Salmos 68 — Comentário de Matthew Henry

Salmos 68 — Comentário de Matthew Henry
Versículos 1-6: Uma oração; a grandeza e a bondade de Deus; 7­ 14: As obras maravilhosas que Deus realiza por seu povo; 15-21: A presença de Deus em sua Igreja; 22-28: As vitórias de Cristo; 29-31: O crescimento de sua Igreja; 32-35: A glória e a graça de Deus.

Vv. 1-6. Jamais alguém que endureceu o seu coração contra Deus conseguiu prosperar. Deus é o gozo do seu povo; então, regozijemo-nos quando formos a Ele. AquEle cujo ser não se origina de outro, mas que dá o ser a todos, está voluntariamente comprometido por sua promessa e pelo pacto, a abençoar seu povo. O Senhor deve ser louvado como o Deus de misericórdias e de terna compaixão. Ele cuida do aflito e oprimido; os pecadores arrependidos, indefesos e expostos, mais do que qualquer outro órfão de pai, são recebidos em sua família e compartilham todas as suas bênçãos.

Vv. 7-14. As novas misericórdias nos recordam as bênçãos anteriores. se Deus leva o seu povo ao deserto, assegura-se de ir adiante dele e de tirá-lo dali. Ele lhe proveu todo o necessário, tanto no deserto quanto em Canaã. Nesta passagem, parece que se faz alusão ao maná.

Observe a provisão espiritual para o Israel de Deus. O Espírito da graça e o Evangelho de Cristo são a chuva abundante com a qual Deus confirma a sua herança, e da qual temos o seu fruto. Cristo virá como a chuva que rega a terra.

O relato das vitórias de Israel deve ser aplicado às do Excelso Redentor sobre a morte e o inferno, porque são suas. Israel via-se infeliz em meio aos fornos do Egito; porém, como o possuidor de Canaã durante os reinados de Davi e Salomão, aparece glorioso. Da mesma maneira, os escravos de Satanás reluzem honradamente quando se convertem a Cristo, e são justificados e santificados por Ele. Quando chegarem ao céu, desaparecerão todos os resquícios de seu estado pecador; serão como as asas de pombas cobertas com prata, e suas penas como de ouro. A completa salvação embranquece como a neve os que eram vis e asquerosos, devido à culpa e à corrupção do pecado.

Vv. 15-21. Aqui é feita alusão à ascensão de Cristo, e a esta é aplicada a passagem em Efésios 4.8. Como compra através de sua morte, Ele recebeu os dons necessários para a conversão dos pecadores e a salvação dos crentes. Ele concede estes dons continuamente, até mesmo aos rebeldes, para que o Senhor Deus possa habitar entre eles como seu Amigo e Pai.

Após receber do Pai o poder para dar a vida eterna, o Senhor Jesus concede dons aos homens, a todos que lhes forem dados (Jo 17.2). Cristo veio a um mundo rebelde não para condená-lo, mas para que pudesse ser salvo por meio dEle. A glória do Rei de Sião é ser o Salvador e o Benfeitor de todo o seu povo, que vem a Ele voluntariamente e é um fogo consumidor para todos os que persistem em rebelião. Os dons do tesouro de Deus são tantos e tão grandes, que verdadeiramente podemos dizer que Ele nos cumula com estes. Ele não nos deixará com os bens presentes, como se estes fossem a nossa porção, mas será o Deus da nossa salvação.

O Senhor Jesus Cristo tem a autoridade e o poder para resgatar os seus do domínio da morte, a fim de tirar destes o aguilhão dela quando morrem, e dá-lhes a vitória completa sobre ela quando ressuscitam. A coroa da cabeça, principal orgulho e glória do inimigo, será derribada; Cristo terá esmagado definitivamente a cabeça da serpente.

Vv. 22-28. As vitórias com que Deus abençoou a Davi, sobre os inimigos de Israel, tipificam as conquistas do próprio Cristo, que venceu em favor dos crentes. Os que o tomam como seu podem vê-lo agir como seu Deus, e como o seu Rei, para o bem deles mesmos, e em resposta às suas orações; especialmente em sua Palavra e em seus mandamentos.

Todos os reis e entendidos do mundo submeter-se-ão ao reino do Messias.

No v. 28 o povo parece dirigir-se ao rei; porém, as palavras são aplicáveis ao Redentor, à sua Igreja e a cada verdadeiro crente. Oramos a fim de pedir que tu, ó Deus Filho, completes a tua obra a nosso favor, para que concluamos em nós a tua boa obra.

Vv. 29-31. Estende-se aos que estão de fora um poderoso convite para que se unam à Igreja. Alguns se submeterão por amor; oprimidos por suas consciências e pelas provas da providência divina, serão levados a fazer as pazes com a Igreja. Outros se submeterão voluntariamente (vv. 29,31). No serviço a Deus, e no Evangelho do Senhor Jesus Cristo, que foi propagado desde Jerusalém, há beleza e proveito suficientes para convidar os pecadores de todas as nações.

Vv. 32-35. Deus deve ser admirado e adorado com reverência e santo temor, por todos os que vão aos seus lugares santos. O Deus de Israel dá força e poder ao seu povo. Tudo podemos através de Cristo, que nos fortalece, e não de outro modo; portanto, Ele deve ter a glória de tudo o que fizermos, com a nossa humilde gratidão por capacitar-nos para fazê-lo, e por aceitar a obra de suas mãos em nós.