Estudo sobre Jó 38

O SENHOR RESPONDE A JÓ Jó 38.1-41.34
Jó é chamado a responder (Jó 38.1-3)
Quebra-se o silêncio com que o céu recebera os insistentes e desafiadores clamores de Jó. O vers. 2 é aplicado por alguns comentadores a Jó e por outros a Eliú. Conselho (2). A palavra implica que, no Seu procedimento para com Jó, Deus não agiu ao acaso mas de acordo com um plano pré-estabelecido, um desígnio inteligente. Até aqui, todos os discursos-tanto os de Jó como os dos seus quatro amigos-obscureceram essa verdade. No vers. 3 usa-se uma curiosa palavra para homem: gebher. Diz certo comentador: “A palavra descreve o homem, não na sua fragilidade, mas na sua força, o homem como combatente”. Jó empregara repetidamente palavras (Jó 31.35-37; Jó 13.22) que pareciam dar a entender que Deus encontraria nele um digno combatente. Ironicamente Deus lembra-lhe essas palavras ordenando-lhe que cinja os seus lombos como “gebher”. Mas não tarda que a frágil e humana criatura se prostre em humílima confissão de indignidade ante nova revelação do poderoso Criador (Jó 42.6). O combatente converte-se em adorador.

Estudo sobre Jó 38.4
As maravilhas do mundo inanimado (Jó 38.4-38)
A TERRA E O MAR (Jó 38.4 -11). Acompanhara Jó a criação do mundo, fora Jó iniciado em todos os seus mistérios? O vers. 7 fala-nos, poeticamente, das estrelas e dos anjos que alegremente cantaram e rejubilaram na manhã da criação; os vers. 8-11 dão-nos uma magnífica visão do mar ao saltar da madre envolto em nuvens e escuridão, não como rebelde mas como criatura de Deus, chamada por Ele e por Ele dominada. Quando passei sobre ele o meu decreto (10) ou “quando lhe impus limites”. Trata-se de uma referência às escarpadas e rochosas costas que lhe servem de fronteira.

Estudo sobre Jó 38.12
A MADRUGADA (Jó 38.12-15). Desde os teus dias deste ordem à madrugada (12). Leia-se: “Desde que começaram os teus dias deste ordem à madrugada”. A Jó é recordada a efemeridade da sua vida em contraste com a antiguidade do mundo e a eternidade de Deus. Descreve-se a seguir o efeito da madrugada sobre o ímpio “que mais ama as trevas que a luz”. A madrugada sacode-os do seu amado refúgio (13). O vers. 14 fala-nos do efeito da madrugada sobre a terra. Aparece o pormenor, a beleza, a cor. No vers. 15 a luz dos ímpios é a escuridão (cf. Jó 24.17).

Estudo sobre Jó 38.16
JÓ IGNORA AS COISAS OCULTAS (Jó 38.16-21). Deus pergunta a Jó se ele alguma vez penetrou nas profundas fontes do mar e se desvendou os mistérios do abismo. Conhece ele, porventura, a extensão da superfície da terra? (18). Sabe ele onde moram a luz e as trevas? Pode ele conduzi-las às suas esferas próprias e fazê-las regressar ao lar? (19-20). Note-se a ironia do vers. 21.

Estudo sobre Jó 38.22
OS FENÔMENOS NATURAIS (Jó 38.22-30). As próprias coisas vulgares, como a neve e a saraiva, o vento, a chuva, os relâmpagos, a geada e o gelo são, para Jó, mistérios insondáveis. Onde está o caminho em que se reparte a luz e se espalha e vento oriental sobre a terra? (24). Leia-se: “Onde está o caminho que conduz ao lugar em que a luz é repartida e o vento oriental espalhado sobre a terra?”. A primeira parte do versículo é, possivelmente, uma alusão à difusão ou distribuição da luz sobre a face da terra. Os vers. 26 e 27 são dignos de nota. Não imagine o homem orgulhoso que é ele o único objeto da divina providência. Deus não manda apenas a sua chuva “sobre justos e injustos” (Mt 5.45); lembra-se também das regiões desérticas e desabitadas do mundo. Conclui-se que a Providência é algo de muito mais complexo que Jó imaginara. Pai (28); um pai humano; isto é, é a chuva filha de Jó? No vers. 30 leia-se: “as águas ficam congeladas e tornam-se duras como a pedra”.

Estudo sobre Jó 38.31
O UNIVERSO (Jó 38.31-38). Domina Jó as constelações e os céus? As delícias das sete estrelas (31). “A constelação das Plêiades” ou “a cadeia das Plêiades”. O sentido preciso do versículo é, de qualquer forma, um tanto obscuro. Certo comentador interpreta-o assim: “podes tu fazer regressar o benfazejo e frutífero calor da Primavera e libertar a terra gelada dos estéreis atalhos do Inverno?”. O vers. 33b diz respeito à crença popular de que os corpos celestes exerciam a sua influência sobre a vida dos homens. No vers. 36 será preferível, por melhor se harmonizar com o contexto, a seguinte versão: “quem pôs a sabedoria nas escuras nuvens ou quem ao meteoro deu entendimento?” A súbita referência ao homem quebra a continuidade da descrição das maravilhas do mundo inanimado. Certo tradutor dá-nos a seguinte adaptação: “quem ensinou as esvoaçantes nuvens ou instruiu os meteoros?” Os odres dos céus, quem os abaixará? (37b) ou “os odres dos céus, quem os derramará?” O vers. 38 descreve a terra queimada pelo sol depois de amassada pela chuva.

Estudo sobre Jó 38.39
As maravilhas do reino animal (Jó 38.39-39.30)
A IGNORÂNCIA DE JÓ (Jó 38.39-39.4). Nestes versículos traça-se o contraste entre Deus e o homem. O homem inclina-se a matar a leoa e não, certamente, a assisti-la na procura de alimento para as crias. Mas Deus cuida deles. Lembra-se Jó da bondade de Deus para com os próprios animais selvagens -Jó, que acusou Deus de crueldade para com ele. Lc 12.24 dá-nos a resposta do Novo Testamento à pergunta do vers. 41.