Significado de Atos 9

Atos 9

Atos 9 conta a história da conversão e transformação de Saulo no apóstolo Paulo. O capítulo também inclui relatos da cura de um paralítico por Pedro e da ressurreição de uma mulher chamada Tabita.

Saulo, um perseguidor zeloso da comunidade cristã primitiva, tem um encontro dramático com o Cristo ressuscitado no caminho de Damasco, que o leva à conversão e ao batismo. Após sua conversão, Saulo se torna um apaixonado defensor do evangelho e começa a pregar e ensinar nas sinagogas, proclamando Jesus como o Filho de Deus.

No geral, Atos 9 é um capítulo que enfatiza o poder transformador do encontro com Cristo e a importância da fé na vida cristã. O capítulo também destaca o papel de Pedro e Paulo na propagação da mensagem do evangelho e seus dons e chamados únicos para servir a Deus. Os relatos de cura e ressurreição ilustram o poder de Deus para operar por meio de seu povo para realizar atos milagrosos de compaixão e restauração.

Comentário de Atos 9

Atos 9:1 Saulo ainda estava respirando ameaças e mortes contra dos discípulos do Senhor no intuito de defender a fé judaica da nova seita messiânica, supostamente perigosa (At 8.3). Os discípulos. Os cristãos foram originalmente chamados de discípulos ou os do caminho. O próprio Jesus tinha usado ambas as designações (Mt 28.19; Jo 14-6). O termo discípulo significa seguidor, imitador, aquele que tem mestre, de quem se extrai exemplos e a quem se segue os passos.

Atos 9:2 As cartas eram documentos que autorizavam Saulo a prender os cristãos em Damasco, cerca de 225 km a nordeste de Jerusalém. Roma permitiu ao Sinédrio o controle dos assuntos religiosos do povo judeu. Nesse momento, a nova Igreja era um empreendimento majoritariamente judaico. Sinagogas. Os cristãos de origem judaica ainda estavam frequentando as sinagogas. As sinagogas em Damasco tinham a obrigação de cooperar com qualquer um que tivesse a autorização que Saulo possuía. Saulo planejou levar os seguidores de Jesus que tinham fugido de Damasco para Jerusalém e apresentá-los ao Sinédrio (At 26.9-11). Isso significava, provavelmente, que a esses cristãos seria imputada a pena de morte. Os do caminho era uma designação que os judeus usavam para se referir aos seguidores de Jesus (At 19:9, 23; 22.4; 24.14, 22; Jo 14.6).

Atos 9:3-9 Resplendor de luz do céu, um resplendor mais luminoso que a luz do sol e que continuou iluminando Saulo e tudo que estava ao redor dele (At 26.13). A luz era tão intensa e penetrante que Saulo e os demais caíram ao chão (At 26.14). Por que me persegues? Perseguindo a Igreja, Saulo estava perseguindo o próprio Cristo (1 Co 12.27). Os argumentos de Estêvão no fim de seu discurso diante do Sinédrio, a expansão do evangelho e a resposta extraordinária dos cristãos diante da perseguição impactaram Saulo, mas ele, em sua fúria e zelo religioso, continuou resistindo a tais ações e influências do Espírito Santo. Ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Os homens que estavam com Saulo levantaram-se estupefatos, pois ouviam a voz, mas não viam aquele que falava. No capítulo 22, Paulo diz que aqueles que estavam com ele viram a luz, mas não entenderam a voz. Abrindo os olhos, não via a ninguém. Ironicamente, durante o tempo em que Saulo esteve cego, ele pode enxergar a sua própria cegueira espiritual.

Atos 9:10 Deus não chamou um apóstolo, mas um leigo, certo discípulo chamado Ananias, que estava pronto e disponível para ser usado por Deus. Ele não sabia que Deus o enviaria a Saulo, o homem que perseguia os cristãos com grande rigor.

Atos 9:11 Na antiga cidade de Damasco, a rua chamada Direita está nas fronteiras entre a cidade de Damasco e outras cidades da região.

Atos 9:12 E numa visão ele viu que entrava um homem. Saulo tinha recebido a revelação de Deus por uma luz, por um homem e, agora, por uma visão.

Atos 9:13 Quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém. No decorrer do livro de Atos dos Apóstolos, os cristãos são chamados de discípulos, cristãos e os do caminho (At 5.14; 6.1; 9:2). Aqui, a palavra santos é usada como outro título importante dado aos cristãos, aqueles separados por Deus para Seu serviço. Eis um dos principais objetivos da vida de todo crente. Deus manifesta-se a nós para nos mostrar que devemos viver para Ele, desejando sempre agradar a Ele e fazer a Sua vontade.

Atos 9:14 Autoridade [...] para prender. A hesitação de Ananias não é surpreendente. A referência aos que invocam o teu nome [o nome de Jesus] era uma das várias designações dos cristãos da Igreja primitiva (v. 21; At 11.26; 22.4; 24.5).

Atos 9:15, 16 O quanto deve padecer. O perseguidor tornar-se-á perseguido. Padecer foi o verbo proeminente na vida de Paulo e em sua teologia. Ele usou esse tema para demonstrar a autenticidade da sua pregação e para reivindicar o seu apostolado (2 Co 11.23-31; Fp 3.10).

Atos 9:17 Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas. Saulo não estava sonhando quando, na estrada para Damasco, viu Jesus. Na verdade, ele certamente tinha visto o Cristo ressuscitado.

Atos 9:18-21 O povo de Damasco ficou perplexo com a pregação de Saulo, pois ele tinha vindo para prender e matar os cristãos, e não para defender a fé deles. A fama de Saulo como perseguidor de cristãos era bem difundida entre os judeus de Damasco.

Os líderes das sinagogas provavelmente foram notificados da vinda de Saulo de Tarso, tendo sido instruídos pelo sumo sacerdote a dar as boas-vindas a esse zeloso defensor do puro judaísmo. E provável que eles tenham ficado muito nervosos no princípio, não só pelo fato de Saulo ter-se convertido, mas também pela força da sua fé e dos seus argumentos extraídos das Escrituras de que Jesus era realmente o Salvador prometido a Israel, o Messias.

Atos 9:22, 23 O argumento de Saulo a partir das Escrituras atestando Jesus como o Cristo foi tão poderoso, que os judeus tomaram conselho entre si para o matar. Eles contavam com a cooperação e o apoio do governador de Damasco e até mesmo do rei Aretas IV, da Arábia, que reinou entre 9 a. C. até 40 d. C.

Atos 9:24, 25 O desceram, dentro de um cesto, pelo muro. Se os líderes judeus tivessem prendido os discípulos de Damasco que ajudaram Saulo na fuga, e que o apoiaram em seu trabalho para o Senhor, o resultado provavelmente teria sido o início de uma perseguição generalizada. Antigamente, os muros das cidades tinham vários tipos de aberturas em especial, certos tipos de janelas sem vidros. A fuga de Saulo remete-nos à fuga dos espias da cidade de Jericó, registrada em Josué 2.15, e à fuga de Davi para longe da fúria do rei Saul, em 1 Samuel 19:12. O cesto aqui mencionado é um recipiente largo, flexível, que levava grandes quantidades de produtos e utensílios. Esse foi o primeiro de muitos atentados contra a vida de Paulo. Mesmo com tal pressão e adversidade, Saulo não hesitava em viajar e pregar o evangelho, pois ele confiava na proteção de Deus e se colocava sob Suas mãos soberanas.

Atos 9:26, 27 Não é de se espantar que os discípulos em Jerusalém tenham inicialmente sido cautelosos a respeito da conversão de Saulo, pois desejavam saber se aquela transformação não era na realidade uma tentativa de ele se infiltrar entre os cristãos para depois prendê-los mais facilmente. Barnabé, que tinha o dom do encorajamento, percebeu que Paulo possuía um coração verdadeiramente sincero e o defendeu diante dos apóstolos.

Atos 9:28, 29 Estêvão também tinha debatido com os judeus helenistas (At 6.9). De certo modo, Saulo passou a sofrer o mesmo que Estêvão havia sofrido. A ira dos judeus, que se mostrara perigosa e mortalmente intensa contra Estêvão, agora estava sendo dirigida contra Saulo.

Atos 9:30 Tarso, o local de nascimento de Saulo, ficava cerca de 480 km ao norte de Jerusalém, aproximadamente 16 km do mar Mediterrâneo, no interior. Tarso era uma famosa cidade universitária, só ultrapassada em fama e oportunidades de educação e cultura por Atenas e Alexandria.

Atos 9:31-33 Assim, pois, as Igrejas [...] tinham paz. Essa paz não era somente por conta da conversão de Saulo. Tibério, imperador de Roma, morreu nessa mesma época. Ele foi substituído por Calígula, imperador romano que quis erguer uma estátua sua no templo de Jerusalém. Nesse tempo, portanto, a força persecutória dos judeus deixou de ser empregada de forma tão intensa contra os cristãos, pois as autoridades judaicas estavam mais preocupadas em reagir contra as intenções de Calígula. Aqui, percebe-se claramente a ação soberana da mão de Deus auxiliando a missão dos cristãos, dando a todos os que abraçaram a fé um pequeno período de trégua.

Atos 9:34, 35 Eneias, Jesus Cristo te dá saúde; levanta- te e faze a tua cama. Todos aqueles que testemunharam tal cura acreditaram e se converteram ao Senhor. O resultado da cura física foi muitas curas espirituais. Muitos se voltaram para Deus porque viram mais que um homem aleijado caminhar diante dos seus olhos. Eles viram uma prova incontestável de que Jesus estava vivo e tinha autoridade sobre as doenças.

Atos 9:36-38 E havia em Jope uma discípula chamada Tabita. Conhecida hoje pelo nome de Jaffa, Jope era uma cidade do litoral mediterrâneo, situada aproximadamente a 16 km do noroeste de Lida.

Na cidade de Lida também havia uma comunidade cristã da qual fazia parte uma discípula chamada Tabita ou Dorcas (do grego dorkás, que significa gazela). Dorcas desfrutava de excelente reputação naquela comunidade cristã por conta de suas boas obras e esmolas. Porém, certa feita, Dorcas adoeceu e veio a falecer. Prestes a ser sepultada, tendo-a lavado, a depositaram num quarto alto. Aparentemente, ouvindo os discípulos que Pedro havia curado Eneias, enviaram dois varões a Lida para buscar o apóstolo, na esperança de que ele realizasse milagre ainda maior em favor da amada irmã Dorcas.

Atos 9:39, 40 Tabita, levanta-te. Pedro seguiu o exemplo do Mestre, porque, certa feita, ele estivera com Jesus quando Ele trouxe à vida outra menina que tinha morrido (Mc 5.38-42). Em aramaico, Jesus disse: Talita cumi (pequena menina, levanta). Em aramaico, Pedro teria dito: Tabita cumi, a diferença estaria apenas na letra b. Imediatamente, a vida da mulher foi restabelecida. O poder e a autoridade do Jesus ressuscitado suplantam a vida e a morte.

Atos 9:41-43 E ficou muitos dias em Jope, com um certo Simão, curtidor. A atividade de curtidor não era desejável ou socialmente aceitável em Israel. O curtidor tinha de lidar com animais mortos, uma atividade contrária às práticas cerimoniais judaicas, para não mencionar o dissabor do trabalho em si e o odor desagradável com o qual tinha de lidar.

Índice: Atos 1 Atos 2 Atos 3 Atos 4 Atos 5 Atos 6 Atos 7 Atos 8 Atos 9 Atos 10 Atos 11 Atos 12 Atos 13 Atos 14 Atos 15 Atos 16 Atos 17 Atos 18 Atos 19 Atos 20 Atos 21 Atos 22 Atos 23 Atos 24 Atos 25 Atos 26 Atos 27 Atos 28