Isaías 10 — Comentário de Matthew Henry

Isaías 10

Versículos 1-4: Ais contra os opressores orgulhosos; 5-19: O assírio não é senão um instrumento na mão de Deus para o castigo do seu povo; 20-34: A sua libertação.

Vv. 1-4. Estes versículos devem ser unidos ao capítulo anterior. Ai das potestades superiores que concebem e decretam normas injustas! Ai dos oficiais inferiores que as registram e dão vigência a elas. O que farão os pecadores? Para aonde fugirão?

Vv. 5-19. veja que mudança o pecado realizou, o rei da Assíria, em seu orgulho, pensou que atuava por sua própria vontade. Os tiranos do mundo são instrumentos da Providência. Deus tem o desígnio de corrigir o seu povo de sua hipocrisia, e os aproxima mais dEle, mas este não era o desígnio de Senaqueribe. Seu propósito era gratificar a sua cobiça e ambição. O assírio se ensoberbece das grandes coisas que tem feito às outras nações, através de sua própria política e poder. Não sabe que é Deus quem o tem feito ser o que é, e coloca o cetro em sua mão. Tem feito tudo isto com facilidade; ninguém se debateu nem gritou como as aves, quando destroem seus ninhos. Como conquistou Samaria pensa que certamente derrubará Jerusalém. Era lamentável que Jerusalém adorasse imagens de escultura, e não devemos nos maravilhar que neste aspecto ela superasse aos pagãos. É igualmente néscio que os cristãos imitem as pessoas do mundo em suas vaidades, em lugar de se manterem em outras coisas que são sua honra especial. Nada seria mais inapropriado que uma ferramenta soberba ou que lutasse contra aquele que a fez; assim seria caso senaqueribe se envaidecesse contra o Senhor. Quando Deus permite que o seu povo enfrente problemas, é para trazer o pecado a sua memória, e humilhá-los e despertá-los em relação ao seu dever; este deve ser o fruto: tirar o pecado. Quando estes créditos forem ganhos por meio da aflição, as dificuldades serão tiradas por misericórdia. Este intento contra Jerusalém e Sião não levaria a nada. Deus será como fogo consumidor para os praticantes de iniquidades, tanto no corpo, como na alma. A desolação acontecerá quando o portador do estandarte desfalecer e aqueles que o seguem forem confundidos. Quem pode resistir a este santo e Grande Deus?

Vv. 20-34. Através de nossas aflições podemos aprender a não colocar a nossa confiança nas criaturas. somente aqueles que se voltam realmente para Deus podem permanecer com o seu consolo, e não somente fingindo e professando. Deus trará uma justa desolação às pessoas provocadoras, mas pela sua graça porá limites a isto. Aconteça o que acontecer, é contra o pensamento e a vontade de Deus que o seu povo se entregue ao temor. A ira de Deus contra o seu povo é só por um momento; e quando esta é tirada, não devemos temer a fúria do homem. A vara com a qual Deus corrige o seu povo não somente será posta de lado; mas será lançada no fogo. Para exortar o povo de Deus, o profeta os lembra do que Ele fizera anteriormente, contra os inimigos da sua igreja. o povo de Deus será libertado dos assírios. Alguns pensam que isto aponta para a libertação dos judeus de seu cativeiro, e mais que isto, à redenção do crente da tirania do pecado e de Satanás. Isto, "a causa da unção", por amor de seu povo Israel, refere-se aos crentes que entre eles haviam recebido a unção da graça divina, por amor ao Messias, o ungido de Deus. Aqui há (versos 28-34), uma descrição profética da marcha de Senaqueribe até Jerusalém, quando ameaçava destruir esta cidade. Então o Senhor, em quem Ezequias confiava, cortou seu exército como se corta o bosque. Apliquemos o que aqui está escrito a outros assuntos, em outras épocas da Igreja de Cristo. Devido à unção de nosso grande Redentor, o jugo de todo anticristo deve ser tirado de sua Igreja; e se a nossa alma participar da unção do Espírito santo, nos será assegurada liberdade plena e eterna.