Significado de Gênesis 14

Gênesis 14

Gênesis 14 é um capítulo fascinante que retrata uma batalha entre quatro reis contra cinco reis na região de Sodoma e Gomorra. O capítulo destaca a bravura de Abrão, que junto com seus aliados derrota os quatro reis e resgata seu sobrinho Ló, que havia sido capturado na batalha. O capítulo também apresenta a introdução de Melquisedeque, o rei de Salém, que abençoa Abrão e recebe um décimo de seus despojos.

Além da batalha repleta de ação, Gênesis 14 fornece informações sobre o cenário político da região nos tempos antigos. O capítulo menciona vários reis e cidades que existiram na área, o que ajuda os leitores a entender o contexto da história. Ele também destaca as lutas de poder e alianças que eram comuns na região na época.

No geral, Gênesis 14 é um capítulo cativante que combina elementos de ação, política e religião. Ele mostra a bravura e a astúcia de Abrão e fornece um vislumbre do mundo do antigo Oriente Próximo. O capítulo prepara o cenário para eventos futuros no livro de Gênesis e estabelece as bases para a história de Abrão e seus descendentes.

Comentário de Gênesis 14

Gênesis 14.1-11 Esta é a primeira guerra mencionada na Bíblia. Talvez tenha havido mais, mas isto é mencionado porque Ló e Abrão estão envolvidos, embora por razões bem diferentes.

A guerra é entre quatro reis de um lado e cinco reis do outro. Os quatro reis atacam os cinco reis. Entre os quatro reis estão o rei de Sinear, que é Babel, e o de Elão, que é a Pérsia. Os cinco reis atacados são reis de cidades próximas umas das outras, no vale do Jordão. A causa da guerra é a revolta dos cinco reis contra Quedorlaomer, aos quais serviram durante doze anos.

Quedorlaomer fornece aliados poderosos e derrota vários oponentes antes de submeter os reis rebeldes. Os cinco reis rebeldes também reúnem seus exércitos e se alinham em ordem de batalha. Mas eles não são páreo para Quedorlaomer e seus aliados. O exército do rei de Sodoma e seus aliados é derrotado. Muitos daqueles que escapam da espada morrem em poços de alcatrão. As cidades são saqueadas e “todos os bens de Sodoma e Gomorra e todos os seus mantimentos” são tomados pelos vencedores.

Gênesis 14.3-9 O vale de Sidim provavelmente está submerso sob as águas do mar Morto. Os reis da Mesopotâmia forçaram os reis das cidades localizadas no vale de Sidim a pagar tributos. Por isso, houve uma guerra. O ataque punitivo da coalizão estrangeira demorou pelo menos um ano para ser organizado. Deve ter sido formidável, dada a lista de cidades que eles conquistaram enquanto abriam caminho para o encontro com os reis rebeldes.

Gênesis 14:10-12 E o vale de Sidim estava cheio de poços de betume. O termo em hebraico traduzido como poços é ‘er; aparece duas vezes no texto original, significando que os poços de betume estavam por todo o lugar. Como Ló vivia na cidade de Sodoma, ele também foi capturado. A cidade onde Ló vivia foi descrita como o lugar onde viviam pessoas perversas e pecadoras contra o Senhor (Gn 13.11-13). Esta descrição prepara o terreno para os acontecimentos dos caps. 18 e 19.

Gênesis 14.13-15 Aqui encontramos o primeiro uso do termo hebreus na Bíblia, o qual é derivado do nome Eber, mencionado entre os descendentes de Noé que deram origem às nações (Gn 10). A palavra hebreus está relacionada ao sentido do verbo atravessar ou passar por (hb. 'abar). Talvez o objetivo seja lembrar-nos de que Abrão atravessou ou transpôs algo para obedecer à ordem divina. Abrão mudou-se para Hebrom, próximo aos carvalhos de Manre (Gn 13.18,24). O fato de Abrão reunir 318 homens para lutar, dentre todos os nascidos em sua casa, é uma indicação da grande prosperidade e honra que o Senhor havia concedido a ele (Gn 12.2,3).

Gênesis 14:16 O ataque de Abrão foi um sucesso completo. Ele conseguiu recuperar todos os pertences roubados pela coalizão da Mesopotâmia e resgatar o seu sobrinho Ló.

Gênesis 14:17 Quando Abrão retornou de seu bem sucedido ataque aos aliados da Mesopotâmia, dois reis foram ao seu encontro: um era o rei de Sodoma, e o outro era o rei de Salém. Abrão falou primeiro com o rei de Salém.

Gênesis 14:18 Melquisedeque [hb. Malkiy-Tsedeq] significa meu Rei é justiça. Melquisedeque era um contemporâneo de Abrão, que prestava adoração ao único Deus vivo. Ele era rei de Salém, um dos nomes antigos de Jerusalém. O termo Salém [hb. shalem] vem da raiz da palavra shalon, que significa paz. Melquisedeque ofereceu pão e vinho a Abrão. Mesmo que estes fossem gêneros alimentícios muito comuns nos tempos antigos, o uso deles aqui teve um significado diferente: foram utilizados para celebrar a libertação de Abrão e de suas tropas por Deus.

Gênesis  14.19 Abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo,... Ele veio sob a provisão especial da promessa da bênção de Deus (Gn 12.3). As palavras de bênção de Melquisedeque — Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo — estão dispostas em forma de poesia para transmitir um sentido maior de poder e efetividade. A expressão Deus Altíssimo confere uma ênfase especial à bênção do Senhor a Abrão. O termo Altíssimo expressa o poder de Deus sobre as nações, como Criador e Senhor (Pv 8.22). Esse aspecto é reforçado pela declaração Possuidor dos céus e da terra. A grande surpresa a respeito de Melquisedeque é que ele apareceu de repente. Não há menção alguma de parentes ou fatos anteriores que mostrasse sua ligação com o Senhor. Essa misteriosa qualidade de Melquisedeque permitiu ao escritor de Hebreus compará-lo ao Filho de Deus, Jesus Cristo (Hb 5—9; Sl 110.4).

Gênesis 14.20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. Quando bendizemos Deus, nós o reconhecemos como a Fonte de nossas bênçãos (Sl 103.1, 2). Melquisedeque declarou a verdadeira origem da vitória de Abrão: Deus lhe tinha entregue. E [Abrão] deu-lhe o dízimo de tudo. Aqui encontramos a primeira menção do dízimo na Bíblia (Dt 14.22). O ato de Abrão indicava que ele acreditava que Melquisedeque tinha um verdadeiro elo com o Deus vivo. Ao entregar o dízimo de tudo quanto possuía ao rei de Salém, sacerdote do Altíssimo, era como se Abrão o tivesse entregue ao Senhor.

Gênesis 14.21 E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as almas e a fazenda toma para ti. Enquanto louvava a Deus com o rei de Salém, Abrão parece ter ignorado o rei de Sodoma (v. 17). Aqui, este se dirige a Abrão, pedindo-lhe pessoas em troca de bens.

Gênesis 14.22 Abrão levantou as mãos como sinal de juramento. Em outras passagens isto tem sentido de desafio. Abrão identificou Yahweh como o Deus Altíssimo. Esta é uma expressão bastante clara de que ele e Melquisedeque adoravam ao verdadeiro Deus, Criador do céu e da terra.

Gênesis 14:23 Com estas palavras Abrão repreendeu fortemente Sodoma e seu rei (Gn 13.12,13). Abrão se pôs em uma posição contrária àquela tomada por seu sobrinho, que havia se mudado para a cidade perversa (Gn 14.12).

Gênesis 14.24 Aner, Escol e Manre pertenciam ao grupo de aliados de Abrão (v. 13). [Tinham ido à guerra]. Não estavam incluídos na decisão pessoal de Abrão [de não tomar nada do que foi despojado para si]. O termo Manre também é o nome de um lugar que está associado a Hebrom (Gn 18.1; 23.17).

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