Significado de Tiago 5

Tiago 5

Tiago 5 aborda diversas questões práticas relacionadas à vida cristã e à comunidade da fé. Tiago começa repreendendo os ricos por sua exploração dos pobres e adverte sobre os julgamentos vindouros que virão sobre eles. Ele encoraja os crentes a serem pacientes em meio às adversidades, lembrando-lhes do exemplo dos profetas e de Jó.

Tiago também incentiva os crentes a orarem uns pelos outros, especialmente quando alguém está sofrendo ou doente, destacando a eficácia da oração fervorosa e da confissão de pecados para obter cura e restauração. Além disso, ele enfatiza o poder da oração dos justos, usando Elias como exemplo de alguém cujas orações tiveram um grande impacto.

Tiago instrui os crentes a ajudarem aqueles que se desviaram da verdade a voltarem ao caminho certo, destacando a importância do perdão, da restauração e da confissão mútua de pecados para a cura espiritual e a reconciliação. O capítulo termina com uma ênfase na importância de levar os outros de volta ao caminho da verdade e de fazer diferença na vida dos outros através da oração e do cuidado mútuo dentro da comunidade cristã.

Comentário de Tiago 5

Tiago 5.1-6 Com o mesmo sentimento dos profetas do Antigo Testamento, Tiago pronuncia o juízo contra patrões que tratam seus funcionários de forma injusta (Is 3.14,15; 10.2). Deus julgará aqueles que oprimem os pobres (Ez 18.12,13).

Tiago 5.1-3 No mundo antigo, alimento, vestes caras e metais preciosos eram sinais visíveis de riqueza. Tiago pronuncia juízo e destruição sobre os três.

Tiago 5.4 O desejo desenfreado de acumular riquezas no mundo levou-nos aos piores extremos. Os patrões não só se esforçam por conseguir maiores lucros, mas exploram os funcionários para isso. Com fraude (NVI), eles enganam os trabalhadores retendo-lhes o salário. Os clamores desesperados resultantes foram em vão, mas a eternidade revela que eles entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Esse título de Senhor dos Exércitos enfatiza a onipotência de Deus. A despeito de como as coisas possam parecer, Ele é soberano!

Tiago 5.5 Num dia de matança pode ser interpretado de duas formas. Alguns explicam a matança como um abate em massa de animais, em preparação para uma grande festa. Portanto, parece que os preparativos para outros impulsos da carne funcionam perfeitamente. Outros encontram significado escatológico para a expressão (Jr 12.3), fazendo com que se refira ao processo de engorda deles mesmos para seu próprio abate. Talvez o autor tivesse as duas ideias em mente. Eles ansiosamente se preparam para outro “dia de matança” e banquete, enquanto ignoram seu próprio juízo como consequência.

Tiago 5.6 O “justo” não se refere a Cristo. É uma expressão comum do Antigo Testamento que enfatiza a vida fiel do cristão. Resistiu não diz respeito à oposição do homem bom à maldade do opressor. Trata-se da resposta calada da vítima ao abuso do tirano.

Tiago 5.7-11 A volta iminente de Cristo incentivanos a suportar os sofrimentos com paciência (v. 8). Vos queixeis. Não devemos deixar que os momentos difíceis nos levem a queixar-nos ou ser amargos com nossos irmãos em Cristo (v. 9). O lavrador (v. 7), os profetas (v. 10) e jó (v. 11) são modelos dessa tolerância paciente para nós.

Tiago 5.7 Sede... pacientes. Tiago admoesta os cristãos a manterem uma atitude de paciência enquanto sofrem injustiças. Embora deva ser feito todo esforço para melhorar as condições e obter justiça, os cristãos devem manter um espírito de tolerância paciente, mesmo em meio a um cruel tratamento. A Igreja primitiva vivia na expectativa da iminente vinda do Senhor. Sua esperança era que, naquele momento, a justiça seria feita tanto para o opressor como para o oprimido. Na volta de Cristo, os erros serão corrigidos e os cristãos, recompensados por sua fidelidade a Cristo (Pv 14-14; Mt 5.12).

Tiago 5.8, 9 Expressões como próxima e o juiz está à porta mostram que o Senhor poderia voltar a qualquer momento.

Tiago 5.10 O homem que está passando por provações pode consolar-se em saber que outros já enfrentaram situações ainda piores. A palavra exemplo (gr. hupodeigma) é posicionada antes no grego para nela haver ênfase. O testemunho sincero de um homem pelo Senhor não somente é um ponto positivo para o evangelho; ele frequentemente é a causa da dura oposição de seus inimigos. Aflição e paciência vêm ambos acompanhados por artigos definidos no original, desta forma: um exemplo da aflição sofrida e da paciência acerca da qual Tiago vinha discutindo. Os profetas permaneceram leais ao seu Senhor, sofreram por causa disso e agora sua experiência pode encorajar-nos.

Tiago 5.11 Temos por bem-aventurados contém, de certa forma, um paradoxo, embora seja possível que essa não tenha sido a intenção. De um modo objetivo, enquanto observamos o sofrimento nos outros, nós os encorajamos a suportá-lo, porque a vitória, por fim, virá. No entanto, quando [caímos] em várias tentações (Tg 1.2), nossa resposta humana imediata muitas vezes é negativa. Jó, que suportou a perda de bens, família e saúde, destaca-se como um exemplo de homem de fé. Seu caso não somente expressa sua paciência, mas demonstra o objetivo e o caráter de seu Senhor.

Uma melhor tradução para o fim que o Senhor lhe deu (gr. telos) poderia ser “o objetivo do Senhor”. Nosso Senhor permite o sofrimento, porque o sofrimento leva aos propósitos excelentes do Senhor (Rm 8.28; Fp 1.6). Além disso, enquanto os críticos blasfemam Deus por causa do sofrimento humano, o registro de Jó mostra que o Senhor é misericordioso e piedoso. O sofrimento, então, deve ser atribuído ao meio para alcançar os supremos propósitos de Deus ou (com mais frequência) à própria ação do homem por meio de líderes corruptos ou do próprio pecado.

Tiago 5.12, 13 Não jureis. Tiago não está proibindo o cristão de fazer um juramento em um tribunal ou invocar Deus como testemunha de alguma declaração significativa (1 Ts 2.5). Em vez disso, ele está proibindo a prática antiga de apelar a vários objetos diferentes para confirmar a veracidade da declaração de alguém. Essa prática se aproximava muito da idolatria, pois implicava que tais objetos tinham espíritos. A advertência nesses versículos pode servir como um lembrete para que observemos aquilo que dizemos. Não devemos usar o nome de Deus de um modo impulsivo; e devemos ter cuidado para falar sempre a verdade.

Tiago 5.14 Literalmente, o termo grego traduzido por presbíteros referia-se àqueles de idade avançada (1 Tm 5.1). No entanto, a palavra também se referia àqueles que ocupavam posições de autoridade na comunidade ou em uma congregação local. Como oficiais da igreja, os presbíteros eram responsáveis pela supervisão pastoral e liderança espiritual. O termo é usado alternadamente com bispo no Novo Testamento (1 Tm 3.1 [NVI]; 5.17; Tt 1.5-9).

Ungindo-o com azeite pode referir-se ao tratamento medicinal (Lc 10.34). Contudo, nessa passagem, é muito provável que se refira ao poder de cura do Espírito Santo, pois o v. 15 fala que a oração salva a pessoa. Em todo caso, não há indicação alguma de que chamar os presbíteros seria uma atitude que excluiria a medicação ou a consulta a um médico. Ungindo-o com azeite podia ser um procedimento medicinal (Lc 10.34), mas, nessa passagem, simboliza, sem dúvida, o Espírito Santo, porque não é o azeite que cura, mas sim a oração (v. 15).

Tiago 5.15 Tiago obviamente não vê a oração e o azeite, ou somente o azeite, como um sacramento, mas atribui a cura em si à oração da fé. A linguagem parece aplicar-se a todo caso de doença, mas a conexão implica que o doente mencionado, além de sua doença física, também estava sofrendo espiritualmente. A Bíblia ensina que a doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.2). Nesses casos, a confissão de pecados é um pré-requisito para pôr fim a uma doença conforme a prescrição feita aqui por Tiago, no versículo 16.

Orar para que as pessoas fiquem boas não deveria ter como objetivo que elas fossem restauradas ao seu velho estilo de vida, mas que seus pecados fossem perdoados e a sua vida consagrada ao serviço de Deus.

A oração da fé. Se o cristão é curado por meio de remédios ou de um milagre, toda cura, por fim, vem do Senhor. E por isso que sempre se devem fazer orações pelos doentes (veja uma atitude imprópria com relação à oração em 4.3). Se houver cometido pecados. O Novo Testamento ensina que a doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.2), mas não o é sempre (Jo 9.1-3). Porém, no caso do pecado, a confissão é um pré-requisito para a cura (v. 16).

Tiago 5.16-18 Confessai. Essa confissão não se dá necessariamente entre a pessoa doente e os presbíteros, embora isso não seja totalmente descartado. Em vez disso, essa exortação se dirige à pessoa doente e a qualquer pessoa com quem o doente precisa reconciliar-se. A oração... pode muito em seus efeitos. Pode significar que (1) a oração é eficaz quando é usada ou (2) a oração fervorosa gera grandes resultados. A ilustração de Elias pode favorecer o último significado, pois ele orou fervorosamente (NVI) .

5.19, 20 A morte (gr. thanatos) mencionada aqui é a morte física (Tg 1.14,15; 1 Co 11.30; At 5.1-11). Cobrir pecados é uma imagem do Antigo Testamento para o perdão (Sl 32.1).

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