Significado de Atos 6

Atos 6

Atos 6 é um capítulo do livro de Atos do Novo Testamento que descreve a seleção e nomeação dos primeiros diáconos na comunidade cristã primitiva. O capítulo começa com o problema da distribuição de alimentos às viúvas da comunidade, que se tornou uma fonte de tensão entre os membros de língua grega e os de língua hebraica.

Em resposta a essa questão, os apóstolos pedem a nomeação de sete homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria para supervisionar a distribuição de alimentos. Os sete homens são selecionados e ordenados pelos apóstolos, e a questão é resolvida.

No geral, Atos 6 é um capítulo que destaca a importância da liderança servil dentro da comunidade cristã. O capítulo enfatiza a necessidade de líderes cheios do Espírito Santo e de sabedoria, e que se dediquem a servir aos outros. O capítulo também ilustra a unidade e a harmonia que podem ser alcançadas dentro da comunidade cristã por meio de uma liderança eficaz e da orientação do Espírito Santo.

Comentário de Atos 6

Atos 6:1 Os helenistas eram homens e mulheres de descendência judaica que nasceram fora de Israel. Eles falavam a língua grega, eram versados na cultura helenística e utilizavam a tradução grega do Antigo Testamento, Septuaginta (At 2.5). Os hebreus eram judeus palestinos que falavam o aramaico e utilizavam o texto hebraico. É possível que tenha havido certa animosidade entre os grupos, até mesmo entre os novos convertidos que se haviam vinculado mais recentemente ao movimento; algo que tenha dado lugar à desconfiança quanto ao tratamento dispensado às viúvas negligenciadas. Na Lei judaica, uma mulher não recebia herança. Ela era dependente de seu marido ou de algum outro parente.

Atos 6:2 Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. O ponto aqui não era culpar, mas descobrir o que poderia ser feito para remediar a aparente injustiça. Os apóstolos sabiam que a resolução do problema carecia de apoio e atenção. Embora os apóstolos fossem sensíveis o bastante para reconhecer a natureza da questão, eles também foram cuidadosos para reconhecer as prioridades estabelecidas pela vontade de Deus sobre os líderes da Igreja. Eles não podiam deixar de fazer aquilo que Deus os vocacionara para fazer, pregar e ensinar a Palavra de Deus, e conduzir a Igreja em oração, a fim de servir as mesas. Era preciso fazer algo para suprir as necessidades dos cristãos carentes. O trabalho de administrar e distribuir assistência aos necessitados teria de ser contínuo, portanto, um ministério de serviço, diferenciado do ministério da Palavra. A palavra serviço aqui e ministério (v. 4) é a mesma palavra traduzida em português, em outros contextos, por diácono.

Atos 6:3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões. Os líderes da Igreja incluíram toda a congregação no processo de escolha. O conselho local das comunidades judaicas normalmente consistia de sete homens conhecidos como os sete da cidade. Os tais eram conhecidos pelo seu comportamento exemplar na comunidade. No caso dos diáconos escolhidos para servir à Igreja, eles deviam ser escolhidos entre as pessoas de boa reputação, e entre os cheios do Espírito Santo e de sabedoria. A vida desses homens deveria ser condizente com a fé que professavam. Eles sabiam qual era a vontade de Deus e estavam comprometidos em levar seu testemunho até o fim de suas vidas (Ef 5.15-18). Assim, eles eram confiáveis para assumir tal responsabilidade e autoridade.

Atos 6:4 Oração e [...] palavra. Note a ordem aqui. A oração era uma atividade fundamental para os apóstolos (At 2.42).

Atos 6:5 E elegeram Estêvão [...] e Nicolau. Todos os nomes registrados nesse versículo são gregos. A escolha dos helenistas sem dúvida alguma foi um gesto sábio e cordial em favor daqueles que inicialmente tinham feito a reclamação relativa às viúvas (v. 1).

Atos 6:6 Os apóstolos não impuseram as mãos para os homens receberem o Espírito Santo, porque os sete eleitos já estavam cheios do Espírito Santo (v. 3, 5). Em vez disso, os apóstolos conferiram a eles a responsabilidade de levar a cabo aquele ministério. A imposição de mãos era uma tradição muito importante que remontava aos dias de Moisés (Nm 27.15-23) e identificava as pessoas e os ministérios que elas deveriam exercer.

Atos 6:7 Crescia a palavra de Deus. O que o Jesus Cristo tinha feito na vida das pessoas estava espalhando-se em toda a região. Homens e mulheres tornaram-se discípulos submissos ao senhorio de Cristo. Eles não estavam envergonhados da fé que professavam; ao contrário, com grande coragem suportavam o testemunho da verdade do evangelho que mudara suas vidas. Aquilo que Jesus havia prometido estava se cumprindo. Por causa dos salvos que partilhavam com os outros as boas-novas, a Igreja experimentou grande e extraordinário crescimento. Os que vieram a conhecer a Cristo não guardaram tal conhecimento para si, mas saíram e partilharam com os outros. Grande parte dos sacerdotes. Calcula-se que havia em Jerusalém ao menos oito mil sacerdotes. Lucas não está fazendo menção aqui aos que atacaram a fé (At 4.1, 2; 5.17, 18). A maioria desses sacerdotes não era das mais altas famílias sacerdotais. Eles tinham vocações comuns que lhes permitiam servir no templo periodicamente, caso semelhante ao de Zacarias, o pai de João Batista. Tratavam-se de homens humildes, sacerdotes dedicados a Deus que se tornaram obedientes à fé, que reconheciam ser Jesus o Cristo. O significado do serviço deles no templo foi elevado porque eles entenderam a verdade por trás dos rituais que executavam.

Atos 6:8 Estêvão estava cheio de sabedoria (v. 3), cheio do Espírito Santo (v. 5) e cheio de fé e de poder. Ele tinha os dons, a coragem e o brilho necessários para ser uma testemunha poderosa; ainda que seu testemunho fosse rejeitado pelos líderes religiosos. Os corações só se abrem pela ação de Deus, não por nossos dons, nossa coragem ou nosso brilho.

Atos 6:9-11 Alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos. A sinagoga era lugar de adoração, um centro comunitário para adoração e estudo das Escrituras. Em contraste, o templo era um centro de adoração para todo o judaísmo, o lugar exclusivo de certos rituais judeus como o sacrifício. Havia muitas sinagogas, tanto na Judéia como em toda a extensão do mundo romano. Esse versículo faz referência aos judeus do mundo helênico pertencentes aos muitos centros judaicos fora de Jerusalém.

Atos 6:12, 13 A resistência ao evangelho iniciara-se com o convite à discussão. Da discussão, partiram para o debate. Do debate, para a calúnia. Da calúnia, para a difamação e violência. Os antagonistas excitaram o povo e o convenceu de que a essência da fé judaica, aquilo que os judeus entendiam ser mais sagrado: o templo, a Lei, Moisés e o plano de Deus, estava sob ataque por meio da pregação de Estêvão. O assunto não era a obra de Cristo na cruz, mas o núcleo da religião judaica tradicional.

Atos 6:14 Este lugar. A importância do templo seria destruída pelo poder do evangelho que Estêvão pregara (At 7.48). Aquele evangelho cumpriria a revelação de Deus a Moisés, mas também seria responsável por mudar os costumes mosaicos, especialmente a compreensão desses costumes por parte dos líderes judeus. O restante do livro de Atos descreve tais conflitos (At 15.22-29; 21.27-29; 24.5-21).

Atos 6:15 Estêvão estava tão cheio do Espírito Santo que a sua face estava resplandecente (2 Co 3.18).

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