Jó 3 — Comentário de Matthew Henry


Jó 3 — Comentário de Matthew Henry


Jó 3 — Comentário de Matthew Henry


Jó 3

Versículos 1-10: Jó queixa-se por haver nascido; 11-19: Jó lamenta-se; 20-26: Jó queixa-se de sua vida.

Vv. 1-10. Durante sete dias, os amigos de Jó sentaram-se ao seu lado em silêncio, sem oferecer-lhe consolo; ao mesmo tempo, Satanás assaltou a mente de Jó para cirandar sua confiança, e enchê-lo de pensamentos duros em relação a Deus. A permissão parece ter se estendido além da mente, e torturava seu corpo. Jó é um tipo especial de Cristo, cujos sofrimentos interiores, no jardim e na cruz, foram os mais espantosos; e os ataques de Satanás surgiram em grande medida nesta hora de trevas. Estas provações interiores mostram a razão da mudança na conduta de Jó, que passou da completa submissão à vontade de Deus à impaciência, que aparece aqui como também em outras partes do livro.

O crente, sabedor de que umas poucas gotas deste cálice amargo são mais terríveis, e mais agudas do que as aflições exteriores, saberá também que enquanto estiver favorecido pela doce sensação do amor e presença de Deus, não se surpreenderá de achar que Jó foi um homem de paixões semelhantes às dos demais. Porém, regozijar-se-á, porque Satanás foi decepcionado, e não pôde demonstrar que Jó era um hipócrita, pois ainda que ele tenha amaldiçoado o dia em que nasceu, não blasfemou contra seu Deus. sem dúvida, Jó arrependeu-se depois por tais desejos, e podemos supor qual será o seu juízo a respeito, agora que está na felicidade eterna.

Vv. 11-19. Jó queixou-se dos que estiveram presentes em seu nascimento pela terna atenção que lhe deram. Nenhuma criatura vem a este mundo tão indefesa como o homem. O poder e a providência de Deus sustentam nossa frágil vida, e sua piedade e paciência salvam a nossa existência perdida. O afeto natural é colocado por Deus no coração dos pais. Desejar morrer para estar com Cristo, para estar livre do pecado, é o efeito e a evidência da graça; porém, desejar morrer somente para estar livre dos problemas desta vida tem sabor de corrupção.

É nosso dever e sabedoria aproveitar o melhor do que existe, seja através da vida ou da morte, e assim, viver para o Senhor, e morrer para o Senhor, pois em ambos casos somos seus (Rm 14.8). Observe atentamente como Jó descreve o repouso do sepulcro: ali o ímpio tem os seus problemas terminados. Quando os perseguidores morrem, não podem mais prosseguir. Ali os esgotados estão em repouso: na sepultura repousam de todos os seus trabalhos. E o descanso do pecado, da tentação, do conflito, das dores e das dificuldades, é estar na presença de Deus e regozijar-se nEle. Ali, os crentes repousam em Jesus. À medida que confiamos no Senhor Jesus e lhe obedecemos, encontramos descanso para as nossas almas, ainda que no mundo tenhamos tribulações.

Vv. 20-26. Jó era como um homem que perdeu seu caminho e não tinha perspectiva de escapar, nem esperança de épocas melhores. Porém, certamente, estava em má situação para morrer, dado que não estava disposto a viver. Que tenhamos constante cuidado em nos prepararmos para o outro mundo, e deixar que Deus ordene a nossa partida daqui conforme a sua vontade. A graça nos ensina que em meio às melhores situações de nossa vida, devemos estar preparados para morrer, e em meio aos maiores sofrimentos, devemos estar preparados para viver. O caminho de Jó estava oculto, e não sabia porque Deus contendia com ele.

O cristão afligido e tentado sabe algo sobre este pesar; quando olha demasiadamente para as coisas que se vêem, uma disciplina de seu Pai celestial o levará a provar este desgosto da vida e deixá-lo-á lançar um rápido olhar nas tenebrosas regiões do desespero. Tampouco haverá alguma ajuda até que Deus lhe restaure a alegria da salvação. Bendito seja Deus, pois a terra, ainda que repleta da maldade do homem, está cheia da bondade divina. Esta vida poderá ser mais tolerável se cumprirmos o nosso dever. Buscamos misericórdia eterna, se estamos dispostos a receber a Cristo como nosso Salvador.

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