Significado de Salmos 106

Salmos 106

O Salmo 106 é uma oração de confissão e arrependimento, na qual o salmista reconhece os pecados de seu povo e apela a Deus por misericórdia e perdão. O salmista começa louvando o Senhor por sua bondade e misericórdia, mas rapidamente se volta para a confissão do pecado. Ele reconhece que seu povo não guardou a lei de Deus, mas se rebelou contra ele e se voltou para a idolatria.

Ao longo do salmo, o salmista relata a história de Israel e sua repetida desobediência e rebelião contra Deus. Ele descreve como eles se esqueceram dos milagres de Deus e passaram a adorar outros deuses, como se rebelaram contra Moisés e Arão e como resmungaram e reclamaram no deserto. Ele reconhece que seus pecados provocaram a ira de Deus e apela a Deus por misericórdia e perdão.

O salmista conclui com um apelo para que Deus restaure seu povo e lhes mostre misericórdia. Ele reconhece que eles são impotentes e precisam da graça de Deus, e ele confia na fidelidade e no amor inabalável de Deus. Ele expressa sua confiança no poder de Deus para salvar e sua esperança na misericórdia e no perdão de Deus.

Resumo de Salmos 106

Em resumo, o Salmo 106 é uma poderosa oração de confissão e arrependimento, na qual o salmista reconhece os pecados de seu povo e apela a Deus por misericórdia e perdão. Isso nos lembra da história de Israel e sua repetida desobediência e rebelião contra Deus, e nos chama a reconhecer nossos próprios pecados e nos voltarmos para Deus em arrependimento. É um hino de humildade e dependência da graça e misericórdia de Deus, e uma expressão de confiança em sua fidelidade e amor inabalável. É uma oração atemporal de fé e esperança, que nos encoraja a confiar no poder de Deus para salvar e buscar sua misericórdia e perdão.

Significado de Salmos 106

O Salmo 106, um salmo de sabedoria, repete boa parte da história repassada no Salmo 105. Estes poemas formam uma dupla, mas têm perspectivas diferentes. O Salmo 106 ressalta a rebelião do povo, apesar da bondade incansável de Deus. Enquanto o Salmo 105 trata de recordação, o 106 cuida do esquecimento — mais exatamente, o esquecimento do povo de Deus de Suas misericórdias. Este é um salmo de louvor (como o 105) porque conclama a louvar a Deus, apesar da memória curta de Seu povo. A estrutura do Salmo 106 é: (1) chamado para louvar a Deus (v. 1); (2) relato do estado da geração de então (v. 2-15); (3) recitação das obras de Deus em favor das gerações futuras (v. 16-43); (4) apelo final (v. 44-47); (5) palavras de adoração, que concluem o livro IV de Salmos (v. 48).

Comentário ao Salmos 106

Salmos 106:1-5 Louvai ao Senhor. As palavras do versículo 1 e a referência geral a louvores do versículo 2 relacionam este poema ao Salmo 105. formando uma dupla (Sl 105.1,2). Provavelmente, ambos os salmos foram escritos pelo mesmo poeta e para uso conjunto, já que este também trata do tema da lembrança. Lembra-te de mim. Parece ser uma oração pessoal baseada no relato da história de Israel no salmo anterior.

Salmos 106:6 Nós pecamos como os nossos pais. A confissão de pecado chega sem aviso. Trata-se também de um salmo de penitência comunitária. A conexão da geração daquela época com os pecados de seus pais é angustiante. Teria a geração da época que sofrer os infortúnios e juízos que Deus fizera recair sobre seus ancestrais?

Salmos 106:7-12 Deus sabia que o Seu povo abandonaria a fidelidade por várias vezes, e ainda assim Ele os salvou por amor do seu nome. O cruzamento das águas do mar Vermelho não é mencionado no Salmo 105, mas foi incluído aqui. Então creram. O povo vivia perdendo a confiança em Deus; mas tinha momentos de fé repentina verdadeira e realizava sinceros atos de louvor.

Salmos 106:13-16 Cedo, porém, se esqueceram. Estas palavras logo contrastam de forma dramática com a ênfase do Salmo 105, o que pode indicar que os dois salmos foram realmente escritos pelo mesmo poeta e destinados a formar uma dupla. Satisfez-lhes o desejo. Deus, por várias vezes, doou ao povo o que o povo achava que queria— mas, juntamente com a dádiva, vinha o juízo de seu pecado.

Salmos 106:17 A rebelião de Datã e Abirão é contada em Números 16.

Salmos 106:18-23 A narrativa sobre o bezerro de ouro está registrada em Êxodo 32. Converteram a sua glória. O povo aceitou trocar o Deus vivo pela imagem de um novilho.

Salmos 106:24 O fato de terem desprezado a terra aprazível é visto como produto da descrença e da rejeição da boa dádiva de Deus. O juízo de Deus (Nm 13; 14) foi totalmente merecido.

Salmos 106:25-30 Baal-Peor se refere ao incidente contado em Números 25, depois do encontro de Balaão e Baraque em Moabe. Porém, este salmo acrescenta um novo detalhe à história: a ingestão de sacrifícios feitos para os mortos ou em adoração a estes, de culto pagão. Por esse motivo, Fineias, um dos grandes promotores de Deus no Antigo Testamento, é celebrado neste salmo. Assim como a fé de Abraão era atribuída à sua retidão (Gn 15.6), o mesmo aconteceu com a atitude de Fineias (Nm 25).

Salmos 106.31-33 Águas da contenda refere-se a Meribá (SI 95.8; Nm 20.1-13). Aqui, o pecado atribuído a Moisés é o de haver falado imprudentemente. Em Números 20.12, Deus identifica o pecado de Moisés exatamente como o de O haver desonrado perante o povo por não confiar nele. Ao não seguir a ordem do Senhor para falar à rocha, Moisés serviu de exemplo, ante toda a comunidade ali presente, de desobediência e desrespeito às Suas ordens, desmoralizando-o.

Salmos 106:34-39 O juízo de Deus sobre Israel em Canaã foi resultado da má vontade dos israelitas em destruir os povos pervertidos, pagãos. Se os cananeus tivessem sido expulsos da terra, o povo de Israel jamais teria sucumbido à idolatria que marcou sua existência por centenas de anos. Os israelitas, pelo contrário, aprenderam a reverenciar os ídolos cananeus; participaram dos piores ritos da religião deles e se corromperam perante Deus, o Redentor.

Salmos 106:40-46 A ira do Senhor deve ser considerada no contexto de Sua misericórdia e complacência de longo prazo. A rebeldia diante de Suas bênçãos abundantes já existia há muito tempo, quando Deus, por fim, ficou irado. Todavia, mesmo em meio à Sua ira, Sua natureza misericordiosa mostrou-se evidente. Deus continuou fiel o Seu povo, mesmo enquanto ele ainda o desafiava.

Salmos 106:47 O apelo salva-nos está ligado às palavras Senhor, nosso Deus. Embora o povo tenha perdido sua fé, o Senhor ainda era o seu Deus. Se retornassem a Ele, encontrariam abrigo em Sua misericórdia e uma promessa de, um dia, conquistarem a vitória.

Salmos 106:48 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel. Este versículo é um acréscimo ao Salmo 106, constituindo a conclusão do livro IV de Salmos. E um belo chamado litúrgico para que todo o povo bendiga a Deus.

Salmos 106:1-5 (Devocional)

Ação de Graças e Oração

Este salmo é um contraste com o salmo anterior. No Salmo 105 o salmista fala da fidelidade de Deus às Suas promessas. Lá ele mostra como Deus sempre esteve com Seu povo, protegendo-o, provendo tudo de que precisavam e trazendo-o para a terra prometida.

A resposta que Ele tinha motivos para esperar está no último versículo do salmo anterior (Sl 105:45). A resposta que Ele recebeu está neste salmo. O Salmo 106 conta a história de insultar a Deus, desprezar a terra, esquecer as promessas de Deus. É uma história de incredulidade, desobediência, rebelião e idolatria.

O fato de Deus ter continuado com eles, apesar dessas reações de Seu povo, apenas torna Sua graça ainda mais admirável. Ele tem uma base justa para isso e essa é a intercessão de Seu Filho, da qual vemos uma figura na intercessão de Moisés (Sl 106:23).

O Salmo 105 e o Salmo 106 nos dão a história de Israel, não como uma enumeração árida de fatos, mas como palavras de oração e louvor. A ocasião é a benignidade e a fidelidade de Deus, por um lado, e o fracasso do povo, por outro. Profeticamente, encontramos isso já na oração de Salomão a Deus em 1 Reis 8.

No Salmo 106 encontramos a história da caminhada do povo de Israel, agora não visto como sob a graça de Deus, mas sob a lei do Sinai. Sem autoconhecimento, eles disseram a Deus três vezes: “Tudo o que o Senhor falou faremos!” (Êx 19:8; Êx 24:3; Êx 24:7). Em resposta a essa declaração superconfiante, o SENHOR deu Sua lei: “Assim guardareis os meus estatutos e os meus juízos, pelos quais viverá o homem, se os cumprir; Eu sou o Senhor” (Lv 18:5).

No entanto, a lei provou ser impotente para abençoar o povo porque a bênção dependia da capacidade da carne de fazer a vontade de Deus (Rm 8:3). Vemos a impossibilidade disso ilustrada neste salmo.

Divisão do salmo:

Sl 106:1-5 Ação de Graças.
Sl 106:6-12 O fracasso no Egito.
Sl 106:13-23 O fracasso no deserto.
Sl 106:24-33 O fracasso em conquistar a terra.
Sl 106:34-42 O fracasso na terra prometida.
Sl 106:43-48 Conclusão e novamente ação de graças.

O salmista começa com a exclamação “aleluia!”, ou “louvado seja o SENHOR!” (Sl 106:1). Com isso ele também termina o salmo. É uma exortação para que outros se juntem ao salmista no louvor ao SENHOR, como no Salmo 104, onde esta palavra aparece pela primeira vez (Sl 104:35). Este salmo é o primeiro salmo a começar e terminar com a chamada “aleluia!”, ou “louvado seja o SENHOR!” Isso ocorre do Salmo 111 até o final do livro em mais nove salmos. A razão é que a benignidade de Deus, demonstrada em Sua bondade, é capaz de salvar Israel, apesar de suas falhas. A condição é que Israel primeiro reconheça seu fracasso. Isso é o que encontramos no Salmo 106.

Não é possível discutir a história da salvação de Deus, vista de qualquer lado, sem agradecer a Ele por Sua grande bondade e fidelidade. O salmista diz “dai graças ao SENHOR”, após o que se dá a ocasião: “Porque Ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre.” Ele é bom, esse é o Seu Ser. Portanto, Sua benignidade é para sempre, pois Ele nunca muda. Isso será visto e desfrutado publicamente no reino da paz.

O salmista se pergunta onde estão as pessoas “que podem falar das maravilhas do Senhor” (Sl 106:2). Existem pessoas que podem e farão isso? Ninguém pode fazê-lo de acordo com seu valor e ao máximo. Mas muitos nem querem começar porque estão ocupados com seus próprios assuntos, que consideram mais importantes. E quem é capaz de “mostrar todos os Seus louvores”? A demonstração de Seu louvor nunca pode ser feita ao máximo pelos crentes, pois Ele é exaltado acima de toda ação de graças e louvor (Neemias 9:5). Mas quem não vai querer fazê-lo de acordo com a medida do que se vê?

Falar dos feitos poderosos e mostrar os louvores permanece imperfeito por causa da compreensão limitada deles. O todo não pode ser englobado, muito menos descrito. O que pode ser feito, e o que Deus espera dos Seus, é que eles cumpram a lei e pratiquem a justiça em todos os momentos (Sl 106:3). O remanescente crente só pode fazer isso em virtude da benignidade e fidelidade do Senhor, em contraste com o que o povo é por natureza (Sl 106:6-43). Se o fizerem, eles são “abençoados”. Opor-se ou desconsiderar isso não é uma questão de fraqueza, mas de falta de vontade.

Após sua ação de graças, o salmista profere uma oração (Sl 106:4). Ele pede ao Senhor que pense nele e o faça de acordo com o bom prazer que Ele tem para o Seu povo. Ao fazer isso, ele está pedindo que o Senhor o permita compartilhar da bênção que Ele tem para o Seu povo no reino da paz, quando o Messias reinar. Isso fica evidente em sua pergunta se o SENHOR o visitará com Sua salvação, isto é, se lhe dará uma parte dela.

Quando o SENHOR faz isso, significa para ele que receberá muitas bênçãos. Essa bênção é antes de tudo para que ele possa “ver a prosperidade dos Teus escolhidos” (Sl 106:5). O povo de Deus é o objeto de Sua eleição. Aqueles que pertencem a ela são especialmente privilegiados, pois não são dignos em si mesmos. Isso também se aplica a nós como crentes do Novo Testamento. Nós também somos escolhidos, e também exclusivamente pela graça, e em Cristo.

A segunda bênção é que ele pode “regozijar-se com a alegria de sua nação”. Quando o povo de Deus estiver na bênção do reino da paz, eles se regozijarão com alegria. Quando o salmista vir isso, isso também o alegrará. Participar da salvação do reino da paz é participar da alegria.

A terceira bênção é que ele possa “se gloriar com a tua herança”. Isso inclui o povo de Deus, pois eles são “propriedade própria” ou “tesouro especial” do SENHOR (Dt 7:6). O salmista espera gloriar-se com o povo de Deus sobre os grandes privilégios associados a ser a herança de Deus. Para nós, o que possuímos pessoalmente, podemos compartilhar com todos os santos (cf. Ef 3,16-18).

Salmos 106:6-12 (Devocional)

Salvo e redimido do Egito

O Salmo 105 começa com a história de Abraão, pois a base dos tratos de Deus em graça com o povo de Israel é a aliança unilateral, a promessa de Deus com Abraão de Gênesis 15 (Gn 15:2-21). No Salmo 106, a história de Israel é vista como sob a lei. Portanto, neste salmo, a história do povo de Deus não começa com Abraão, mas no Egito.

Nesta história vemos as bênçãos do SENHOR como resultado de Seus atos poderosos (Sl 106:2). No entanto, o povo não conseguiu ver as bênçãos do SENHOR. Eles ficaram muito aquém da gratidão e, como resultado, agiram com incredulidade e desobediência.

O salmista confessou o pecado do povo cujos privilégios ele descreveu nos versículos anteriores (Sl 106:6). Ele pediu ao Senhor para compartilhar suas bênçãos. Agora ele se torna um com o povo de Deus, do qual faz parte, dizendo três vezes: “nós temos”.

Podemos pensar no Salmo 106:6 como título e resumo do conteúdo desse salmo, que descreve a história do povo de Deus vista de sua responsabilidade. É uma história de fracasso e infidelidade, em contraste com a fidelidade de Deus em Sl 106:1-5. A partir do Salmo 106:7, começa a verdadeira história do povo.

Sem qualquer desculpa, ele confessa que eles “pecaram”, “cometeram iniquidade” e “se comportaram perversamente”. Ele reconhece que ele e seu povo não são melhores do que “nossos pais”. Tal identificação com os pecados de todo o povo, inclusive os do passado, também vemos em Daniel e Esdras (Dn 9:4-19; Esd 9:6-7; Esd 9:10; Esd 9:15).

O ‘serviço de Elias’ de João Batista (cf. Mal 4:5), que logo será reconhecido pelo remanescente, é um chamado ao arrependimento. O batismo de João foi o batismo de arrependimento como o primeiro passo para Deus. Envolve dar meia-volta e voltar para Deus. É apenas o começo, mas absolutamente necessário. Foi assim que os irmãos de José na prisão no Egito tiveram que reconhecer seus pecados (Gn 42:21). Assim o remanescente reconhecerá os pecados do povo durante a grande tribulação (cf. 1Rs 8:46-47; Zc 12:10).

Então ele começa a nomear os pecados. Já começou no Egito. O fracasso não começa no meio da história deles, a história deles começa com o fracasso, desde o começo. Abandonaram imediatamente o seu primeiro amor (cf. Ap 2,4). É característico de toda a história humana, na qual vemos cada vez o fracasso do homem desde o início. Assim foi com Adão, assim foi com Noé, assim foi com Israel, assim é com o cristianismo professo.

Já no Egito, “nossos pais… não compreenderam as tuas maravilhas” (Sl 106:7). Todas as pragas que Deus trouxe sobre o Egito para sua libertação foram ‘sinais e maravilhas’ para Seu povo. Mas eles têm sido cegos para eles. Não ocorreu a eles o quanto Deus fez isso por eles.

Nem eles “lembraram de Tuas abundantes bondades”. O povo não foi atraído pelas numerosas evidências do amor de Deus. Já é ruim ignorar um sinal da bondade de Deus, ignorar uma bênção como resultado. Quão ruim deve ser, então, quando uma abundância de bênçãos é ignorada sem pensar. Fala de total indiferença.

Não ficou na memória deles porque eles só pensavam em si mesmos. Que tristeza deve ter causado a Deus que Seu povo ignorasse Seus numerosos atos de amor. Existe algo mais doloroso do que um ato de amor ou mesmo numerosos atos de amor recebidos com indiferença?

E fica pior. Porque eles “não entenderam” e “não se lembraram”, eles “se rebelaram junto ao mar, no Mar Vermelho”. Este é um evento imediatamente depois que o Senhor os resgatou do Egito. Logo após terem experimentado a redenção do jugo e estarem a caminho da terra prometida, o povo mostra sua desobediência. Eles censuram Moisés por sua redenção e indicam que preferem servir aos egípcios do que seguir em frente (Êxodo 14:10-12).

Em vez de matar Seu povo, o SENHOR os salvou “por causa do Seu nome” (Sl 106:8; cf. Is 48:9). Esta é a primeira razão. Ele sempre defende Seu nome. Uma segunda razão, ligada à primeira, é “tornar conhecido o seu poder”. Quando Ele faz isso, Ele também torna conhecido Seu Nome como o Todo-Poderoso (Êx 9:16).

O Mar Vermelho parecia ser um obstáculo para a redenção, mas Deus “repreendeu o Mar Vermelho e ele secou” (Sl 106:9; Êx 14:21-22; Êx 14:29; Is 50:2; Na 1:4). Nisto vemos um tipo de redenção do remanescente crente no fim dos tempos. Foi assim que Ele tornou Seu poder conhecido. O mar está sujeito a Ele e ouve Seu comando. Ele preparou um caminho para o Seu povo “pelos abismos, como pelo deserto”. Ele os fez passar por ela para que pudessem chegar à terra prometida (Is 63:12-14).

Então Ele os salvou “da mão daquele que os odiava” e os redimiu “das mãos do inimigo” (Sl 106:10; cf. Lc 1:71). O odiador e inimigo é o faraó. Sua mão não podia mais segurá-los porque Deus havia feito um caminho para eles através do mar pelo qual eles ficaram fora de suas mãos.

O que era o caminho de redenção e libertação para o povo de Deus era o caminho de julgamento para os adversários (Sl 106:11). As águas os cobriram, “nenhum deles foi deixado” (Êx 14:27-28; Êx 15:5; cf. Dn 2:45). O julgamento de seu odiador e inimigo e de todos os seus soldados foi total e para sempre. Não havia mais nenhuma ameaça deles, pois todos haviam perecido.

Após o desdobramento do poder de Deus nesta maravilha de libertação e julgamento de seus inimigos, “eles creram em suas palavras” (Salmos 106:12; Êxodo 14:31). Eles viram com seus próprios olhos que Ele havia feito o que havia dito. Em resposta, eles “cantaram o Seu louvor” no cântico de libertação (Êxodo 15:1-18).

Salmos 106:13-23 (Devocional)

Rebelião no Deserto

Agora aqui está uma lista dos pecados de Israel desde seus primeiros passos no deserto que eles tiveram que passar para chegar à terra prometida. Os pecados de Israel começaram no Egito. Esses pecados no deserto são, na verdade, apenas uma continuação de seus pecados anteriores de incredulidade. Os pecados no deserto começam com o esquecimento e a impaciência (Sl 106:13). As obras de Deus em seu favor em sua redenção do Egito, sua passagem pelo Mar Vermelho e o julgamento de seus inimigos foram esquecidos por eles “rapidamente” ou “com pressa”. Que tragédias decorrem disso. Não vamos julgá-los severamente. Com que rapidez nos esquecemos de todas as obras de Deus em nosso benefício?

Quando nos esquecemos da bondade de Deus para conosco, rapidamente ficamos impacientes e começamos a resmungar (Fp 2:14; 1Pe 4:9). Esquecemos quantas vezes Ele já providenciou e reclamamos das nossas circunstâncias. O povo começou a reclamar da falta de água e comida (Êx 15:24; Êx 16:2-3). Eles não Lhe perguntaram sobre isso e não tiveram paciência para esperar por Seu conselho. Eles não estavam olhando para Ele, mas para o que lhes faltava. Houve falta. Esse foi um motivo para eles reclamarem.

Os pecados das pessoas que encontramos cada vez em duplicata, no início e no final da jornada no deserto. É assim com o pecado de resmungar: leia Êxodo 15-17 e Números 14-17. Assim é com a água da rocha; o mesmo acontece com o desejo por carne: leia Êxodo 16 e Números 11. Isso indica que esses pecados são característicos de toda a jornada no deserto. Em Êxodo 16 é sobre o desejo pela carne, em Números 11 também sobre a insatisfação com o maná.

Quando Deus lhes dá o que eles pedem, eles são “desejados intensamente no deserto” (Sl 106:14; Nm 11:4; Nm 11:6; Nm 11:33; Sl 78:18; Sl 78:28-29; 1Co 10:6). Com seu desejo, eles “tentaram a Deus no deserto”. Eles O colocaram à prova, se Ele era capaz de dar o que eles queriam. Bem, Deus “atendeu-lhes o pedido” (Sl 106:15; Nm 11:31-32). Porque eles continuaram reclamando, Deus deu o que eles pediram. Ele poderia ter negado isso a eles, mas queria ensinar-lhes uma lição. Essa lição é que um desejo que vem da própria vontade não leva à saúde, mas a uma doença devastadora. Infelizmente, a lição não foi aprendida, pois eles continuaram a pecar.

O próximo pecado é o ciúme (Sl 106:16). Trata-se do ciúme de Coré, Datã e Abirão (Nm 16:1-3). Eles ficaram com “inveja de Moisés no acampamento” como o líder do povo por meio de quem Deus falou ao povo. Eles também ficaram com ciúmes “de Arão, o santo do SENHOR”, isto é, o sacerdote designado pelo SENHOR para representar Seu povo perante Ele.

Em vez do desejo de servir, essas pessoas ansiavam ocupar o primeiro lugar no povo de Deus, assim como Diótrefes queria na igreja (3Jo 1:9). Os discípulos também discutiram entre si sobre “qual deles era considerado o maior” (Lucas 22:24). Portanto, este é um aviso sério para cada um de nós.

O julgamento desse ciúme foi severamente punido pelo SENHOR (Sl 106:17). Pois foi um ataque frontal ao Seu governo do povo. Foi uma conspiração contra o SENHOR (Nm 16:11). Coré e seus seguidores queriam a posição de Arão, enquanto Datã e Abirão queriam a posição de Moisés.

A punição foi consistente com isso. O julgamento que Ele executou em Datã e Abirão – Corá não é mencionado aqui (cf. Dt 11:6) – não havia sido executado antes, era “algo novo” (Nm 16:30-33). A punição de Datã e Abirão foi que eles entraram vivos no reino dos mortos. O mesmo acontecerá com as duas bestas (Ap 19:20). O julgamento sobre Corá foi fogo do céu, como sobre Nadabe e Abiú, os dois filhos de Arão (Lv 10:1-2).

Houve também “um fogo” que veio do SENHOR (Nm 16:35), que “ardeu na companhia deles” (Sl 106:18). A ferocidade do julgamento é enfatizada acrescentando que “uma chama consumiu os ímpios”. Assim, “duzentos e cinquenta homens” foram consumidos (Nm 16:35). Aqui vemos como o ciúme egoísta e pecaminoso é horrível para Deus.

Então o salmista menciona o pecado da idolatria (Sl 106:19; Dt 9:7-16). Ele se refere a “um bezerro em Horebe” que eles fizeram (Êxodo 32:1-4). Isso é uma violação do segundo mandamento (Êxodo 20:4-6). Eles “adoraram uma imagem fundida”. Ao fazer isso, eles entristeceram particularmente a Deus, que tão claramente se revelou em Sua bondade para com eles.

Por meio dessa adoração de um pedaço de matéria morta, eles “trocaram sua glória pela imagem de um boi que come erva” (Sl 106:20). A adição “que come capim” torna o absurdo de adorar o animal ainda maior. A glória deles era o próprio Deus (Jr 2:11). Quão tolo pode ser um homem para trocá-lo por um animal irracional comedor de capim!

Paulo cita este versículo em Romanos 1, pois este versículo deixa claro qual é o resultado quando o homem troca a glória do Deus imperecível por algo semelhante a um homem ou animal perecível e transitório. O resultado é que Deus o entrega à impureza nas concupiscências do seu coração (Rm 1:23-24). Se não somos cegos, vemos tudo ao nosso redor hoje.

Em Êxodo 32, a questão é que eles fazem “uma festa para o Senhor” usando uma imagem (Êxodo 32:4-5). Eles acreditavam que não haviam abandonado o Senhor. Eles apenas buscaram uma ferramenta de sua própria escolha para servir ao Senhor. Algo semelhante é feito por Nadabe e Abiú mais tarde, oferecendo um sacrifício de incenso com seu próprio fogo, algo que o SENHOR não havia ordenado (Lv 10:1).

Isso também deve ser um aviso para nós. Não, servir a outro deus, não é isso que queremos. Servir ao Senhor do nosso jeito, do jeito que a gente gosta, sim, é isso que a gente quer. Muitos cristãos procuram os cultos da igreja onde se sentem em casa (cf. Jz 17:13). Isso é sempre um perigo para todo crente. Devemos sempre lembrar que só podemos adorar a Deus em espírito e verdade (João 4:24). Esta história é uma advertência contra isso.

Eles não apenas se esqueceram das obras de Deus (Sl 106:13), mas “se esqueceram de Deus, seu Salvador” (Sl 106:21). O povo de Deus caiu na idolatria com toda a devassidão que a acompanha porque se esqueceram dEle, “que fez grandes coisas no Egito”. Lá Ele provou ser “seu Salvador”, isto é, seu Salvador, seu Libertador, seu Guardião.

Para salvá-los, Ele havia feito “maravilhas na terra de Cão” e “coisas espantosas junto ao Mar Vermelho” (Sl 106:22; Dt 10:21). Essas coisas devem continuar a capturar a imaginação. O que Deus havia feito no Egito e no Mar Vermelho deveria tê-los constantemente enchido com a máxima confiança em Sua onipotência. Mas eles O haviam esquecido. Isso pode muito bem falar aos nossos corações e consciências, para que nunca possamos esquecer o que Ele fez por nós em nossa redenção.

A tal esquecimento de Seu povo e à consequente idolatria, Deus não poderia responder senão com a ameaça de destruí-los (Sl 106:23). Ele estava, para dizer humanamente, cansado de Seu povo. Ele teria realizado Sua intenção “se Moisés, Seu escolhido, não tivesse estado na brecha diante Dele” (cf. Ezequiel 22:30).

Assim como um soldado se coloca na brecha de uma parede para impedir que o inimigo passe com o uso de sua vida, Moisés se deitou diante de Deus para evitar a ira de Deus. Por causa da súplica apaixonada de Moisés, Deus não os destruiu e eles foram poupados (Dt 9:25-29).

Nisso, Moisés é uma figura do Senhor Jesus, que é o grande Intercessor e Advogado de Seu povo na terra. Somente por meio de Sua intercessão com Deus um remanescente do povo de Deus cruzará a linha de chegada e entrará na bênção. Isso se aplica não apenas ao povo terreno de Deus, Israel, mas também ao povo celestial de Deus, a igreja (Rm 8:34).

Salmos 106:24-33 (Devocional)

A Terra Desprezada

Os pecados anteriores estavam relacionados com o deserto; agora seguem dois pecados que se relacionam com a terra prometida. O desprezo da “terra agradável” (Sl 106:24; Jr 3:19; cf. Ez 20:6) ocorreu depois que os espias estiveram lá e relataram suas descobertas. A causa foi a incredulidade. Eles acreditaram no relatório de dez espias incrédulos. Eles não acreditaram na palavra de Deus, em Sua promessa de dar-lhes a terra, nem no que Josué e Calebe testemunharam (Nm 14:3-10).

O resultado de sua incredulidade foi que “eles murmuraram em suas tendas” (Sl 106:25; Nm 14:1-2; 1Co 10:10). Eles estavam insatisfeitos com o trato de Deus com eles. Sobre isso, eles se sentaram em suas tendas emburrados e resmungando. Duvidaram do amor de Deus e foram desobedientes (Dt 1:26-27). Influenciaram-se mutuamente com o seu descontentamento, mas não ouviram o que o SENHOR tinha a dizer: “Eles não deram ouvidos à voz do SENHOR” (cf. Dt 1,32).

Portanto, Ele “jurou-lhes”, fez o juramento solene “que os lançaria no deserto” (Sl 106:26). Ninguém dessa geração resmungona e desobediente entraria na terra. Somente Josué e Calebe entrariam (Nm 14:29-30).

O mesmo aconteceria com “sua semente” (Sl 106:27) porque eles revelaram o mesmo espírito de murmuração, incredulidade e desobediência. Deus iria “espalha-los pelas terras” (Levítico 26:33; Ezequiel 20:23). Isso aconteceu quando os assírios levaram o reino das dez tribos e quando os babilônios levaram o reino das duas tribos.

Quase quarenta anos depois, eles se encontravam nas planícies de Moabe, na fronteira da terra prometida. Lá eles se juntaram ao ídolo Baal-Peor, um ídolo moabita local (Sl 106:28; cf. 2Co 6:14). Sua horrível e adúltera união com os moabitas envolvia comer “sacrifícios oferecidos aos mortos”, ou seja, os sacrifícios aos ídolos mortos (Nm 25:1-2). Possivelmente também são sacrifícios para consultar os mortos (Dt 18:11). Também são sacrifícios que resultam na morte do ofertante. Que contraste com o Deus vivo que se comprometeu com eles.

Esta conexão abominável foi um espinho no lado do SENHOR. “Eles o provocaram” “à ira com suas ações” (Sl 106:29). Suas ações eram atos pecaminosos, crimes. Ao fazer isso, eles O desafiaram. Sua atitude e ações desafiadoras para com Ele Ele respondeu com “a praga”, uma epidemia, que “irrompeu entre eles” (Nm 25:1; Nm 25:9).

Paulo se refere a esse evento em sua primeira carta aos coríntios para nos advertir a não cair no mesmo pecado (1Co 10:8; 1Co 10:11). Quando nos apaixonamos por pessoas que não querem nada com Deus, cometemos adultério espiritualmente. Tiago não faz rodeios quando afirma claramente: “Vocês, adúlteras, não sabem que a amizade com o mundo é inimizade para com Deus?” (Tg 4:4).

Nesse caso, a oração de intercessão de Moisés não é a solução para fazer cessar a praga, mas a execução do juízo sobre o mal. Foi isso que Finéias, neto de Arão, fez (Sl 106:30). Ele matou o homem israelita que havia desafiado a Deus ao trazer uma mulher midianita para o acampamento. Ele também matou a mulher. Então a praga cessou (Nm 25:6-8).

O que Finéias fez é um ato de justiça (Sl 106:31), fazendo expiação por Israel (Nm 25:13). É um ato de dedicação ao SENHOR, uma defesa de Sua honra, a prova de que ele era um homem justo. Deus atribuiu-lhe esse ato “para justiça” (cf. Tg 2, 21-25). É um ato justo que nunca será esquecido. De fato, seus descendentes “por todas as gerações para sempre” experimentarão a bênção disso (Nm 25:10-13).

Faltando pouco menos de seis meses para Israel entrar na terra prometida, o povo “também o provocou à ira nas águas de Meribá” [Meribá significa contenda, briga] (Sl 106:32). Os israelitas reclamaram da água como se Deus fosse incapaz de fornecer água a eles. Deus disse a Moisés para falar com a rocha, mas Moisés feriu a rocha duas vezes (Nm 20:8-11).

A batida da rocha ocorreria apenas uma vez (Êxodo 17:6). Esta é uma imagem de Cristo morrendo sob a mão poderosa de Deus, o que aconteceu apenas uma vez (Hb 9:26-27). Em seguida, Moisés deveria falar com a rocha. A água então viria na base da rocha uma vez atingida. Da mesma forma, o sofrimento e a morte de Cristo ocorreram apenas uma vez, após o que podemos falar com Cristo. Esta imagem é danificada pela desobediência de Moisés.

Moisés é severamente punido pelo Senhor por sua desobediência: ele não tem permissão para introduzir o povo na terra (Nm 20:12). A culpa é do povo: “foi duro com Moisés por causa deles”. O lado da desobediência de Moisés não é destacado aqui. Aqui é o lado do povo. Eles O deixaram muito zangado.

Muitas vezes eles insultaram Moisés e muitas vezes ele os defendeu diante de Deus. Ele havia se tornado o homem mais humilde da terra na escola de Deus (Nm 12:3). Muita coisa tinha que acontecer para ele perder a paciência. Mas o povo finalmente causou isso. Eles começaram a discutir com Moisés sobre a falta de água (Nm 20:2-5). Então a paciência de Moisés acabou. Ele ficou tão aborrecido em seu espírito que “falou precipitadamente com seus lábios” e cometeu uma ação errada (Sl 106:33; Nm 20:10-11).

Salmos 106:34-43 (Devocional)

Na Terra

Quando o povo chegou à terra, sua obediência e fé não melhoraram. Josué os havia chamado à fidelidade ao SENHOR (Js 13:1-7; Js 23:9-11), mas isso foi dito para ouvidos surdos. Eles continuaram no caminho da desobediência e incredulidade. O SENHOR havia ordenado que destruíssem os povos, mas “eles não destruíram os povos” (Sl 106:34; Dt 7:2; Dt 7:16). O livro de Juízes dá conta de sua desobediência a esta ordem do Senhor.

Em vez de destruir as nações, eles se misturaram com eles (Sl 106:35; Dt 7:1-5; Jz 3:5-6; Esd 9:1-2). Para nós, o mandamento é guardar-nos da corrupção do mundo (Tg 1:27). Se não o fizermos, cada vez mais os hábitos do mundo se apegarão a nós, pois as más companhias corrompem os bons costumes (1Co 15:33).

Vemos isso com Israel: eles “aprenderam suas práticas” e assim desrespeitaram o mandamento de não imitar os costumes de Canaã (Lv 18:3). Assim, também eram costumes sem sentido (Jr 10:2-3). As pessoas não se importavam com o que Deus havia dito porque só queriam viver como as nações ao seu redor. Isso os atraiu mais do que fazer o que Deus lhes havia ordenado, mandamentos que são para toda a vida.

Por causa de sua mistura com as nações e aprendendo seus costumes, eles começaram a servir seus ídolos (Sl 106:36). Eles se despediram do Senhor, que havia sido tão bom para eles, e se ajoelharam diante dos ídolos das nações. No entanto, os ídolos não produziram prosperidade, mas “tornaram-se um laço para eles” no qual foram apanhados e morreriam (Êx 23:33; Dt 7:16).

Eles foram tão apanhados na armadilha que não apenas serviram e adoraram ídolos, mas “até sacrificaram seus filhos e filhas” a eles (Sl 106:37; 2Rs 16:3; Ez 16:20; Ez 20:31; Is 57:5). Assim, eles também mergulharam seus filhos na destruição. Diz aqui que eles ofereceram seus filhos e filhas “aos demônios”. Isso é o que eles realmente fizeram. Atrás dos ídolos mortos de madeira e pedra estão os demônios (1Co 10:20; Dt 32:17; Ap 9:20).

Por suas ações eles “derramam sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas” (Sl 106:38; cf. Jr 19:4-5). Eles eram assassinos culpados de sangue de seus próprios filhos. Seus sacrifícios “aos ídolos de Canaã” tiveram o efeito de poluir “a terra com o sangue”. Pelas suas práticas abomináveis profanaram a terra que pertencia a Deus, Sua propriedade (cf. Nm 35:33-34; Is 24:5; Jr 3:1-2; Jr 3:9).

O povo quebrou a primeira tábua e a segunda tábua dos dez mandamentos: a primeira tábua cometendo idolatria, a segunda derramando sangue inocente. É comparável aos dois pecados de Davi: adultério com Bate-Seba e assassinato de Urias. Assim, o povo de Israel derramou o sangue de Cristo e cometeu idolatria com o anticristo. O Senhor Jesus colocou desta forma: “Eu vim em nome de meu Pai, e vocês não me recebem; se outro vier em seu próprio nome, vós o recebereis” (João 5:43). Na primeira parte deste versículo Ele fala de Sua rejeição, na segunda parte de sua aceitação do anticristo.

Eles não apenas profanaram a terra de Deus, mas “tornaram-se impuros” eles mesmos “em suas práticas [literalmente: obras]” (Sl 106:39). Paulo coloca desta forma: “O homem imoral peca contra o seu próprio corpo” (1 Coríntios 6:18). Suas obras eram todas pecaminosas. Como Deus poderia tolerá-los em Sua presença naquela condição? Eles “se prostituíram em seus atos”, ou seja, seu modo de vida representava a mais grosseira infidelidade a Deus. Afinal, Deus havia tomado Israel para ser Sua esposa (Jr 2:1-3). Mas, tendo relações sexuais com ídolos em infidelidade a Ele, eles cometeram prostituição flagrante (cf. Is 1:21; Os 2:2-12).

Deus ficou profundamente triste com isso. Ele não podia deixar isso impune. “Por isso a ira do Senhor se acendeu contra o seu povo” (Sl 106:40). Sua terra e Seu povo estavam terrivelmente poluídos. Ele se afastou deles com desgosto, “Ele abominou Sua herança”. O comportamento deles Lhe causou repulsa. Nenhuma circunstância atenuante pode ser imaginada pela qual eles poderiam ser declarados menos responsáveis.

O sangue dos idólatras teve que correr por causa da culpa de sangue que eles trouxeram sobre si mesmos por meio de seus assassinatos rituais. Portanto, Ele os entregou “na mão das nações” (Sl 106:41). Essas nações, que “os odiavam, governavam sobre eles”. As nações eram adoradoras de ídolos. Por meio deles, Deus quis ensinar a Seu povo o duro serviço dos idólatras, para que assim Seu povo caísse em si. Tudo isso é consistente com a maldição da aliança em Levítico 26 (Lv 26:17). Em última análise, isso é feito com a intenção de levá-los ao arrependimento por meio do qual o SENHOR pode restaurá-los e trazê-los de volta.

O povo desobediente e rebelde de Deus foi oprimido por seus inimigos (Sl 106:42), mas na verdade foi a mão de Deus que os pressionou. Desta forma, “eles foram subjugados sob seu poder [literalmente: mão]”. Os opressores invadiram suas terras, destruíram suas vinhas, levaram-nos cativos e os obrigaram ao trabalho escravo. Eles tiveram que curvar seus pescoços sob seu governo.

Então, quando eles clamaram em sua miséria, Ele os salvou (Sl 106:43). Ele fez isso “muitas vezes” durante um período de centenas de anos. O fato de Ele ter feito isso muitas vezes mostra Sua grande longanimidade. Isso também significa que as pessoas continuaram se afastando Dele e Ele teve que entregá-las repetidamente nas mãos das nações.

Vemos isso no livro de Juízes (Jz 2:16; Jz 2:18). Lá, no início, eles clamaram ao SENHOR em sua miséria (Jz 3:9; Jz 3:15; Jz 4:3; Jz 6:6; Jz 10:10). Mais tarde, por exemplo no tempo de Sansão, não há mais clamor ao SENHOR por socorro. Também vemos isso aqui no Salmo 106:44. Diz que eles clamaram em sua angústia, mas não diz que eles clamaram a Deus em sua miséria.

Embora Ele os tenha salvado muitas vezes, eles continuaram a insultá-Lo “em seu conselho”. Eles tinham suas próprias opiniões sobre servir a Deus. Deus havia dito como Ele queria ser servido, mas eles não se incomodaram. É como um pai que fica dizendo ao filho como fazer alguma coisa, mas o filho sempre o faz teimosamente do seu jeito errado, de modo que tudo sempre falha. Como isso é insultante para um pai.

O resultado para o povo é que eles “caíram na sua iniquidade”. O pecado debilita a força de uma pessoa e a desgasta. Uma pessoa que persevera no pecado se esgota. Eles estavam enfraquecidos, sua força nacional estava esgotada, não havia mais forças para se defender. Este foi o castigo por seus pecados.

Salmos 106:44-48 (Devocional)

A grandeza da bondade de Deus

Os versos finais do salmo, como o início do salmo, são uma canção de louvor pela graça de Deus. Ele respondeu à angústia e ao clamor deles (Sl 106:44). Isso havia chamado Sua atenção. Ele não se afastou deles, mas viu sua angústia e ouviu seu clamor. Ele não os havia perdido de vista. Ele não havia fechado Seus ouvidos para eles. A razão é que Ele não os removeu de Seu coração.

“Ele se lembrou” ou seja, “Sua aliança” (Sl 106:45) que Ele havia feito com os pais. Portanto, Ele se lembrou “por causa deles”. Ele não podia esquecer a aliança que fizera com eles, as promessas que fizera que tornavam a aliança incondicional. Portanto, Ele não poderia destruí-los completamente (Lv 26:44-45). Sua aliança Ele cumpriu e todas as promessas ligadas a ela Ele cumpriu.

Que Ele “cedeu” não é arrependimento por um ato ou decisão errada. Deus nunca está errado e nunca precisa ceder (1Sm 15:29). Se Ele cede, é “segundo a grandeza de Sua benignidade”. Ceder aqui significa voltar de um determinado caminho. Não diz respeito ao conselho de Deus, mas aos caminhos governamentais de Deus.

Nesse caso, Ele para de disciplinar Seu povo porque, caso contrário, Ele os destruiria totalmente (cf. Êxodo 32:14; Jz 2:18; 2Sa 24:16). Ele pode provar Sua benignidade porque Cristo cumpriu todas as condições para a aliança. Todos os que se unem a Ele recebem as promessas e bênçãos do convênio.
Com base na obra de Seu Filho, que Ele previu, Ele foi capaz de mostrar misericórdia a eles (Sl 106:46). Essa misericórdia Ele operou no coração de todos aqueles que levaram Seu povo como cativos. Ele levou o povo para o exílio como resultado de sua desobediência. Em seu exílio, eles se arrependeram e clamaram ao Senhor por ajuda (Sl 106:47). Para isso apelaram, não às suas ações, mas ao santo Nome do SENHOR seu Deus (cf. Ez 36,20-23).

Vemos exemplos da misericórdia que o SENHOR operou em todos aqueles que os levaram como cativos por Ciro, Evil-Merodach e Arthahsasta (Ed 1:1-4; cf. 2Rs 25:27-30; Ne 2:1-6 ). Isso mostra o poder de Deus sobre o coração dos homens, incluindo os reis (1Rs 8:50; Pv 21:1; Dn 1:9).

Essas provas de benignidade e misericórdia na miséria que caiu sobre o povo por sua própria culpa levam o salmista a uma oração e ação de graças. Sua oração é uma oração profética. Diz respeito à situação em que o povo de Deus estará no tempo do fim, o tempo da grande tribulação. Então eles orarão: “Salva-nos, Senhor nosso Deus, e recolhe-nos dentre as nações. “É uma oração pela intervenção de Deus para sua libertação do poder das nações.

Quando Deus o fizer, poderão “dar graças” ao seu “santo nome” no lugar onde Ele habita, em Jerusalém (cf. Mt 6,9). Eles se vangloriarão em Seu louvor, o que significa que não haverá nada mais alto para eles do que dar graças a Deus por Seus feitos poderosos.

O salmista já se sobressalta, por assim dizer, quando exulta: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel” (Sl 106,48). Este júbilo nunca cessará, mas continuará “de eternidade a eternidade”. Deus é digno de adoração no reino da paz e por toda a eternidade. O salmista chama “todo o povo” para se juntar a isso com um retumbante “amém” – significando ‘assim é’.

Então ele termina o salmo como começou, com um alto “aleluia!”, ou “louvado seja o SENHOR!” (Sl 106:1). Veja no Salmo 105:35.

Sl 106:1 e Sl 106:47-48 deste salmo também ocorrem em 1 Crônicas 16 e como uma seção contígua (1Cr 16:34-36). Isso ressalta a conexão especial entre o início e o fim do salmo. No Salmo 106:1 vimos que a ocasião para o chamado para louvar a Deus é Sua benignidade que é eterna. Ao conectar isso com a oração do Salmo 106:47-48, fica claro que a confiança na bondade de Deus é a base da oração pela salvação.

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