Significado de Esdras 4

Esdras 4

Esdras 4 começa apresentando um grupo de pessoas que se opõem à reconstrução do templo. Esses oponentes são das regiões vizinhas e são descritos como adversários de Judá e Benjamim. Eles abordam Zorobabel e os líderes da comunidade judaica e expressam seu desejo de participar do processo de reconstrução. No entanto, seus verdadeiros motivos são suspeitos, pois provavelmente procuram impedir o progresso e minar a autoridade dos exilados que retornam.

Zorobabel e os outros líderes recusaram a oferta de ajuda desses adversários, citando suas distintas diferenças religiosas e culturais. Essa recusa em colaborar frustra os adversários, levando-os a se opor ativamente aos esforços de reconstrução.

Os adversários recorrem a táticas destinadas a minar o projeto. Eles começam desencorajando a comunidade judaica e intimidando-a por meio de manobras políticas e propaganda. Eles também escrevem cartas ao rei Artaxerxes da Pérsia, que é o monarca reinante na época, retratando falsamente a situação em Jerusalém como uma ameaça potencial aos interesses do rei. O objetivo dos adversários é interromper a construção do templo por meio de intervenção oficial.

O rei Artaxerxes responde às cartas e ordena a suspensão da construção. Ele ordena aos judeus que cessem suas atividades de construção até novo aviso. Este decreto interrompe o progresso da reconstrução do templo e aumenta os desafios enfrentados pelos exilados que retornam.

O restante do capítulo detalha o contexto histórico e os antecedentes desses adversários. Ele explica que sua oposição aos empreendimentos da comunidade judaica se estende por várias gerações, remontando ao tempo em que os babilônios originalmente levaram os israelitas para o exílio. A animosidade entre os exilados que retornaram e esses adversários está enraizada em conflitos e diferenças de longa data.

Em essência, Esdras 4 destaca os desafios e a oposição enfrentados pela comunidade judaica ao tentar reconstruir o templo em Jerusalém. O capítulo mostra as complexidades do cenário político e as motivações de várias partes envolvidas. Ele prepara o terreno para novos desenvolvimentos na narrativa, à medida que a comunidade judaica navega por esses obstáculos para cumprir seu objetivo de restaurar seu centro religioso.

Significado

4.1 Os adversários de Judá eram os samaritanos. Esar-Hadom (Ed 4.2), que reinou na Assíria de 681-669 a.C., havia transportado os líderes judeus do Reino do Norte para outras nações e implantado a ocupação da Palestina por povos sírios e seus associados, a fim de assegurar seu domínio sobre Israel. Esses homens e mulheres estrangeiros casaram com os judeus que permaneceram na região. Sua descendência mista deu origem aos samaritanos.

Judá e Benjamim: o Reino do Sul de Judá, também chamado de Nação de Judá e Simeão, incluía ainda a terra de Benjamim, onde se localizava Jerusalém.

4.2 Buscaremos a vosso Deus. Os samaritanos não usaram o nome apropriado para Deus — Jeová —, talvez sugerindo que seu entendimento acerca do Senhor ainda era completamente insignificante. Como resultado, eles introduziram o perigoso sincretismo, que consiste na mistura da verdadeira adoração a Deus com a veneração de falsos deuses. Esse era o pecado que, a princípio, havia causado a deportação dos israelitas.

4.3 Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus. Esta advertência não se trata de uma recusa rude, mas, sim, de uma rejeição justa. Os que se prontificaram a ajudar o povo que voltou do cativeiro não eram amigáveis, mas adversários (Ed 4-1) Ainda que oferecessem sacrifícios ao Senhor, eram idólatras, pois também serviam a outros deuses (2 Rs 17.29-35).

4.4, 5 O povo da terra é outra maneira de referir-se aos samaritanos, que se tornaram inimigos diligentes do programa de reconstrução de Israel nos vários anos seguintes. Debilitaram o povo judeu, talvez com ameaças e tentativas de corte de suprimentos, e alugaram contra ele conselheiros ou advogados, provavelmente para representá-los contra a comunidade judaica na corte persa, persistindo com esses ataques até ao reinado de Dario, cerca de 14 anos depois.

4.6 Quando Dario I morreu (486 a.C.), seu filho Assuero, cujo nome grego era Xerxes, reinou em seu lugar (485-465 a.C.). Trata-se do mesmo rei apresentado no livro de Ester. No início de seu governo, os samaritanos escreveram-lhe uma carta esperando que ele impedisse os judeus de concluírem a obra no templo. Ao que tudo indica, não obtiveram nenhum êxito com a missiva.

4.7, 8 Artaxerxes, o Longânimo (464-424 a.C.), foi o sucessor de seu pai, Xerxes, e, igualmente, recebeu uma carta dos samaritanos contra os judeus (Ed 4.6). A referida correspondência estava escrita em caracteres aramaicos e foi traduzida, ou lida em voz alta em aramaico. Como a que os samaritanos enviaram a Assuero, esta missiva também foi ignorada.

4.8-6.18 Esse trecho foi redigido em aramaico.

4.9, 10 Por meio desses dois versículos, notamos que a carta dos samaritanos refletia o ponto de vista de toda a província. O início da correspondência, repleta de retórica e floreios, foi planejado para pressionar politicamente o rei da Pérsia. Osnapar provavelmente era outro nome para Assurbanipal, rei da Assíria (669-626 a.C.) que completou a transferência iniciada por Esar-Hadom (Ed 4.2). O rio mencionado é o Eufrates.

4.11 Teus servos é um termo técnico para vassalos. Ao incluí-lo na introdução da carta, os homens estavam declarando ao rei sua lealdade e informando a rebelião do povo judeu. È provável que a expressão em tal tempo signifique e agora (Ed 4-10).

4.12, 13 A rebelde e malvada cidade. A rebelião à qual os samaritanos se referem foi o longo período em que os exércitos da Babilónia foram forçados a cercar Israel. Vão restaurando os seus muros: os judeus talvez tivessem dado início à construção dos muros da cidade, mas ainda faltava muito para terminá-los. Inclusive, eles não concluíram a obra até muitos anos depois (Ne 6).

4.14, 15 Os samaritanos sugeriram ao rei procurar, em seus registros oficiais, para ver que Jerusalém tinha sido destruída no passado por causa de rebelião — o que é verdade. O rei babilónico Nabucodonosor tinha conquistado Jerusalém anos antes porque ela havia se rebelado contra ele.

4.16 A carta dos samaritanos concluía com uma advertência de que, se o rei não interrompesse os judeus, ele perderia não só a renda, mas também o domínio sobre Jerusalém e a região além do rio Eufrates.

4.17 No contexto, a palavra paz é usada em relação ao tratado que existia entre o rei e seus vassalos (Ed 5.7).

4.18 O termo traduzido como explicitamente, que em aramaico é meparash, é parecido com o termo hebraico meporash (Ne 8.8), que quer dizer explicando. Uma nuance dessa palavra significa explicar mais detalhadamente. A carta, então, foi lida para o rei e completamente explicada.

4.19 Uma busca nos registros oficiais do rei confirmou a alegação dos samaritanos a respeito de uma rebelião e sedição por parte do povo de Jerusalém, sem dúvida, referindo-se às revoltas no reinado de Jeoaquim, Joaquim e Zedequias (2 Rs 24-1-20). O fato de essas revoltas terem sido contra a Babilônia — e não em oposição à Pérsia — não era importante. Os persas tinham se tornado os herdeiros do império babilônico, e eles levariam a sério um relatório como esse.

4.20 O governante persa também descobriu que os reis judeus haviam dominado uma grande região. Tanto Davi quanto Salomão tinham possuído uma expressiva esfera de governo, e os reis subsequentes aspiraram à antiga glória destes dois.

4.21, 22 O rei persa Artaxerxes ordenou que o povo judeu parasse seu trabalho no templo, mas deixou aberta a possibilidade de uma futura mudança na política. Anos depois, a pedido de Neemias, a decisão foi revista (Ne 2.1-8).

4.23, 24 A expressão à força pode sugerir que os impositores do edito real teriam demolido parte do muro já restaurado, o que poderia ser uma porção do entulho que Neemias descobriu quando chegou a Jerusalém (Ne 2.12-16).

Índice:
Esdras 1 Esdras 2 Esdras 3 Esdras 4 Esdras 5 Esdras 6 Esdras 7 Esdras 8 Esdras 9 Esdras 10