Significado de Êxodo 21

Êxodo 21

Êxodo 21 descreve os princípios de justiça e responsabilidade social na comunidade israelita. O capítulo apresenta uma série de leis e regulamentos que regem vários aspectos da vida cotidiana, incluindo o tratamento de escravos, danos pessoais e direitos de propriedade. O capítulo enfatiza a importância de tratar os outros com respeito e justiça e de valorizar a santidade da vida humana.

A primeira seção de Êxodo 21 descreve as leis que regem o tratamento dos escravos. O capítulo estipula que os escravos hebreus devem ser tratados com justiça e respeito, e que devem ser libertados após seis anos de serviço. Se um escravo escolhe permanecer com seu mestre, ele deve ter sua orelha furada como um símbolo de sua servidão ao longo da vida. O capítulo também descreve as leis que regem o tratamento das escravas e os direitos de seus filhos.

A segunda seção de Êxodo 21 descreve as leis que regem os danos pessoais. O capítulo estipula que, se alguém ferir outra pessoa, ela deve indenizar a lesão e cobrir quaisquer despesas médicas. O capítulo também descreve as leis que regem lesões acidentais e homicídio culposo, e a punição para aqueles que cometem esses crimes.

A terceira seção de Êxodo 21 descreve as leis que regem os direitos de propriedade. O capítulo estipula que, se alguém roubar ou danificar a propriedade de outra pessoa, ela deve indenizar a perda. O capítulo também descreve as leis que regem o tratamento de animais e a responsabilidade de seus proprietários.

Em conclusão, Êxodo 21 é um capítulo que enfatiza os princípios de justiça e responsabilidade social na comunidade israelita. O capítulo descreve as leis e regulamentos que regem vários aspectos da vida diária e enfatiza a importância de tratar os outros com respeito e justiça. Isso nos lembra do valor da vida humana e da necessidade de assumir a responsabilidade por nossas ações e de restituir qualquer dano que causemos. No geral, Êxodo 21 é um testemunho da importância de viver em comunidade e de defender os valores de justiça, compaixão e responsabilidade em nossos relacionamentos com os outros.

Comentário de Êxodo 21

Êxodo 21.1 A palavra traduzida como estatutos neste versículo (hb. mishpatim) é um dos muitos termos do hebraico que descrevem a Lei (a Torá). Essa palavra define a resposta de Deus em relação a uma ação específica, algo como uma intimação de juiz. As leis que aparecem nesta seção são decisões acerca de casos peculiares entre o povo de Israel. Frequentemente as pessoas levavam questões críticas e difíceis a Moisés (cap. 18). Quando o profeta precisava tomar uma decisão a respeito de algum problema e não estava bem certo desta, Ele consultava o Senhor.

As sentenças que Moisés proferiu são conhecidas hoje como jurisprudência ou lei casuística. Elas diferiam dos Dez Mandamentos (Êx 20.1-17), conhecidos como lei apodíctica. Estes são preceitos gerais que não se baseiam em casos particulares. Acredita-se que entre as nações do mundo antigo apenas Israel possuía as leis casuísticas e apodícticas. O objetivo de todas as normas era a imposição de limites ao comportamento humano.

Êxodo 21.2 Se comprares um servo hebreu. Dívidas ou outros problemas forçavam uma pessoa a ser vendida como escravo. Mas o que deveria ser feito se o vassalo fosse um hebreu? Neste caso, Moisés estabeleceu uma lei que determinava que o período de escravidão não excederia seis anos, e, no sétimo ano, o servo seria liberto. A servidão perpétua para os israelitas foi proibida.

Êxodo 21.2-5 Seguiram-se outras regras: (1) se um escravo tivesse casado antes de sua servidão, quando liberto, sairia com sua esposa; (2) se ele casasse durante o período de servidão, quando posto em liberdade, não levaria sua mulher e seus filhos, que, neste caso, pertenceriam ao senhor deles.

Êxodo 21.6 Se o servo, no tempo de ser liberto, não quisesse deixar sua família para trás, era permitido que se comprometesse com a servidão perpétua. Então, ele seria levado perante os juízes e teria a oportunidade de declarar suas intenções. Consequentemente, permaneceria sujeito para sempre, e isso seria indicado em seu corpo por uma marca física feita por seu senhor, traduzida na instrução furará a orelha.

Esta expressão no inglês piece his ear, também encontrada no Salmo 40.6, na versão New King James, não foi traduzida desta forma para o português, pois também significa abrir os ouvidos, no sentido de ouvir melhor e obedecer à voz do Senhor, e não é uma referência à escravidão voluntária.

Êxodo 21.7-11 As mulheres também enfrentavam a dureza da escravidão. Nos tempos antigos, uma família poderia encontrar-se em tal estado de desespero que vendia a filha como serva. A Lei servia para proteger a noiva que era comprada. Se ela não agradasse ao senhor que a escolheu, ele deveria permitir que ela fosse resgatada, isto é, sua liberdade seria adquirida por outra pessoa. De forma alguma, a mulher poderia ser vendida a um povo estranho. Se ela fosse comprada para servir de esposa para o filho de um senhor, teria de ser tratada como uma filha. Caso ele escolhesse uma segunda mulher, não poderia privar a primeira de seus direitos. Seus mantimentos, suas vestes e seus direitos matrimoniais permaneceriam. Um marido que se recusasse a suprir todas essas necessidades deveria deixar a esposa ir embora sem qualquer ônus para a família dela.

Êxodo 21.12 Este versículo se baseia nas situações em que a pena de morte podia ser aplicada. Na antiga Israel, assim como em nossos dias, sempre há em todos os casos algumas circunstâncias que podem pesar a favor ou contra a execução. Complica-se ainda mais a questão quando percebemos que no mundo antigo era costume da família ofendida retribuir a ofensa. Quem sofria a injúria ou a morte de um familiar tinha o direito de causar o mesmo dano ao ofensor. Estas leis foram estabelecidas para impor limites a tal penalidade.

Êxodo 21.13 A expressão Deus o fez encontrar nas suas mãos indica que a morte foi acidental. Uma pessoa que causava esse tipo de dano poderia escapar da punição ao fugir para outro lugar (Nm 35.9-34).

Êxodo 21.14, 15 Se alguém se ensoberbecer contra o seu próximo, matando-o com engano. Neste versículo, a palavra ztd, traduzida do hebraico, significa ensoberbecer ou agir de forma presunçosa. Recorra ao comentário do capítulo 18, versículo 11, para ver o outro uso desse verbo em Êxodo. Atos deliberados de assassinato, incluindo a hedionda execução de pai ou mãe, eram punidos com a morte.

Êxodo 21.16 Sequestro era um crime capital (que resulta em pena de morte).

Êxodo 21.17 Quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe. A quebra do quinto mandamento honra a teu pai e a tua mãe (Êx 20.12) dessa forma severa também era uma ofensa que gerava a execução.

Êxodo 21.18, 19 A Lei permitia que a vítima de uma briga fosse compensada pelo tempo perdido e pelo tratamento da injúria. Assim como ocorreu com outras leis parecidas, é provável que um caso específico tenha gerado originalmente esta sentença.

Êxodo 21.20, 21 Estas leis visavam, de certa forma, ao resguardo acerca do abuso dos escravos. Elas não endossavam a prática da escravidão.

Êxodo 21.22, 23 Os defensores do aborto algumas vezes citaram este versículo para sustentar a ideia de que uma vida no útero é algo menor do que uma vida fora dele. Independente da maneira como foi traduzida, esta passagem não contém absolutamente nada que apoie exceções à prática do aborto, como se vê hoje em dia. A sentença forem causa de que aborte, porém se não houver morte é o mesmo que dar à luz prematuramente. Logo, o subsequente dano poderia ser um mal ao bebê (ou talvez à mãe e à criança). Se a mulher não morresse do ferimento, o ofensor se responsabilizaria pela perda da criança. Caso a mãe morresse mas, se houver morte, a penalidade seria vida por vida.

Êxodo 21.23-25 Neste segmento textual encontramos a mais conhecida frase da lex talionis (lei de talião). Muitas culturas antigas permitiam que a punição excedesse a ofensa. Em Israel, uma sentença correspondia à natureza da injúria. A ideia hoje não é mais olho por olho, dente por dente.

Êxodo 21.26, 27 Neste caso, o verbo ferir (hb. nagaph) significa causar uma injúria (em Ex 12.23, 29, inclui-se a ideia de fatalidade inevitável). Um senhor que infligisse danos a seus escravos pagaria com a liberdade destes.

Êxodo 21.28-32 Um boi que causasse a morte humana deveria ser destruído, mas seu proprietário não sofreria maiores punições. Se, entretanto, o animal tivesse um histórico de moléstia às pessoas, provocando uma morte subsequente, seu dono também deveria ser morto. Havia, contudo, a possibilidade de que um pagamento fosse imposto ao proprietário, e, neste caso, sua vida seria poupada.

Trinta siclos de prata era uma quantia relativamente alta naquela época, visto que um siclo correspondia a aproximadamente 12 gramas do metal. No mundo antigo, um escravo não tinha os mesmos direitos que uma pessoa livre. Assim, a Lei visava impor limites a um senhor, a fim de que não praticasse atos abusivos.

Êxodo 21.33, 34 Quando uma cova ou cisterna aberta causava a morte de um animal, o dono podia requerer uma restituição, pois os animais eram o sustento de uma família.

Êxodo 21.35, 36 Neste versículo, a Lei deu origem à expressão em inglês it depends on whose ox was gored, que em português é algo como depende em qual boi foi chifrado. Acredita-se que este foi mais um caso levado a julgamento para que pudesse ser criada uma lei e proferida uma sentença. A perda de um animal acarretava um sério prejuízo financeiro.

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