Marcos 10 — Comentário de Matthew Henry

Marcos 10 — Comentário de Matthew Henry

Marcos 10 — Comentário de Matthew Henry




Marcos 10

Versículos 1-12: A pergunta dos fariseus sobre o divórcio; 13-16. O amor de Cristo pelos pequeninos; 17-22: A conversa de Cristo com o jovem rico; 23-31: Os embaraços causados pelas riquezas; 32-45: O Senhor Jesus Cristo anuncia os Seus sofrimentos; 46-52: A cura de Bartimeu.

Vv. 1-12. Onde quer que Jesus estivesse, multidões o seguiam e Ele as ensinava. Pregar era um costume constante do Senhor Jesus. Aqui Ele destaca que a razão pela qual a lei de Moisés permitiu o divórcio, era de tal natureza que eles não deveriam utilizar esta permissão; era somente por causa da dureza dos corações. O próprio Deus uniu um marido a uma mulher; preparou-os para que fossem tanto consolo quanto auxílio mútuo. Aquilo que Deus uniu não deve ser precipitadamente separado. Aquele que tem a intenção de abandonar a sua esposa deve pensar o que seria dele se Deus o tratasse deste modo.

Vv. 13-16. Alguns pais ou pagens trouxeram crianças pequenas a Cristo para que Ele as tocasse, como símbolo de sua bênção sobre elas. Não parece que precisavam de alguma cura para os seus corpos, nem que fossem capazes de ser ensinadas. Porém, aqueles que estavam encarregados de seu cuidado, criam que a bênção do Senhor Jesus Cristo faria bem à alma de cada uma delas; portanto, levaram-nas a Ele. Jesus mandou que deixassem que viessem a Ele, e que nada fosse dito ou feito para impedi-las. As crianças devem ser dirigidas ao Salvador, assim que forem capazes de compreender as suas Palavras. Além do mais, devemos receber o reino de Deus como crianças pequenas. Devemos ser carinhosos com Cristo e com a sua graça, assim como as crianças são para com os seus pais, pagens ou professores.

Vv. 17-22. Este jovem rico demonstrou grande honestidade. Perguntou o que deveria fazer agora, para que pudesse ser feliz para sempre. A maioria pede bens que possam ser desfrutados neste mundo; qualquer bem (Sl 4.6). Porém, este jovem pede que lhe seja declarado qual é o bem que deve ser feito neste mundo, para que se possa desfrutar o bem maior no porvir. O Senhor Jesus Cristo estimula esta pergunta, dando assistência à fé do jovem e dirigindo-o à prática.

Contudo, aqui há uma triste separação entre Jesus e este jovem. Ele pergunta ao Senhor o que deve fazer além daquilo que já vinha fazendo, para que pudesse alcançar a vida eterna. E o Senhor lhe responde que se ele tem, como sem dúvida aparentava ter, esta firme fé na vida eterna, e se a considera de elevado valor, se estaria disposto a suportar uma cruz no presente com a expectativa de uma futura coroa? O jovem lamentou não poder ser um seguidor de Cristo em condições mais difíceis. Lamentou também que não pudesse obter a vida eterna e reter ao mesmo tempo as suas posses mundanas. Retirou-se triste. Leia o texto em Mateus 6.24, que diz: "Não podeis servir a Deus e a Mamom".

Vv. 23-31. O Senhor Jesus aproveita esta oportunidade para falar aos seus discípulos sobre a dificuldade de salvação daqueles que têm abundância de recursos neste mundo.

Aqueles que ansiosamente buscam a riqueza deste mundo, jamais valorizarão de modo justo a Cristo e a sua graça. Além do mais, fala da grandeza da salvação daqueles que têm poucas posses neste mundo, e mesmo assim deixam-nas por amor a Ele. A maior prova da firmeza de um homem bom é produzida quando o amor a Jesus lhe pede que renuncie ao amor que tem pelos seus amigos e pelos seus familiares. Mesmo sendo vencedores por Cristo, ainda devem esperar sofrer por Ele até que cheguem ao céu. Aprendamos a nos contentar mesmo em uma situação difícil, e a estarmos alertas contra o amor às riquezas quando estivermos em uma boa situação. oremos para ser capazes de deixar tudo, se assim for necessário, para servirmos a Cristo e utilizarmos em seu serviço tudo o que nos for permitido reter conosco.

Vv. 32-45. Cristo segue adiante em seu empreendimento para a salvação da humanidade, o que foi, é e será para a surpresa de todos os seus discípulos. A honra mundana tem um determinado brilho, pelo qual os olhos dos próprios discípulos do Senhor Jesus Cristo podem ter se deslumbrado por muitas vezes.

Vigiemos para que tenhamos a sabedoria e a graça necessárias, para que saibamos sofrer com Ele. E que possamos confiar que o Senhor proverá a glória que Ele mesmo nos quiser conceder.

O Senhor Jesus Cristo mostra-lhes que os homens geralmente abusam do poder no mundo. Se Jesus nos concedesse todos os nossos desejos, logo se tornaria evidente que desejamos fama ou poder, e que não desejamos beber de seu cálice nem passarmos pelo seu batismo; podemos dizer que seria frequentemente uma ruína se Ele respondesse, deste modo, as nossas orações. Porém, o Senhor nos ama, e concederá ao seu povo somente o que for bom para cada um.

Vv. 46-52. Bartimeu, que tinha ouvido falar de Jesus e dos seus milagres, e sabendo que passaria por ali, esperava recuperar a visão. Quando nos dirigirmos a Cristo para pedir ajuda e saúde, devemos contemplá-lo como o Messias prometido. Os chamados de graça que Cristo nos faz, para que possamos ir a Ele, animam a nossa esperança de que, se formos a Ele, teremos aquilo que nEle buscamos. Aqueles que se aproximam de Jesus devem lançar fora a roupagem de sua auto-suficiência, devem livrar-se de todo o peso e do pecado que, como roupas grandes, os assediam mais facilmente (Hb 12.1).

Bartimeu pede que os seus olhos sejam abertos. Algo muito desejável é que sejamos capazes de ganhar o nosso pão; e onde quer que Deus tenha dado aos homens os seus limites de capacidade e sentidos, é vergonhoso que, por serem néscios ou preguiçosos, tornem-se efetivamente cegos ou coxos. os olhos de Bartimeu foram abertos. A sua fé o salvou: a fé em Cristo como o Filho de Deus, e em sua compaixão e poder. Não as palavras que alguém repete constantemente, mas a sua fé; e o que o Senhor Jesus Cristo coloca para trabalhar é a nossa fé.

Que os pecadores sejam chamados a imitar o cego Bartimeu. Jesus passa por onde se prega o Evangelho, ou pelos lugares onde circulam as Palavras escritas da verdade, e esta é a oportunidade. Não é o suficiente procurarmos ao Senhor Jesus Cristo para que recebamos a saúde espiritual, mas, quando estivermos curados, devemos continuar seguindo-o, para que possamos honrá-lo e recebermos as suas instruções. Aqueles que possuem visão espiritual vêem em Cristo esta beleza atraente, que fará com que busquem-no e sigam-no apressadamente.