Salmos 13 — Comentário de Matthew Henry

Salmos 13 

O salmista queixa-se de Deus tê-lo abandonado há muito tempo; ora fervorosamente, e pede consolo; assegura para si uma resposta de paz. Às vezes, Deus esconde o seu rosto e deixa os seus filhos em trevas, em relação ao seu interesse nEle; e isto eles carregam em seus corações mais do que qualquer outra aflição externa.

Porém, as preocupações e a solicitude são cargas pesadas com que os crentes costumam carregar-se acima do que é necessário. O pão da aflição é, às vezes, o alimento diário de alguns dos que são santificados; o nosso próprio Mestre foi um homem de dores. Quando a tentação dura muito tempo, costumamos frequentemente pensar que ela ficará para sempre. Os que há muito tempo permanecem sem sentir a alegria, começam a perder as esperanças. Jamais devemos permitir a nós mesmos que formulemos alguma queixa, mas somente as que nos coloquem de joelhos. Nada mata mais a alma do que a falta do favor de Deus; nada reaviva mais do que o retorno dele.

As mudanças súbitas e agradáveis do livro de salmos são frequentemente muito notáveis. Passamos da profundidade do desespero ao cume da confiança e do gozo religioso. Assim acontece no v. 5. Tudo é uma reprovação sombria no v. 4; porém aqui, a mente do adorador deprimido eleva-se acima de todos os seus temores inquietantes, e lanças e sem reservas à misericórdia e ao cuidado de seu divino redentor. Observemos aqui o poder da fé, e quão bom é nos aproximarmos de Deus. se levarmos as nossas preocupações e pesares ao trono da graça e os deixarmos ali, podemos ir embora como Ana, e o nosso semblante já não será mais triste (1 Sm 1.18). A misericórdia de Deus é o sustento da fé do salmista. É como se o salmista dissesse: "confiar em ti me consola, ainda que eu não tenha algum mérito".

A sua fé na misericórdia de Deus encheu o seu coração de gozo em sua salvação, pois o gozo e a paz vêm da fé. O salmista era tratado com abundância. Pela fé, estava confiado na salvação como se esta já estivesse completa.

Desta maneira, os crentes vertem as suas orações e renunciam a todas as esperanças que não sejam na misericórdia de Deus, através do sangue do Salvador; encontrarão, às vezes subitamente e, em outras ocasiões, gradualmente, que as suas cargas são retiradas e o seu consolo é restaurado; então, reconhecem que os seus temores e queixas eram desnecessários, e reconhecem que o Senhor os tem tratado com generosidade.