Gênesis 19 — Estudo Bíblico

Gênesis 19

No capítulo 19 de Gênesis, entitulado “Destruição de Sodoma”, dois mensageiros visitam Ló, alertando sobre a iminente destruição da cidade. Os habitantes de Sodoma tentam violentar os visitantes, mas estes os cegam para proteger Ló e sua família. Os mensageiros instruem Ló a fugir sem olhar para trás, mas sua esposa desobedece e se transforma em uma estátua de sal. Abraão testemunha a destruição, e as filhas de Ló, vivendo isoladas, têm filhos com ele para preservar sua linhagem. Esses eventos explicam a origem dos amonitas e moabitas, vizinhos de Israel, e ressaltam a importância da obediência às instruções divinas.

19:1 A sorte de Ló tinha ido muito bem. O portão de uma cidade era o lugar onde os anciãos da cidade se reuniam (Rute 4:1). Ló ficou tão envolvido na vida da cidade que se tornou um ancião governante. curvou-se: Um termo comumente usado para a adoração de Deus (22:5; 24:26); aqui descreve o ato de reverência de Ló a convidados especiais (compare 18:2). Os anjos apareceram como homens (18:2), e Ló os saudou como tal.

19:2 Meus senhores é uma saudação de respeito para visitantes especiais. a casa de seu servo: A generosa oferta de hospitalidade de Ló pode ter sido motivada por bondade para com eles, bem como por seu senso dos perigos que sua cidade poderia representar para eles.

Sodoma e Gomorra

• Duas das cinco “cidades da planície” (Gn 13:12) na base sul do Mar Morto em uma área fértil que se diz ser como o Éden (13:10).

• Sodoma significa “lugar de cal”, Gomorra significa “submersão”.

• Notório na Bíblia e em outros lugares por maldade e rebelião contra Deus (por exemplo, 2 Pedro 2:6)

• Área escolhida por Ló, sobrinho de Abraão, para apascentar seus rebanhos e armar sua tenda (Gn 13:11).

• Julgado por Deus por uma variedade de pecados, incluindo deixar de cuidar dos pobres e necessitados apesar de uma riqueza incrível (Ezequiel 16:49) e por imoralidade sexual (Judas 7).

• Destruído por enxofre e fogo que choveu do céu (Gn 19:24, 25). A região ainda é estéril, embora já tenha sido “bem regada por toda parte” (13:10).

• Local de frequentes terremotos e outros eventos geológicos. Repositórios próximos de sal, asfalto e enxofre são abundantes.

19:3 A festa aqui indica muita bebida e também muita comida.

19:4 Os homens de Sodoma eram homossexuais agressivos, empenhados em estuprar viajantes inocentes. Nessas circunstâncias, Ló demonstrou grande coragem ao convidar seus convidados para ficar em sua casa sob sua proteção.

19:5 O verbo hebraico para saber é normalmente usado para relações sexuais normais entre um homem e uma mulher (4:1). Aqui é usado para descrever a perversão do sexo homossexual entre homens (Rom. 1:18-32, especialmente vv. 26, 27). O termo sodomita vem desta passagem.

19:6–8 A situação de Ló era severa; ele havia convidado convidados para sua casa para proteção e agora corria o risco de vê-los abusados por uma multidão indisciplinada. O desespero de Ló o levou a arriscar a vida de suas duas filhas para proteger a vida de estranhos da turba. Podemos ver por que um clamor da cidade subiu ao Senhor (18:20, 21).

19:9, 10 Afaste-se: A multidão enlouquecida estava prestes a atacar Ló, de quem eles se ressentiam como um estranho, embora ele tivesse ascendido a uma posição de destaque na cidade.

19:11 Aqueles que eram moralmente cegos agora eram acometidos de cegueira física pelos convidados angélicos (leia sobre uma praga angélica semelhante em 2 Reis 6:18). Somente a confusão e o pânico desses homens perversos pouparam Ló e sua família de um violento ataque.

19:12 Os convidados angelicais haviam completado sua busca e estavam prestes a trazer o julgamento de Deus sobre a cidade. Por misericórdia, eles ofereceram uma fuga para a família imediata de Ló. Simplesmente não havia pessoas justas suficientes na cidade para que ela fosse poupada (v. 13; 18:24-33).

19:13–15 Levante -se pode significar “apresse-se”.

19:16 Ló demorou. Ele tinha sentimentos confusos sobre a destruição que estava por vir. Ló e sua família precisaram ser expulsos de casa pela força física. O verbo para tomou conta significa “agarrar”. o SENHOR sendo misericordioso: Este é o ponto principal da história. Deus poderia ter destruído a cidade de Sodoma sem avisar Ló ou Abraão (18:17). Mas por causa da misericórdia de Deus aqui (Heb. hemla, do verbo hamal, “poupar”, “ter compaixão”), Seus anjos agarraram Ló e sua família e os trouxeram à força para um lugar seguro.

19:17–19 Há algo de patético nas palavras de Ló e eu morro. Todo o “inferno” estava à solta e ele estava preocupado com um possível animal selvagem nas montanhas! Ló era bastante instável. A única razão pela qual ele estava sendo poupado era por causa do amor de Deus por seu tio Abraão (vv. 27, 28).

19:20, 21 nesta cidade: Apesar da gravidade da situação, Ló ainda estava negociando. Ele não conseguia se ver como um andarilho nas colinas, então mesmo uma pequena cidade era preferível a uma vida sem lar.

19:22 Zoar: “Insignificante em tamanho”.

19:23–26 O sol havia nascido: Ao longo do relato, atenção especial é dada ao tempo. A chuva de enxofre e fogo pode ser explicada de duas maneiras. É possível que Deus tenha usado uma erupção vulcânica ou algum tipo de desastre natural semelhante. Então, o milagre aconteceria no tempo do Senhor e na fuga por pouco de Ló e sua família. Ver Ex. 14 para uma possibilidade semelhante. Também é possível que a destruição dessas cidades tenha sido um ato de julgamento fora do alcance normal das ocorrências naturais.

19:26 A ordem era clara, não olhar para trás ou demorar (v. 17). A mulher de Ló desobedeceu e olhou para trás. Por implicação, ela estava relutante em sair. coluna de sal: Sua destruição foi repentina. Nada restou dela, exceto uma pilha de minerais. Jesus referiu-se a ela em Seus ensinamentos sobre a destruição repentina que virá nos últimos dias. “Lembre-se da mulher de Ló”, advertiu Jesus (Lucas 17:32).

19:27, 28 Na mesma manhã em que as cidades foram destruídas, Abraão olhou de longe e viu a destruição. Quando viu a fumaça, deve ter percebido a verdade: não havia nem dez justos na cidade (18:32).

19:29 Parte da razão da graça de Deus a Ló foi que Deus se lembrou de Abraão. Ló mal podia tolerar a maldade na cidade (2 Pedro 2:7, 8), mas só ele se sentia assim. Se não fosse por Abraão, Ló teria morrido com os outros habitantes.

19:30, 31 Ló implorou aos anjos que lhe dessem um refúgio seguro na pequena cidade de Zoar (vv. 18–22), pedido que eles atenderam. Mas após a devastação das cidades da planície, Ló nem mesmo se sentia seguro nesta cidade. Então ele morava em uma caverna.

19:32 As filhas de Ló agora conspiraram juntas para embebedar seu pai para que ele tivesse relações sexuais com elas. a linhagem de nosso pai: dificilmente podemos aprovar sua ação, mas seu desespero era real. Seus maridos haviam morrido e elas provavelmente não se casariam novamente. A mãe deles também estava morta e eles achavam improvável que o pai se casasse novamente e tivesse mais filhos. Se eles morressem sem filhos, não haveria ninguém para continuar o nome de sua família. Para os povos das culturas bíblicas, esta foi uma perda esmagadora (cap. 38).

19:33–35 e ele não sabia: O narrador insere esta frase duas vezes (v. 35) para proteger Ló. Isso não foi incesto deliberado de sua parte; as filhas sozinhas foram responsáveis pelo que aconteceu. 19:36–38 O vergonhoso ato de incesto levou ao nascimento de dois filhos que mais tarde causariam grandes problemas a Israel, Moabe e Ben-Ami.

Notas Adicionais:
A história deste capítulo tem várias partes distinguíveis. O cenário está nos versículos 1 a 3. Depois, segue-se a situação da crise (4-11), a hora da decisão (12-16), o ato de libertação (17-22) e a ação de julgamento (23-29).

Dois dos homens, agora chamados anjos (1), chegaram a Sodoma logo depois de deixar Abraão em Hebrom, embora a distância entre os dois lugares fosse de dois dias habituais de viagem. Ló estava à porta da cidade, lugar onde os homens tinham o hábi­to de se reunir no fim de um dia de trabalho. Era na porta que as pessoas resolviam suas questões legais (Rt 4.1-12). Ló cumprimentou os estranhos e lhes ofereceu hospedagem. Rendendo-se à persistência de Ló, os anjos foram tratados com hospitalidade generosa.

Pouco antes de irem dormir, Ló e seus novos amigos ouviram um tumulto fora da casa. Era uma multidão dos varões de Sodoma (4), de todas as idades, inflamados por luxúria bestial. O famoso pecado da cidade estava se mostrando em toda sua feiúra. Os homens queriam que os estranhos lhes fossem entregues para manter atos homossexuais com eles, pecado que veio a ser conhecido por sodomia.

Ló ficou chocado e confuso pela exigência. Em sua perplexidade, Ló, sem perceber, revelou outro grande pecado dos seus dias: a desvalorização trágica da condição feminina.

Valorizando mais a honra dos visitantes masculinos do que o bem-estar de suas duas filhas (8) jovens, Ló as ofereceu aos homens para que abusassem delas como quisessem. Mas os homens consideraram a oferta um insulto e acusaram Ló de ser estrangeiro arrogante. “Este camarada veio aqui como imigrante e fica agindo como juiz” (9cd, VBB).

Vendo o perigo que Ló corria, os visitantes o salvaram da turba e afligiram os homens com cegueira (11). O hebraico indica que a cegueira foi causada por um deslum­brante flash de luz.

Os anjos não precisavam aprofundar mais a investigação. A condição moral de Sodoma estava nitidamente clara. Exortaram Ló (12) que avisasse todos os membros da casa, incluindo genros, para que se preparassem para fugir da cidade. Não havia dúvida da iminência do julgamento. Ló obedeceu à ordem, mas recebeu má acolhida de seus gen­ros (14). Só ficaram quatro na família, longe do mínimo que Abraão fixara para salvar a cidade da destruição (18.32).

À medida que chegava a hora da partida, Ló parecia por demais inerte para a ação. Os varões (16) tiveram de pegar pela mão a ele, sua esposa e filhas para fazer com que saíssem da cidade. Sob as condições firmadas pelo pedido de Abraão, os homens não tinham a obrigação de fazer isso. Preocuparam-se com Ló e sua família só por que o SENHOR lhe foi misericordioso.

No perímetro da cidade, a família recebeu mais orientações: Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de ti e não pares em toda esta campina; escapa lá para o monte (17). Mas Ló (18) ainda não estava inteiramente ciente da magnitude do desastre que viria. Os vagos perigos das montanhas lhe metiam mais medo, por isso rogou pelo privilégio de se esconder em uma aldeia vizinha chamada Zoar, que quer dizer pequena (20). Um dos anjos lhe concedeu o pedido, mas o exortou que chegasse à aldeia o mais rápido possível. Ló chegou a Zoar (22) no momento exato, pois a hora da destrui­ção foi ao amanhecer.

O destino de Sodoma e Gomorra (24) foi apavorante. O texto não menciona um terremoto, mas poderia ter acontecido, liberando da terra gases explosivos que, mistura­do com os depósitos de enxofre da região, criaram uma cena espantosa. Nem todos da família fugitiva conseguiram escapar. A mulher de Ló olhou para trás (26), desobede­cendo à ordem do anjo, e morreu, tornando-se uma estátua de sal.
Na história da fuga de Ló (19.15-26), Alexander Maclaren vê “O Destruidor Veloz”. 1) A demora e o salvamento de Ló, 15,16; 2) Escapa-te por tua vida, 17-22; 3) A horrível destruição, 23-25; 4) O destino dos morosos, 26.

De lugares altos e seguros, a leste de Manre, outra figura triste inspecionava a fumaça que subia da terra (28). Ele sabia qual era a causa da fumaça, mas ainda não sabia que seu sobrinho Ló fora misericordiosamente guardado do holocausto pelos anjos. Ainda lhe era desconhecido o fato de que esta libertação ocorreu porque Deus se lem­brou de Abraão (29).

A história final da vida de Ló não é aprazível. Como Noé (Gn 9.20-23), Ló se enredou com vinho (32) depois da espetacular fuga da morte. Mas, neste exemplo, suas filhas também se envolveram. Ló acabou se recolhendo nos montes, apesar dos seus temores anteriores (19), e estabeleceu casa em uma caverna remota.

Temos de julgar o incidente com compaixão, pois a série de calamidades que se aba­teu sobre os três de maneira nenhuma era comum. Eles não sabiam se alguém no vale também conseguiu escapar como eles. As moças estavam em renhido dilema. Onde have­ria um homem para casar com elas, e como haveria um filho para continuar o nome do seu pai? Estas não eram questões de pequena monta na sociedade em que viviam.

A solução que delinearam foi escandalosa, embora conseguissem racionalizá-la para contentamento próprio. Mas elas sabiam melhor que discutir o assunto com o pai. O plano era insensibilizar o pai com vinho e depois manter relações sexuais com ele. Sendo bem-sucedidas no esquema, deram, no devido tempo, à luz filhos.

A história não parece estar anexada ao relato da destruição de Sodoma e Gomorra para condenar Ló ou suas filhas. Ao contrário disso, o propósito parece ser meramente contar como surgiram os moabitas e os amonitas e por que eles foram considerados parentes próximos do povo hebraico. Por outro lado, não há senso de aprovação moral.

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