Introdução ao Livro de Ezequiel

Introdução ao Livro de Ezequiel

Introdução ao Livro de Ezequiel


Chamada de Ezequiel caps. 1—3
Castigo de Jerusalém caps. 4—24
Castigo das nações caps. 25—32
Promessas de Deus ao seu povo caps. 33—37
Condenação de Gogue caps. 38—39
O futuro Templo e a futura terra de Israel caps. 40—48

INTRODUÇÃO

Em 598 a.C., o rei Nabucodonosor da Babilônia cercou a cidade de Jerusalém e levou como prisioneiros para a Babilônia o rei Joaquim e os cidadãos mais importantes da cidade (2Rs 24.8-16). Entre os prisioneiros que foram levados para a Babilônia estava o sacerdote Ezequiel (Ez 1.1). Na Babilônia, Deus o chamou para ser profeta (caps. 1—3).
No quinto ano do seu cativeiro, ou seja, em 593 a.C., Ezequiel teve a sua primeira visão (1.1). Ele recebeu a última mensagem de Deus uns vinte anos mais tarde, em 571 a.C. (29.17), quinze anos depois da destruição de Jerusalém e do Templo (2Rs 25.1-17).
As mensagens de Deus anunciadas por Ezequiel se dirigiam aos judeus que estavam na Babilônia e também aos moradores de Jerusalém e de todo o Reino de Judá.
Não é possível dizer quando o livro foi escrito. Tudo indica que foi o próprio Ezequiel quem o escreveu; ao que parece, na Babilônia.

1. CONTEÚDO

1.1. O livro começa com a primeira visão de Ezequiel, que teve lugar em 593 a.C. (caps. 1—3). Nela, Deus chama o profeta para levar a sua mensagem ao povo de Israel. Eles o desafiarão e o desprezarão, mas, mesmo assim, ele lhes dirá tudo o que o Senhor Deus mandar (2.1-8).
1.2. Depois (caps. 4—24), vêm as mensagens de Deus contra Jerusalém, proclamadas pelo profeta antes da queda da cidade em 586 a.C. (1.2; 8.1; 20.1; 24.1).
1.3. Tendo condenado Jerusalém, o profeta passa a anunciar que Deus vai castigar as nações e cidades vizinhas de Israel (25.1—32.32). São sete ao todo: Amom, Moabe, Edom, Filistéia, Tiro, Sidom e Egito.
1.4. No cap. 33, começa uma nova seção, que vai até 37.28. Deus denuncia as autoridades, os “pastores” de Israel, e promete que ele mesmo será o pastor deles (cap. 34) e os levará de volta à sua terra (cap. 36), onde serão o seu povo, e ele será o Deus deles (36.28). Judá e Israel voltarão a ser um reino unido, governado por um rei como Davi (37.21-25). E Deus lhes dará um novo Templo, onde ele viverá para sempre com eles (37.26-28).
1.5. Terminadas essas mensagens, Deus anuncia que Gogue, o último inimigo, será derrotado (caps. 38—39).
1.6. O livro termina com uma grandiosa visão do futuro Templo e da futura terra de Israel, onde o povo viverá seguro e alegre, adorando a Deus e cumprindo a sua vontade (caps. 40—48).

2. A MENSAGEM DO LIVRO

2.1. A mensagem principal do livro é que, apesar das dificuldades, do sofrimento e da miséria do seu povo, Deus é o Senhor e, finalmente, dará a vitória a esse seu povo. O Templo havia sido destruído e o povo havia sido levado para o cativeiro na Babilônia. Longe da pátria e do Templo, sentiam-se longe também de Deus (Sl 137). Mas Deus estava com eles, e a vontade dele seria feita. Os inimigos seriam derrotados, e o povo voltaria para a Terra Prometida, onde, num novo e glorioso Templo, adorariam o Senhor.
2.2. Outra mensagem importante é que Deus castiga o seu povo quando eles não lhe obedecem. Quanto maior o privilégio, tanto mais severo o castigo. O povo é “escolhido” não somente para ser abençoado, mas, acima de tudo, para servir (5.5-10).
2.3. “A pessoa boa será recompensada por fazer o bem, e a pessoa má sofrerá pelo mal que praticar” (18.20). Cada um é responsável por si mesmo, e ninguém é castigado por causa do pecado de outros. Deus quer que todos pratiquem o bem e não gosta de castigar o pecador (18.30-31).
2.4. Assim como a glória do Senhor havia acompanhado o povo durante a caminhada através do deserto, depois da saída do Egito, a mesma glória acompanharia o povo no cativeiro da Babilônia. A glória do Senhor deixou o Templo (10.1-21; 11.22-25), manifestou-se na beira do rio Quebar, na Babilônia (1.1-28), e, no final, voltaria ao novo Templo, em Jerusalém (43.1-12).
2.5. Deus é o Senhor de todos os povos e não somente do povo de Israel. Nas mensagens contra as outras nações (caps. 25—32), especialmente contra Tiro (26.1—28.20) e o Egito (caps. 29—32), Deus anuncia que elas serão derrotadas e destruídas, para que saibam que ele é o Senhor. Uma afirmação que se repete várias vezes é esta: “Eu, o Senhor Deus, falei” (32.32).

3. CARACTERÍSTICAS

3.1. Ezequiel foi levado para o cativeiro na Babilônia antes da destruição de Jerusalém. Na Babilônia, ele profetizou tanto para o povo que lá estava como também para os moradores de Jerusalém. Em 33.21-22, ele relata que recebeu as notícias da tomada de Jerusalém.
3.2. A profecia de Ezequiel é marcada por visões, a ponto de se poder dizer que Ezequiel é um profeta visual. São quatro grandes visões: caps. 1—3; 8—11; 37; 40—48. Todas elas são datadas, com exceção da visão do vale dos ossos secos, em Ez 37.
3.3. Além de falar a mensagem, Ezequiel, mais do que qualquer outro dos profetas, encenou a mesma com atos simbólicos (ver Jr 13.1-11, n.). Atos simbólicos aparecem em 3.22-27; 4.1-17; 5.1-17; 12.1-16; 12.17-20; 21.6; 24.17.
3.4. Por ser de família sacerdotal, Ezequiel dá ênfase à santidade de Deus (ver 20.9, n.). Também dá grande importância à distinção entre e puro e impuro (22.26; 24.13; 36.25,33; 37.23; 39.12).