Significado de 2 Tessalonicenses 2

Significado de 2 Tessalonicenses 2




2 Tessalonicenses 2

2.1-12 — Este parágrafo é a essência da carta. Não somente é muito estratégico se em termos proféticos, mas nenhum outro trecho das Escrituras proféticas trata dos pontos específicos de revelação que são encontrados aqui.

2.1,2 — Depois de escrever 1 Tessalonicenses, Paulo foi informado que os cristãos em Tessalônica estavam sendo enganados por falsos mestres, que estavam confundindo os cristãos com ideias equivocadas acerca da segunda vinda de Jesus. A segunda carta de Paulo foi sua tentativa de corrigir estes mal-entendidos.

A palavra grega traduzida por reunião aqui e congregação em Hebreus 10.25 é encontrada somente nessas duas passagens do Novo Testamento. Na segunda referência, ela se refere à congregação local, enquanto aqui se refere à Igreja de Cristo. Essa será a primeira vez que toda a Igreja (incluindo todo cristão) estará reunida diante do Senhor para adorá-lo. A expressão parece referir-se ao evento descrito em 1 Tessalonicenses 4-17, no qual Paulo fala do encontro com o Senhor nos ares. O falso ensino era de que o Dia do Senhor, chamado de o Dia de Cristo aqui, (compare com 1 Ts 5.2-4) já havia chegado, trazendo com ele as tribulações pelas quais eles estavam passando. Portanto, alguns cristãos tessalonicenses acreditavam que a vinda de Cristo já havia passado. Paulo afirma que eles não deveriam acreditar nesse ensino, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se ele o tivesse dado. Paulo ensinou-lhes que o Dia do Senhor começa após o Arrebatamento (1 Ts 5.1-11). Contudo, se o Dia do Senhor já veio, eles perderam o Arrebatamento ou, anteriormente, o tema Arrebatamento não foi ensinado de forma correta pelo apóstolo. Paulo sentiu a necessidade de dar mais instruções para acalmar o coração dos novos convertidos.

2.3 — Quando Paulo escreveu 1 Tessalonicenses, os cristãos corriam o risco de perder a esperança na segunda vinda. Nessa carta, o apóstolo estava corrigindo algo totalmente oposto — que Jesus já havia vindo. Paulo restaura o equilíbrio na Igreja ao descrever alguns dos principais eventos que precederiam o dia do Senhor (1 Ts 5.1-11), em particular a apostasia e a manifestação do homem do pecado. Segundo o que Paulo declara, a apostasia deve acontecer primeiro.

O termo grego traduzido por apostasia normalmente significava uma rebelião militar. Mas, nas Escrituras, a palavra é usada para se referir à rebelião contra Deus. Portanto, alguns interpretam esse versículo como uma referência a um abandono geral da verdade. Essa apostasia rebelde prepararia o caminho para o Anticristo. Outros traduzem o termo como partida e entendem que seja uma referência ao Arrebatamento. Isto é, o homem do pecado não poderá ser revelado até que Cristo venha com o intuito de levar sua Igreja para estar com Ele. No que diz respeito à palavra propriamente dita, ela poderia referir-se a uma partida (apostasia) espiritual ou poderia referir-se a uma partida física (o Arrebatamento). Independente do modo como o termo seja entendido, trata-se de um evento que ocorre antes de o homem do pecado ser revelado. Paulo não usa o título Anticristo para esse homem, mas a descrição que faz dele forma um paralelo com a descrição do Anticristo feita por João (1 Jo 2.18; Ap 13). O homem do pecado levará o mundo à rebelião contra Deus (v. 10), realizará milagres por meio do poder de Satanás deus para ser adorado (v. 4).

2.4 — O homem do pecado irá declarar-se divino e sentar-se no templo de Deus, agindo como se fosse um deus. Muitos líderes na história se consideraram deuses, e o Anticristo é a declaração final dessa blasfêmia. Ele não tolerará que ninguém, a não ser ele mesmo, seja adorado (Ap 13.6-8). Observe os contrastes entre o verdadeiro Deus e o Anticristo.

Embora muitos quisessem ser considerados deuses, o verdadeiro ser divino se fez homem, humilhou-se e nos redimiu por meio do derramamento de Seu próprio sangue (At 20.28; Fp 2.6-8). Aquele que merece toda adoração e louvor não ordena adoração, mas, em vez disso, veio a este mundo como servo. Em contrapartida, aquele que merece apenas desprezo se apresenta como deus.

O homem do pecado provavelmente permanecerá em um templo físico em Jerusalém para se declarar deus, o cumprimento final da abominação desoladora mencionada por Daniel (Dn 7.23; 9.26,27; 11.31,36,37; 12.11) e por Jesus (Mt24.15; Mc 13.14). E possível que essas profecias já tenham parcialmente se cumprido quando Antíoco Epífanes ergueu um templo pagão a Zeus no templo em Jerusalém, em 167 a.C. (175— 164 a.C.), e quando Tito destruiu o templo em 70 d.C. Outros interpretam a referência de Paulo ao templo de Deus como uma referência à Igreja. Em outras palavras, o homem do pecado tentará desviar a verdadeira adoração da Igreja para si mesmo.

2.5 — Não vos lembrais. Paulo faz os tessalonicenses se lembrarem de seu ensino anterior sobre a segunda vinda de Jesus, confirmado em sua primeira carta para eles (1 Ts 4.13—5.11). Ele lhes havia ensinado que não passariam pela noite do juízo que viria sobre o mundo no dia do Senhor nem seriam objetos da ira de Deus (1 Ts 5.9).

2.6 — Este poder que detém não é identificado. Talvez seja a ordem civil estabelecida por Deus para conter o poder do mal (Rm 13.1-7). Uma vez que o versículo 7 se refere ao poder que detém como sendo uma pessoa, talvez seja o imperador romano, a personificação da lei romana. Outros acreditam que Paulo tem em vista a soma total do poder moral que existe na Igreja por meio da pessoa do Espírito Santo. Seja qual for o caso, Deus está no controle. O homem do pecado não poderá aparecer até que Deus o permita.

2.7 — Já o mistério da injustiça opera. O mal e o engano que o homem do pecado representa já existem neste mundo. João afirma que há muitos anticristos em ação no momento (1 Jo 2.18). Quem se opõe a Cristo e à Sua Igreja e procura enganar os outros para que adorem falsos deuses é contra Cristo e, nesse caso, é um anticristo. Um que, agora, resiste. Havia uma boa razão para explicar por que o homem do pecado não havia sido revelado. Aquele que o detinha naquele momento, provavelmente o Espírito de Deus, tinha de ser tirado do mundo. Deus tem restringido o pecado no mundo por meio do poder do Espírito Santo. O Espírito trabalha diretamente por meio da Palavra, de pessoas piedosas e de Seus santos anjos para fazer avançar o Reino de Deus e deter o mal.

Alguns interpretam a expressão seja tirado nesse versículo como uma referência ao Arrebatamento, pois a Igreja não poderá existir sem a presença do Espírito. Portanto, a retirada da Igreja por meio do Arrebatamento será, na verdade, a retirada de tudo o que detém o poder do pecado neste mundo. Há várias outras interpretações para esse versículo e a identidade de quem detém o pecado. O Estado romano, o imperador de Roma, a obra missionária de Paulo, o Estado judeu ou o princípio da Lei e do governo incorporado no Estado foram propostos como aquilo que detém a injustiça.

2.8,9 — Embora seja revelado como alguém extremamente poderoso (Ap 13.7), o homem do pecado será destruído por Cristo e lançado no lago de fogo quando o Senhor vier (Ap 19.19,20). O poder, e sinais, e prodígios de mentira do iníquo serão ofuscados pela glória e esplendor de Cristo em Sua segunda vinda. È significativo observar que Satanás, a fim de promover sua mentira no final dos tempos e se passar como um deus, usará o mesmo tipo de poder, sinais e prodígios que o Espírito de Cristo usou no início dos tempos para autenticar a verdade sobre si mesmo como Deus (2 Co 12.12; Hb 2.4).

2.10.11 — A condenação do homem do pecado se estende a seus seguidores, que não receberam o amor de verdade a fim de serem salvos [e rejeitaram]. Embora muitos venham para Cristo após o Arrebatamento, aqueles que rejeitam a Cristo antes deste acontecimento também não irão recebê-lo depois. Sem dúvida, muitos que ouviram falar superficialmente do evangelho e afastaram-se ainda poderão ser salvos após o Arrebatamento; ao contrário daqueles que foram convencidos pelo Espírito e, intencionalmente, se afastaram.

2.11.12 — Deus lhes enviará a operação do erro. Deus não é o autor do engano, mas permite que aqueles que rejeitam a verdade sejam enganados pela falsidade. Seguindo essa falsidade, eles serão eternamente condenados (NVI). Nós nos perdemos quando optamos pela iniquidade e ela se torna nossa fonte de prazer. O ensino de Paulo sobre a segunda vinda de Jesus, de acordo com 1 e 2 Tessalonicenses, pode ser integrado. Os cristãos que morreram, sem dúvida, participarão da volta de Cristo (1 Ts 4.13-18). Os cristãos que estiverem vivos deverão se preparar para não serem apanhados de surpresa pela volta de Cristo, como acontecerá com os incrédulos (1 Ts 5.1 -11). Por outro lado, os cristãos não devem pensar que a segunda vinda ocorreu e eles foram deixados. Embora Cristo possa vir muito em breve, primeiro o iníquo se levantará para liderar uma grande rebelião contra Deus (2 Ts 2.1-12).

2.12 — Os incrédulos também receberão a condenação daqueles que rejeitaram a verdade e tiveram prazer em sua própria iniquidade. Rejeitar à verdade do evangelho sempre resulta em condenação. Até aqueles que nunca ouvem o evangelho podem rejeitar à revelação de Deus na natureza (Rm 1.18-21).

2.13 — Nestes versículos, Paulo enfatiza a importância de crer na verdade. Mais uma vez, ele começa com ações de graças (2 Ts 1.3; 1 Ts 1.2; 2.13; 3.9). Paulo estava sempre dando graças ao Senhor pelos cristãos. Ele sempre agradecia pela salvação deles, que estava baseada na escolha deles por Deus, na obra divina realizada neles por meio do Espírito e da Palavra, e na glorificação final deles.

Elegido. O tempo grego deste verbo indica que, no passado, Deus escolheu os tessalonicenses para serem Seu povo, separado como santo para Ele. A salvação deles foi realizada pelo Espírito quando eles depositaram sua fé em Cristo. Contudo, observe o equilíbrio do Espírito e a verdade (a Palavra). O Espírito sem a Palavra é mudo; ele não tem nada a dizer. A Palavra sem o Espírito não tem vida; ela não tem poder para agir. A obra do Espírito está sempre ligada à obra da Palavra para convencer o cristão da verdade.

2.14 — Nosso evangelho. Em 1 Ts 1.5, Paulo usa essa expressão para falar da boa notícia de que Jesus morreu por nós. Em outras passagens, ele a chama de evangelho de Cristo (1 Ts 3.2) e evangelho de Deus, o Pai (1 Ts 2.8). Essa é a mensagem que Paulo confiantemente proclamou entre os tessalonicenses em poder, e no Espírito Santo (1 Ts 1.5).

Para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo deixa claro que os tessalonicenses já foram salvos (v. 13) e que somente Deus os chamou. Agora, porém, ele mostra a responsabilidade que os tessalonicenses têm de responder à obra de Deus realizada neles. Por meio do poder do Espírito (v. 13), os tessalonicenses devem se preparar nesta terra para um futuro glorioso com Cristo, vivendo de um modo santo (2 Ts 1.10; 1 Ts 4.1,2).

2.15 — Tradições referem-se às instruções passadas de uma pessoa para outra. Às vezes, a palavra se refere a tradições humanas, opiniões de pessoas e especulações. Mas, nesse caso, Paulo está se referindo à verdade revelada de Deus que não contém erro. Foi isso que Paulo passou para eles. Ele comunicou parte da verdade de Deus quando esteve pregando entre eles, mais um pouco de verdade por meio de sua primeira epístola e, agora, estava comunicando mais verdade por meio de uma segunda carta.

O Novo Testamento ainda não havia sido escrito, e as crenças essenciais da fé cristã estavam sendo comunicadas por meio de pregações e cartas dos apóstolos. Tendo crido na verdade, os cristãos tessalonicenses agora deveriam guardá-la e permanecer firmes em sua fé. Usar a verdade é uma maneira garantida de retê-la. Se não a usar, a pessoa a perde. Se os tessalonicenses tivessem permanecido firmes na verdade, a confusão sobre a vinda de Cristo que Paulo agora estava tendo de corrigir teria sido evitada.

2.16,17 — Enquanto se prepara para as instruções que seguem no capítulo 3, Paulo ora para que Deus encoraje os tessalonicenses e os firme na verdade (uma oração similar é encontrada em 1 Ts 3.11 -13). Eles só poderiam ter esperança porque Deus com graça os escolheu como Seu povo, os amou e lhes deu a salvação eterna. Paulo usa console e conforte no singular com o sujeito no plural, Jesus Cristo e o Pai, para indicar a unidade e a igualdade dessas duas pessoas da deidade (1 Ts 3.11).