Interpretação de Apocalipse 20

Apocalipse 20

20:1—22:21 Esses últimos três capítulos refletem muitos dos assuntos e temas dos três primeiros capítulos de Gênesis (ver Introdução a Gênesis: Características Literárias).

20:1 Abismo. Veja a nota em 9:1.

20:2 Dragão. Veja a nota em 12:3. antiga serpente. Veja 12:15; Gên 3:1–5. mil anos. Veja o artigo abaixo.

Os mil anos

Apocalipse 20:2–7

As seis referências a mil anos em Apocalipse 20:2–7 deram origem ao rótulo “o milênio” (do latim mille, “mil” e annus, “ano”). É considerado literalmente por alguns como 1.000 anos reais, enquanto outros o interpretam metaforicamente como apenas um período muito longo de tempo (já que 1.000 é um grande número redondo). Em qualquer interpretação, existem três abordagens básicas para entender esse período:

(1) Amilenismo: Não há milênio como um período separado da história mundial. Em vez disso, o milênio descreve o presente reinado de Cristo no céu sobre seu reino (Mt 28:18-20), junto com as almas dos crentes falecidos e na terra na igreja e por meio dela como o povo de Cristo (veja também nota em 1Co 15 :25). A presente forma do reino de Deus será seguida pelo retorno de Cristo, a ressurreição geral, o julgamento final e o reinado contínuo de Cristo sobre o reino perfeito na nova terra no estado eterno. Essa visão vê Ap 20:1 como um flashback da primeira vinda de Cristo, de modo que o julgamento do grande trono branco de 20:11–15 corresponde ao julgamento final conforme descrito em outras partes do NT quando Cristo retornar (por exemplo, Mt 25:31– 46). Alguns amilenistas variam esse esquema e veem o milênio como paralelo ao estado eterno.

(2) Pré-milenarismo: A forma atual do reino de Deus culminará quando Cristo retornar, a primeira ressurreição ocorrerá e seu reino encontrará expressão em um reino literal e visível de paz e retidão na terra na história do espaço-tempo. Após a ressurreição final, o julgamento final e a renovação dos céus e da terra, este futuro reino temporal se fundirá no reino eterno, e o Senhor reinará para sempre em toda a sua criação. Essa visão se divide em pré-milenismo dispensacionalista, que vê um “arrebatamento” distinto da igreja (1 Tessalonicenses 4:17) separado e anterior ao retorno público de Cristo, e pré-milenismo clássico ou histórico, que vê esses eventos como simultâneos. O pré-milenismo vê uma continuação natural da narrativa de Ap 19:20—20:3 com o julgamento da besta, o falso profeta e Satanás e, portanto, sem flashback.

(3) Pós-milenismo: O mundo acabará sendo cristianizado por meio da pregação do evangelho pelos cristãos no poder do Espírito Santo, resultando em um longo período de paz e prosperidade chamado milênio. Este período futuro terminará com a segunda vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos, o julgamento final e o estado eterno. Passagens como Mc 13:10 e Mt 24:14 foram influentes no desenvolvimento dessa visão.

20:3 livre por um curto período de tempo. Ver vv. 7–10.

20:4 almas daqueles que foram decapitados. Provavelmente representa todo o povo de Deus que foi martirizado na tribulação. Ver 6:9–11. sua marca. Veja nota em 13:16. veio à vida. A “primeira ressurreição” (v. 5), que pode incluir todo o povo de Deus que morreu anteriormente (ver nota de texto da NVI).

20:5 resto dos mortos. Ou os ímpios ou todos, exceto os mártires (v. 4).

20:6 Abençoado. A quinta bem-aventurança (ver nota em 1:3). segunda morte. Definido no v. 14 como o “lago de fogo” (cf. 21:8).

20:8 Gogue e Magogue. Simbolize as nações do mundo enquanto elas se unem para um ataque final a Deus. O pano de fundo do AT é Eze 38–39.

20:10 atormentado dia e noite. Veja nota em 14:11; cf. 14:10.

20:12 livro da vida. Veja a nota em 3:5. julgados de acordo com o que fizeram. O princípio do julgamento com base nas obras é ensinado no Salmo 62:12; Jr 17:10; Romanos 2:6; 1Pe 1:17 e em outros lugares.

Notas Adicionais:

20:1-6
Aproximamo-nos agora de uma das passagens mais discutidas da Palavra de Deus. Através dos séculos esta passagem tem sido geralmente aceita como determinando um período milenial durante o qual Cristo reinará nesta terra. Todos nós concordaríamos com C.J. Vaughan quando ele diz: "Jamais precisamos mais da ajuda de Deus do que ao penetrarmos na interpretação deste capítulo que ora se nos apresenta". Só nesta passagem das Escrituras temos a frase, "os mil anos", fator cronológico mencionado seis vezes em seis versículos. A palavra milênio (millennium) é uma palavra latina composta de mille, "mil", e annum, "ano"; assim, mil anos, seja o que for que esta passagem particular das Escrituras quer dizer. A passagem começa informando-nos que durante este tempo Satanás será lançado no abismo, onde permanecerá amarrado por mil anos. Este abismo não é o inferno. Parece que Satanás não tem poder de resistir a este ato do anjo que o amarra. João vê agora uma multidão dos que não adoraram a besta, assentados sobre tronos, e reinando com Cristo por mil anos. Este hão é o lugar apropriado para discutirmos o Milênio. O que nos parece claro, no entanto, é que o V.T., muitas e muitas vezes, refere-se a um tempo grande e glorioso no futuro quando a paz prevalecerá sobre a terra, quando o Messias reinará com justiça, e quando a natureza será restaurada à sua beleza original (veja, por exemplo, Is. 9:6, 7; 11:1; 30:15-33; também cap. 35; 44; e 49; 65:17- 66:14, Jr. 23:5, 6, etc.).

Há quatro opiniões com referência ao Milênio:

1) Alguns dizem que é apenas uma condição espiritual dos redimidos e que não deve receber nenhuma interpretação cronológica, sendo a ideia do mil simbólica de plenitude e inteireza.

2) Alguns defendem a estranha opinião de que o Milênio já aconteceu, muitos assinalando o seu começo na conversão de Constantino. Mas se o período chamado Idade das Trevas pode ser chamado de Milênio, então as profecias bíblicas referentes a tal período jamais se cumprirão.

3) Alguns dizem que já nos encontramos no Milênio, mas insistimos novamente que se este século acossado pela guerra, de anarquia e Comunismo ateu, é o Milênio, então as esperanças criadas pela Palavra de Deus para esta terra devem ser abandonadas.

4) Finalmente, muitos crêem que é uma profecia real de um período de mil anos, seguindo-se ao Armagedom, quando Cristo reinará sobre a terra como o Rei dos reis. A igreja primitiva era unânime na defesa deste ponto de vista. Charles (op. cit.,) que não aceita o Milênio, sob nenhum aspecto, admite contudo que "a profecia do milênio no capítulo 20 deve ser aceita literalmente".

Encontramos uma declaração famosa sobre esta passagem no New Testament for English Readers de Alford que tem sido citada em muitas obras posteriores, mas sinto-me compelido a citá-la novamente: "Há muito que já foi percebido pelos leitores deste Comentário, que eu não posso consentir na distorção de palavras do seu sentido simples e da sua colocação cronológica na profecia, por causa de qualquer dificuldade ou risco de abuso que a doutrina do milênio possa provocar. Aqueles que viveram perto da época dos apóstolos, e toda a Igreja durante 300 anos, aceitaram-nas em seu sentido simples e natural; e é coisa estranha ver, atualmente, expositores que estão entre os primeiros no respeito à antiguidade, deixando de lado complacentemente o mais irrefutável exemplo de consenso que a antiguidade primitiva apresenta. No que se refere ao texto propriamente dito, nenhum tratamento legítimo extorquirá o que é conhecido como a interpretação espiritual atualmente em moda".

Muita discussão tem surgido por causa da curta frase, Esta é a primeira ressurreição (Ap. 20:5). A teoria de que a primeira ressurreição se refere à conversão, uma passagem da morte para a vida, isto é, uma ressurreição espiritual, parece completamente fora de propósito em uma passagem como esta. A segunda ressurreição, embora não seja assim chamada, certamente é aquela à que se referem os versículos 11-15 deste mesmo capítulo. Não é necessário limitar aqueles que participaram da primeira ressurreição as grupos enumerados no versículo 4. A primeira ressurreição pode facilmente ser aceita em estágios – os mortos em Cristo, depois nós os que estamos vivos, e então, após um breve intervalo, os mártires e fiéis do período da Tribulação.

20:7-10 No final do Milênio, temos a inserção de um episódio estranho, cuja fonte só pode ser de inspiração divina, isto é, que Satanás será solto de sua prisão, e sairá novamente a enganar as nações, reunindo-as para a guerra (vs. 7, 8) e um ataque contra o acampamento dos santos e a cidade querida (v. 9). Isto provavelmente se refere à cidade terrestre de Jerusalém, embora alguns a tenham feito se referir à Cidade Santa, o que nos parece ser mais irracional. Scott tem uma opinião interessante a respeito: "Nenhuma menção se faz de como Cristo e o Seu povo enfrentará esta última tentativa louca de Satanás. Tudo é silêncio no arraial e na cidade. As nações apóstatas marcharão para os braços da morte. Seu julgamento é súbito, rápido, esmagador e final (op. cit., pág. 388). Com a destruição dos inimigos de Deus, Satanás é o falso profeta já foram confinados a este lugar de horrível destino.
Muitas vezes se faz a pergunta, "Por que esta última rebelião depois do benéfico reino milenial de Cristo?" Por um só motivo, revelar que mil anos de prisão não altera o caráter mau do mal. Mais ainda, os homens não regenerados não mudam, e embora toda a terra esteja sob o governo de Cristo, grandes multidões Lhe obedecem por medo e não por amor.

20:11-14 Mais um grande acontecimento universal deve ter lugar antes que haja paz e justiça eternas, a saber, o juízo. dos mortos impenitentes. Isto está apresentado no último parágrafo deste capítulo cronologicamente tão apinhado. Um dia de julgamento, por vezes chamado de "O Último Dia", foi mais mencionado por nosso Senhor do que por todos os apóstolos e suas obras juntas (veja Mt. 10:15; 11:22, 24; 12:36; Jo. 5:28, 29; 6:39-54; 11:24; Hb. 9:27; 10:27). Em todas as passagens Cristo é identificado como o juiz (veja Atos 17:31; Jo. 5:22-27; II Tm. 4:1; especialmente). O Bispo Gore falou em nome de toda a Igreja quando disse: "Parece-me que cada crente no Deus dos profetas, e de nosso Senhor, deve crer com eles em um Dia de Deus, que provocará o clímax da presente dispensação da história humana" (Belief in Christ, pág, 149).

Da justiça feita ao crime, exercida pelo Estado, milhares escapam todos os anos; na verdade, muitos crimes nem chegam a ser conhecidos pelas autoridades. Mas ninguém poderá escapar a este julgamento. Os mortos serão chamados de suas sepulturas, e do mar, e do próprio Hades (v. 13); e aqueles cujos nomes não foram encontrados no Livro da Vida serão lançados no lago de fogo, que é a segunda morte (v. 14). O registro de cada vida humana nesta imensa assembleia será então exibido. A própria morte, ao que parece, não será abolida até que o Grande Trono Branco seja estabelecido, e o destino humano seja resolvido. Se cremos e aceitamos com alegria as promessas da glória eterna que se encontram neste livro, temos também de crer com igual convicção que este destino terrível dos mortos não arrependidos é igualmente verdadeiro. (Para um comentário sobre toda a questão do juízo, vaia meu livro, Therefore Stand, na seção intitulada, "Um Justo Juízo por Vir", págs. 438-466).

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