Significado de 1 Crônicas 21

1 Crônicas 21

21.1 A palavra Satanás significa Inimigo. A princípio, esse nome era usado para denotar o inimigo. Mais tarde, tornou-se um nome próprio (Zc 3.1,2). O Novo Testamento o identifica como o mal, o diabo e o dragão, relacionando-o à serpente do jardim do Éden (Gn 3.1).

Incitou Davi. Samuel atribuiu o impulso de Davi a fazer o censo do povo à vontade do próprio Deus (2 Sm 24.1). A aparente contradição pode ser esclarecida reconhecendo-se que, como Satanás é o autor de todo o mal, ele não poderia exercer suas más intenções sem a permissão de Deus. Logo, o Senhor podia usá-lo na realização dos Seus propósitos de julgamento (1 Rs 22.19-23) ou de disciplina (como nesta ocasião, com Davi).

21.2 Ide, contai. O plano de Davi de realizar um censo não era mau, visto que o próprio Senhor já havia ordenado que se contasse o número de israelitas outras vezes (Nm 1). Davi errou em sua atitude: quis vangloriar-se. Ele queria saber quantos israelitas estavam sob seu comando para se orgulhar (2 Sm 24-1).

Berseba até Dã. Essa era a maneira tradicional de descrever Israel, do sul ao norte. A distância era cerca de 240km.

21.3-5 Joabe estava apreensivo quanto à ordem arrogante de Davi, pois um recenseamento traria castigo não somente ao rei, mas também aos cidadãos inocentes, os quais Joabe cita como os servos de Davi. Os posicionamentos de Davi como rei e pastor do seu povo influíam diretamente na vida das pessoas.

Causa de delito. Em um corajoso apelo, Joabe mostrou a Davi que, se ele pusesse em prática as suas decisões, ele, fatalmente, teria de prestar contas pessoalmente pelos resultados que viriam.

21.6, 7 Os homens de Levi, dedicados que eram ao sacerdócio, eram comumente isentos do serviço militar (Nm 1.47-49).

Benjamim. A razão de essa tribo ter sido excluída pode ter sido em função do julgamento de Deus ter-se iniciado antes que o trabalho fosse terminado (1 Cr 27.24). Talvez, Joabe, simplesmente, tenha abandonado a tarefa antes de seu término por causa de sua revolta.

21.8 Pequei. Davi culpou a si mesmo pelo julgamento de Deus que caiu sobre a nação. Ele, acertadamente, cria no fato de que, se Deus o perdoasse, a aflição do povo cessaria.

21.9 Gade é o segundo profeta citado no livro (1 Cr 17.1). Ele também tem um livro de Crônicas, o qual o autor menciona (1 Cr 29.29). Aqui, o cronista chama Gade de vidente, uma pessoa que vê ou recebe revelações do Senhor. O autor de Samuel se refere a ele utilizando o termo familiar profeta (1 Sm 22.5).

21.10, 11 Três coisas te proponho. Essa é a única vez na Bíblia em que Deus oferece diferentes formas de punição a alguém.

21.12 O termo o anjo do SENHOR é usado ao longo do Antigo Testamento para falar de Yahweh de forma antropomórfica, senão humana. Logo, quando o anjo visitou Abraão em Manre, tratava-se do próprio Yahweh (Gn 18.3, 16, 17, 22). Foi também o anjo do Senhor que apareceu a Gideão (Jz 6.11, 15, 22) e aos pais de Sansão (Jz 13.3, 6, 16, 18, 21, 22). A combinação de anjo com peste, neste contexto, é remanescente da história da Páscoa.

21.13, 14 Davi conhecia a misericórdia do Senhor, um Deus que perdoa. A disposição de Davi para cair nas mãos do SENHOR demonstrava sua completa confiança na graça divina. Até mesmo quando Deus o estava castigando, Davi confiou nele, em vez de ter confiança nos homens, pois a natureza perdoadora de Deus oferecia complacência sem igual.

21.15 O Senhor demanda do ser humano certas condições para que Ele aja de uma maneira ou de outra. Uma delas é a oração, pois, frequentemente, Deus escolhe agir em casos específicos de acordo com a maneira como o indivíduo clama. Sem sombra de dúvida, aqui, este é o caso, pois o Senhor mandou um anjo a Jerusalém para a destruir, mas, quando Ele viu o arrependimento de Davi e ouviu a sua intercessão (v. 17), Ele se arrependeu. Omã, o jebuseu, era membro de uma população nativa de Jerusalém que permaneceu para compartilhar a cidade com os conquistadores israelitas (1 Cr 11.4; Jz 1.21). Como Ornã possuía uma propriedade, uma eira (1 Cr 13.9), pode-se dizer que ele era rico, um interessante fato em face da geralmente desprezada terra dos jebuseus (Ex 13.5; 23.23; 33.2; 34.11; Dt 7.1; 20.17; Js 3.10).

21.16 Panos de saco eram vestimentas rústicas, normalmente feitas de pelos de bode (Is 50.3), vestidas em ocasião de luto para expressar pesar (1 Rs 21.27; Is 32.11). Davi e os anciãos de Israel estavam vestidos dessa forma por causa da terrível calamidade que assolava a nação, a praga.

21.17 Chamando seu povo de ovelhas, Davi considerava-se seu pastor (1 Cr 17.7). Como a designação começou no contexto das promessas da aliança de Deus, a referência de Davi ao seu povo como ovelhas, provavelmente, confirmava seus sentimentos de infidelidade e irresponsabilidade com relação à aliança. Ele devia guiar seu rebanho para a paz e segurança, mas, em sua arrogância com o recenseamento, acabou levando-o para o mal.

21.18, 19 Erguer um altar em tempos de julgamento ou de julgamento iminente tinha o propósito de oferecer sacrifícios propiciatórios. O pecado havia causado uma separação entre Deus e Seu povo. A apresentação de holocaustos e sacrifícios pacíficos apropriados (1 Cr 21.26) era capaz de promover a reconciliação, como dizia a Lei (Nm 15.140).

Eira. O altar foi erguido precisamente onde o anjo do Senhor pôs-se com a espada desembainhada para a destruição de Jerusalém (1 Cr 21.15). Esse lugar de julgamento se tornou, portanto, lugar de graça e perdão.

21.20, 21 Ornã estava trilhando o trigo não porque estava indiferente ao aparecimento do anjo, mas porque seus filhos viram o anjo e se esconderam sem o notificar, enquanto ele trabalhava no momento em que percebeu a presença do ser angelical.

21.22, 23 Dá-me este lugar da eira. A intenção de Davi era construir o altar precisamente nesse lugar, pois foi onde se pôs o anjo com a espada desembainhada (1 Cr 21.15) e, no passado, onde Abraão havia-se preparado para oferecer Isaque como sacrifício a Deus (Gn 22.1,2; 2 Cr 3.1), o que, certamente, era de conhecimento de Davi. Não havia melhor lugar que este santo lugar para Davi erguer um altar no qual expiasse seus pecados e livrasse a nação da peste.

21.24 Davi, novamente, mostrou uma clara percepção da essência do sacrifício. Ele não ofereceria holocausto algum a Deus que não representasse sacrifício a ele. Por isso, fez questão de comprar de Ornã o lugar.

Sem custo. Davi podia ter aceitado os presentes de Ornã gratuitamente, mas isso não seria um sacrifício verdadeiro. Um real sacrifício ao Senhor iria requerer esforço e investimento da parte de Davi.

21.25 O cronista, neste trecho, citou o preço total, que, provavelmente, envolvia um valor alto para muitos acres de terra. O fato de o templo ter sido construído neste lugar, algum tempo depois, sugere uma vasta área.

21.26, 27 Da mesma forma que os três anos de seca se findaram nos dias de Elias, quando o profeta pediu fogo dos céus no sacrifício no Carmelo (1 Rs 18.38, 41), os três dias da peste divina sobre Israel encontraram seu fim com o sacrifício na eira de Ornã.

21.28 Sacrificou ali. Como Davi percebeu que aquele altar fora santificado pelo Senhor, ele continuou a usá-lo regularmente para oferecer holocaustos.

21.29 Este versículo ensina explicitamente que o tabernáculo original e o altar do holocausto não haviam sido destruídos quando a arca fora levada de Siló. O registro do Antigo Testamento não traça completamente seus trajetos após terem passado por Siló, mas, certamente, sua estação terminal foi Gibeão (1 Cr 15.1).

21.30 Não podia Davi ir ali. Era o costume de Davi oferecer holocaustos no altar de Gibeão, em vez de Jerusalém. No entanto, ele não arriscaria ir a Gibeão desta vez, tendo em vista o julgamento que Deus estava prestes a realizar na terra. Ele entendia que seus holocaustos tinham de ser oferecidos onde ele estava — na eira de Ornã.

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