Significado de 1 Crônicas 5

1 Crônicas 5

5.1, 2 Nesta passagem, o cronista explica por que ele não traça as genealogias dos filhos de Jacó em ordem cronológica. Normalmente, o filho mais velho de uma família antiga se tornava o cabeça da família depois da morte do pai, bem como recebia uma porção da herança muito mais generosa que os outros irmãos. Mas Rúben, o primogênito de Jacó, havia-se deitado com a concubina de seu pai, talvez esperando garantir seus direitos (Gn 35.22). Por causa desse abominável ato, ele perdeu sua primogenitura. Jacó abençoou os filhos de José, Efraim e Manassés (Gn 45.15-22), transmitindo, assim, a primogenitura a José e aos seus filhos. A prerrogativa concedida a José não dava a ele, entretanto, o direito de governar as tribos e a nação; esse privilégio foi dado a Judá. Judá foi poderoso. Deus, voluntariamente, escolheu- a como a tribo por meio da qual Seu Rei e Libertador messiânico viria (Gn 49.10). O príncipe de Judá foi Davi e a sua dinastia, um fato bem conhecido pelos antigos israelitas.

5.3-6 Novamente, a genealogia é projetada para um tempo posterior, à parte da deportação israelita feita pelo rei da Assíria, Tiglate-Pileser (745—727 a.C.). Apesar de a tribo de Rúben ter quase desaparecido por completo do registro histórico na época da monarquia, ainda havia indivíduos que se identificavam como rubenitas, como se observa nesta passagem.

5.7-9 Parte da razão da ausência de Rúben no registro histórico está na necessidade que a tribo teve de buscar terras com mais pasto para seus animais. Os rubenitas foram até o deserto a leste, mais especificamente, até o rio Eufrates. Por isso, foram os primeiros a serem deportados pelos assírios (1 Cr 5.6).

5.10, 11 Gade habitou próximo a Rúben e à meia tribo de Manassés. Gade foi uma das tribos que buscaram a permissão de Moisés para acampar a leste do Jordão, em vez de ao oeste (Nm 32.1-42). Rúben ocupou a área a leste do mar Morto e o baixo vale Jordão; Gade, a terra de Basã até o rio, a leste; e Manassés, a terra a leste e ao norte do mar da Galiléia.

5.12-17 Mais uma vez, o cronista faz alusão às suas fontes. Desta vez, a registros genealógicos do tempo de Jotão (750—735 a.C.) e de Jeroboão II (793—753 a.C.). A sua intenção era enfatizar que as genealogias eram fundamentadas em pesquisa de documentação sólida, em textos que precediam mais de 300 anos o seu tempo.

5.18, 19 Os hagarenos e seus aliados, provavelmente, eram povos esquecidos que começaram a sentir opressão da população israelita crescente. Os seus esforços de resistência aos israelitas aconteceram nos dias de Saul (1 Cr 5.10), apesar das narrativas de Saul não os mencionarem.

5.20 E foram ajudados. Tal ajuda veio do próprio Deus, em resposta às suas orações. Os povos de Rúben, Gade e Manassés formaram um exército de mais de 44 mil homens (1 Cr 5.18), mas foi, na verdade, o Senhor quem lhes deu a vitória.

5.21, 22 De Deus era a peleja. Isso confirma o fato de o Altíssimo ter ajudado os israelitas (fato descrito no verso 20) e vai além, mencionando o termo do Antigo Testamento conhecido como a peleja do Senhor. Por vezes, Deus comandou um ataque como um meio de alcançar Seus propósitos de conquista e ocupação da Terra Prometida (Dt 20.1-20). Nesses tempos, Deus deixou claro que a batalha era de iniciativa dele, e Ele garantiria o sucesso. Até ao cativeiro. A luz dos versos 6 e 26, o cativeiro deve ser o do rei da Assíria, Tiglate-Pileser, que causou a morte de uma porção significativa da população israelita (2 Rs 15.29).

5.23-26 O famoso rei Tiglate-Pileser, que reinou por volta de 745-727 a.C., segundo os anais assírios, foi um dos mais poderosos governantes do período neoassírio. O cronista se refere a ele como Pul (2 Rs 15.19), e já se acreditou que isso tenha sido puro fruto da imaginação do autor, ou seja, provavelmente, ele tenha criado tal personagem. No entanto, o fato é que Pul foi encontrado nos registros de Tiglate com o nome de Pulu, um termo real usado alternativamente. Gozã é uma cidade no rio Habor, também conhecida como Guzana (atual Tell Halâf), conforme descobertas arqueológicas.

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