Manassés — Estudo Bíblico

Manassés — Estudo Bíblico

Manassés — Estudo Bíblico

Por Frank M. Cross


MANASSÉS

[Aquele Que Torna Esquecediço; Aquele Que Faz Esquecer].

1. Filho primogênito de José e neto de Jacó. Depois de José se tornar administrador de alimentos do Egito, Faraó deu-lhe Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om, por esposa, e ela deu a José dois filhos, Manassés e Efraim. José chamou o primogênito de Manassés, porque, conforme disse: “Deus me fez esquecer toda a minha desgraça e toda a casa de meu pai.” — Gên 41:45, 50-52.

Quando Jacó abençoou Manassés e Efraim, ele persistiu em pôr a mão direita sobre Efraim e a esquerda sobre Manassés, colocando assim Efraim, o mais moço, na frente de Manassés. (Gên 48:13-20) Conforme isso indicava, Efraim tornar-se-ia maior do que Manassés.

Manassés teve filhos varões com uma concubina síria (1Cr 7:14), e José viveu o suficiente para ver os filhos do filho de Manassés, Maquir. — Gên 50:22, 23.

2. Tribo de Israel que descendeu de Manassés, filho de José, e que consistia em sete famílias tribais. Cerca de um ano depois de os israelitas partirem do Egito, os varões vigorosos de Manassés, de 20 anos de idade para cima, somavam 32.200. (Núm 1:34, 35) Este número, sem dúvida, incluía Gadi, um dos dez homens que trouxeram um relatório mau depois de espiar a Terra da Promessa. (Núm 13:1, 2, 11, 25-33) Por ocasião do segundo censo feito quase quatro décadas mais tarde, os varões registrados dessa tribo haviam aumentado para 52.700, excedendo Efraim em 20.200. (Núm 26:28-34, 37) Evidentemente, pois, foi com respeito ao futuro papel inferior de Manassés que Moisés falou dos “milhares de Manassés”, mas das “dezenas de milhares de Efraim”. — De 33:17.

No ermo, a tribo de Manassés, sob a liderança do seu maioral Gamaliel, filho de Pedazur, acampava ao O do tabernáculo, ao lado de Efraim e de Benjamim. Esta divisão de três tribos era a terceira na ordem de marcha. — Núm 1:10, 16; 2:18-24; 7:54; 10:23.

Conquistas em Ambos os Lados do Rio Jordão. Quando os israelitas derrotaram os reis amorreus Síon e Ogue, Moisés concedeu as terras que conquistaram deles aos rubenitas, aos gaditas e à metade da tribo de Manassés, sob a condição de que estas tribos participassem na conquista do território ao O do Jordão. (Núm 32:20-33; 34:14, 15; De 29:7, 8) O setor setentrional da região ao L do Jordão parece ter sido tomado principalmente pelos esforços dos manassitas, tendo sido partes dele conquistadas por Jair, Noba e “os filhos de Maquir”. Por este motivo, Moisés designou-lhes esta região. — Núm 32:39-42; De 3:13-15; 1Cr 2:21, 22.

Mais tarde, homens da “meia tribo de Manassés”, que já haviam recebido sua herança, deveras cruzaram o Jordão e participaram na conquista das terras ao oeste. (Jos 1:12-18; 4:12) Eles estavam também entre os reunidos diante do monte Gerizim, quando Josué “leu em voz alta todas as palavras da lei, a bênção e a invocação do mal”. (De 27:12; Jos 8:33, 34) Sob a liderança de Josué, os israelitas quebrantaram o poderio dos cananeus, derrotando 31 reis no decurso de cerca de seis anos. (Jos 12:7-24) Depois, embora ainda restassem territórios para conquistar, Josué, ajudado pelo sumo sacerdote Eleazar e por divinamente designados representantes de dez tribos (inclusive o manassita Haniel, filho de Éfode), repartiram o país em parcelas de herança. — Núm 34:17, 23; Jos 13:1-7.

Herança de Terra 

Metade da tribo de Manassés, naturalmente, já possuía sua herança ao L do Jordão. Esta incluía Basã e parte de Gileade. (Jos 13:29-31) Ao S ficava Gade, sendo Maanaim a cidade de fronteira. (Jos 13:24-26, 30) Esta região era predominantemente um planalto, com uma elevação média de uns 610 m. Ali se encontrava Golã, uma das seis cidades de refúgio, e Beesterá (Astarote), outra cidade levítica. — Jos 20:8, 9; 21:27; 1Cr 6:71.

A metade remanescente dos manassitas recebeu por herança território ao O do Jordão. (Jos 17:2, 5) Era limitado por Efraim ao S, por Aser ao NO, por Issacar ao NE e pelo mar Mediterrâneo ao O. Desde Micmetate, a fronteira entre Efraim e Manassés se estendia até Tapua, seguindo pelo vale da torrente de Cana, e terminava no Mediterrâneo. (Veja Jos 16:5-8; 17:7-10.) Ao passo que os efraimitas tinham certas cidades encravadas em Manassés, designaram-se aos manassitas cidades encravadas (Bete-Seã, Ibleão, Dor, En-Dor, Taanaque e Megido, bem como suas aldeias dependentes) tanto em Issacar como em Aser. (Jos 16:9; 17:11) Os manassitas deixaram de expulsar os cananeus dessas cidades encravadas, mas, com o tempo, sujeitaram-nos a trabalhos forçados. (Jos 17:11-13; Jz 1:27, 28; compare isso com 1Cr 7:29.) Duas destas cidades encravadas, Taanaque (Aner?) e Ibleão (Bileão ou Gate-Rimom?), foram designadas a levitas coatitas. — Jos 21:25, 26; 1Cr 6:70.

História 

Depois de completada a distribuição das terras, Josué abençoou os homens de Rubem, de Gade e da oriental “meia tribo de Manassés”, e encorajou-os a continuarem a servir a Deus. (Jos 22:1-8) Eles partiram de Silo, foram até o Jordão, e então, perto deste rio, construíram um altar. Isto quase que provocou uma guerra civil, visto que as outras tribos consideravam isso como ato de infidelidade e de rebelião. Todavia, a questão foi resolvida pacificamente quando se explicou que se erigira este altar, não para sacrifícios, mas para servir de memorial de fidelidade a Deus. — Jos 22:9-31.

Num período posterior, Gideão, juiz manassita, foi usado por Yehowah para libertar os israelitas da opressão dos midianitas. (Jz 6:11-16, 33-35; 7:23; 8:22) Jefté foi evidentemente outro juiz da tribo de Manassés. Foi durante o seu juizado que Israel foi liberto da hostilização dos amonitas. — Jz 11:1, 32, 33.

Algum tempo durante o reinado do primeiro rei de Israel, Saul, os rubenitas, os gaditas e a oriental “meia tribo de Manassés” obtiveram uma vitória decisiva sobre os agarenos e seus aliados. (1Cr 5:10, 18-22) Também, neste período geral, manassitas, inclusive homens de notável valentia, estavam entre os que desertaram Saul para se juntar a Davi. (1Cr 12:19-21) Depois da morte de Saul e de seu sucessor, Is-Bosete, 18.000 manassitas da região ao O do Jordão, e outros milhares da área ao L do Jordão chegaram a Hébron para fazer Davi rei sobre todo o Israel (1070 AEC). — 1Cr 12:31, 37, 38.

Anos mais tarde, as extensas reformas religiosas empreendidas pelo Rei Asa, de Judá, induziram muitos manassitas a desertar o reino setentrional “ao verem que Yehowah, seu Deus, estava com ele”. (2Cr 15:8, 9) Por ocasião duma grande assembléia, no 15.° ano do reinado de Asa (963 AEC), eles se juntaram a outros em fazer um pacto para buscar a Yehowah. (2Cr 15:10, 12) De modo similar, no reinado do Rei Ezequias, de Judá (745-717 AEC), ao passo que muitos caçoavam dos mensageiros enviados por ele para fazer um convite de vir a Jerusalém para a celebração da Páscoa, outros manassitas de bom grado se humilharam e reagiram favoravelmente. Depois disso, esses acatadores participaram em destruir os apetrechos de idolatria. — 2Cr 30:1, 10, 11, 18; 31:1.

Anteriormente (c. 760 AEC), Tiglate-Pileser (Tilgate-Pilneser) III havia levado ao exílio os manassitas que moravam ao L do Jordão. (1Cr 5:23-26) Mais ou menos na mesma época, parece que havia conflitos intertribais entre Efraim e Manassés. Mas, ambas as tribos estavam unidas na sua oposição a Judá. — Is 9:20, 21.

Quase um século depois do fim do reino das dez tribos, o Rei Josias, de Judá, estendeu sua destruição de altares, pedestais de incenso, postes sagrados e imagens, todos usados para a adoração falsa, aos lugares devastados de Manassés e a outras regiões fora de Judá (a partir de 648 AEC). Este rei de Judá mandou também fazer consertos no templo, sendo a própria obra financiada por contribuições de israelitas de diversas tribos, inclusive Manassés. — 2Cr 34:1-11.

Após o retorno do exílio babilônico (537 AEC), alguns manassitas moravam em Jerusalém. — 1Cr 9:1-3.

Na visão de Ezequiel, a terra designada a Manassés ficava entre Naftali e Efraim. (Ez 48:4, 5) A tribo de Manassés é também representada como uma das tribos do Israel espiritual. — Re 7:6.

3. Nome que aparece no texto massorético em Juízes 18:30, por causa duma modificação feita por escribas. O relato refere-se à apostasia dos danitas, e a nossa tradução diz que “Jonatã, filho de Gersom, filho de Moisés, ele e seus filhos se tornaram sacerdotes para a tribo dos danitas”. (Veja também BJ; CBC; IBB; MC.) Os escribas judeus inseriram uma letra suspensa (nun = n) entre as primeiras duas letras do original nome hebraico, para que rezasse “de Manassés” em vez de “de Moisés”, em respeito para com Moisés. Os escribas procuravam assim ocultar o vitupério ou a desonra que poderia sobrevir ao nome de Moisés por causa da ação de Jonatã. Além de ocorrer no alterado texto massorético, “de Manassés” ocorre no Manuscrito Vaticano N.° 1209 da Septuaginta grega e na Pesito siríaca. Todavia, “de Moisés” é encontrado no Manuscrito Alexandrino da Septuaginta grega e na Vulgata latina, em Juízes 18:30.

4. Rei de Judá, filho e sucessor do Rei Ezequias. (2Rs 20:21; 2Cr 32:33) A mãe de Manassés era Hefzibá. Ele tinha 12 anos de idade quando ascendeu ao trono como 14.° rei de Judá depois de Davi, e governou por 55 anos (716-662 AEC) em Jerusalém. (2Rs 21:1) Fez o que era mau aos olhos de Yehowah, reconstruindo os altos que seu pai havia destruído, erigindo altares a Baal, adorando “todo o exército dos céus” e construindo altares da religião falsa em dois pátios do templo. Fez seus filhos passar pelo fogo, praticou a magia, empregou adivinhação e promoveu práticas espíritas. Manassés colocou também na casa de Yehowah a imagem esculpida do poste sagrado que havia feito. Seduziu Judá e Jerusalém “para fazerem pior do que as nações que Yehowah aniquilara de diante dos filhos de Israel”. (2Rs 21:2-9; 2Cr 33:2-9) Embora Yehowah enviasse profetas, não deram ouvidos a eles. Manassés também era culpado de derramar sangue inocente em grande quantidade (2Rs 21:10-16), o que, de acordo com a literatura dos rabinos judeus, incluía o de Isaías, o qual, segundo eles, foi serrado em pedaços à ordem de Manassés. — Veja He 11:37.

Manassés foi punido por não prestar atenção à mensagem de Yehowah, sendo ele levado cativo, pelo rei da Assíria, a Babilônia, uma das cidades reais do monarca assírio. (2Cr 33:10, 11) ‘Manassés de Judá’ é mencionado na lista do rei assírio Esar-Hadom, de 22 “reis de Hati, do litoral e das ilhas”, que pagavam tributo. O nome de Manassés aparece também numa lista de reis tributários de Assurbanipal. — Ancient Near Eastern Texts (Textos Antigos do Oriente Próximo), editado por J. Pritchard, 1974, pp. 291, 294.

Enquanto em cativeiro, Manassés arrependeu-se, humilhou-se e orou a Yehowah. Deus ouviu seu pedido de favor e restaurou-lhe o reinado em Jerusalém. (2Cr 33:12, 13) Depois disso, Manassés “construiu uma muralha externa para a Cidade de Davi”, pôs chefes militares nas cidades fortificadas de Judá, e removeu da casa de Deus os deuses estrangeiros e o ídolo, bem como os altares que havia construído “no monte da casa de Yehowah e em Jerusalém”. Manassés preparou o altar de Deus e começou a oferecer sacrifícios sobre ele, incentivando outros a servir a Deus. Todavia, o povo ainda oferecia sacrifícios nos altos, embora a Yehowah. (2Cr 33:14-17) Quando Manassés morreu, ele foi sucedido no reinado pelo seu filho Amom. — 2Cr 33:20. 

5. Israelita “dos filhos de Paate-Moabe”, que estava entre aqueles que haviam tomado esposas estrangeiras e que as despediram “junto com os filhos” nos dias de Esdras. — Esd 10:30, 44.

6. Outro israelita, “dos filhos de Hasum”, entre aqueles que despediram suas esposas estrangeiras por causa da posição zelosa de Esdras a favor da adoração pura. — Esd 10:33, 44.