Jó 9 — Comentário de Matthew Henry

Jó 9 — Comentário de Matthew Henry

Jó 9 — Comentário de Matthew Henry


Jó 9

Versículos 1-13: Jó reconhece a justiça de Deus; 14-21: Jó não se atreve a contender com Deus; 22-24: Os homens não devem ser julgados pelas condições externas; 25-35: Jó queixa-se dos problemas.

Vv. 1-13. Ao negar que é um hipócrita, Jó declara com esta resposta que não duvida da justiça divina, pois como poderia um homem ser justo diante de Deus? Diante dEle, declara-se culpado de mais pecados do que pode contar; e se Deus contendesse com ele a fim de julgá-lo, ele não poderia justificar sequer um dos milhares de pensamentos, palavras e ações de sua vida; portanto, mereceria algo pior que todos os seus sofrimentos atuais.

Quando Jó menciona o poder e a sabedoria de Deus, esquece-se de suas queixas. Não somos aptos para julgar os procedimentos de Deus por não sabermos o que Ele faz nem o que o que planeja. Deus atua com um poder que nenhuma criatura pode resistir. Os que pensam ter forças suficientes para ajudar a outros, não poderão ajudar-se a si mesmos contra isto.

Vv. 14-21. Jó permanece justo diante de seus próprios olhos, (32.1) e esta resposta, ainda que estabeleça o poder e a majestade de Deus, significa que a questão entre o aflito e o Senhor da providência é de poder, e não de direito; assim, descobrimos os maus frutos do orgulho e do espírito de justiça própria. Jó começa a manifestar uma disposição de condenar a Deus para justificar-se, pelo que depois é reprovado. Jó conhecia tanto a si mesmo que não se atrevia a enfrentar um juízo. se dissermos que não temos pecados, não somente enganamos a nós mesmos, mas afrontamos a Deus porque pecamos ao dizer isso, e acusamos a Escritura de ser mentirosa. Porém, Jó reflete sobre a bondade e justiça de Deus, ao dizer que a sua aflição era sem causa.

Vv. 22-24. Jó toca brevemente no ponto principal deste debate. Seus amigos sustentam que os retos e bons sempre prosperam neste mundo. Ninguém, senão o homem mau, está na miséria e aflição: por outro lado, diz-se que é comum o homem mau prosperar e o homem reto ser afligido. Porém, existe uma excessiva paixão no que Jó disse aqui, porque Deus não aflige voluntariamente. Quando o nosso espírito está inflamado com o debate e o descontentamento, devemos colocar guarda em nossos lábios.

Vv. 25-35. Que pouca necessidade temos de passatempos, e que grande necessidade de remir o tempo, quando este corre tão veloz para a eternidade! Quão vãos são os prazeres temporais, os quais podemos perder completamente enquanto o tempo segue sua marcha! A memória de haver cumprido com nosso dever será sempre agradável posteriormente; porém, não será assim a memória de haver tido riquezas terrenas, quando estas se perdem e se acabam.

A queixa de Jó em relação a Deus referia-se à dificuldade de apaziguá-lo e fazer com que Ele deixasse de ser tão rigoroso; e esta foi a linguagem da corrupção de Jó. Existe um Mediador, um Intermediário, um Árbitro para nós, o Amado Filho de Deus, que adquiriu a paz para nós com o sangue que derramou na cruz, que é capaz de salvar a todos os que vêm a Deus por meio dEle. Se confiamos em seu nome, nossos pecados serão lançados nas profundezas do mar (Mq 7.19), seremos lavados de toda nossa imundícia e mais alvos que a neve, de maneira que ninguém poderá acrescentar algo à nossa conta. Seremos vestidos com as vestes da justiça e da salvação, adornados com a graça do Espírito Santo, e apresentados irrepreensíveis diante da presença de sua glória, com gozo supremo. Aprendamos a diferença entre justificarmo-nos a nós mesmos, e sermos justificados pelo próprio Deus.

Que a alma tempestuosa considere o caso de Jó, e esteja atenta aos demais que já passaram por este abismo espantoso; ainda que lhes pareça difícil acreditar que Deus os ouve e os livra, ainda assim Ele repreendeu a tormenta e levou os seus ao porto desejado. Resisti ao Diabo; não deis lugar aos pensamentos maus acerca de Deus, nem às conclusões desesperadas sobre vós mesmos. Ide àquEle que convida ao cansado e sobrecarregado, e promete que de maneira alguma os lançará fora.