Interpretação de Filipenses 4



Interpretação de Filipenses 4



Filipenses 4
XIV. Conselho Apostólico. 4:1-9.
Interpretação de Filipenses 4
O apóstolo adverte duas mulheres a que se reconciliem, mostra que a oração é a cura para a ansiedade, e insiste em que haja um ambiente mais nobre para a vida e a mente.
1. Portanto. À vista de sua cidadania celeste e das gloriosas transformações envolvidas. A exortação, permanecei, deste modo firmes, tanto é uma conclusão ao capítulo 3 quanto uma introdução ao que se segue. Observe os seis termos de afeto neste único versículo. Stefanos, coroa, era uma grinalda conferida ao atleta vencedor. Era também usada com referência à grinalda colocada sobre a cabeça dos convidados em um banquete. Portanto significava triunfo e também festividade.
2. Evódia e Síntique eram duas mulheres de destaque na igreja de Filipos que tinham uma desavença. O rogo repetido indica a imparcialidade de Paulo. Pensem concordemente no Senhor. Harmonia de pensamento e disposição cultivada (cons. 2:2). 3. Para ajudar a efetuar a reconciliação Paulo apela para Syzygos, o qual, de conformidade com o seu nome, era um fiel companheiro. Syzygos é melhor compreendido se aceito como nome próprio recebido por algum convertido no batismo. Se é apenas um epíteto, as conjecturas sobre a quem se refere, vão desde Silas até a esposa de Paulo – Lídia? Synethlesan. Se esforçaram comigo (lutaram lado a lado) é uma metáfora extraída da arena (cons. 1:27). A menção de Clemente pode ser acrescentada para recordar uma determinada ocasião. A referência ao livro da vida, no qual estão anotados os nomes dos membros da comunidade celeste, dá a idéia de que Clemente e os outros deram suas vidas nessa ocasião.
4. Kairete era expressão comum de adeus. A adição de sempre indica que Paulo tinha em mente seu significado mais profundo, alegrai-vos. A repetição sugere que as condições em Filipos eram tais que faziam essa exortação parecer irracional. Os cristãos podem receber a ordem de se regozijarem, porque a base do seu regozijo não está nas circunstâncias mas no Senhor.
5. O termo mais ou menos evasivo, epieikes, moderação, (E.R.C., eqüidade), indica prontidão em dar ouvidos à razão, uma docilidade que não revida. O motivo para esta "doce moderação" é a iminente volta de Cristo. Perto está o Senhor. A palavra de alerta da igreja primitiva (cons. o aramaico equivalente, maran atha, em I Co. 16:22).
6. A hostilidade do paganismo (cons. 1:28) poderia produzir ansiedade. Esta devia ser dispersada pela oração. "Ter cuidado é uma virtude, mas fomentar os cuidados é pecado". (Muller, op. cit., pág. 141). Em tudo. Qualquer coisa que cause ansiedade se não orarmos a respeito. Com ações de graça. Gratidão pelo que Deus já fez é o espírito próprio para se fazer novos pedidos.
7. A paz de Deus é a tranqüilidade de espírito que Deus aprova e que só Ele pode conceder. A frase, que excede todo o entendimento, costuma ser tomada como indicação da completa incapacidade da mente do homem de esquadrinhar a paz de Deus. Mais provavelmente significa que a paz de Deus ultrapassa todo nosso cuidadoso planejamento e idéias inteligentes sobre como poderemos acabar com as nossas próprias ansiedades. Guardará. Froureo, "guardar", é um termo militar significando "montar guarda ou defender". Com uma metáfora extraordinária Paulo aqui descreve a paz de Deus como uma sentinela montando guarda à cidadela da vida interior do homem mente, vontade e afetos.
8. Neste "parágrafo da saúde mental" (Simcox) Paulo apresenta uma lista de virtudes que poderiam muito bem ter saído da pena de um moralista grego. Duas das oito não aparecem em nenhum outro lugar do N.T., e de todas as cartas de Paulo uma só ocorre aqui.
Verdadeiro. Pertencente à natureza da realidade.
Respeitável. Digno de respeito, augusto.
Justo. De acordo com o mais elevado conceito do que é certo (Michael).
Puro. Não misturado com elementos que possam rebaixar a alma.
Amável. Aquilo que inspira amor.
De boa fama. Melhor do que esta tradução, mais ou menos fraca, é aquilo que tem boa repercussão (Michael).
Se algum louvor existe. Lightfoot parafraseia, "Seja qual for a avaliação existente em seu antigo conceito pagão de virtude" (pág. 162), para destacar a preocupação de Paulo em não omitir qualquer possível fonte de atração. Deviam se ocupar (logizomai) com estas virtudes da moralidade pagã.
9. Em aditamento deviam continuar praticando (praticai; o imperativo prassete está no tempo presente) tudo aquilo que pertencia à ética e moral notadamente cristãs conforme aprenderam com a vida e doutrina do apóstolo. Não apenas a "paz de Deus" (v. 7) mas também o Deus da paz estaria com eles.

XV. Apreciação pelo Presente. 4:10-20.
Emprestando a expressão de Paulo, agora, uma vez mais, ele lhes agradece formalmente o presente. Embora não dependesse da oferta, e nem mesmo a procurasse, ele se alegra com tal sacrifício que agrada a Deus e beneficia quem recebeu.
10. Se Filipenses fosse realmente uma carta de agradecimentos, as palavras de apreciação deveriam ter vindo muito antes. O fato de aparecerem quase como um pós-escrito, empresta plausibilidade à conjetura de Michael que diz que Paulo já tinha feito seus agradecimentos e agora estava apenas esclarecendo algumas declarações, que evidentemente causaram ressentimentos (pág. xxi f; pág. 209 e segs.). Anathalo, "tornar a brotar novamente", descreve uma árvore cheia de brotos na primavera. Alguns, para fugir ao que parece ser uma branda reprimenda, entendem renovastes como indicando a recuperação de um período de terrível pobreza. A falta de oportunidade poderia então ser uma falta de meios. Entretanto, provavelmente significa que não havia ninguém disponível para a viagem.
11. Paulo rapidamente corrige qualquer falsa impressão de que ele esteja se queixando de necessidade. Altares. Contente. Melhor, ter sustento próprio. Termo favorito dos estóicos que imaginavam o homem possuidor de intrínseca capacidade de resistir a todas as pressões externas.
12. De tudo e em todas as circunstâncias (não importa quão desesperadoras as circunstâncias poderiam ser, ou quão grande a soma delas todas) Paulo já tinha experiência (um termo técnico nas religiões pagãs) no segredo de enfrentar a ambas, a falta de recursos e a abundância.
13. A profunda diferença entre Paulo e os estóicos está em que eles se consideravam auto-suficientes, enquanto a suficiência de Paulo estava em Outro – Aquele que o fortalecia.
14. Não obstante, quando os filipenses se uniram para ajudá-lo em suas dificuldades, fizeram algo nobre (kalos; ho kalos é o renomado conceito grego de "beleza").
15. No início do evangelho. Quando o Evangelho foi proclamado pela primeira vez na Macedônia. Quando parti provavelmente se refere à oferta feita por ocasião da partida (cons. Atos 17:14), e não posteriormente (cons. lI Co. 11:9). A dar e receber. A primeira das diversas alusões feitas a transações financeiras. Talvez fosse um gentil lembrete de que o pagamento em troca de bens espirituais não era de todo descabido (cons. I Co. 9:11).
16. Quase imediatamente após a partida dele (estando ainda em Tessalônica; cons. Atos 17), não somente uma vez, mas duas o ajudaram.
17. Novamente ele demonstra ansiedade em não deixar a impressão de que cobiçava a ajuda financeira deles. O que realmente desejava era "os lucros que se acumulariam desse modo ao seu (deles) crédito divino" (Moffatt). Ou, menos tecnicamente, o fruto pode ser essa "maior capacidade de simpatia humana" (Scott em IB, XI, 126) que é o resultado inevitável da vida sacrificial.
18. Apeko. Possivelmente, "plenamente liquidado" (assim usado nos papiros, MM, pág. 57), ou "eu tenho tudo o que poderia desejar" – na realidade, ele continua, mais do que o necessário. Osme euodias, aroma suave, foi freqüentemente usado na LXX com referência às ofertas agradáveis a Deus (cons. Gn. 8:21).
19. Assim como vocês atenderam às minhas necessidades, Deus... há de suprir. . . cada uma de vossas. Um arranjo "toma-lá-dá-cá" que oferece pouco conforto aos cristãos "pão-duros".
Em glória. Tanto "de maneira gloriosa", quanto escatologicamente, "no glorioso século futuro".
Segundo a sua riqueza. Em escala proporcional a sua riqueza.
Em Cristo Jesus. Em união com Aquele que é o mediador das bênçãos de Deus ao homem.
20. A nosso Deus e Pai. Melhor, a Deus, que também é nosso Pai! É o pensamento do cuidado paterno de Deus que dá origem à doxologia.
Para todo o sempre (E.R.C.). Literalmente, pelos séculos dos séculos (E.R.A.) – uma interminável sucessão de períodos indefinidos.

XVI. Saudações e Bênção. 4:21-25.
21. Provavelmente foi acrescentado de próprio punho por Paulo mesmo (cons. Gl. 6:11). Santo (s). Só aqui no N.T. a palavra hagios aparece no singular (cinqüenta e sete vezes no plural), e mesmo aqui está prefaciada por todo (s) (cada santo) – um forte lembrete que o Cristianismo é essencialmente um negócio comunitário. Aqueles a quem Paulo ordena que transmitam as saudações são provavelmente os anciãos da igreja, que leriam a carta em voz alta à congregação.
22. Os companheiros pessoais de Paulo (irmãos, v. 21) e toda a igreja (todos os santos) enviam suas saudações. Os da casa de César. Não (como se pensava antigamente) a família imperial, mas todos aqueles que estavam empregados a serviço do governo. Como estes não se limitavam aos habitantes de Roma, a expressão não defende uma origem romana para a epístola. Synge percebe um toque de humor: o eufemismo inglês usado em relação a um prisioneiro é "hóspede de sua majestade" (Torch Series, pág. 49).

23. A graça... seja com o vosso espírito. (Observe o singular). Mesmo na bênção, o tema central da harmonia reaparece.


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