Comentário de J.W Scott: Lucas 1:1-25

comentário bíblico de lucas
I. PREFÁCIO Lucas 1.1-4

Lucas principia seu Evangelho com uma introdução das mais simples e modestas, finalmente fraseada, que nos mostra o cuidado que ele tomou em assegurar integridade e exatidão para sua narrativa e também da finalidade que tinha em vista. Seu propósito foi o de estabelecer o fundamento histórico da fé cristã. Muitos houve que empreenderam (1). Esta afirmativa é a única informação positiva que possuímos com respeito aos relatos escritos por detrás dos Evangelhos sinóticos. Todas essas narrativas desapareceram. Os fatos que entre nós se realizaram (1) ou melhor, aqueles assuntos que têm sido cumprido, isto é, os fatos estabelecidos do evangelho. Para que tenhas plena certeza das verdades (4); ou melhor, tendo traçado com exatidão o curso de todas as coisas. Lucas se distingue das testemunhas oculares (2), porém reivindica haver feito uma investigação minuciosa. Excelentíssimo Teófilo (3). O título indica ser um homem de posição oficial. Isso ocorre três vezes em Atos (vide At 23.26; At 24.3; At 26.25).

II. O ADVENTO DO SALVADOR Lucas 1.5-2.52

Tais capítulos contém a mais completa narrativa, no Novo Testamento, dos fatos relacionados com a encarnação. Registram uma série de acontecimentos começando antes do nascimento de Jesus e levando-nos através de Sua meninice em desenvolvimento. Há uma beleza toda peculiar e uma atmosfera alegre nestas cenas de introdução da história do Evangelho.

a) A anunciação de João (Lc 1.5-25)

A primeira cena se dá no templo, o centro do sistema do Velho Testamento. O turno de Abias (5), ou Abija, ao qual Zacarias pertencia, era um dos vinte e quatro turnos em que Davi organizara os sacerdotes (1Cr 24.10). Cada turno ficava prestando serviços no templo por toda uma semana cada seis meses, e incenso era oferecido duas vezes por dia, nos sacrifícios matinais e vespertinos. A narrativa conta acerca do caráter justo do casal já idoso e sem filhos (5-7), e do aparecimento do anjo a Zacarias quando ministrava no altar de incenso (8-12). O primeiro informou ao sacerdote que sua esposa Isabel teria um filho a quem ele chamaria João; e depois descreveu o tipo de vida que João viveria e também o ministério que cumpriria (13-17). Quando Zacarias expressou dúvida em vista da idade adiantada tanto de si mesmo como de sua esposa, o anjo revelou o seu próprio nome e elevada posição e pronunciou um julgamento temporário com respeito ao sacerdote por causa de sua descrença (18-20). A narrativa prossegue e registra o cumprimento tanto do julgamento (21-22) como da promessa anunciada pelo anjo (23-25).

Herodes (5). Diferenciado dos outros Herodes pelo título; o Grande, o qual era um edomita de raça e um judeu por religião; governou os judeus de 37 a 4 A.C. Entrar no santuário do Senhor para queimar o incenso (9). Era somente uma vez em toda a vida que um sacerdote poderia receber tal honra e o número de sacerdotes era tão grande que muitos deles nunca chegaram a obtê-la. No santuário (9). O santuário interior (gr. naos), distinto da estrutura do templo (gr. hieron). Da parte de fora, orando (10). O povo permanecia à espera no pátio externo, fora do santuário, mas dentro dos muros do templo, enquanto que as nuvens de incenso subiam no lugar santo, simbolizando suas orações.

A tua oração foi ouvida (13). Sem dúvida alguma, Zacarias havia orado por um filho, tempos passados, mas naquele culto solene quando, como sacerdote, ele oferecia as súplicas do povo, sua oração deveria ser a de todos os israelitas devotos - a vinda do Messias. O anjo estava anunciando o primeiro passo em resposta àquela oração. Um filho, a quem darás o nome de João (13). O nome significa “a graça de Jeová”; . A díspensação da graça, distinta da lei, estava para ter início (cf. Jo 1.17). No espírito e poder de Elias (17). As palavras do anjo lembram a profecia final de Malaquias (Lc 4.5-6). O Novo Testamento começa onde termina o Velho Testamento. A profecia de Malaquias foi cumprida na pessoa de João, o Batista (Mt 11.14; Mt 17.12-13). Eu sou Gabriel (19). Em duas ocasiões anteriores ele havia sido enviado a Daniel, cujas profecias diziam respeito ao advento do Messias (Dn 8.16; Dn 9.21). Para anular o meu opróbrio (25). O de não ter filhos, o que era sentido agudamente por toda a mulher hebréia. Veja Gn 30.23, onde Raquel emprega as mesmas palavras.