Jó 8 — Comentário de Matthew Henry


Jó 8 — Comentário de Matthew Henry

Jó 8 — Comentário de Matthew Henry


Jó 8

Versículos. 1-7. Bildade repreende Jó; 8-19: Os hipócritas serão destruídos; 20-22: Bildade aplica o justo tratamento de Deus para com Jó.

Vv. 1-7. Jó falou muito sobre o propósito; porém, Bildade, causador de polêmicas, irado e obstinado, procura reverter toda situação quando diz: "Até quando falarás tais coisas?" Quando não se entende bem o que os homens querem dizer, estes são repreendidos como se fossem malfeitores. Até nas discussões sobre religião é muito comum tratar-se com perspicácia aos demais, e os seus argumentos com desprezo. O discurso de Bildade mostra que ele não tinha uma opinião favorável sobre o caráter de Jó.

Jó reconhece que Deus não perverte o juízo; contudo, isto não significa que os seus filhos fossem imorais ou tinham morrido por causa de uma grande transgressão. As grandes aflições nem sempre são castigos de pecados extraordinários; às vezes, são provas para alcançarmos muitas graças. Ao julgar o caso de outra pessoa, devemos levar em conta o lado favorável.

Bildade dá esperanças a Jó, de que se ele realmente fosse reto, ainda teria uma solução para os seus atuais problemas. Esta é a maneira que Deus usa para enriquecer as almas de seu povo com graças e consolações. O inicio é pequeno, mas o progresso vai até a perfeição. A luz da alva aumenta e transforma-se em melodia.

Vv. 8-19. Bildade faz um excelente discurso sobre os hipócritas e malfeitores, e o fim fatal de todas as suas esperanças e prazeres. Ele prova a verdade da destruição das esperanças e prazeres dos hipócritas, com uma apelação aos tempos passados. Bildade refere-se ao testemunho dos antigos. Os que ensinam melhor são os que emitem palavras de seu coração, e falam da experiência de coisas espirituais e divinas. Um junco que cresce em um lamaçal parece muito verde; porém, murcha-se em terreno seco; isto representa a profissão do hipócrita que somente se mantém em tempos de prosperidade. A teia de aranha fiada com destreza, mas que se desfaz facilmente, representa as pretensões religiosas de um homem quando não tem a graça de Deus em seu coração. Um professo formal afaga-se aos seus próprios olhos, não duvida de sua salvação, sente que está seguro e engana ao mundo com sua vã confiança. O florescimento de uma árvore, plantada em um jardim cujas raízes chocam-se com a rocha, e depois de um tempo é cortada e lançada fora, representa os homens maus que, quando estão mais firmemente estabelecidos, são subitamente desarraigados e esquecidos.

A doutrina da vã confiança do hipócrita ou da prosperidade do homem mau é sã, mas não era aplicável ao caso de Jó, pois é válida e restrita ao mundo presente.

Vv. 20-22. Aqui, Bildade assegura a Jó que ele deveria comportar-se assim como realmente era. Deus não rejeita o homem reto; pode ser desprezado por um tempo, mas não será abandonado para sempre. O pecado traz ruína às pessoas e às famílias. Porém, era injusto alegar que Jó era um homem mau e ímpio, além de ser uma atitude nada caridosa. O erro destes raciocínios surge do fato de os amigos de Jó não distinguirem entre o presente estado de prova e disciplina, e o estado futuro do juízo final. Escolhamos a porção, possuamos a confiança, levemos a cruz e morramos como justos. No entanto, tenhamos o cuidado de não ferir aos demais com juízos precipitados, nem nos afligirmos desnecessariamente pelas opiniões de nossos semelhantes.

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