Interpretação de Lucas 9

Lucas 9

Lucas 9 continua a fornecer um relato detalhado do ministério, dos ensinamentos e das interações de Jesus com vários indivíduos. Este capítulo contém eventos significativos, como o envio dos doze discípulos, a alimentação dos cinco mil, a confissão de Cristo por Pedro, a transfiguração e os ensinamentos de Jesus sobre o discipulado. 

Enviando os Doze Discípulos (Lucas 9:1-6): Jesus envia os doze apóstolos, capacitando-os a pregar o Reino de Deus e curar os enfermos. Ele os instrui a confiar na provisão e na hospitalidade de Deus, não acumulando pertences pessoais. Este evento marca um passo significativo na formação dos discípulos e na sua participação na missão de Jesus.

O envio dos discípulos sublinha o seu papel como embaixadores do Reino, enfatizando a importância da confiança na provisão de Deus e o poder transformador da sua mensagem e obras.

Alimentação dos Cinco Mil (Lucas 9:10-17): Jesus realiza uma alimentação milagrosa, multiplicando uma pequena quantidade de comida para saciar a fome de uma grande multidão. Este evento demonstra a compaixão de Jesus pelas necessidades físicas e Sua capacidade de prover abundantemente. Também prenuncia o maior alimento espiritual que Ele oferece.

A alimentação dos cinco mil aponta para Jesus como o Pão da Vida, que sacia a fome espiritual mais profunda da humanidade.

Confissão de Cristo de Pedro (Lucas 9:18-22): Jesus pergunta aos Seus discípulos quem as pessoas dizem que Ele é, e então pergunta-lhes diretamente. Pedro, falando em nome dos discípulos, declara que Jesus é o Cristo de Deus. Jesus os instrui a não contar a ninguém ainda, pois Sua identidade e missão ainda não são totalmente compreendidas.

A confissão de Pedro destaca o reconhecimento da identidade divina de Jesus e o papel central da missão de Cristo no plano de Deus.

Jesus Prediz Sua Morte e Ressurreição (Lucas 9:22-27): Após a confissão de Pedro, Jesus revela aos Seus discípulos que Ele sofrerá, será rejeitado, morto e ressuscitará. Ele também fala do custo do discipulado, enfatizando a abnegação e o tomar a cruz para segui-Lo.

Esta passagem sublinha a natureza sacrificial da missão de Jesus e o apelo para que os Seus seguidores se comprometam com Ele mesmo face aos desafios e ao sofrimento.

A Transfiguração (Lucas 9:28-36): Jesus leva Pedro, João e Tiago ao alto de uma montanha, onde Ele é transfigurado diante deles. Sua aparência muda, e aparecem Moisés e Elias, conversando com Ele sobre Sua partida. Uma voz do céu afirma Jesus como o Filho amado de Deus e instrui os discípulos a ouvi-Lo.

A transfiguração proporciona um vislumbre da glória divina de Jesus e de Sua continuidade com a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias). Afirma Sua identidade e missão únicas.

Ensinamentos sobre Discipulado (Lucas 9:57-62): Jesus ensina sobre o custo de segui-Lo, enfatizando a prioridade do discipulado sobre o conforto e apegos pessoais. Ele desafia aqueles que O seguem a comprometerem-se totalmente e a não serem prejudicados pelas preocupações mundanas.

Os ensinamentos de Jesus sobre o discipulado enfatizam a necessidade de um compromisso radical e de um foco inabalável no Reino de Deus.

Em resumo, Lucas 9 mostra a autoridade, a identidade e as exigências do discipulado de Jesus. O capítulo apresenta milagres, ensinamentos fundamentais e momentos de revelação que aprofundam a compreensão da missão de Jesus e da natureza do verdadeiro discipulado. Os acontecimentos deste capítulo ilustram a compaixão de Jesus, a identidade divina e o Seu apelo a seguidores dedicados que priorizem o Seu Reino acima de tudo.

Interpretação

9:1. Poder e autoridade. Poder é capacidade inerente; Autoridade é o direito de exercitá-la.

9:2. A pregar... e a curar. O ministério deles devia ser uma extensão do seu próprio.

9:3.Nada leveis para o caminho. Jesus queria experimentar a fé deles, não deixando que fizessem complicados preparativos para a viagem. Deissman sugere que o alforje (gr. pêra) era a bolsa que os mendigos carregavam (LAE, págs. 108-110). Jesus proibiu os discípulos de mendigar como faziam os representantes de outras religiões.

9:4. Ali permanecei. Não deviam andar de casa em casa à procura de alojamento mais confortável, mas deviam aceitar o que lhes oferecessem.

9:5. Sacudi o pó dos vossos pés. Se a sua palavra fosse recusada, devia indicar que rejeitavam aquela cidade através desse gesto enfático.

9:6. Por toda parte. Toda a Galileia foi visitada.

9:7. O tetrarca Herodes era o governador da Galileia que prendera e executara João Batista. Ele temeu a influência de João, e pensou que Jesus fosse o sucessor do Batista.

9:8. Elias. O mais espetacular dos profetas hebreus, que ascendera vivo ao céu, e o profeta Malaquias (4:5) que profetizara a sua volta para preparar o caminho do Messias.

9:9. Herodes... de esforçava para vê-lo. A consciência e a curiosidade de Herodes levaram-no a desejar ver Jesus, provavelmente com intenções perversas (cons. 13:32).

9:10. Retirou-se à parte. Não um deserto (ERC), mas um local desabitado. Betsaida era uma cidadezinha no litoral norte do lago, a leste da enseada do rio Jordão, a uma distância moderada das cidades maiores da costa ocidental do lago.

9:12. Mas o dia começava a declinar. Os discípulos perceberam que a multidão estava faminta, e que devia ser alimentada antes que as pessoas começassem a desfalecer.

9:13. Dai-lhes vós mesmos de comer. Jesus ordenou aos discípulos que fizessem um levantamento dos seus próprios recursos, e que usassem o que tivessem. Cinco pães e dois peixes. Os pães eram redondos como pãezinhos caseiros, e os peixes eram peixinhos em conserva, usados para condimento.

9:14. Cerca de cinco mil homens. Se mulheres e crianças também estavam lá, como Mateus dá a entender (Mt. 14:21), a multidão poderia ser de até dez mil pessoas. Fazei-os sentar-se em grupos de cinquenta. Jesus sabia como organizar uma multidão. Fazendo os grupos se assentarem, evitaria confusão, e seria mais fácil de servir.

9:16. E, tomando... abençoou, partiu e deu. Conforme Jesus foi partindo o pão e os peixes eles se multiplicavam, de modo que foi passando às mãos dos discípulos um fornecimento constante de alimento para ser dado à multidão.

9:17. Doze cestos forneceram um quinhão generoso para cada um dos discípulos. O cesto (gr. kophinos) era um recipiente grande, talvez do tamanho de um alqueire moderno.

9:18-50 Com esta seção do Evangelho, Lucas traz o ministério do Salvador a um ponto decisivo. No ministério da Galileia, que terminou com a alimentação dos cinco mil, Jesus atingiu o cume de sua popularidade, e com a sua recusa de ser feito rei (Jo. 6:15), começou a perder o apoio público. A confissão de Pedro e a revelação da Transfiguração ao círculo mais íntimo dos discípulos começou o caminho da cruz, que domina a última parte deste Evangelho.

9:18. Estando ele orando em particular. Lucas observa que Jesus orava em todas as grandes crises de sua vida (3:21; 5:16; 6:12; 11:1; 22:44). Quem dizem as multidões que sou eu? O Senhor muda o foco da atenção dos discípulos dos seus feitos e ensinamentos para a sua própria pessoa.

9:20. E vós... quem dizeis que eu sou? Tendo alimentado a sua fé e tendo-lhes dado amplas oportunidades de observá-lo, Jesus queria uma confissão de sua fé pessoal, não uma opinião superficial. Então falou Pedro, e disse: És o Cristo de Deus. A afirmação da fé de Pedro que Jesus era o Messias prometido no V.T. não se baseava em pretensões políticas da parte do Mestre, nem sobre qualquer reivindicação extravagante. O poder e a autoridade de Jesus eram auto-autenticativas.

9:21. Advertindo-os, mandou. O Senhor não queria ser anunciado como o líder de um movimento revolucionário. A obra da cruz tinha de preceder qualquer libertação política da nação.

9:22. É necessário que o Filho do homem sofra... e no terceiro dia ressuscite. É necessário (gr. deî) indica uma necessidade lógica. Cristo estava obrigado a cumprir o propósito de Deus revelado nas Escrituras. Este conceito aparece nas pregações da igreja primitiva (Atos 2:23, 24; 13:17-34; 17:3; 26:22, 23). A morte de Jesus foi uma tragédia, mas não foi um acidente; pois ele estava cumprindo o propósito de Deus na redenção.

9:23. Se alguém quer vir após mim. Os discípulos seguiram o Mestre quando ele os chamou da primeira vez (5:11), mas naquela ocasião eles não tinham ideia que a sua carreira terminaria com a cruz. Eles ainda pensavam em termos de conquista e poder (22:24). Este apelo foi uma advertência solene para a reavaliação do preço do discipulado. Negue significa exatamente o que Pedro fez no julgamento de Jesus: ele recusou-se a reconhecê-lo. Dia a dia tome a sua cruz. Uma aceitação voluntária das responsabilidades e sofrimentos incidentes ao discípulo de Cristo. Siga-me (gr. akoloutheite). Um imperativo envolvendo ação persistente: “Que prossiga me seguindo”.

9:24. Pois quem quiser salvar a sua vida (gr. psychên) refere-se à alma, ou personalidade. Jesus exigiu consagração do homem todo para a sua causa. Por minha causa. Ele proclamou-se o critério decisivo de todos os valores humanos.

9:26. Quando vier na sua glória. No mesmo discurso, Jesus predisse a cruz e o estabelecimento triunfal do Reino na sua segunda vinda.

9:27. Alguns há dos que aqui se encontram. Estas palavras colocam, aparentemente, a vinda de Cristo dentro do espaço de vida dos apóstolos, mas isso não aconteceu. A explicação mais lógica é que Jesus falava da Transfiguração como um exemplo da vinda do Reino, a qual foi a alguns dos discípulos como um penhor do futuro (cons. II Pe. 1:11, 16-19).

9:29. A aparência do seu rosto se transfigurou. Durante um pequeno período de tempo Jesus reassumiu a glória que abandonara ao vir à terra. Seu corpo e roupas ficaram iluminadas pelo resplendor da divindade.

9:30. Dois varões... Moisés e Elias. Esses dois homens deixaram o mundo sob circunstâncias fora do comum: Moisés foi sepultado pela mão de Deus (Dt. 34:5, 6), e Elias foi tomado em um redemoinho (II Reis 2:11). Eles representavam a Lei e os profetas, subordinados a Jesus, mas importantes testemunhas da sua obra.

9:31. E falavam da sua partida. A obra da cruz era de importância supremo para os planos celestiais. Partida é literalmente exodus. A morte de Jesus foi uma retirada de uma esfera e o começo de uma nova vida em outra.

9:32. Premidos de sono. O incidente aconteceu à noite. Viram a sua glória. Compare o testemunho de João (Jo. 1:14).

9:33. Façamos três tendas. Literalmente, cabanas. Pedro estava pensando em um abrigo temporário, pois ele desejava desfrutar da companhia dos visitantes celestiais durante algum tempo.

9:34. Uma nuvem. Não uma nuvem de chuva, mas o Shequiná que marcava a presença de Deus (Êx. 13:21, 22; 40:38; Nm. 9:15; Sl. 99:7; Is. 4:5; II Cr. 7:1).

9:35. Uma voz. O Pai repetiu sua aprovação no final do ministério popular do Seu Filho (veja 3:22).

9:37. No dia seguinte. Cristo voltou da glória da Transfiguração para continuar o seu ministério e para morrer. O primeiro passo no caminho da humilhação foi o constrangimento da impotência dos seus discípulos.

9:41. Ó geração incrédula e perversa! O Senhor falava aos discípulos, não ao pai. Apesar de seus privilégios e experiência anterior no seu ministério, continuavam sem poder.

9:44. Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras. Jesus fazia um esforço supremo para familiarizar os discípulos com a mudança de perspectiva.

9:46. Qual deles seria o maior. Esta é a complementação do versículo 45. Eles não tinham aprendido a avaliar a vida nos termos da cruz (9:23-26).

9:47. Jesus... tomou uma criança. Ele usou a criança como ilustração da humildade despretensiosa. A criança não obtivera nenhum lugar de importância na sociedade, e era exemplo do menor (v. 48) a respeito de quem o Senhor falava.

9:49. Não segue conosco. Os discípulos eram intolerantes. Não pertencendo ao seu grupo, eles estavam prontos a fazer pouco da obra.

9:51–18:30 Esta seção do Evangelho de Lucas, que lhe é grandemente peculiar, contém muitos episódios e parábolas que não se encontram em outro lugar, e que podem ter sido um resultado de sua pesquisa particular. A cronologia é difícil; parece ser uma coleção de histórias e não uma narrativa completa. Representa, entretanto, os ensinamentos de Jesus no último ano do seu ministério, e reflete um período de rejeição e tensão.

9:51. Os dias em que devia ser assunto ao céu. Há duas possíveis interpretações: ou Lucas usou a palavra assunto (cons. Atos 1:2) no sentido geral compreendendo todo o ministério da Paixão (inclusive a Ascensão); ou ele dá a entender que Jesus, em vez de retornar ao Pai imediatamente no auge de sua carreira pública, escolheu deliberadamente o caminho da humilhação que leva à cruz. A segunda alternativa tem algum apoio nos ensinamentos de Hb. 12:2, que diz: “em troca do gozo que lhe estava proposto ele suportou a cruz” (trad. original).

9:52. Numa aldeia de samaritanos. Os samaritanos eram descendentes de colonos que os reis da Assíria implantaram na Palestina depois da queda do reino do norte em 721 A.C. Por causa da mistura de sangue e diferentes costumes religiosos os judeus os odiavam. Peregrinos que iam a Jerusalém não costumavam passar por Samaria.

9:54. Queres que mandemos descer fogo do céu. Tiago e João ressentiram-se da consideração com Jesus e queriam vingar-se.

9:56. Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. A citação de Lucas exemplifica o propósito de Jesus de salvar os homens, propósito esse repetido a intervalos no seu Evangelho.

9:58. O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. A rejeição em Samaria deu lugar a esta declaração. O Senhor da terra tinha menos de seu do que as bestas e as aves.

9:59. Permita-me ir primeiro sepultar meu pai. Aquele que fala não diz que o seu pai esteja morto, mas que sente-se obrigado a cuidar dele até morrer.

9:60. Deixa aos mortos o sepultar os seus mortos. Os espiritualmente inertes podem esperar a morte; Jesus convocou os espiritualmente vivos a segui-lo.

9:62. Ninguém que... olha para trás, é apto para o reino de Deus. Olha para trás é ação contínua. Um fazendeiro que está arando deve olhar sempre para frente se quiser arar em linha reta.

Notas Adicionais:

9:1 os Doze. Os apóstolos (ver 6:13 e nota em Mc 6:30). poder e autoridade. Poder especial para curar (ver 5:17; 8:46; Mc 5:30 e nota), autoridade no ensino e controle sobre os espíritos malignos. demônios. Espíritos malignos (ver nota em 4:33).

9:3 Não leve nada. Nenhum excesso de bagagem que atrapalhe a viagem, nem mesmo as provisões habituais. Eles deveriam ser totalmente dependentes das pessoas com quem estavam hospedados (ver nota em Marcos 6:8).

9:4 Fique lá. Eles não deviam se mudar de casa em casa, procurando um alojamento melhor, mas usar apenas uma casa como sede enquanto pregavam em uma comunidade.

9:5 sacudir a poeira de seus pés. Um sinal de repúdio por terem rejeitado a mensagem de Deus e um gesto que mostra separação de tudo relacionado ao lugar (ver 10:11; ver também notas em Mt 10:14; At 13:51).

9:7 Herodes, o tetrarca. Veja a nota em Mt 14:1. João havia ressuscitado dos mortos. Veja a nota em Marcos 6:16. Lucas não dá detalhes sobre a morte de João (Mt 14:1–12; Mc 6:17–29), que ocorreu nessa época, mas simplesmente observa que ocorreu (v. 9).

9:8 Elias tinha aparecido. Veja notas em 1:17; Mc 9:12.

9:9 ele tentou vê-lo. O desejo de Herodes de ver Jesus não foi cumprido até o julgamento de Jesus (23:8-12).

9:10–17 A alimentação dos 5.000 é o único milagre além da ressurreição de Jesus que é relatado em todos os quatro Evangelhos (veja notas em Mc 6:30–44; Jo 6:1–14, 35).

9:10 Betsaida. Veja a nota em Mt 11:21. Jesus deve ter se retirado para uma área remota com Betsaida como a cidade mais próxima (v. 12). Ver mapa.

9:12 No final da tarde. Após a pregação e cura, foi levantada a questão sobre alimentação e hospedagem, pois estavam em um local isolado. Jesus pode ter introduzido a questão (Jo 6:5), mas os sinóticos indicam que os discípulos também estavam preocupados.

9:14 sente-se em grupos de cerca de cinquenta. Veja a nota em Marcos 6:40.

9:17 recolheu doze cestas cheias de pedaços quebrados. Demonstrando que todos foram alimentados adequadamente (ver nota em Mc 6:43). Assumindo que Lucas está usando o Evangelho de Marcos como fonte, ele omite uma longa seção da narrativa de Marcos (Mc 6:45—8:26), a maior parte da qual ocorre fora de Israel (ver Introdução: Esboço; ver também Os Evangelhos Sinópticos). Isso permite que Lucas mantenha seu esboço geográfico de seguir Jesus da Galileia, passando por Samaria e Judéia, até Jerusalém (ver Introdução: Esboço).

9:18 Quem as multidões dizem que eu sou? O relato trazido pelos discípulos foi o mesmo que chegou a Herodes (vv. 7–8). Este evento ocorreu ao norte, fora do território de Herodes, nas proximidades de Cesareia de Filipe (ver Mt 16:13 e nota; ver também nota em Mc 7:24). Era um lugar apropriado para a pergunta de Jesus, já que Cesareia de Filipe, a antiga cidade de Paneas (batizada em homenagem ao deus grego da floresta, Pã), havia sido recentemente renomeada em homenagem ao imperador e a Herodes Filipe para exaltá-los.

9:20 O Messias de Deus. Veja a segunda nota de texto da NVI em Mt 1:1. Este Libertador previsto (o Messias) foi desejado por séculos (ver notas em Mt 16:18; Mc 8:29; Jo 4:5).

9:21 advertiu-os para não contar. As pessoas tinham noções falsas sobre o Messias e precisavam ser ensinadas antes que Jesus se identificasse explicitamente ao público. Ele tinha um cronograma crucial a cumprir e não podia ser interrompido por reações prematuras (ver notas em Mt 8:4; 16:20; Mc 1:34).

9:22 Filho do Homem. Veja a nota em Marcos 8:31. deve sofrer. A primeira predição explícita de Jesus sobre sua morte (para referências posteriores, ver v. 44; 12:50; 17:25; 18:31–33; cf. 24:7, 25–27, 44–46 e nota em 24: 44).

9:23 tomem a sua cruz diariamente. Seguir a Jesus requer abnegação, dedicação total e obediência voluntária. Lucas enfatiza a ação contínua do discipulado contínuo; “diário” não é mencionado explicitamente nos relatos paralelos (Mt 16:24-26; Mc 8:34). Os discípulos da Galileia sabiam o que significava a cruz, pois centenas de pessoas haviam sido executadas por esse meio em sua região.

9:24 quem perder a vida por mim. Um ditado de Jesus encontrado em todos os quatro Evangelhos e em dois Evangelhos mais de uma vez (14:26–27; 17:33; Mt 10:38–39; 16:24–25; Mc 8:34–35; Jo 12: 25 [ver nota ali]). Nenhuma outra palavra de Jesus recebe tanta ênfase.

9:28 Cerca de oito dias. Frequentemente usado para indicar uma semana (por exemplo, Jo 20:26 no grego; veja nota em Mt 17:1). Pedro, João e Tiago. Esses três também estiveram com Jesus na cura da filha de Jairo (8:51) e em sua última visita ao Getsêmani (Mc 14:33). em uma montanha. Embora o Monte Tabor seja o local tradicional do Monte da Transfiguração (ver foto), sua distância de Cesareia de Filipe (vizinhança da última cena), sua altura (cerca de 1.800 pés) e sua ocupação por uma fortaleza o tornam improvável. O Monte Hermon se encaixa muito melhor no contexto por estar mais próximo e mais alto (mais de 9.000 pés; Mt 17:1 e Mc 9:2 o chamam de “alta montanha”; veja o mapa). Cfr. 2Pe 1:16-18 e nota sobre 1:16. rezar. Novamente Lucas aponta o lugar da oração em um evento importante.

9:30 Moisés e Elias. Moisés, o grande libertador e legislador do AT, e Elias, o representante dos profetas. Eles agora falavam com Jesus sobre o “êxodo” que ele estava prestes a realizar, pelo qual libertaria seu povo da escravidão do pecado e levaria a cumprimento a obra de Moisés e Elias (ver notas em 1Rs 19:16; Mt 17 :3).

9:31 partida. Êxodos gregos, referindo-se à aproximação da morte, ressurreição e ascensão de Jesus. Ela também liga a morte salvadora e a ressurreição de Jesus com o êxodo — a salvação de Deus de seu povo para fora do Egito.

9:32 sonolento. Talvez o evento tenha sido à noite. viu a sua glória. Veja a nota em Êx 33:18.

9:33 três abrigos. Estruturas temporárias para prolongar a visita das três personalidades importantes: legislador, profeta e Messias. A ideia não era apropriada, porém, porque Jesus tinha uma obra a terminar em seus poucos dias restantes na terra (ver nota em Mc 9:5).

9:35 quem eu escolhi. Ou “o Escolhido”, relacionado a um título judaico encontrado na literatura dos Manuscritos do Mar Morto e possivelmente ecoando Is 42:1. Veja também 23:35. escolheu. Paralelo ao “amor” (Mt 17:5; veja Mt 3:17 e observe; 2Pe 1:17).

9:39 Um espírito se apodera dele. Este espírito maligno estava causando convulsões (Mt 17:15; veja nota em Mt 4:24) e uma condição sem palavras (Mc 9:17). Os espíritos malignos eram responsáveis por muitos tipos de aflição (ver nota em 4:33).

9:44 Outra predição da morte vindoura de Jesus (ver nota no v. 22), uma indicação de como isso acontecerá (22:21).

9:46 que... seria o maior. Um assunto que surgiu em várias ocasiões (ver 22:24; ver também Marcos 10:35–45 e nota sobre Marcos 9:34).

9:48 aquele que é menos... é o maior. As pessoas se tornam grandes aos olhos de Deus quando sincera e despretensiosamente olham para longe de si mesmas e de seu status para reverenciá-lo (ver Mc 10:43 e nota).

9:49–50 Jesus deixa claro que há outros além dos Doze que realizam milagres como seus seguidores (ver nota em Marcos 9:38). Isso prepara o terreno para a expansão do evangelho para os forasteiros no livro de Atos (por exemplo, samaritanos e gentios).

9:50 quem não é contra você é por você. Falado no contexto de oposição ao trabalho dos discípulos (cf. 11:23, situado em um contexto diferente; veja a nota lá).

9:51 levado para o céu. Veja 24:51; At 1:9. partiu para Jerusalém. Ou, mais formalmente, “fixou o rosto para ir a Jerusalém” (cf. Is 50:7). Lucas enfatiza a determinação de Jesus em completar sua missão (ver nota em 13:22). Esta não é uma jornada em linha reta para Jerusalém, mas uma nova ênfase no ministério de Jesus para alcançar seu objetivo em Jerusalém (ver Introdução: Plano). A partir desse momento, nunca mais se diz que ele voltará à Galileia e ele viajará sob a constante sombra da cruz. Até 18:14, com raras exceções, Lucas inclui material encontrado em outro lugar apenas em Mateus ou inteiramente exclusivo do próprio Lucas. A grande maioria das passagens são ensinamentos de Jesus, na maior parte do tempo organizados em ordem tópica e não cronológica (ver Introdução: Esboço).

9:52 uma aldeia samaritana. Os samaritanos eram particularmente hostis aos judeus que estavam a caminho para observar as festas religiosas em Jerusalém. Era uma jornada de pelo menos três dias da Galileia a Jerusalém através de Samaria, e os samaritanos frequentemente recusavam abrigo noturno para os peregrinos. Por causa dessa antipatia, os judeus que viajavam entre a Galileia e Jerusalém frequentemente iam para o lado leste do rio Jordão.

9:54 chame o fogo para baixo. Como Elias tinha (2Rs 1:9-16). Tiago e João eram conhecidos como “filhos do trovão” (Mc 3:17; veja nota ali).

9:57–62 O custo de ser um verdadeiro seguidor de Jesus. Nem dificuldades (vv. 57-58), nem luto (vv. 59-60) nem laços familiares (v. 61) devem impedir alguém de segui-lo (v. 62).

9:57 Enquanto eles caminhavam. Continuando sua jornada por Samaria para Jerusalém.

9:59 enterrar meu pai. Se o pai já tivesse falecido, o homem estaria ocupado com o enterro. Mas talvez ele quisesse esperar até depois da morte de seu pai, o que poderia levar anos. Jesus disse a ele que os mortos espiritualmente poderiam enterrar os mortos físicos e que os vivos espiritualmente deveriam estar ocupados proclamando o reino de Deus (ver Mt 8:21–22 e nota sobre 8:22).

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