Filipos — Viagens Missionárias de Paulo

Filipos — Viagens Missionárias de Paulo
Filipos — Viagens Missionárias de Paulo

Saindo de Trôade, provavelmente no mês de Agosto, Paulo e o seu grupo cruzaram o Egeu até Neápolis na Macedônia, o porto de mar de Filipos. Filipos ficava a uns quinze ou dezoito quilômetros para o interior, nas margens do rio Gangites. O nome da cidade inspirara-se no de Filipe, pai de Alexandre o Grande, que a fundara como centro de mineração do ouro e prata existentes nas proximidades. Através dela passava a corrente comercial de Neápolis ao longo da grande estrada Egnaciana até ao seu terminus ocidental em Dirráquio, um porto no Adriático.

Filipos era a cidade principal do seu distrito e uma colônia romana (16:12). Por ser colônia, os seus habitantes eram cidadãos de Roma, com o direito de voto nas eleições romanas e o privilégio de se regerem por um governo de tipo romano. As cidades desta categoria pugnavam zelosamente pelos seus direitos políticos e procuravam evitar qualquer ato que lhes acarretasse o desfavor de Roma. Conhecedor deste sentimento, Paulo escreveu mais tarde aos filipenses: “A nossa cidade está nos céus” ou, como Moffatt traduziu, “pois vós sois colônia do céu” (Fp 3:20), como se para indicar que, espiritualmente, eram tanto parte da cidade eterna como politicamente o eram de Roma.

Como não havia uma grande colônia judaica em Filipos, não existia qualquer sinagoga onde Paulo pudesse dar início à sua pregação. O único núcleo que pode encontrar e de que se serviu foi um pequeno local onde se celebravam reuniões de oração fora da cidade, junto ao rio. Lídia, uma comerciante prosélita de Tiatira que negociava em matérias corantes e produtos texteis, facultou-lhe a sua casa para que Paulo se servisse desta como quartel-general.

Durante o seu ministério na cidade, o apóstolo expulsou um demônio de uma escrava, uma vidente que fora uma fonte de receita para os seus donos. Estes, encolerizados com a perda pecuniária, acusaram Paulo e Silas de ensinar “costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos” (16:21). Este apelo para os preconceitos políticos resultou na prisão e espancamento de Paulo e Silas, que foram libertos do cárcere por um sismo. A sua cidadania romana evitou-lhes outros castigos, mas o seu ministério em Filipos havia terminado, e dali sairam para outros campos de trabalho. Aqui termina a secção redigida na primeira pessoa do plural podendo-se inferir justificadamente que o autor permaneceu em Filipos. O seu óbvio interesse e orgulho na cidade, o seu conhecimento de pormenores com ela relacionados, e o fato de, com o regresso de Paulo a Filipos em data ulterior, as secções na primeira pessoa do plural surgirem novamente no relato de Atos, constituem provas aceitáveis de que Lucas permaneceu como pastor da nova igreja e, talvez como evangelista da Macedônia.