incomum.

O sonho veio sem induzimento humano e seu conteúdo foi dado pelo SENHOR (13), que o dominou. A escada (12) era ligação visual entre o terrestre e o divino. Os anjos de Deus eram os mensageiros, a linha de comunicação entre o homem e Deus. Não havia imagem de Deus no sonho, apenas a consciência de uma relação soberana de Deus que está em cima (13) de tudo. O elemento surpresa é enfatizado por uma visão em três partes na descrição do sonho (12,13).

Nas visitações de Deus ao homem no período do concerto, é comum haver uma decla­ração introdutória que identifica aquele que fala primeiro. Neste caso, o Orador deixou claro que Ele era o mesmo que havia visitado o avô de Jacó, Abraão, e seu pai, Isaque. Aqui não está envolvido o politeísmo. Em cada exemplo, o mesmo Deus era o Comunicador do concerto.

O teor das promessas de Deus permaneceu o mesmo. A terra (13) em que Jacó estava deitado era um presente de Deus. Não apenas para ele, mas para sua semente (14), que se multiplicaria como o pó da terra, sem poder ser contada, e como a agulha da bússola que se move a todas as direções do mundo. Isto acarretaria interação com outras nações e, como se deu com Abraão (12.3), era da vontade de Deus que essas interações fossem benditas, ou seja, contribuíssem para o bem-estar e esclarecimento espiritual.

Muitas das promessas tinham significação mais pessoal. Como Isaque (26.24), Jacó deveria conhecer a presença íntima do Senhor, mas um novo padrão também foi estabe­lecido. Jacó estava saindo, mais voltaria — sequência que seria repetida muitas vezes na história dos seus descendentes. A estabilidade da presença de Deus estava ligada com sua fidelidade em pôr em prática seus propósitos nos assuntos dos homens.

O sonho e a mensagem acordaram Jacó, deixando-o plenamente desperto e ciente de ter tido um encontro com Deus, para o qual não estava nem um pouco preparado. O medo tomou conta do seu coração. Para ele, o lugar era terrível (17), ou seja, dava medo. Nitidamente apreendeu o sobrenatural, mas, ao mesmo tempo, não perdeu a razão. Es­tava totalmente consciente de que algo muito incomum havia acontecido e que envolvia Deus. Os termos para esta experiência foram Casa de Deus (Betel) e porta dos céus.

Jacó respondeu com três ações significativas. A primeira foi de natureza ritualista. Para comemorar a ocasião, a pedra (18) foi posta em pé e ungida com azeite. Fez isto não porque era homem primitivo que acreditava que as pedras tinham espírito, mas pelo fato de estar convencido da integridade do seu encontro com Deus e desejoso de testemunhar dessa fé. O segundo ato foi renomear o lugar para colocar o nome em concordância com a nova experiência. Para Jacó, Luz (19) não dizia nada, mas Betel nunca perderia sua significação. O terceiro ato foi um compromisso selado com um voto (20). Pelo motivo de a primeira palavra que Jacó proferiu ter sido condicional: Se Deus for comigo, há quem o retrate estar em árdua barganha com o Todo-poderoso, muito semelhante com suas negociações com Esan. Mas o contexto descreve Jacó como homem que foi quebrantado por Deus. Ele estava pronto a nivelar as promessas imere­cidas com uma declaração voluntária de lealdade a Deus. Ao aceitar que a auto-revelação de Deus foi genuína e em reconhecimento de sua soberania, Jacó estava disposto a dar o dízimo (22) para Deus.'

Em 28.10-22, descobrimos o “Encontro Inesperado com Deus”. 1) O pano de fundo da história, 27.1-28.9; 2) Uma revelação inesperada, 10,11; 3) Descobrindo a ligação entre a terra e o céu, 12-15; 4) Resposta certa à revelação de Deus, 16-22 (A. F. Harper).

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