Significado de Esdras 2

Esdras 2

Esdras 2 começa com uma proclamação de Ciro, o Grande, rei da Pérsia, que conquistou a Babilônia. No primeiro ano de seu reinado, Ciro emite um decreto que permite que o povo judeu que havia sido exilado na Babilônia volte para sua terra natal, Judá, e reconstrua o templo em Jerusalém. Este decreto cumpre a profecia de Jeremias que previu um exílio de 70 anos para o povo judeu.

A proclamação de Ciro não apenas permite o retorno dos exilados, mas também encoraja aqueles que permanecem na Babilônia a ajudar os judeus que retornam com contribuições voluntárias para a reconstrução do templo. Ciro devolve os vasos sagrados que foram levados do templo de Jerusalém por Nabucodonosor, o rei da Babilônia, e que haviam sido guardados no templo de um deus da Babilônia.

O capítulo termina com uma lista de indivíduos das tribos de Judá, Benjamim e Levi que atenderam ao decreto de Ciro e decidiram retornar a Jerusalém. Esta lista enumera o número de pessoas que retornaram, juntamente com os artigos específicos de ouro, prata e outros itens valiosos que trouxeram para a reconstrução do templo. O capítulo destaca o cumprimento da promessa de Deus de restaurar o povo judeu e sua adoração após o período de exílio.

Em essência, Esdras 1 prepara o cenário para os eventos subsequentes relatados no Livro de Esdras, incluindo a reconstrução do templo, os desafios enfrentados pelos exilados que retornaram e seus esforços para restabelecer suas práticas religiosas e comunidade em Jerusalém. Também destaca a intervenção divina por meio do decreto de Ciro, retratando-o como um instrumento no plano de Deus para a restauração de Jerusalém e do povo judeu.

Significado

2.1-70 Aqui estão os nomes e números do povo judeu que decidiu regressar para Jerusalém (Ed 2.1-67), assim como as ofertas e funções dos que para lá retornaram (v. 68-70). A não ser por algumas variações, o conteúdo desse capítulo é reproduzido em Neemias 7-6-73 (Veja as diferenças nos v. 1,2, 64, 69).

2.1 A designação os filhos da província refere-se ao povo de Judá (Ed 5.8; Ne 1.2,3; 11.3). O uso desse título provavelmente indica que o registro do cap. 2 foi compilado na Babilônia. A lista de Neemias encontrada no cap. 7.4-73 de seu livro teria sido compilada após sua chegada em Jerusalém, o que explicaria algumas das diferenças entre os dois registros. Para a sua cidade significa a cidade na qual a família de alguém tinha vivido.

2.2 Os homens listados nesse versículo eram os líderes da expedição. Jesua era Josué, o sumo sacerdote (Ag 1.1; Zc 3.1). Neemias, aqui registrado como um líder, não era o mesmo que havia reconstruído o muro de Jerusalém 90 anos antes. Mordecai não era o homem de igual nome que figura de forma tão destacada no livro de Ester. Neemias fornece uma listagem parecida (Ne 7.7), a qual apresenta algumas diferenças de grafia e a inserção de um novo nome: o líder Naamani. Aqueles que regressaram para Jerusalém foram chamados de povo de Israel, e não de Judá, porque, neles, todas as doze tribos de Israel estavam representadas.

2.3-20 Esses versículos contêm os nomes das famílias que regressaram para Jerusalém, bem como o respectivo número de integrantes. Possivelmente, eles teriam sido o povo cujas casas ficavam na cidade de Jerusalém.

2.21-35 Esses versículos listam os nomes dos que regressaram de acordo com suas cidades. Repare que Jerusalém não está relacionada. Talvez o registro trate primeiro dos habitantes de Jerusalém (Ed 2.2-20) e, por isso, concentre-se nos moradores de fora dessa cidade.

2.36-39 A soma total de sacerdotes é 4.289. Este número consistia em cerca de dez por cento dos remanescentes que estavam regressando. Como mestres da Lei e como aqueles que lideravam a adoração no novo templo, os sacerdotes eram indispensáveis para o restabelecimento dos serviços do templo. Para que o culto a Deus fosse restaurado, o povo tinha de receber instrução para render ao Altíssimo a verdadeira adoração.

2.40 Os levitas auxiliavam os sacerdotes no templo e ensinavam a Lei ao povo (Ne 8.7-9). Comparados ao número de sacerdotes que regressaram para Jerusalém (Ed 2.36-39), é impressionante como poucos levitas foram com eles (outros levitas estão incluídos em uma lista especial nos v. 41,42). De acordo com 1 Crónicas 23.4, durante a época de Davi, 24 mil levitas estavam envolvidos na adoração a Deus.

2.41 Os cantores eram os levitas responsáveis por louvar o Altíssimo com músicas (1 Cr 15.16). Embora apenas 128 deles tenham regressado para Jerusalém, no passado, o número de pessoas para louvarem o SENHOR com os instrumentos no templo de Salomão chegou a quatro mil (1 Cr 23.5).

2.42 Os porteiros, que também eram levitas (1 Cr 26.1-19), impediam que pessoas não autorizadas entrassem na área restrita do templo. Havia 139 deles no regresso para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel; compare este número com os quatro mil porteiros que guardavam o templo durante a época de Salomão (1 Cr 23.5).

2.43-50 O termo netineu significa aquele que dá ou aquele que serve. Em 1 Crônicas 9.2, os netineus são diferenciados dos sacerdotes e dos levitas. A tradição judaica identifica-os com os gibeonitas designados por Josué para auxiliar os levitas nas tarefas mais subalternas (Js 9.27).

2.51-55 Os filhos dos servos de Salomão estão relacionados aos netineus (Ed 2.43). Os dois grupos estão somados juntos (v. 58; Ne 7.60). Os filhos dos servos de Salomão, provavelmente, provinham dos habitantes de Canaã na época de Salomão — ou seja, eram descendentes dos amorreus, heteus, ferezeus, heveus e jebuseus, os quais Salomão havia contratado para construir o templo (1 Rs 5.13).

2.56-63 Os que, nesses versículos, são mencionados tiveram permissão para regressar a Jerusalém, embora não pudessem provar sua origem judaica. Porém, sem ter como evidenciar sua genealogia, foram rejeitados do sacerdócio, de acordo com a Lei de Moisés (Nm 16.1-40). O governador Zorobabel foi cuidadoso em seguir a Lei anunciando que os candidatos a sacerdote não comessem das coisas sagradas, o que significava que eles não deviam participar das funções sacerdotais. O Urim e o Tumim eram pedras sagradas usadas para determinar a vontade divina (Ex 28.30).

2.64 Quarenta e dois mil trezentos e sessenta. Os números individuais listados no cap. 2 somam apenas 29.818. É possível que a soma maior inclua as mulheres, que não foram nomeadas nas listas.

2.65 Os cantores relacionados aqui não eram os do templo (v. 41). Havia cantores profissionais contratados para banquetes, festas e funerais (2 Cr 35.25; Ec 2.7,8), e sua presença podia denotar luxúria (2 Sm 19.35). Parece que vários judeus tinham alcançado prosperidade enquanto viviam na Babilônia, afinal, esse povo não foi escravizado no exílio; apenas tinha sido impedido de retornar para sua terra natal.

2.66 O grande número de cavalos listado aqui também sugere riqueza entre os que regressaram para Jerusalém. Antes dessa época, Israel usava esse animal somente na guerra e em cerimônias. Apenas os muito ricos e bem armados possuíam cavalos. Os ricos também possuíam mulos, já que eram escassos em Israel.

2.67 Os animais de carga eram os camelos, os quais eram caros, e os jumentos, usados pelas classes mais pobres.

2.68 Vindo à Casa do SENHOR. Antes mesmo que o povo se instalasse em suas casas (v. 70), a primeira atitude tomada por vários dos que voltavam para Jerusalém foi contribuir com ofertas para a reconstrução do templo.

2.69 Esdras, assim como Neemias (Ne 7.70-72), registra a quantidade de ouro, prata e vestes doados para a reconstrução do templo. No entanto, as quantidades por eles informadas diferem entre si. Ao que tudo indica, a lista de Esdras arredonda os números, enquanto a de Neemias aponta detalhes mais precisos. E possível também que as duas listagens tenham sido apresentadas em épocas diferentes de contagem — talvez na Babilônia e, então, mais tarde, em Jerusalém. Daricos eram moedas persas de ouro, que pesavam cerca de dois décimos de uma onça, o peso de uma moeda de 25 centavos. Cinco mil arráteis correspondiam a cerca de três toneladas de prata.

2.70 Os sacerdotes, e os levitas [...] e todo o Israel. Representantes de toda a nação (as 12 tribos) estavam, agora, de volta à terra. O processo se dava conforme as promessas de Deus podiam começar a ser cumpridas. Existe esperança messiânica na expressão todo o Israel.

Índice:
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