Abimeleque na Bíblia

ABIMELEQUE
Abimeleque na Bíblia
No hebraico, “pai do rei”, ou, talvez, “pai real” (Maleque é pai). Nome usado para indicar várias pessoas na Bíblia.
1. Nome do rei filisteu de Gerar, nos dias de Abraão (cerca de 2200 A.C.), referido em Gên. 21:1 ss. Porém, talvez se tratasse de um titulo distintivo para os governantes filisteus, como Faraó, no Egito, e não um nome pessoal. Esse homem, apaixonando-se pela esposa de Abraão (pois este dissera que Sara era sua irmã), resolveu tomá-la como esposa. Essa circunstância mostra-nos o grande poder dos antigos reis, que podiam fazer o que quisessem e com quem quisessem, incluindo as mulheres locais e as mulheres que porventura passassem pelo seu território. Ver esse costume implicado nos trechos de Gên. 12:15 e Est. 2:3. Mas Deus advertiu Abimeleque, e fez o que Abraão deveria ter feito, mostrando que, algumas vezes, a proteção divina é dada quando não a merecemos. Por qual motivo Sara não disse alguma coisa? A resposta é “por temor”. O rei local podia fazer o que lhe agradasse com as mulheres de seu reino, mesmo que alguma mulher estivesse ali como estrangeira, casada ou solteira. Provavelmente Abraão apelou para uma mentira a fim de preservar a própria vida, dispondo-se a permitir que Sara fosse tomada pelo rei, se isso fosse necessário. Deus, revelando que Abraão era um Seu profeta, exigiu respeito da parte de Abimeleque; e este, além de devolvê-la ao marido, enviou-lhe presentes. Contudo aproveitou o ensejo para repreender Abraão com observações sarcásticas (Gên. 20:14,16). Por duas vezes Sara escapou de fazer parte de haréns reais. Alguns anos depois, os servos dos dois homens discordaram por causa de alguns poços, tendo sido firmado um pacto à beira do poço chamado Beerseba (fonte de sete ou do juramento), a fim de pôr fim ao conflito. (Ver Gên. 21:22-24).
2. Incidente similar ocorreu cerca de um século mais tarde, entre Isaque e um outro Abimeleque, de Gerar (Gên. 26:1-11). Isaque disse que Rebeca era sua irmã, e a história se repetiu, incluindo até mesmo a intervenção divina. Novamente houve uma disputa por causa de poços, cujo resultado foi um acordo (ver Gên. 26:17-32). Nesse relato, bem como naquele relativo a Abraão, aparece o nome Picol (Gên. 21:22 ; 26:26). Por causa dessas similaridades, alguns eruditos têm pensado que as duas narrativas na realidade são duas versões do mesmo incidente, aplicadas a dois personagens diferentes. Não há uma maneira clara de resolver o problema. Abimeleque, apesar de ser inimigo natural de Isaque, procurou cultivar a sua amizade, por ver como Deus o fazia prosperar. (Ver Gên. 26:8-31).
3. Rei de Siquém, filho de Gideão por meio de uma concubina (ver Juí. 8:31). Isso envolveu um casamento matrilinear, segundo o qual a esposa vive na casa de seus pais, e os filhos ficam pertencendo ao clã materno. Após o falecimento de Gideão, esse homem procurou tornar-se rei, primeiro através dos chefes de seu clã, e mais tarde por aclamação popular. A fim de consolidar a sua autoridade, matou os setenta filhos de seu pai. Jotão, único sobrevivente do massacre, postou-se no monte Gerizim, com seus seguidores armados, e pronunciou sua famosa fábula de rei-espinheiro, que não tinha capacidade para governar. A fábula também predizia a destruição mútua de Abimeleque e de seus súbitos. (Ver Juí. 9:7-11).
Após três anos, houve uma revolta contra o cruel Abimeleque, tendo sido preparada uma emboscada para matá-lo, quando retornasse a Siquém. Mas o rei descobriu o conluio, e foi capaz de frustrar os sequemitas, destruindo a cidade de Siquém.
Em um ataque contra Tebes, cidade que distava cerca de vinte e um quilômetros de Siquém, para o nordeste, uma mulher, do alto da torre, deixou cair a pedra superior de um moinho em sua cabeça, deixando-o moribundo. A fim de que sua morte não fosse atribuída a uma mulher, ele rogou a seu armeiro que o matasse à espada, o que foi feito. (Ver Juí. 9:54).
4. Um sumo sacerdote dos dias de Davi (I Crô. 18:16), embora tenhamos ali um erro escribal em lugar de Aimeleque, filho de Abiatar, conforme se vê em II Sam. 8:17; I Crô. 24:6, a Septuaginta e doze manuscritos de I Crô. 18.16 (ND UN VT Z).