Comentário de John Murry: Ocasião da Escrita aos Romanos

Comentário de John Murry: Ocasião da Escrita aos Romanos

Comentário de John Murry: Ocasião da Escrita aos Romanos


Quando correlacionada as narrativas sobre as atividades de Paulo, relatadas no livro de Atos, a carta fornece indicações suficientes para determinarmos, com razoável certeza, o Lugar e a ocasião em que foi escrita. É evidente que Paulo estava as vésperas de sua partida para Jerusalém, levando a contribuição feita na Macedônia e na Acaia para os pobres dentre os santos de Jerusalém (cf. Rm 15.25-29). Isso deixaria subentendido, para dizermos o mínimo, que ele se encontrava nas proximidades da Macedônia e da Acaia. A referência a Cencreia (Rm 16.1), o porto da cidade de Corinto, e as recomendações sobre Febe, serva da igreja de Cencreia, que aparentemente estava de partida para Roma, constituem outras indicações quanto ao provável lugar em que Paulo estava, quando escreveu a carta. Além disso, ele falou a respeito de Gaio, como seu hospedeiro (Rm 16.23). Em uma de suas cartas, Paulo fala sobre Gaio como um daqueles a quem batizara em Corinto (1 Co 1.14). Não há bons motivos para duvidarmos da identidade de seu hospedeiro, quando escreveu a carta aos Romanos, como o mesmo Gaio de Corinto. Em Atos 20.2-3, somos informados que o apóstolo, em sua terceira viagem missionária, chegou à Grécia e passou três meses ali. Após esse tempo, partiu em direção a Jerusalém, atravessando a Macedônia.

Terminados os dias dos pães asmos, navegou de Filipos (At 20.6), apressando-se para estar em Jerusalém no dia de Pentecostes. Isto significa que ele deixara Corinto não mais tarde do que no mês de março daquele ano. Paulo, em seu discurso na presença de Felix, aludiu a essa viagem a Jerusalém, afirmando que ali chegara a fim de trazer esmolas e ofertas para sua nação (At 24,17). Existem motivos para identificar essas ofertas com a contribuição mencionada em Romanos 15.26, que fora coletada na Macedônia e Acaia. Portanto, as evidências parecem indicar que a carta foi escrita em Corinto ou circunvizinhanças, perto do fim da permanência de três meses de Paulo em Corinto, no término de sua terceira viagem missionária. A referência aos dias dos pães asrnos (At 20,6) coloca a partida de Filipos no fim de março ou começo de abril do mesmo ano. Isto significa que a carta deve ter sido escrita no principio da primavera daquele ano.

Entre os eruditos há diferenças de julgamento quanto ao ano exato em que ocorreu essa viagem a Jerusalém. Recentemente, C. K. Barrett, apesar de admitir que “a cronologia das atividades de Paulo não pode ser estabelecida sem qualquer margem para contestações”, pensa que a data de 55 D.C. oferece menos dificuldades do que qualquer outra (op. cit., p. 5). Barrett não se acha sozinho ao reivindicar para a composição da carta uma data tão recuada. No entanto, o ponto de vista mais comum é que a primavera ern foco foi a do ano 58 D.C.,3 embora W. M. Ramsay prefira a data de 57 D.C.4 O Novo Testamento não se refere a datas; assim, para chegarmos a esta espécie de informação, dependemos de cálculos derivados de outras fontes que dizem respeito a eventos tais como o período de governo do procônsul Gálio (At 18.12), que coincidiu com a permanência de Paulo em Corinto, na oportunidade de sua segunda viagem missionária (At 18.1-18) ou o período da procuradoria de Párcio Festo, que começou perto do fim da detenção de Paulo em Cesaréia (At 24.27-25.12 e 26.30-27,2).


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NOTAS
1. Theodor Zahn, Introduction to the New Testament, E. T., Edimburgo, 1909, vol. 1, p. 434; W. Sanday e A. C. Headlam, The Epistle to the Romans, Nova Iorque, 1901, pp. xxxvi, ss.; J. B. Lightfoot, Saint Paul's Epistle to the Galatians, Londres, 1905, pp. 40, 43.