Atos 16 — Comentário de Matthew Henry

Atos 16 — Comentário de Matthew Henry

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Atos 16

Versículos 1-5: Paulo leva Timóteo para que seja seu assistente; 6­ 15: Paulo passa à Macedonia - A conversão de Lídia; 16-24: Um espírito imundo é expulso - Paulo e Silas são açoitados e encarcerados; 25-34: A conversão do carcereiro de Filipos; 35-40: Paulo e Silas são libertos.

Vv. 1-5. A Igreja pode esperar muitos bons serviços de ministros jovens, que tenham o mesmo espírito de Timóteo. Contudo, quando os homens não se sujeitam em nada, nem se obrigam a nada, parece que faltaram os principais elementos do caráter cristão; e há muita razão para crer que não ensinarão com êxito as doutrinas e os preceitos do Evangelho. Sendo o desígnio do decreto deixar de lado a lei cerimonial, e as suas ordenanças na carne, os crentes foram confirmados na fé cristã porque foi estabelecida uma forma espiritual de servir a Deus, adequada para a natureza de Deus e do homem. Assim, a Igreja crescia diariamente em número.

Vv. 6-15. O itinerário dos ministros e o seu labor na dispensação dos meios da graça, estão submetidos particularmente à condução e à direção divina. Devemos seguir a providência, e se ela não nos permitir realizar alguma coisa que procuremos fazer, devemos submetermo-nos e crer que é para o melhor. O povo necessita de muita ajuda para as suas almas, e é o seu dever buscá-la e convidar dentre os ministros aqueles que possam ajudá-los. Os chamados de Deus devem ser atendidos com presteza.

Os adoradores de Deus deveriam ter uma assembléia solene no dia de repouso. Aqueles que não têm igreja disponível devem agradecer pelos lugares mais privados e recorrer a eles sem abandonar as reuniões, de acordo com as suas oportunidades.

Entre os ouvintes de Paulo havia uma mulher chamada Lídia. Tinha um trabalho honesto, que o historiador registra para elogio dela. Mesmo que desempenhasse esse trabalho, encontrava tempo para fazer aquilo que beneficiava a sua alma. Dizer que temos um negócio para administrar não nos escusará dos deveres religiosos; não temos também um Deus para servir e almas para cuidar? A religião não nos tira de nossos trabalhos no mundo, mas nos dirige neles. O orgulho, o pré-julgamento e o pecado deixam de fora as verdades de Deus, até que a sua graça lhes abra caminho para o entendimento e para os afetos; somente o Senhor pode abrir os nossos corações, para que recebamos e creiamos em sua Palavra. Devemos crer em Jesus Cristo; não há acesso a Deus Pai, senão através do Filho como Mediador.

Vv. 16-24. Ainda que Satanás seja o pai da mentira, declara as verdades mais importantes quando por elas pode servir os seus propósitos. Os ímpios e os falsos pregadores do Evangelho fazem muita maldade aos verdadeiros servos de Cristo, por serem confundidos como sendo um deles pelos observadores indiferentes. Aqueles que fazem o bem, tirando os homens do pecado, devem esperar ser insultados como alvoroçadores da cidade. Enquanto ensinarem os homens a temerem a Deus, a crerem em Cristo, a abandonarem o pecado e levarem vidas santas, serão acusados de ensinar maus costumes.

Vv. 25-34. Os consolos de Deus para os seus servos que sofrem não são poucos nem pequenos. Quão mais felizes são os cristãos verdadeiros do que os seus prósperos inimigos! Mesmo que estejamos em profundas dificuldades e em trevas, devemos clamar a Deus. Não há lugares nem tempos que sejam maus para orar, se o coração for elevado a Deus. Nenhum problema, por mais penoso que seja, deve nos impedir de louvar a Deus. Demonstra-se que o cristão é de Deus, pelo fato de serem obrigados a ser retos em suas vidas.

Paulo gritou fortemente para que o carcereiro escutasse, e o fez atendê-lo dizendo: Não te faças dano. Todas as advertências da Palavra de Deus contra o pecado, todas as suas aparências e todas as suas aproximações têm esta tendência. Homem, mulher, não te faças dano; não te firas, porque ninguém mais pode ferir-te; não peques, porque nada pode ferir-te senão isto.

Ainda com referência ao corpo, somos advertidos contra os pecados que lhe causam danos. A graça que converte, muda a linguagem do povo e a torna igual à das boas pessoas e dos bons ministros. Quão grave é a pergunta do carcereiro! Sua salvação se converte em seu grande interesse, o que está mais próximo do seu coração é aquilo que antes mais distava dos seus pensamentos. Está preocupado coma sua alma preciosa. Aqueles que estão totalmente convencidos de seus pecados e verdadeiramente interessados em sua salvação, se entregarão a Cristo. Aqui está o resumo de todo o Evangelho, o pacto da graça, em poucas palavras: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa".

O Senhor abençoou tanto a Palavra, que o carcereiro imediatamente abrandou-s) e humilhou-se. Tratou-os com bondade e compaixão, e ao professar a fé em Cristo foi batizado nesse nome, juntamente com a sua família. O Espírito de graça operou uma fé tão forte neles, que dissipou toda dúvida posterior; e Paulo e Silas souberam pelo Espírito, que Deus havia feito uma obra neles. Quando os pecadores assim se convertem, amarão e honrarão àqueles que antes desprezavam e odiavam, e procurarão amenizar os sofrimentos que antes desejavam agravar. Quando os frutos da fé começam a aparecer, os terrores são substituídos pela confiança e pelo gozo em Deus.

Vv. 35-40. Mesmo que Paulo estivesse disposto a sofrer pela causa de Cristo, e sem nenhum desejo de vingar-se, preferiu não partir levando a equivocada acusação de ter merecido um castigo; portanto, pediu para ser despedido de maneira honrosa. O apóstolo não insistiu em uma mera questão de honra, mas de justiça, e não somente para ele, mas também para com a sua causa. Quando se dá a explicação apropriada, os cristãos nunca devem expressar descontentamento pessoal, nem insistir nas reparações pessoais. O Senhor os fará mais que vencedores em todos os conflitos; ao invés de serem esmagados por seus sofrimentos, eles se tornarão consoladores de seus irmãos.