Jó 6 — Comentário de Matthew Henry

Jó 6 — Comentário de Matthew Henry

Jó 6 — Comentário de Matthew Henry




Jó 6

Versículos 1-7: Jó justifica as suas queixas; 8-13: Jó deseja a morte; 14-30: Jó reprova os seus amigos pelos males cometidos.

Vv. 1-7. Jó justifica-se em suas queixas. Além dos problemas externos, o sentimento interior da ira de Deus tirou toda a sua coragem e resolução. A sensação da ira divina é mais dura de suportar do que qualquer outra aflição exterior. Então, o que suportou o Salvador no jardim e na cruz quando levou nossos pecados, e sua alma foi feita sacrifício por nós diante da justiça divina? Qualquer que seja a carga de aflição do corpo ou do patrimônio, que Deus permita que nos seja imposta, podemos nos submeter a ela enquanto Ele nos conceder o uso de nossa razão e a paz de nossa consciência. Porém, se uma destas for perturbada, nosso caso se torna lamentável. Jó reflete com seus amigos por causa de suas censuras. Queixa-se de não ter algo a oferecer por seu alivio, senão o que em si mesmo é insípido, aborrecível e aterrorizante.

Vv. 8-13. Jó desejou a morte como final feliz de todas as suas misérias. Elifaz o repreendera por isso; porém, Jó volta a pedi-la com mais veemência do que anteriormente. Ele foi muito áspero ao falar que, deste modo, Deus o destruía. Quem poderia suportar a ira do Todo-poderoso sequer por uma hora, se pesasse a sua mão contra ele? Porém, é melhor dizermos como Davi: "Oh, salve a minha vida!" Jó fundamenta o seu consolo no testemunho de sua consciência, e que até certo ponto foi útil para a glória de Deus. Os que possuem graça em si mesmos, os que têm a evidência dela e a exercitam, adquirem sabedoria em si mesmos, a qual lhes ajudará nos piores momentos.

Vv. 14-30. Jó teve grandes expectativas de seus amigos quando era próspero; porém, agora estava desiludido. Ele compara isso com a secagem dos ribeiros no verão. Os que depositam as suas expectativas nas criaturas, perceberão que estas falham quando deveriam ajudá-los, enquanto os que depositam a sua confiança em Deus receberão ajuda em tempos de necessidade (Hb 4.16). Os que fazem do ouro a sua esperança, cedo ou tarde serão envergonhados por sua confiança nisso. A nossa sabedoria é deixar de confiar absolutamente no homem.

Coloquemos toda a nossa confiança na Rocha Eterna, não em canas quebradas; na Fonte da vida, não em cisternas contaminadas. A aplicação é muito próxima: "Porque agora nada és". Bom seria para nós sempre termos tais convicções sobre a vaidade da criatura; se não, a teremos no leito de enfermidade, no leito dê morte, ou nos problemas da consciência.

Jó reprova os seus amigos pelo duro tratamento que lhe dispensaram. Ainda que necessitado, não deseja deles mais que um olhar bondoso e uma boa palavra. vez por outra esperamos pouco do homem, e obtemos menos ainda; porém, de Deus, ainda que esperemos muito, receberemos muito mais. Ainda que Jó fosse diferente deles, estava, em todos os aspectos, pronto para render-se, assim que ficasse evidente que ele não tinha razão. Ainda que Jó estivesse em falta, eles não deveriam tê-lo tratado tão duramente. Ele sustenta firmemente a sua justiça e não a deixará. Ele sentiu que não havia em si tal iniquidade, como os seus amigos supunham. É melhor encomendar o nosso caráter àquEle que guarda a nossa alma; no grande dia, todo o verdadeiro crente receberá elogios da parte de Deus.