Livro de Isaías — Fundo Histórico


Fundo Histórico do Livro de Isaías

Fundo Histórico do Livro de Isaías


Isaías 1:1 nos informa de que Isaías visionou essas coisas nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Era um período de severa tensão internacional em que as falsas atitudes religiosas causavam um profundo efeito sobre o povo de Judá. Perto do começo da carreira de Isaías, o Rei Uzias morreu leproso por causa de sua presunção em assumir deveres sacerdotais. (2Cr 26:16, 19-21) Relata-se que durante o reinado do filho de Uzias, Jotão, ao passo que o rei fazia o que era correto, “o povo ainda agia ruinosamente”. — 2Cr 27:2; 2Rs 15:34.

A seguir veio o Rei Acaz, que, por 16 anos, deu mau exemplo para a nação, praticando a adoração de Baal com seus rituais de sacrifícios humanos. Havia “grande infidelidade para com Jeová”. (2Cr 28:1-4, 19) Foi durante esse período que os reis aliados da Síria e de Israel sitiaram Jerusalém, de modo que Acaz, desconsiderando o conselho do profeta Isaías, recorreu a Tiglate-Pileser III, rei da Assíria, em busca de ajuda militar. (2Rs 16:5-8; Is 7:1-12) Com isso, Acaz ‘fez da carne o seu braço, desviando seu coração de Jeová’. (Je 17:5) A Assíria concordou em fazer uma aliança, mas, naturalmente, interessava-se principalmente em expandir seu próprio poder. O exército assírio capturou Damasco da Síria e, aparentemente, levou ao exílio os habitantes do apóstata religioso Israel que moravam ao L do Jordão. — 1Cr 5:26.

Mais tarde, quando Samaria deixou de pagar tributo, ela também foi sitiada e seus habitantes foram deportados. (2Rs 16:9; 17:4-6; 18:9-12) Este foi o fim do reino das dez tribos e deixou Judá cercado por todos os lados de nações gentias. Mais tarde, os governantes assírios prosseguiram com operações militares no O, atacando cidades de Judá e de nações vizinhas. Senaqueribe até mesmo exigiu a capitulação da própria Jerusalém. Mas, sob o reinado de Ezequias, a situação ali havia mudado. Ezequias confiou em Jeová, e Jeová mostrou estar com ele. — 2Rs 18:5-7; Is caps. 36, 37.

Isaías assumiu o seu trabalho como profeta durante o reinado de Uzias, que começou a governar em 829 AEC, e continuou no reinado de Ezequias, que findou por volta de 717 AEC. Isaías, capítulo 6, versículo 1, refere-se ao “ano em que morreu o Rei Uzias” (c. 778 AEC) como o tempo em que Isaías recebeu a missão de Jeová, registrada nesse capítulo; embora talvez tenha registrado a informação precedente antes disso. Daí, no capítulo 36, versículo 1, faz-se referência ao “décimo quarto ano do Rei Ezequias” (732 AEC), quando Senaqueribe enviou um exército contra Jerusalém e foi rechaçado. Além de fornecer o relato sobre o ameaçado cerco e sobre o livramento de Jerusalém, Isaías fala da volta de Senaqueribe a Nínive e seu assassinato. (Is 37:36-38) Se esse pequeno pormenor histórico foi escrito por Isaías, não sendo uma inserção posterior feita por outra mão, isso pode indicar que Isaías profetizou por bastante tempo depois do 14.° ano de Ezequias. Os registros cronológicos assírios e babilônicos (embora a sua confiabilidade seja questionável), parecem indicar que Senaqueribe governou por cerca de 20 anos após a sua campanha contra Jerusalém. A tradição judaica, que também pode não ser confiável, diz que Isaías foi serrado em pedaços, às ordens do Rei Manassés. (Se Paulo se referia a isso, em Hebreus 11:37, como alguns crêem, não foi provado.) — Is 1:1.

Há também algumas outras referências que ajudam a datar o conteúdo de trechos específicos do livro de Isaías. Por exemplo, o capítulo 7, versículo 1, diz que Peca, rei de Israel, veio para guerrear contra Jerusalém nos dias do Rei Acaz. Embora Acaz governasse de 761 a 746 AEC, o reinado de Peca findou por volta de 758 AEC; assim, o incidente deve ter ocorrido antes desse ano. Ademais, Isaías 14:28 data uma pronúncia concernente à Filístia “no ano em que morreu o Rei Acaz”, que seria 746 AEC. Essas referências ajudam a fixar os eventos do livro de Isaías na corrente do tempo.