Significado de Isaías 5

Isaías 5

Isaías 5 começa com um cântico, conhecido como Cântico da Vinha, no qual o Senhor lamenta a infertilidade de Seu povo Israel. O capítulo então passa a detalhar os pecados do povo, incluindo sua ganância, injustiça e opressão dos pobres. O capítulo contém uma série de desgraças, ou julgamentos, pronunciados contra os ímpios e infiéis.

O capítulo também inclui uma advertência sobre o julgamento iminente contra a nação de Israel, pois o Senhor usará nações estrangeiras para puni-los por seus pecados. O capítulo descreve a destruição que virá sobre a terra, quando o Senhor remover Sua proteção e permitir que os inimigos de Israel a invadam. O capítulo também inclui um chamado ao arrependimento e à fidelidade, pois o Senhor convida Seu povo a se afastar de seus maus caminhos e voltar para Ele.

Em última análise, Isaías 5 serve como um aviso para todas as nações e indivíduos sobre os perigos da desobediência e rebelião contra Deus. Isso nos lembra que as consequências de nossas ações não se limitam a nós mesmos, mas podem ter um efeito cascata nas pessoas ao nosso redor. Também destaca a importância da justiça, da misericórdia e da compaixão em nossas relações com os outros, especialmente com os pobres e vulneráveis.

Em suma, Isaías 5 é um lembrete poderoso e sério da necessidade de arrependimento e obediência à vontade de Deus.

Comentário de Isaías 5

Isaías 5.1-7 O Cântico da vinha de Isaías está dividido em três partes:
 
(1) apresentação da alegoria (v. 1, 2);
(2) acusação e sentença contra Judá (v. 3-6);
(3) interpretação da alegoria (v. 7; ver Sl 80.8-16).

Consiste de uma acusação feita por Isaías (v. 3, 4) e da sentença, proferida pelo próprio Senhor (v. 5,6).

Isaías 5.1-3 Judá é comparada a uma vinha que tinha tudo para dar certo. O fato de não dar frutos, portanto, justifica o juízo de Deus (Is 1.2,3). Meu querido e meu amado são expressões de carinho de Isaías para se referir ao Senhor.

Isaías 5.2 O Senhor, o verdadeiro Vinhateiro, havia feito de tudo para adequar o solo à produção de uvas de qualidade. O termo uvas bravas significa coisas que exalam mau cheiro (v. 4). Esse resultado foi tão inesperado quanto a proliferação de filhos rebeldes (Is 1.2-4).

Isaías 5.3 Minha vinha. O pronome possessivo indica o amor e o orgulho que Deus tinha de Sua propriedade — a nação de Israel. Por isso, Ele ficou tão desapontado com sua infertilidade.

Isaías 5.4 Que mais se podia fazer? Quando um relacionamento humano dá errado, espera-se que ambas as partes assumam uma parcela da responsabilidade. Quando o relacionamento é entre Deus e Seu povo, porém, a culpa é só do povo. O Senhor fez tudo por eles — desde instruí-los até assentá-los na Terra Prometida.

Isaías 5.5 Vos farei saber. Deus não estava pedindo permissão, e sim alertando Seu povo.

Isaías 5.6 Sarças e espinheiros simbolizam a anarquia (Is 3.4, 5) que tomará conta da terra após o exílio. Nuvens. Conforme Deus prometeu ao firmar aliança com Israel no monte Sinai, haverá chuva o bastante se o povo for obediente e fiel a ele, mas caso se rebele, a chuva seria retida (Dt 28.12, 23, 24).

Isaías 5.7 Juízo e opressão são palavras que soam parecidas em hebraico, assim como justiça e clamor. Escolher palavras que soem de forma semelhante é um recurso comum na poesia hebraica.

Isaías 5.8-30 Essa profecia consiste de seis acusações ou ais que especificam os pecados das uvas bravas (v. 2,4) e a natureza de seus atos opressores: ganância (v. 8), libertinagem (v. 11,12), cinismo (v. 18,19), perversão (v. 20), arrogância (v. 21) e injustiça (v. 22,23). A esses pecados acrescentam-se profecias de juízo, que preveem desolação (v. 9,10), cativeiro ou morte para os líderes arrogantes (y. 13,14) e humilhação geral (y. 15). H á também uma descrição do exército vencedor (v. 26-30).

Isaías 5.8 Até que [...] a terra. Os latifundiários gananciosos almejavam o controle de todas as terras produtivas de Israel. No entanto, o campo, que não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha (Lv 25.23), foi dado como herança do Senhor para todo o povo (Nm 27.7-11). Destituídos das terras de seus ancestrais, restou aos cidadãos de Israel conformar-se em ser boias-frias ou escravos: agora trabalham no que já foi sua herança de família.

Isaías 5.9, 10 Os invasores são capazes de destruir mansões, mas só Deus pode trazer a seca subentendida nesses versículos. Ainda assim, ambas as calamidades serão juízos provenientes de Sua mão.

Isaías 5.9 Sem moradores é uma expressão que também se encontra em Isaías 6.11.

Isaías 5.10 Um bato equivale a cerca de 23 litros. Um ômer corresponde a cerca de 210 litros. Um efa é a décima parte de um ômer. O fruto da terra será muitíssimo escasso na ocasião ao juízo divirto.

Isaías 5.11,12 A ganância (v. 8) tem estreita ligação com o estilo de vida desregrado e egocêntrico.

Isaías 5.11 Esse versículo condena com veemência o abuso da bebedice (cerveja) e do vinho (v. 22). Um exemplo contrastante do vinho, no qual essa bebida é apresentada num contexto positivo, representando a salvação concedida por Deus, pode ser lido em Isaías 55.1. Os esquenta. O padrão na vida dos reis ímpios é a dissipação.

Isaías 5.12 Harpas, e alaúdes. Para uma ilustração semelhante, leia Salmos 33.2. A música, no antigo Israel, servia tanto para louvar ao Senhor quanto para animar os banquetes. O vinho fazia parte do banquete nos tempos bíblicos (Pv 9.2; Jo 2.10). Aqui, seus banquetes significa suas festas regadas a bebida. Não olham [...] nem consideram. O povo está cego para a realidade das obras que Deus realiza em seu meio (SI 10.4). A obra do Senhor diz respeito também à justiça, o que implica salvar os oprimidos e castigar os tiranos (v. 24,25).

Isaías 5.13 Será levado cativo. Esse é o futuro reservado para o povo rebelde — eles ainda não foram levados para o cativeiro. O entendimento refere-se a um envolvimento pessoal com algo ou alguém. A sede será o castigo pelo crime de exagero nas bebidas alcoólicas (v. 11,12).

Isaías 5.14 Sepultura no original é Sheol, termo poético que descreve o mundo dos mortos. Aqui ela é comparada a uma bocarra aberta que devora a elite e as massas, sem distinção. O Sheol é representado por um monstro voraz em Provérbios 1.12; 27.20.

Isaías 5.15, 16 Para a exaltação exclusiva do Senhor, veja Isaías 2.9,11,17. O juízo sobre os ímpios é uma forma de exaltação divina.

Isaías 5.15 Os olhos dos altivos é uma referência aos orgulhosos, que não respeitam a Deus (Sl 147.6).

Isaías 5.16 O termo hebraico traduzido por santificado deriva de um verbo que significa tornar santo e basicamente significa ser distinto, ser retirado, ser separado, expressões que descrevem a transcendência do Senhor em Sua majestade e glória.

Isaías 5.17 Mansões cercadas de vinhas exuberantes serão lugares pisados, onde cordeiros e animais gordos, preparados para o sacrifício, alimentam-se.

Isaías 5.18, 19 Os que zombam da alegação de Isaías de que o dia do Senhor chegará não estão simplesmente recaindo no pecado, e sim trabalhando em prol da iniquidade, como se a transportassem em carros. Isaías dá ao seu filho o nome Apresse-se a destruição, acabe o butim (Is 8.3), talvez em parte para responder a esse desafio (Is 5.26).

Isaías 5.20 Ao mal chamam bem. Quem perverte a avaliação divina do que é bom, considerando bem o que é mal, está trilhando um caminho perigoso, que conduz ao juízo.

Isaías 5.21 Na fonte da corrupção moral, social e teológica denunciada nesta profecia está se achar sábio a seus próprios olhos — um egotismo insensível e arrogante.

Isaías 5.22 Poderosos para beber vinho. O versículo 11 fala do exagero no uso do vinho. A bebida forte é, provavelmente, a cerveja.

Isaías 5.23 Presentes. A perversão da justiça pelo suborno é um mal gravíssimo, com resultados catastróficos para a sociedade.

Isaías 5.24 Quando a vinha que só dá uvas amargas for julgada, os perversos serão eliminados sem misericórdia.

Isaías 5.25 As montanhas — que parecem inabaláveis — tremeram, e até mesmo o mar fugiu perante a fúria do Senhor (Sl 114.3,7). Seus cadáveres. Eis um quadro chocante dos inimigos derrotados de Deus (Is 34.3; 66.24). A ira do Senhor não tornou atrás, mesmo após a execução de seus terríveis juízos (v. 24,25). A sua mão. Nas Escrituras, a mão de Deus quase sempre é um símbolo de Sua graça e salvação (Ex 15.6). Quão trágico é que essa mão seja estendida para castigar Seu povo!

Isaías 5.26 O exército assírio, em grande parte com posto de mercenários [soldados contratados por dinheiro] (Mq 4.11-13), literalmente pisoteou (v. 5) a aprazível terra de Israel. Assobiará. O Senhor é quem controlará esse exército convocado para exercer juízo. Partirá de Deus o sinal para invadir (Is 7.18).

Isaías 5.27-29 Os preparativos do exército assírio estão concluídos; os soldados estão alinhados em ordem de batalha, prontos para começar a guerra (Is 40.30,31).

Isaías 5.29 Como o [rugido] do leão. Significa que os assírios estarão preparados para devorar a presa como faz o leão — com facilidade.

Isaías 5.30 As assolações simbolizam o juízo.

Isaías 5:1-7 (Devocional)

A Canção da Vinha

Neste capítulo temos três seções:

1. O SENHOR e a vinha fracassada de Israel (Is 5:1-7);
2. um ai sêxtuplo sobre o povo e seus líderes (Is 5:8-23);
3. os julgamentos do SENHOR sobre o povo (Is 5:24-30).

Isaías, em quem fala o Espírito de Cristo, usa agora uma nova forma de falar a Israel, nomeadamente através de um cântico. É uma canção na qual ele canta o amor do Senhor por seu povo (Is 5:1). Ele quer cantar para o seu Bem-amado, o SENHOR. Ele é como o amigo do Noivo que se alegra com o Noivo (João 3:29-30). O SENHOR é o objeto de sua canção.

É um cântico de amor, tal como o Cântico dos Cânticos, e fala de uma vinha (cf. Fn 2, 15). No entanto, a identidade dos envolvidos permanece acobertada. Isaías não menciona nenhum nome. Natã também usa essa forma velada de contar uma narrativa na história que ele conta a Davi (2Sm 12:1-4). Não é dito quem é o “bem-amado” e “amado” e quem é a “vinha”. Isso prende a atenção dos ouvintes. Conforme a música avança, sua indignação com a vinha aumenta até que no final da seção, em Is 5:7, a verdadeira identidade do Amado e da vinha é revelada como um raio vindo do céu.

No cântico somos levados a um tribunal (Is 5,3-4; cf. Is 1,18; Is 3,14-15), onde o cântico se torna uma acusação pela falta de resposta ao amor e à paciência de o Amado. O cântico termina deixando a descrição figurativa para identificar a casa de Israel – pois esta é a vinha – como objeto da ira de Deus (Is 5:5-7).

Isaías canta sobre o que o Bem-amado – isto é, como sabemos, o SENHOR – fez por Seu povo. Na imagem da vinha, ele canta sobre Israel como Deus viu o povo no início de sua história na terra prometida. A vinha ficava numa “colina fértil”, portanto em terreno fértil (Dt 8:7-9), que é a terra de Canaã.

Então diz: “Ele cavou tudo ao redor, removeu suas pedras.” Isso significa que Ele expulsou da terra as nações com seus ídolos. Pela “videira mais escolhida” que Ele plantou, os israelitas são entendidos (Jr 2:21; Sl 80:8-9; Os 10:1). Além disso, Ele construiu “uma torre” no meio dela, que se refere à cidade central de Jerusalém que Ele construiu para estabelecer Seu Nome (Pv 18:10). Essa torre também era uma torre de vigia onde viviam os sacerdotes que tinham que se proteger contra a intrusão de más influências.

O “cuba de vinho” que Ele esculpiu pode ser reconhecido no templo. Ali o povo trazia para Ele o fruto da terra, os sacrifícios, a fim de expressar sua adoração e louvor pela obra de Seu Espírito. Ele estava ansioso por aquele resultado glorioso depois de todo o trabalho que havia colocado nele. O final da música, no entanto, é um anticlímax. Em vez das boas uvas que Ele poderia esperar de todos os Seus esforços, a videira produziu uvas sem valor.

Depois que Isaías cantou em sua canção a descrição detalhada dos esforços do Senhor para um resultado ideal, de repente nos vemos movidos para um tribunal (Is 5:3). O próprio SENHOR fala agora, um falar que continua através de Isaías 5:7. Ele pede “aos habitantes de Jerusalém e aos homens de Judá” em um julgamento para julgar entre Ele e Sua vinha. Ele pede a eles um veredicto pelo qual os obriga a refletir profundamente sobre a situação.

Ele é o Promotor, que ao mesmo tempo se defende perguntando-lhes o que eles acham que Ele poderia ter feito mais do que fez (Is 5:4). Suas expectativas eram altas demais ao esperar boas uvas depois de cuidar tanto delas, enquanto só produzia uvas sem valor? Fazer a pergunta é respondê-la.

A maneira como o SENHOR se dirige a essas pessoas é notável. Ele se apresenta como alguém que tem uma reclamação contra a vinha e pede seu julgamento. Como se eles, como justos juízes, pudessem julgar! Mas os homens de Judá são as próprias plantas. De maneira sutil, o SENHOR realmente pede disposição para julgar a si mesmos. Ao invés de fazer uma acusação, pede-se o seu julgamento, pelo qual o amor, que é a fonte dessa aproximação, espera uma disposição ao auto-exame. Mas não há resposta.

Ouvimos como Deus se pergunta em voz alta se a vinha dará o fruto que Ele poderia esperar depois de tudo o que Ele fez por ela. Este é um princípio que pode ser aplicado de forma geral, não apenas aos judeus, mas também à igreja e a cada indivíduo. Se a igreja recebeu mais do que os judeus, Deus tem o direito de esperar que a igreja produza mais para Ele. Se alguém afirma conhecer a glória de Cristo, então pode esperar que sua vida corresponda a isso. Esse é o verdadeiro fruto para o qual o crente está na terra.

O Promotor então anuncia o que fará com Sua vinha (Is 5:5). Precedido por um solene “agora” Ele anuncia o veredicto de Sua vinha inútil. Afinal, uma vinha que não produz frutos é totalmente inútil. A única coisa para a qual uma videira é útil é dar frutos. Sua madeira é sem frutos, muito inútil para ser adequada para outra coisa que não seja lenha (Ezequiel 15:2-5).

O Promotor também executará ele mesmo o veredicto. Sua retaliação por sua rebelião é iminente e inevitável. Ele lhes tirará a proteção, “sua cerca viva”, para que se tornem presa das nações. Como resultado, a terra será consumida. Ele “derrubará seu muro” para que o inimigo possa entrar e pisoteá-los.

Ele colocará toda a terra “desolada” (Is 5:6). Ele fará isso tão completamente que não será “podado” ou “capinado”, o que significa que nenhuma atividade ocorrerá com o propósito de produzir frutos. Assim, em vez de frutos deliciosos, a terra produzirá apenas “sarças e espinheiros”, símbolos do pecado (Gn 3,18).

Em Is 5,6, os ouvintes ouvem de repente que o viticultor, o amado que fala de sua vinha, “encarregará as nuvens de não chover sobre ela” (cf. Dt 11,17). Até agora eles ouviram a música sem pensar que o amado ou a vinha representam certas pessoas. Mas agora eles ouvem algo incrível, algo que os deixa desconfiados. Eles ouvem o dono da vinha dizer que “encarregará as nuvens de não chover sobre ela”. Certamente só o SENHOR pode dizer tal coisa, não é? Como um homem cobraria as nuvens para fazer algo? Certamente só Deus pode fazer isso, não é? E de fato, assim é.

Este é o momento para a explicação das imagens (Is 5:7). O Promotor de repente confronta a casa de Israel com o fato de que eles são a vinha dos versículos anteriores e que Ele, o SENHOR, é o Bem-amado de quem a canção fala. Parece que ouvimos Natã dizer a Davi, depois de ter contado sua parábola: “Você é o cara!” (2Sm 12:7). O Promotor não é Isaías, mas o próprio SENHOR!

Em resumo, a vinha é Israel, a alegria do SENHOR e a obra de Suas mãos para Sua glorificação (Is 60:21; Is 61:3). A alegria que Ele queria encontrar em Seu povo também tem a ver com Seu amor por eles. Eles são “Sua planta deliciosa”. Ele os escolheu de todas as nações para serem Seu povo, o objeto especial de Seu amor. É por isso que Ele cuidou tanto deles. Mas em vez de encontrar justiça e retidão que Ele espera como fruto, Ele encontra opressão e violência. É por isso que o julgamento sobre Israel não pode mais ser evitado.

Is 5:7 em hebraico é um belo jogo de palavras: mispatmispach que pode ser traduzido como “bom governo” – “governo de sangue” e: tsedakahtseakah que pode ser traduzido “observância da lei” – “opressão da lei” (= clamor de pessoas oprimidas). Assim como essas palavras, pelo menos, em hebraico se assemelham, em certo sentido as uvas sem valor se assemelham às uvas boas. Da mesma forma, os malfeitores parecem religiosos, quando na realidade estão cheios de iniquidade (cf. Mt 23,28).

A lição desta seção é clara. É possível realizar atos religiosos rotineiramente, viver exteriormente em conformidade com as Escrituras, enquanto falta a verdadeira dedicação do coração a Cristo. O primeiro amor se foi e com ele o verdadeiro poder espiritual. Isso abre a porta para formas cada vez mais grosseiras do mal. O Senhor está à porta e bate (Ap 3:20). Ele espera uma resposta de todos os que realmente desejam ter comunhão com Ele em verdade, de acordo com Sua vontade e maneira.

A vinha é destruída, mas não para sempre. Mais tarde encontramos a promessa de que a vinha será restaurada (Is 27:2-6). Isso acontecerá no tempo do fim. Isso não significa que até aquele momento Deus esteja sem vinha e sem frutos da vinha.

Em primeiro lugar, o Senhor Jesus tomou o lugar do Israel falido como a videira verdadeira. Ele diz de Si mesmo: “Eu sou a videira verdadeira” (João 15:1). Sua vida era toda alegria para Deus. Ele é a verdadeira ‘planta deliciosa’ de Deus, porque Nele Deus encontra todo o Seu deleite.

Em segundo lugar, o Senhor Jesus mostra em uma parábola que a vinha, o reino de Deus, estará ligada a outro povo, o cristianismo (Mateus 21:33-43). No cristianismo, todo aquele que está ligado à videira verdadeira, Cristo, dá frutos para Deus (Jo 15:2; Jo 15:8).

Isaías 5:8-10 (Devocional)

O Primeiro Ai

À semelhança da vinha segue-se um sêxtuplo “ai” das uvas “inúteis” (cf. Is 5,2) produzidas pelo povo. Nela, Deus intercede contra o povo e mostra-lhe detalhadamente os seus pecados, as suas ‘uvas sem valor’. Também vemos esta ordem no Evangelho segundo Mateus. Primeiro o Senhor Jesus conta a parábola de uma vinha (Mateus 21:33-41). Um pouco mais adiante, Ele pronuncia um ai sete vezes maior sobre os líderes do povo (Mateus 23:13-36).

O primeiro ai de Isaías é sobre ganância e ganância (Is 5:8; cf. Is 57:17; Mq 2:2). Reconhecemos esta ‘uva sem valor’ no materialismo desenfreado de nossos dias. É a vontade de sempre mais. Se necessário, outros são roubados de suas posses. A imagem é o egoísmo em sua forma mais elevada, alguém que se cercou de tudo o que deseja e não permite que ninguém mais compartilhe disso. Isso vai contra os mandamentos de Deus de não roubar e não cobiçar (Êx 20:15; Êx 20:17), pelos quais Ele protege a propriedade privada dos membros de Seu povo. É a propriedade que Ele confiou a cada membro.

Aqueles que são culpados dessa ganância violam a ordenança do SENHOR (Nm 36:7; 1Rs 21:1-3), pois a terra sempre permanece propriedade do SENHOR (Lv 25:23). Eles não pensam em devolver a propriedade ao dono original no ano do jubileu (Lv 25:10; Lv 25:13). Se tivessem feito isso, teriam recebido frutos abundantes (Lv 25:18-19).

O SENHOR comunicou o julgamento sobre este trato a Isaías em seus ouvidos, o que significa para ele pessoalmente. Foi-lhe dito que o Senhor cuidará para que eles não se beneficiem de sua ganância (cf. Ag 1:6; Ag 1:9). Suas belas casas serão destruídas e a vida desaparecerá delas porque os ocupantes perecerão (Is 5:9). Uma casa ainda pode ser tão bonita, mas quando a vida se vai dela, ela está morta.

Além disso, a terra quase não produzirá nada (Is 5:10). Um vinhedo de “dez acres” produzirá apenas entre vinte e quarenta e cinco litros de vinho – um banho presumivelmente entre vinte e quarenta e cinco litros. E um ômer de semente – um ômer tem presumivelmente entre duzentos e quatrocentos e cinquenta litros – renderá apenas um efa – um efa é presumivelmente entre 20 e 45 litros. Isso significa que a semente plantada renderá apenas dez por cento ou menos.

A isso podemos aplicar o ditado: ganhos ilícitos nunca beneficiam ninguém. A lição é: se esquecermos que tudo o que temos pertence a Cristo e nos apropriarmos disso, a aridez e a carência espiritual nos atingirão (cf. Sl 106, 15).

Isaías 5:11-17 (Devocional)

O Segundo Ai

O segundo ai (Is 5:11) é sobre os hedonistas, pessoas viciadas em prazeres, os “amantes dos prazeres” (2Tm 3:4). Eles veem a vida como um grande banquete e bebem uma “bebida forte” inebriante, que naqueles dias era feita de tâmaras fermentadas, mel e cevada. Tal vida não vale nada, pode ser comparada a uvas sem valor. Não há nada em suas vidas em que Deus possa encontrar alegria. Pelo contrário, Ele está enojado com isso. As pessoas que vivem assim são viciadas nesse modo de vida. Alguém que acorda de manhã e como primeiro de sua ação pega a garrafa é certamente viciado em álcool (cf. Ec 10:16; Atos 2:13-15). Se você está embriagado, pelo menos esquece as coisas desagradáveis da vida. É como o ópio.

Por dentro, embriagado por dentro e por fora cercado e atordoado pelo barulho é a situação ‘ideal’ para garantir que eles não prestem atenção nas obras do SENHOR, que não tenham interesse nelas (Is 5:12; cf. Am 6 :4-5). Eles não “consideram o trabalho de Suas mãos”. Eles estão completamente cegos para o que o SENHOR faz.

Hoje vemos como as pessoas estão completamente absortas no álcool e nas drogas, no heavy metal e na música death metal que as tornam insensíveis a qualquer sinal que as avise das consequências mortais. Como resultado, eles afundam mais do que os animais que instintivamente ainda fazem boas escolhas (Is 1:3). Deve ficar claro para nós que essas coisas também podem ser encontradas entre aqueles que se dizem cristãos. O uso de bebidas fortes e drogas não é apenas uma prática do mundo ao nosso redor, mas ocorre amplamente entre os jovens cristãos.

Essa falta de compreensão dos feitos do SENHOR, essa falta de conhecimento dEle, torna-se fatal para eles (Is 5:13; Os 4:6). Como resultado, eles não percebem que irão para o exílio. A elite de alta renda passará fome. A “multidão”, a perversa população ‘comum’, morrerá de sede.

Eles encontrarão o ceifador magro, que com sua garganta aberta e sua boca aberta como um monstro guloso está pronto para devorá-los (Is 5:14). Sem que percebam, a nobreza e o ser humano médio estão pulando para aquele monstro devorador de tudo e todos. Dessa forma, eles descem dançando e balançando no buraco negro sem fim.

Então acabou e acabou com toda aquela torcida e pulos. De todo o orgulho do homem comum e do homem de prestígio, nada resta. Ambos dobram os joelhos sob julgamento. O homem comum, como o homem distinto, viveu apenas para si mesmo e não foi inferior ao homem distinto. Ambos têm os olhos abertos para tudo em orgulho, menos para o SENHOR. Seus olhos serão humilhados para sempre (Is 5:15).

Deus imporá o reconhecimento de Seus atributos e direitos (Fp 2:9-11). A queda do homem arrogante é resultado do julgamento do “SENHOR dos Exércitos” (Is 5:16). Ele será exaltado pelo exercício do julgamento, que contrasta nitidamente com a humilhação do homem. Este forte contraste também existe entre o comportamento profano do homem e a santidade de Deus, que é enfatizado aqui como “o Deus santo”. Sua santidade é expressa na manutenção de Sua justiça.

Justiça e santidade são as características do novo homem, que “foi criado na justiça e santidade da verdade” (Ef 4:24). Como resultado, o crente que pertence à igreja é capaz de praticar a justiça em meio ao mal. Enquanto estiver cercado pelo mal, ele pode viver em santidade, o que significa separado para Deus.

Quando o povo for para o exílio, os pastores de nações estrangeiras deixarão suas ovelhas pastar na terra deserta como se fosse sua (Is 5:17). Os estrangeiros se banquetearão com o que Deus planejou para o Seu próprio povo, mas que Seu povo tem festejado em ganância desenfreada. Após o julgamento, eles deixam tudo para trás e os estranhos comem. Isso é literalmente cumprido pelos árabes que viveram lá por séculos, enquanto Jerusalém estava nas mãos de povos islâmicos.

Isaías 5:18-19 (Devocional)

O Terceiro Ai

O terceiro ai é pronunciado sobre a próxima ‘uva sem valor’ e é sobre aqueles que são viciados em iniquidade. Com truques de mentira, eles cometem iniquidade (Is 5:18). Não é sem sarcasmo que Isaías descreve animais carregando um fardo. O fardo da iniquidade está no alto da carroça do pecado que essas pessoas arrastam com cordas. A ideia subjacente é que o ato de cometer pequenas iniquidades, “cordas de falsidade”, levará gradualmente a iniquidades mais grosseiras, “pecar como se com cordas de carroça “ . Eles acreditam que estão no controle de suas atividades pecaminosas. Mas é o contrário: “Ele será preso com as cordas do seu pecado” (Pv 5:22).

Enquanto, como escravos do pecado, eles se arrastam em direção ao julgamento, eles estão desafiando a Deus (Is 5:19). Com linguagem poda, eles O desafiam a colocar em ação Seus avisos: ‘Se você está aí, mostre-se, faça alguma coisa!’ Este é o cúmulo da audácia e da blasfêmia (cf. Mt 27:42; 2Pe 3:2-3; Ec 8:11; Jr 17:15). Eles não hesitam em abusar e desprezar o Nome do “Santo de Israel”, o Nome que Isaías sempre usa para destacar a santidade de Deus diante da impiedade do povo. Mostra o endurecimento deles, que Isaías deve selar no próximo capítulo (Is 6:9-10).

Isaías 5:20 (Devocional)

O quarto Ai

Nesse versículo, Isaías aponta para a quarta ‘uva sem valor’: virar os princípios morais de cabeça para baixo. Sobre isso vem o quarto ai. Consciente e voluntariamente, eles viram valores e normas de cabeça para baixo. Eles invertem tudo o que Deus disse. O que Deus chama de mal, eles chamam de bem e vice-versa. Isso é uma abominação para o Senhor (Provérbios 17:15). Eles fazem o mesmo com a escuridão e a luz e com o amargo e o doce. Falsos ensinamentos são apresentados como verdade e a verdade é transformada em mentira.

Isso é muito atual em nossos dias. Os gays devem poder se casar e o casamento como tal é apresentado como um jugo opressor. O aborto, ou seja, o assassinato no útero, deve ser possível, mas a pena de morte – que Deus prescreve em caso de assassinato – é abolida como assassinato e desumano. É a tola inversão das coisas pelo homem sem Deus.

Primeiro vem o negativo, ao qual eles atribuem um significado positivo. A consequência não pode ser outra senão que eles transformam o positivo em algo negativo. Vemos isso fortemente com os fariseus que atribuem a Belzebu a obra do Senhor Jesus por meio do Espírito Santo (3:22-29).

“É mau e amargo para você abandonar o Senhor, seu Deus” (Jeremias 2:19), mas eles dizem que é bom. Eles imitam o diabo que disse a Eva que não era mau, mas bom comer da árvore proibida. Asafe diz: “A proximidade de Deus é o meu bem” (Sl 73:28), mas eles dizem que é mau. Em tudo contradizem deliberadamente os preceitos e a vontade revelada do SENHOR. Eles não apenas declaram que Sua vontade é inválida, mas também a distorcem e conscientemente vão contra ela. Esta é uma das características do fim dos tempos (Rm 1:32).

Isaías 5:21 (Devocional)

O Quinto Ai

O quinto ai atinge o orgulho e a complacência daqueles que são sábios a seus próprios olhos (cf. Pro 3,7). Isso também é uma ‘uva sem valor’. Alguém que inverte os valores se considera sábio e sua própria opinião inteligente. Alguém que se vangloria de sua própria sabedoria e intelecto, produz um fedor insuportável. Essa atitude decorre da atitude que vemos nas duas aflições anteriores. É uma tentativa de autojustificação, que leva à cauterização da consciência.

Isaías 5:22-23 (Devocional)

O Sexto Ai

O sexto ai vem sobre os líderes do povo. Eles também estão totalmente podres. Eles agora são descritos como os amantes do vinho, os homens que se gabam de saber como prepará-lo (Is 5:22). O que eles fazem também é inútil e fede. Com um tom de sarcasmo, Isaías compara esses líderes com “heróis” e os chama de “homens valentes”.

São os fanfarrões, os brigões, pessoas facilmente subornáveis, porque não seguem nenhum princípio (Is 5:23). Por causa de seu olhar nebuloso, eles não têm visão da lei. Eles são muito frouxos com a lei e a distorcem quando podem se beneficiar dela. Eles são viciados em poder e enriquecem à custa dos pobres. Vemos isso com todos os tipos de governantes ao longo dos séculos. Vemos isso também com os falsos pastores (Ez 34:1-6) e nas características do anticristo (Zc 11:15-17).

A contrapartida espiritual de “ser heróis no beber vinho” é ser cheio do Espírito Santo (Ef 5:18). Isso leva a um claro discernimento entre o que é de Deus e o que não é.

Isaías 5:24-30 (Devocional)

A Nação Distante

Com um “portanto” e um “por isso” (Is 5:24-25) segue o julgamento irrevogável de Deus. A vinha (Is 5:1-7) revela-se totalmente depravada. Só há um remédio: julgamento total. O julgamento divino sobre tudo isso é comparado a uma “língua de fogo” (Is 5:24) que lamberá tudo de que se gabam como se fosse “restolho” e “erva seca”. No mesmo sentido, “sua raiz ficará como podridão” e não terá força vital para fazer a árvore frutífera dar frutos acima do solo. Como resultado, “sua flor”, seu esplendor e a promessa de frutos, “serão levados como pó”. Nenhum fruto surgirá e nada restará do que parecia ser uma colheita.

Este julgamento os afetará porque eles “rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel”. Eles desprezaram a lei, a palavra escrita do Senhor e as declarações orais do Santo de Israel por meio de seus profetas. O título “o Santo de Israel”, regularmente mencionado por Isaías, evidencia de modo especial a enorme distância que existe entre o pecado do homem e a santidade de Deus.

A rejeição deles a Ele acendeu Sua ira (Is 5:25). Porque eles O rejeitaram, Ele enviará um poderoso inimigo contra eles, Seu povo. Por causa desse inimigo, Ele estende a mão contra eles para derrubá-los, ou seja, para puni-los. A sebe de espinhos e os muros da vinha são removidos para que este inimigo possa vir sem impedimento para destruí-los, como é dito em Is 5:5 no cântico da vinha.

A marcha deste inimigo – a Assíria, profeticamente o rei do Norte – fará tremer as montanhas. Seus ataques farão as ruas parecerem lixo. E esse não é o fim dos julgamentos. O povo será espancado ainda mais ferozmente. Portanto, “a sua ira não se extinguiu, mas a sua mão ainda está estendida” (Is 5:25), expressão que descreve o progresso do julgamento de Deus (Is 9:11; Is 9:16; Is 9:20; Is 10:4).

Em Is 5:26-30 segue uma descrição da invasão dos assírios. A descrição também se refere à invasão do rei do Norte no fim dos tempos (Dn 11:40). O SENHOR dá o sinal de partida para o avanço do inimigo. Ele levanta um estandarte como um sinal para o inimigo ir a Jerusalém e lutar como Seu exército contra Seu povo apóstata (Is 5:26). Que mudança em comparação com o tempo em que Ele era o “Estandarte” deles (Êxodo 17:15)! Assim como um apicultor assobia suas abelhas para si mesmo, o SENHOR reunirá os exércitos do inimigo como Suas abelhas (Is 7:18). Eles virão, apressados e rápidos.

É um exército incansável porque é dotado de força sobre-humana pelo SENHOR (Is 5:27). Eles não precisam dormir ou descansar. Não há como cochilar. Não ocorrerá falha de material. O que o Senhor fez ao seu povo no deserto, faz aqui com o exército que envia ao seu povo (cf. Dt 8,4).

É um exército totalmente preparado para sua tarefa, com soldados empunhando as armas para uso imediato (Is 5:28). Eles procedem na velocidade da luz, sem medo e sem compaixão. O exército ataca como um leão, ruge, agarra sua presa e a arrasta (em cativeiro) sem possibilidade de fuga e sem que ninguém possa vir em seu socorro (Is 5:29).

A expressão “naquele dia” mostra que os eventos que estavam por vir se repetirão no futuro e levarão a um resultado final. O “rugido sobre ela... como o bramido do mar” é uma indicação para o avanço dos exércitos que tomam posse da terra como águas de inundação (Is 8:7; Dn 9:26). Para o povo de Deus haverá apenas “escuridão [e] angústia” naquele dia, sem visão da luz (Is 5:30). “Com que propósito [será] o dia do Senhor para vós? [Será] trevas e não luz” (Am 5:18).

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