Atos dos Apóstolos — Inspirado e Proveitoso

Atos dos Apóstolos — Inspirado e Proveitoso
O livro de Atos constitui um testemunho em adição aos relatos dos Evangelhos em confirmar a autenticidade e a inspiração das Escrituras Hebraicas. Quando se aproximava o Pentecostes, Pedro citou o cumprimento de duas profecias “que o espírito santo predissera pela boca de Davi a respeito de Judas”. (Atos 1:16, 20; Sal. 69:25; 109:8) Pedro também disse à multidão surpresa no Pentecostes que estavam vendo realmente o cumprimento da profecia: “Isto é o que foi dito por intermédio do profeta Joel.” — Atos 2:16-21; Joel 2:28-32; compare também Atos 2:25-28, 34, 35 com Salmos 16:8-11 e 110:1.

Para convencer outra multidão reunida junto ao templo, Pedro recorreu de novo às Escrituras Hebraicas, primeiro, citando Moisés e, daí, dizendo: “E, de fato, todos os profetas, de Samuel em diante e os em sucessão, tantos quantos falaram, declararam também distintamente estes dias.” Mais tarde, perante o Sinédrio, Pedro citou o Salmo 118:22, demonstrando que Cristo, a pedra que eles rejeitaram, se tornara “a principal do ângulo”. (Atos 3:22-24; 4:11) Filipe explicou ao eunuco etíope como a profecia de Isaías 53:7, 8 havia sido cumprida, e, ao se lhe esclarecer isto, ele pediu humildemente para que fosse batizado. (Atos 8:28-35) Igualmente, falando a Cornélio sobre Jesus, Pedro testificou: “Dele é que todos os profetas dão testemunho.” (10:43) Quando a questão da circuncisão estava sendo debatida, Tiago apoiou a sua decisão, dizendo: “Com isso concordam as palavras dos Profetas, assim como está escrito.” (15:15-18) O apóstolo Paulo recorreu às mesmas autoridades. (26:22; 28:23, 25-27) O fato de os discípulos e seus ouvintes aceitarem prontamente as Escrituras Hebraicas como sendo parte da Palavra de Deus confirma que tais escritos eram considerados inspirados.

Atos é de grande proveito em mostrar como a congregação cristã foi fundada e como ela cresceu sob o poder do espírito santo. Em toda esta narrativa impressionante, observamos as bênçãos de Deus no sentido de expansão, o denodo e a alegria dos cristãos primitivos, bem como sua posição intransigente em face da perseguição, e a sua voluntariedade em servir, conforme exemplificado pela aceitação de Paulo dos convites de empreender o serviço no estrangeiro e de ir à Macedônia. (4:13, 31; 15:3; 5:28, 29; 8:4; 13:2-4; 16:9, 10) A congregação cristã hoje não é diferente, pois está vinculada em amor, união e interesse comum, ao passo que fala sobre “as coisas magníficas de Deus”, sob a orientação do Espírito Santo. — 2:11, 17, 45; 4:34, 35; 11:27-30; 12:25.

O livro de Atos mostra precisamente como deve ser executada a atividade cristã de proclamar o Reino de Deus. O próprio Paulo foi um exemplo, dizendo: “Não me refreei de vos falar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publicamente e de casa em casa.” E acrescenta: “Eu dei cabalmente testemunho.” Este tema de ‘dar cabalmente testemunho’ chama a nossa atenção em todo o livro, e é sublinhado de modo impressionante nos últimos parágrafos, em que ressalta a devoção de todo o coração que Paulo tinha pela pregação e pelo ensino, mesmo sob os laços da prisão, nas seguintes palavras: “E ele lhes explicou o assunto por dar cabalmente testemunho a respeito do reino de Deus e por usar de persuasão para com eles concernente a Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos Profetas, de manhã até à noite.” Tenhamos nós sempre essa mesma sinceridade na nossa atividade do Reino! — 20:20, 21; 28:23; 2:40; 5:42; 26:22.

O discurso de Paulo aos superintendentes de Éfeso contém muitos conselhos práticos para os superintendentes hoje. Visto que estes foram designados pelo espírito santo, é de suma importância que ‘prestem atenção a si mesmos e a todo o rebanho’, pastoreando as ovelhas ternamente e guardando-as contra os lobos opressivos que procuram destruí-las. Que pesada responsabilidade! Os superintendentes precisam manter-se despertos e edificar-se na palavra da benignidade imerecida de Deus. Ao passo que se esforçam em ajudar os que são fracos, precisam “ter em mente as palavras do Senhor Jesus, quando ele mesmo disse: ‘Há mais felicidade em dar do que há em receber.’” — 20:17-35.

Os outros discursos de Paulo são igualmente brilhantes, pois expõem de modo claro os princípios da Bíblia. Por exemplo, há a argumentação clássica do seu discurso aos estóicos e aos epicureus no Areópago. Primeiro, ele cita a inscrição do altar: “A um Deus Desconhecido”, e usa isto como motivo para explicar que o único Deus verdadeiro, o Senhor do céu e da terra, que fez de um só homem toda a nação de homens, ‘não está longe de cada um de nós’. Daí, cita as palavras dos poetas deles: “Pois nós também somos progênie dele”, para mostrar quão ridículo é supor que surgiram de ídolos de ouro, de prata ou de pedra, que não têm vida. Paulo estabelece, assim, com tato, a soberania do Deus vivente. É só nas suas palavras concludentes que ele suscita a questão da ressurreição, e, mesmo então, não menciona o nome de Cristo. Ele conseguiu fazer entender o ponto sobre a soberania suprema do único Deus verdadeiro, e, em resultado disso, alguns se tornaram crentes. — 17:22-34.

O livro de Atos incentiva o estudo contínuo e diligente de “toda a Escritura”. Quando Paulo, pela primeira vez, pregou em Beréia, elogiou os judeus ali por serem de ‘mentalidade nobre’, pois “recebiam a palavra com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as Escrituras, cada dia, quanto a se estas coisas eram assim”. (17:11) Hoje, como naquela época, esta ávida pesquisa das Escrituras, em associação com a congregação sobre a qual repousa o Espírito de Yehowah, resultará em bênçãos na forma de convicção e firme fé. É mediante tal estudo que a pessoa pode chegar a ter uma clara compreensão dos princípios divinos. Há uma excelente declaração de alguns destes princípios em Atos 15:29. Ali, o corpo governante, composto dos apóstolos e de irmãos mais idosos em Jerusalém, deu a conhecer que, embora a circuncisão não fosse exigida do Israel espiritual, havia proibição explícita de idolatria, de sangue e de fornicação.

Aqueles primitivos discípulos estudavam realmente as Escrituras inspiradas, e sabiam citá-las e aplicá-las de acordo com a necessidade. Foram fortalecidos, mediante o conhecimento exato e o espírito de Deus, para fazerem face às perseguições violentas. Pedro e João deram o exemplo para todos os cristãos fiéis, ao dizerem denodadamente aos governantes oponentes: “Se é justo, à vista de Deus, escutar antes a vós do que a Deus, julgai-o vós mesmos. Mas, quanto a nós, não podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” E, quando levados outra vez perante o Sinédrio, que lhes havia ‘ordenado positivamente’ que não continuassem a ensinar à base do nome de Jesus, disseram inequivocamente: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” Esta resposta destemida resultou em excelente testemunho para os governantes, e levou o célebre instrutor da Lei, Gamaliel, a fazer a sua bem-conhecida declaração a favor da liberdade de adoração, o que resultou na soltura dos apóstolos. — 4:19, 20; 5:28, 29, 34, 35, 38, 39.

O glorioso propósito de Deus concernente a seu Reino, que permeia a Bíblia inteira como fio de ouro, destaca-se com muita proeminência no livro de Atos. No início, mostra-se Jesus durante os 40 dias antes de sua ascensão, “contando as coisas a respeito do reino de Deus”. Foi em resposta à pergunta dos discípulos a respeito da restauração do Reino que Jesus lhes disse que precisavam primeiro ser Suas testemunhas até à parte mais distante da terra. (1:3, 6, 8) Começando em Jerusalém, os discípulos pregaram o Reino com inabalável intrepidez. As perseguições causaram o apedrejamento de Estêvão e espalharam muitos dos discípulos a novos territórios. (7:59, 60) Informa-se que Filipe declarou “as boas novas do reino de Deus” com muito êxito em Samaria, e que Paulo e seus colaboradores proclamaram “o reino” na Ásia, em Corinto, em Éfeso e em Roma. Todos estes cristãos primitivos deixaram exemplos excelentes de inabalável confiança em Deus e no Seu Espírito sustentador. (8:5, 12; 14:5-7, 21, 22; 18:1, 4; 19:1, 8; 20:25; 28:30, 31) Vendo o inquebrantável zelo e a coragem deles, e notando quão abundantemente Deus abençoou os esforços deles, temos maravilhoso incentivo também para sermos fiéis em “dar cabalmente testemunho a respeito do reino de Deus”. — 28:23.