Estudo sobre Jó 5

Estudo sobre Jó 5





Jó 5


Estudo sobre Jó 5.1
O apelo de Jó não será escutado, não será atendido por nenhum dos anjos (5.1). São palavras que encerram um solene aviso para as pessoas moralmente e espiritualmente insensatas que, querendo fugir aos castigos de Deus (Jó 5.17) se voltam para os santos na esperança de que estes os atendam. Ira (2). Melhor, “irritação”. Zêlo (2). Melhor, “indignação”. Tal impaciência apenas conduz a mais calamidades, verdade que Elifaz deduz da sua observação da vida (3-5). Às portas (4); as portas da cidade, lugar em que, no oriente, se executavam as sentenças. De entre os espinhos (5); é uma referência às incursões dos nômades que, para assaltarem os campos, rompiam as vedações de espinhos que os cercavam e protegiam. A aflição não germina espontaneamente, diz Elifaz; procede da maldade do coração humano tão inevitavelmente como as faíscas das brasas (6-7).

Estudo sobre Jó 5.8
ELIFAZ EXORTA JÓ A QUE SUPLIQUE O AUXÍLIO DIVINO ( Jó 5.8-27). Nos versículos 9-16 Elifaz exalta o poder, a bondade e a justiça de Deus. Aceitar, diz ele, o castigo de um tal Deus-castigo possivelmente enviado para corrigir algum defeito do caráter-é ter a certeza de que tudo acabará bem. O Todo -Poderoso fere para curar (18). Suporte-se a dor e a cura se estenderá a toda e qualquer aflição; os campos, os rebanhos, o lar, tudo será atingido pela prosperidade, uma prosperidade que se prolongara até à velhice e será o seu deleite. O homem em harmonia com Deus está também em harmonia com a natureza. No versículo 19 os números usam-se figurativamente para exprimir uma ideia de ilimitação: “o Senhor te livrará de todas as angústias, quaisquer que elas sejam; em nenhum caso o mal te tocará”. Visitarás (24). Segundo certa versão, “Visitarás o teu redil e nada te faltará”.
Muito, em Elifaz, suscita a nossa admiração. Em primeiro lugar, mostra-se o mais compreensivo dos três amigos de Jó. Não toca, rudemente, nas suas feridas. Toca nelas não como inimigo mas como amigo, amigo fiel. Em segundo lugar surge, não como um homem orgulhoso, soprado de filosofia humana, mas como alguém que possui, de fato, uma experiência de Deus. Ele sente que Deus lhe falou acerca do sofrimento e é essa a razão por que sente igualmente o dever de falar a Jó. As suas palavras estão repassadas de ideias e sentimentos que nos são familiares e que encontramos noutras Escrituras. (Compare-se Jó 5.13 com 1Co 3.19 (a única citação clara do livro de Jó que se encontra no Novo Testamento). Compare-se Jó 5.17 com Sl 94.12; Pv 3.11; Hb 12.5 etc.)
Mas apesar de ser o mais compreensivo dos três amigos, o seu lenitivo falha ainda. Não reconhece a extraordinária submissão a Deus já demonstrada por Jó (Jó 1.21; Jó 2.10). Nas suas palavras não se desenha uma simpatia direta e clara. Certo comentador chama-lhe “um teólogo arrefecido pelo seu credo”. Assemelha-se a um comandante que, sem uma palavra de louvor pelo esforço já despendido, incitasse a esforço ainda maior o soldado já esgotado pela fadiga e pela angústia. A facilidade com que conclui que os sofrimentos de Jó são fruto do seu pecado pessoal, impede-o de atuar como verdadeiro consolador. Não errava ao afirmar que possuía uma explicação divina para o sofrimento humano. A experiência demonstra, até à saciedade, que o homem, ao pecar, promove, de inúmeras formas, a angústia e a tribulação que depois o atingem. Elifaz era, portanto, o porta-voz da revelação divina; mas é ao concluir que essa revelação se aplica a todo o sofrimento humano, ao sofrimento em geral, que Elifaz erra. Ao diagnosticar assim o caso de Jó, a palavra de Elifaz não é já a palavra de Deus mas a imperfeita e falível palavra do homem. Elifaz não ouviu o que nós ouvimos, não esteve onde nós estivemos; desconhece o diálogo que se travou entre Deus e o acusador naqueles lugares celestiais onde se decidem questões cuja existência nem ele nem Jó podem adivinhar. Não pode dizer, com Paulo, numa salutar e humilde confissão das limitações do conhecimento humano: “Agora vemos por espelho, em enigma”. Quantas vezes deve o homem encontrar lugar para a mesma confissão no campo religioso, nomeadamente, para o problema do sofrimento!

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