Significado de Esdras 9

Esdras 9

Esdras 9 apresenta um evento significativo na narrativa, focalizando a resposta de Esdras a um problema que surge dentro da comunidade judaica após seu retorno a Jerusalém.

O capítulo começa com Esdras aprendendo sobre uma situação angustiante entre o povo de Israel. Alguns dos homens judeus, incluindo sacerdotes e levitas, haviam se casado com os habitantes locais da terra, o que era estritamente proibido de acordo com a Lei de Moisés. Esse casamento misto era problemático porque poderia levar à mistura de práticas religiosas e à diluição de sua identidade distinta como povo escolhido.

Ao ouvir esta notícia, Ezra fica profundamente perturbado e dilacerado. Ele rasga suas roupas e manto, um ato simbólico de luto e angústia. Ele cai no chão e ora a Deus, confessando os pecados do povo e expressando sua tristeza por sua desobediência.

Em sua oração, Esdras reconhece que o povo judeu abandonou os mandamentos de Deus ao se casar com as nações vizinhas, uma prática estritamente proibida para manter sua devoção a Deus e impedir a adoração de deuses estrangeiros. Ele reconhece que sua infidelidade os envergonhou e destaca que a misericórdia de Deus os poupou da completa destruição durante o exílio.

A oração de Esdras enfatiza a seriedade de sua situação e sua indignidade diante da graça de Deus. Ele implora pela compaixão e intervenção de Deus neste momento crítico. Ele reconhece que os pecados do povo trouxeram julgamento sobre eles e implora a Deus para que um remanescente seja preservado e para sua renovação espiritual.

O capítulo termina com uma descrição da resposta daqueles que se reuniram em torno de Esdras. O povo expressa sua concordância com sua avaliação da situação e promete se separar das influências estrangeiras que se infiltraram na comunidade. Eles se comprometem a repudiar suas esposas e filhos estrangeiros como sinal de arrependimento.

A oração de Esdras e a resposta do povo destacam a importância de manter sua identidade religiosa e cultural como povo escolhido de Deus. O capítulo enfatiza o significado da obediência aos mandamentos de Deus e as consequências da desobediência. Ele prepara o terreno para novas ações para abordar a questão do casamento misto e restaurar a pureza da comunidade judaica em Jerusalém.

Em resumo, Esdras 9 aborda o problema do casamento misto e o resultante compromisso espiritual dentro da comunidade judaica que retorna a Jerusalém. O capítulo mostra a profunda preocupação de Esdras, sua sincera oração de confissão e o compromisso do povo de corrigir seus erros e retornar à obediência fiel aos mandamentos de Deus.

Significado

9.1 Acabadas, pois, essas coisas. Essas palavras parecem indicar que os príncipes foram até Esdras imediatamente depois dos acontecimentos do cap. 8. Na verdade, mais de quatro meses se passaram entre os acontecimentos dos capítulos 8 e 9. Esdras chegou ao primeiro dia do quinto mês (Esd 7.9) e depositou o tesouro no templo no quarto dia do quinto mês (Esd 8.33). A reunião que ocorreu logo após o relatório do líder foi no décimo segundo dia do nono mês (Esd 10.9). A entrega das ordens reais ao governador regional (Esd 8.36) pode ter levado semanas ou mesmo meses. Esdras não só entregou o decreto, como assegurou o apoio dos sátrapas e governadores do rei. Foi após Esdras entregar o decreto e retornar para Jerusalém que recebeu o relatório dos príncipes.

O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se têm separado dos povos destas terras. Os líderes e o povo de Israel falharam em permanecerem separados dos gentios que viviam na terra. O mesmo tipo de problema ocorreu na época de Zorobabel (Ed 6.21).

As abominações dos cananeus. Essa linguagem reflete a mesma linguagem da Lei (Gn 15.16,19-21; Dt 18.9-12). O termo abominação é encontrado muitas vezes nos cinco primeiros livros da Bíblia (Dt 17.1; 18.12; 22.5; 23.18) e nos profetas (Jr 7.10; 44.22).

9.2 Os judeus que retornaram foram casando-se com os pagãos da terra, uma prática que a Lei mosaica proibia expressamente (Êx 34.16; Dt 7.3).

9.3, 4 A resposta de Esdras demonstrou uma tristeza profunda. Usando todos os símbolos que tinha disponíveis, ele representou a angústia que sentia: rasguei a minha veste [...], arranquei os cabelos da minha cabeça [...] e me assentei atônito. Compare com Neemias 13.25.

9.5 De joelhos e com as mãos estendidas. Esta postura de oração é frequentemente descrita na Bíblia. Ajoelhar-se é um sinal de humildade e respeito. Levantar as mãos demonstra sinceridade para com Deus e reconhecimento de que todas as bênçãos vêm das mãos do Senhor.

9.6 Confuso e envergonhado. Esdras sentiu uma vergonha devastadora. Sua oração era de confissão. Embora ele próprio não tivesse parte naquele pecado, identificou-se com as transgressões do povo.

9.7 Mais adiante, Esdras reconheceu que as ações pecaminosas do povo faziam parte de sua história. A nação inteira — reis e sacerdotes, assim como o povo — tinha pecado no passado e sofrido por causa disso nas mãos dos reis das terras. Esse sofrimento incluiu: a espada (perda da vida); o cativeiro (perda da liberdade); o roubo (perda das posses) e a confusão do rosto (perda da honra).

9.8, 9 Uma estabilidade no seu santo lugar: essa metáfora refere-se a uma estaca na parede na qual um utensílio é pendurado (Ec 12.11). A misericórdia divina havia permitido que os remanescentes se fixassem no lugar escolhido por Deus. Alumiar: Deus tinha concedido a luz da Sua vontade àqueles que estavam na escuridão do pecado.

Um pouco de vida. O povo não era mais escravo; estava livre.

Levantarmos a Casa do nosso Deus. O templo tinha sido reconstruído. Parede: o povo tinha um muro de proteção na forma do decreto do rei (Ed 7.12-26).

9.10-12 Esdras confessou os pecados da nação ao referir-se ao que os profetas tinham pregado. Os profetas (Moisés é chamado de profeta em Deuteronômio 18.15; 34.10; Oséias 12.13) proibiram o casamento de judeus com gentios (Dt 7.1-3; 23.7; Ml 2.10-16).

9.13-15 Esdras não encerrou a sua oração pedindo perdão a Deus, mas declarando que o Altíssimo era justo (Dt 32-4; SI 119.137; Sf 3.5). Israel era culpado e merecia qualquer juízo que Deus lhe desse. O Senhor teria sido justo ao destruí-lo, mesmo a ponto de não restar nenhum remanescente nem quem escapasse.

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