Significado de Atos 4

Atos 4

Atos 4 continua a história de Pedro e João e sua ousada proclamação da mensagem do evangelho em Jerusalém. O capítulo começa com a prisão de Pedro e João pelos líderes religiosos, que ficam perturbados com o ensino deles sobre Jesus Cristo e a ressurreição.

Apesar de enfrentar oposição e ameaças, Pedro e João testificam corajosamente a verdade do evangelho perante os líderes religiosos, enfatizando que a salvação não é encontrada em ninguém mais senão em Jesus Cristo. O capítulo também inclui a oração da comunidade cristã primitiva, na qual eles pedem a Deus ousadia e que sinais e prodígios sejam realizados em nome de Jesus Cristo.

No geral, Atos 4 é um capítulo que enfatiza a coragem e a convicção da comunidade cristã primitiva diante da perseguição e oposição. O capítulo destaca a importância de permanecer firme na fé e continuar a proclamar a mensagem do evangelho, mesmo quando for impopular ou perigoso fazê-lo. O capítulo também enfatiza o poder da oração e a necessidade do Espírito Santo capacitar os crentes para um testemunho eficaz.

Comentário de Atos 4

Atos 4.1-4 Os saduceus estavam doendo-se muito por duas razões. Primeiro, os saduceus eram céticos, rejeitavam todo o Antigo Testamento, à exceção do Pentateuco, ou seja, os cinco livros de Moisés. Eles também não acreditavam na ressurreição. O ensinamento de Pedro acerca da ressurreição desafiou as crenças e os ensinamentos deles. Segundo, os saduceus eram os líderes dos judeus naquele tempo. Eles eram provenientes de famílias abastadas, ligadas ao governo romano. Eles se vincularam ao poder vigente para manter sua posição, influência e riqueza. A última coisa que os saduceus queriam era uma dupla de judeus declarando a ressurreição de um rei. Lançaram mão deles e os encarceraram [...] muitos, porém [...] creram. A tentativa de silenciar a verdade de Deus prendendo as testemunhas de Jesus não foi capaz de reprimir a ação divina. Embora servos de Deus sejam encarcerados, a Palavra dele nunca é lançada em prisões (2 Tm 2.9). O resultado do aprisionamento de Pedro e João pelos saduceus foi a conversão de cinco mil pessoas à mensagem do evangelho.

Atos 4.5, 6 Reunirem-se em Jerusalém os seus principais. O Sinédrio, formado por 70 membros do sexo masculino e mais o sumo sacerdote, era a mais alta corte dos judeus. O grupo consistia dos mais ricos, mais bem-educados e mais poderosos homens de Israel.

Anás, o sumo sacerdote, ocupara o cargo de sumo sacerdote até 14 d.C., quando foi destituído pelos romanos. No tempo de Jesus, os sumos sacerdotes eram designados pelos governadores romanos. Aparentemente, Anás tinha-se tornado uma ameaça política para Roma. Entretanto, os judeus tendiam a rejeitar a autoridade romana em seus assuntos religiosos. Por essa razão, embora Anás tivesse sido oficialmente afastado do cargo, os judeus ainda o consideravam sumo sacerdote. Caifás, genro de Anás, foi o sumo sacerdote oficial no período de 18 d.C. a 36 d.C. João provavelmente foi o filho de Anás, que sucedeu Caifás em 37 d.C.

Atos 4.7 Pondo-os no meio, perguntaram. A cura do coxo era inquestionável (At 3.1-10), de forma que a questão não era se o homem havia sido ou não curado, mas pela autoridade ou pelo nome de quem o milagre tinha sido operado.

Atos 4.8-10 Pedro, cheio com o Espírito Santo. A referência feita à condição do apóstolo Pedro nessa passagem é a segunda menção no livro de Atos de alguém estar cheio do Espírito Santo (v. 31; At 2.4; 9.17; 13.9).

Grande satisfação inicial acompanhou o batismo no Espírito. A plenitude em Deus trouxe coragem aos primeiros cristãos para fazerem o trabalho de Deus. Jesus tinha prometido aos Seus discípulos que eles estariam diante dos governadores e reis, e que o Espírito de Deus colocaria em suas mentes tudo o que eles deveriam dizer (Mt 10.16-20). E interessante comparar as ações de Pedro quando dirigido pelo Espírito Santo de Deus, nesse episódio, e quando esteve assentado no pátio do templo, intimidado diante de duas criadas e outros que o questionaram a respeito de sua fé em Jesus (Mt 26.69-75). Naquela ocasião, Pedro negou a Cristo três vezes. Nessa ocasião (At 4.8-10), ele se levantou com coragem e intrepidez para testemunhar diante do Sinédrio, o mais importante tribunal judeu na terra.

Atos 4.11 A qual foi posta por cabeça de esquina. O Antigo Testamento faz alusão à pedra de esquina ou pedra angular (Jó 38.6); a pedra fundamental em uma fundação (Is 28.16); a pedra que serve para nivelar toda a obra (Jr 51.26); a pedra de esquina (Sl 118.22), ou a lápide (Zc 4.7). Assim, a imagem de uma pedra é usada para se referir tanto ao fundamento como ao nivelamento de uma fundação.

No primeiro século da era cristã, a referência à pedra principal era compreendida como alusiva à pedra colocada no ápice do templo de Jerusalém. A pedra angular era a pedra que unia duas paredes pelas suas extremidades, servindo para mantê-las ligadas uma à outra. Era também a pedra alicerçada em um dos cantos da construção de um edifício, servindo de ponto de partida para a edificação de todo o prédio. Pedro fez uso dessa metáfora para dizer que, quando as pessoas rejeitaram Jesus Cristo, elas rejeitaram o único capaz de levar a cabo o plano de Deus para a humanidade. O significado dessa ilustração era bem compreendido no primeiro século, especialmente entre os rabinos judeus e as pessoas que tinham conhecimento das Escrituras.

Atos 4.12 Nenhum outro nome há salvação. Apenas mediante a fé no Jesus histórico — o Filho de Deus encarnado, que morreu e apareceu redivivo — é possível que alguém seja salvo.

Atos 4.13 Embora Pedro e João fossem pescadores galileus destituídos de educação formal, eles falaram com confiança e liberdade. A apresentação do evangelho feita por esses simples pescadores era poderosa porque eles eram testemunhas oculares de tudo o que falavam (At 1.22).

Atos 4.14-18 Nada tinham que dizer em contrário. O Sinédrio reconheceu a veracidade do milagre operado. Os apóstolos ofereceram a explicação: os milagres eram obra do Cristo ressuscitado. Em vez de crer em Cristo, os membros do Sinédrio apenas demonstraram interesse em fazer um controle efetivo dos danos. Eles tentaram intimidar os apóstolos advertindo-os a não falar ou ensinar no nome de Jesus.

Atos 4.19-22 Julgai vós se é justo [...] ouvir-vos antes a vós do que a Deus. Não há nenhuma autoridade que se compare à autoridade de Deus. Quando a autoridade humana rejeita a autoridade divina, ela perde todo o direito de exigir ou estabelecer normas (At 5.29). Desde o princípio, homens e mulheres de Deus resistiram às autoridades e às ordens que se manifestaram contra a vontade de Deus (por exemplo: as parteiras, Êxodo 1; os pais de Moisés, Hebreus 11.23; Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, Daniel 3).

Atos 4.23-31 A resposta dos companheiros de Pedro e de João diante dos testemunhos dos apóstolos após a libertação deles foi uma manifestação espontânea de louvor, cânticos e oração.

Atos 4.32-37 Lucas observa que, para os cristãos primitivos, estar cheio do Espírito Santo não significava apenas participar da proclamação da Palavra de Deus, mas também compartilhar as posses com todos aqueles que passam por necessidade.

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